Ascensão e queda do Brasil

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Ascensão e queda do Brasil

fenrir
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Registrado em: Qui, 19 Março 2020 - 21:59 pm

Mensagem por fenrir »

(na verdade creio que sequer chegou a ascender - está morrendo na praia)

O Brasil já está ha muito em um ciclo vicioso, que só vem agravando:

Sucateamento, descaso e corrupcao na educacao conduz a
declinio na qualidade do ensino e fuga de cérebros, que conduz a
estupidificação da população, levando a
disposicao em votar e ser manipulado por politicos e autoridades corruptas e incompetentes, que leva a...
mais sucateamento, descaso e corrupcao na educacao ...

... retroalimentando o ciclo

Isto repetindo mandato apos mandato, decada após década, erode a economia e o progresso de qualquer país
levando a carencia de mao de obra qualificada, baixos sálarios e condições insatisfatórias de
trabalho (o sujeito, sem nenhuma qualificacao, se ve obrigado a se contentar com qualquer coisa que
oferecam a ele).

Em suma, causando um empobrecimento geral na população.

... que por sua vez leva a um aumento na criminalidade, pois que todos querem um lugar ao sol
que se não conseguem pela via correta do trabalho honesto, esforço e merito próprio, buscarão obter
de outro modo.

Sucateamento na educacao tambem leva a sucateamento na saude, pois médicos e enfermeiros
competentes não se formam, nem se acham em qualquer esquina.

A falta de gente especializada (ou mesmo nem tao especializada assim***) no mercado faz com que as vagas disponiveis sejam preenchidas por imigrantes, geralmente de paises ou regiões mais pobres de
um mesmo país, pois os de lugares melhores nao se interessariam pelos salarios, recursos e condições de trabalho oferecidas, que já são piores que as de seu lugar de origem.
A entrada de imigrantes de regiões mais pobres, tende a aumentar o sentimento de xenofobia na população, que os vê como competidores no mercado de trabalho, que estranha sua aparencia, modos e costumes
(e a xenofobia esta certamente ligada a fatores economicos, pois o imigrante rico ou oriundo de potencia economica tende a não ser alvo desse tipo de discriminação ou a sofre em grau menor).
E este sentimento compromete ainda mais uma população que já é refem de politicos populistas e oportunistas, que vão tentar se aproveitar da situação, usando de forma injusta e calhorda,
o imigrante como bode expiatorio para um problema que esses mesmos imigrantes ajudam a mitigar e que não foram causados por eles e sim por aqueless que lhes apontam os dedos podres...

Nessa situação se faz necessário acusar alguem, dado que a melhor defesa é o ataque: chame-os daquilo que você é, acuse-os daquilo que você faz...
Os que tendem a direita acusarão imigrantes e outros grupos marginalizados.
Os que tendem a esquerda enxergarão conspirações engendradas pela classe média e pela parcela da elite que não lhe seja simpática.
Os do centro vão se prostituir, vendendo o seu apoio ao lado mais poderoso, a quem oferecer mais.

De um unico problema grave - insuficiencia na educação - derivam direta ou indiretamente vários outros problemas tão graves quanto.
Fora guerras e catastrofes de grandes dimensões, não consigo ver nenhum fator mais decisivo no declinio de um país.
Talvez seja até pior, porque guerras e catastrofes tendem a durar pouco e as pessoas se engajam na reconstrução de um país.
Não há engajamento algum nesse cenário que descrevo. O processo é como um cancer: lento, demorado e corroi por dentro...

Correndo em paralelo a tudo isto, porem diretamente relacionado, segue um aumento na religiosidade de um tipo mais tosco e rasteiro,
que é provavelmente o fator estupidificante mais poderoso que existe.
Mais do que o próprio sucateamento da educação...

*** há uns 20 anos atrás minha familia tinha um comércio em um bairro pobre, bem na periferia de um grande centro.
Estavamos em dificuldade de encontrar quem soubesse fazer contas básicas para trabalhar no caixa da loja...
contas básicas de somar, subtrair, multiplicar e dividir...
há uns 20 anos atrás...

Re: Ascensão e queda do Brasil

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Fernando Silva
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Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

O Brasil não é um país, é um amontoado de gente num território.

Os EUA começaram com um pedaço inteiro da sociedade inglesa se mudando para o Novo Mundo com o objetivo de viver a mesma vida de antes, só que com liberdade religiosa. Ou seja, fundar um país. Vieram com mulher, sogra, cachorro e papagaio. E todos os seus costumes e tradições.

Já o Brasil começou com fugitivos, degredados e aventureiros, quase todos homens, com a intenção de voltar assim que possível.

Apesar de movimentos e revoluções aqui e ali, foi o filho do rei de Portugal que proclamou a independência. Um assunto de família, basicamente. O país continuou nas mãos dos Orleans e Bragança. E esse cara (Pedro I) foi embora depois para ser rei de Portugal.

A impressão que eu tenho é que fingimos ser um país, mas não somos patriotas.
Fingimos ter instituições, mas não as respeitamos.
Costumamos criticar os "brasileiros" como se não fôssemos um deles.

Re: Ascensão e queda do Brasil

fenrir
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Mensagem por fenrir »

Fernando Silva escreveu:
Sex, 08 Abril 2022 - 09:47 am
O Brasil não é um país, é um amontoado de gente num território.

Os EUA começaram com um pedaço inteiro da sociedade inglesa se mudando para o Novo Mundo com o objetivo de viver a mesma vida de antes, só que com liberdade religiosa. Ou seja, fundar um país. Vieram com mulher, sogra, cachorro e papagaio. E todos os seus costumes e tradições.

Já o Brasil começou com fugitivos, degredados e aventureiros, quase todos homens, com a intenção de voltar assim que possível.

Apesar de movimentos e revoluções aqui e ali, foi o filho do rei de Portugal que proclamou a independência. Um assunto de família, basicamente. O país continuou nas mãos dos Orleans e Bragança. E esse cara (Pedro I) foi embora depois para ser rei de Portugal.

A impressão que eu tenho é que fingimos ser um país, mas não somos patriotas.
Fingimos ter instituições, mas não as respeitamos.
Costumamos criticar os "brasileiros" como se não fôssemos um deles.
Talvez seja o preço a se pagar por ser esse amontoado.
Ou talvez só seja mais uma desculpa. Já se vão mais de 500 anos do descobrimento e 200 de independencia.
Não sei se dá para continuar culpando o passado de colonia de exploração pelas nossas mazelas.
Já passou tempo mais que o suficiente para arrumar a casa: na metade deste tempo a humanidade foi da carroça
para o turismo espacial, da lamparina para os computadore pessoais e internet.

A carapuça da falta de patriotismo me serve bem.
Morreu ha muito qualquer patriotismo que ja tive, já ao sair da adolescência.
Sobrou apenas o complexo de vira-lata e o pessimismo.

Porem patriotismo não serve a mesa, não arranja empregos, nem educa quem precisa.
Só cobre os problemas de um país com um véu de ufanismo tolo, censura qualquer critica ou autoexame,
mesmo construtivos, minando logo de partida qualquer possibilidade de melhora: está comigo ou contra, patria - ame-a ou deixe-a, etc.

Não me esqueci de que sou um deles - não há como mudar, negar, nem escapar disso.

Re: Ascensão e queda do Brasil

O organoléptico
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Mensagem por O organoléptico »

Eu acho que é tudo culpa das letras e palavras. A estrutura de pensamento calcada no alfabeto latino e na lingua românica que virou o português com seus desdobramentos geográficos na questão da latitude e dos ventos, rudo isso influencia. E também a mandioca, que ninguém tem uma ampla dimensão do que significa, a jabuticaba, tudo isso.

Tem aquela frase daquele sábio que agora não me ocorre de quem se trata: "O Brasil não conhece o Brasil".

Re: Ascensão e queda do Brasil

fenrir
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Mensagem por fenrir »

Seu comentario é estranho.
Não acho que haja tal influencia. Ingleses e Alemães usam o alfabeto romano mesmo sendo povos germânicos.
E foram povos latinos que os tiraram de uma semi-barbárie e lhes deram letras.

França, Itália, Espanha, Portugal e Romênia vieram da mesma matriz linguistica e não vejo nesses paises os problemas que vejo aqui.

Na verdade, se fosse considerar lingua, deveriamos ter um futuro mais digno, pois que paises latinos foram outrora grandes potencias:
Roma, Portugal e Espanha da época dos descobrimentos, ...

Afinal, o país tem tamnaho e recursos de sobra. Mas morreu nisso: tamanho e mais nada.

Re: Ascensão e queda do Brasil

O organoléptico
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Registrado em: Seg, 22 Novembro 2021 - 19:31 pm

Mensagem por O organoléptico »

É preciso considerar a coisa de forma ampla. As letras e palavras, a coerencia pensamentícia, o logos, a idéia tida. A base de pensamentos o fundamento todo.

As letras e as palavras, o modo como soam inclusive. Tudo isso tem um caráter peremptório intrinseco. A estrutura do pensamento fundamenta a idéia. Por exemplo, o verbo 'to be' em português é ser e estar, enquanto que no inglês essa distinção é diluída na própria idéia, dependendo do contexto. Uma celebre observação sobre o modo de pensar no português, na expressão "ganhar dinheiro", que no inglês usam "fazer dinheiro" no lugar, dá uma dimensao dessas diferenças.

O assunto é complexo. Era pra haver um segmento da linguística adequado para considerar essas questões e da própria antropoligia de um modo mais amplo, mas tem sido um tabu, no mesmo nível de se discutir raças. Haja ponderações!

Re: Ascensão e queda do Brasil

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Tutu
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Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Primeiro, o Brasil nunca esteve decadência, porque ele nunca subiu.
Talvez a única ascenção foi a industrialização/urbanização (décadas de 1950 a 1970) e depois as lentas importações de tecnologia. A economia brasileira não cresce desde 2008, mas o que melhorou foi a chegada de tecnologia: Pix, smart phone, 4G, Stream, Telegram, Uber, Ifood, etc.
Por outro lado, o preço da comida pode ter aumentado. (precisamos de dados para poder confirmar isso)

Segundo, o sucateamento funciona em ciclos. Eles reparam ou constroem alguma instalação (escola, hospital, etc) e com o passar do tempo vai sucateando para ser renovada só depois de 10 anos. Coisas novas e coisas sucateadas sempre coexistiram.

Corrupção pesada sempre existiu aqui.
A criminalidade explodiu foi durante o processo de industrialização/urbanização. Formou centros urbanos inchados e cheio de favelas.

Sobre a fuga de cérebros... Talvez só quem tem pós-graduação. Existem muitas pessoas graduadas que não trabalham na área. Muitos engenheiros estão dirigindo Uber ou trabalhando em bancos, com funções muito aquém do potencial.

Falar de imigrante e xenofobia no Brasil não faz sentido porque tem mais brasileiros saindo do Brasil do que gente entrando.

E a educação pública no passado era melhor, mas era acessível para pouca gente. A forma como aumentaram e massificaram a educação, acabou piorando consideravelmente a educação. Mas na minha opinião, percebo que o nível de disciplina dos alunos piorou muito. E a geração de hoje é cheia de distração com celulares.


Um tópico muito parecido com este:
https://clubeceticismo.com.br/viewtopic.php?f=20&t=607

O organoléptico escreveu:
Sex, 08 Abril 2022 - 15:42 pm
O assunto é complexo. Era pra haver um segmento da linguística adequado para considerar essas questões e da própria antropoligia de um modo mais amplo, mas tem sido um tabu, no mesmo nível de se discutir raças. Haja ponderações!
Tem muito mais relação com a cultura latina/anglo-saxã do que com a língua. Os efeitos da língua são mínimos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3 ... apir-Whorf
Fernando Silva escreveu:
Sex, 08 Abril 2022 - 09:47 am
O Brasil não é um país, é um amontoado de gente num território.

Os EUA começaram com um pedaço inteiro da sociedade inglesa se mudando para o Novo Mundo com o objetivo de viver a mesma vida de antes, só que com liberdade religiosa. Ou seja, fundar um país. Vieram com mulher, sogra, cachorro e papagaio. E todos os seus costumes e tradições.

Já o Brasil começou com fugitivos, degredados e aventureiros, quase todos homens, com a intenção de voltar assim que possível.

Apesar de movimentos e revoluções aqui e ali, foi o filho do rei de Portugal que proclamou a independência. Um assunto de família, basicamente. O país continuou nas mãos dos Orleans e Bragança. E esse cara (Pedro I) foi embora depois para ser rei de Portugal.
O modelo de colonização foi diferente. No Brasil instalaram instituições extrativas e nos EUA instituições inclusivas. O Brasil continuou sendo explorado, mas por herdeiros dos colonizadores. O Rei continuar sendo o mesmo contribuiu para o gigante território não se dividir em múltiplos, mas os outros países latinos-americanos também tem estruturas extrativas, dos herdeiros dos colonizadores, e assim deu na mesma, mesmo sem a família real.

Os EUA também é um amontoado de pessoas. Recebeu escravos e imigrantes irlandeses, filipinos e de várias partes do mundo. No século 19, na época do sonho americano, "homens fugitivos, degredados e aventureiros" imigraram para os EUA para construir uma vida de riqueza lá, roubando terras da natureza e de índios, para poder empreender. Hoje esse amontoado de pessoas é muito mais segregado, que negros lá são considerados como outra etnia.

Re: Ascensão e queda do Brasil

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

O organoléptico escreveu:
Sex, 08 Abril 2022 - 15:42 pm
Por exemplo, o verbo 'to be' em português é ser e estar, enquanto que no inglês essa distinção é diluída na própria idéia, dependendo do contexto.
Os verbos "ser" e "estar" vêm do latim e também existem em espanhol e, de certa forma, em italiano.
Esta distinção não impediu que Roma existisse durante 1100 anos e, como vasto império, durante mais de 500 anos.
Isto sem considerar os 1000 anos extras do Império Romano do Oriente e a influência que eles ainda têm em nosso mundo atual.

Re: Ascensão e queda do Brasil

O organoléptico
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Mensagem por O organoléptico »

Fernando Silva escreveu:
Sáb, 09 Abril 2022 - 09:55 am
O organoléptico escreveu:
Sex, 08 Abril 2022 - 15:42 pm
Por exemplo, o verbo 'to be' em português é ser e estar, enquanto que no inglês essa distinção é diluída na própria idéia, dependendo do contexto.
Os verbos "ser" e "estar" vêm do latim e também existem em espanhol e, de certa forma, em italiano.
Esta distinção não impediu que Roma existisse durante 1100 anos e, como vasto império, durante mais de 500 anos.
Isto sem considerar os 1000 anos extras do Império Romano do Oriente e a influência que eles ainda têm em nosso mundo atual.
Trata-se de correlação, não de causalidade, portanto de influência no somatório da coisa. Além do mais, pra corroborar a correlação, Roma sucumbiu a quem mesmo? Aos germânicos! :roll:

Re: Ascensão e queda do Brasil

fenrir
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Mensagem por fenrir »

O organoléptico escreveu:
Sáb, 09 Abril 2022 - 10:51 am
Trata-se de correlação, não de causalidade, portanto de influência no somatório da coisa. Além do mais, pra corroborar a correlação, Roma sucumbiu a quem mesmo? Aos germânicos! :roll:
Isso não significa nada. Nenhum império dura para sempre. Cairia cedo ou tarde, como foram com os gregos, egípcios, mongois, hititas, cartagineses, as dinastias da china clássica, o imperio maurya na india,
portugal da era dos descobrimentos, os ingleses da época do imperio "onde o sol nunca se põe" etc, etc. Há tantos exemplos quantos impérios e civilizações...
Hoje os EUA ainda dão as cartas, em pouco tempo, provavelmente a China tomará o lugar, mais a frente sabe-se-la qual e daí em diante até a humanidade sumir do mapa de vez, suponho.

E os povos germanicos tem menos "merito" nesta queda que voce parece supor ter:

1) Povos germanicos (e não somente eles) já estavam sofrendo pressão de outros invasores. Foram empurrados pelos Hunos em direção ao oeste e ao sul da europa, na direção do imperio romano, portanto.
2) Na época da queda, Roma não era mais nem sombra do que foi. Já sofria um processo lento e continuo de declinio que já iniciara quase 300 anos antes com a morte de Marco Aurélio e a sucessão de Comodo.
Contra Roma em seu apogeu, entre César e Marco Aurelio, Odoacro não teria a menor chance. Basta ler sobre as campanhas de Trajano e Aureliano, por exemplo.
E mesmo após a invasão de 476 conseguiram subsistir por mais séculos no chamado imperio romano do oriente.
3) Os proprios germanicos se beneficiaram dos conhecimentos militares dos romanos, após séculos lutando contra eles e tambem juntamente com eles. Era comum um imperador impor a uma tribo germanica derrotada
que cedesse como espólio homens capazes para servir nas legiões romanas. Portanto, seria de se esperar que aprendessem bastante com seus algozes e usassem esse conhecimento contra eles assim que surgisse a oportunidade.
Houve mesmo um imperador - Diocleciano - que foi criticado justamente por permitir que um grande numero de germanicos se adentrasse no império, não só no exército, mas em outras esferas da sociedade.
4) No balaio de gatos formado por esses invasores não haviam só gemanicos, mas tambem eslavos e celtas. E outros povos como bretões, dácios (ancestrais dos romenos) e os eternos arquiinimigos persas ao leste fizeram
sua parte arrancando nacos do imperio num momento ou outro, tendo assim seu quinhão de contribuição nessa lenta queda. Finalmente haviam inimigos internos: usurpadores como Tetrico e outros, complôs constantes de pretorianos,
que fizeram sua parte erodindo o imperio por dentro ...

Em suma, o que Odoacro, godos, vandalos e outros germanicos fizeram foi dar o tiro de misericórdia num império já moribundo, com o pé na cova.

Triste é constatar que o Brasil já teve e ainda vem tendo seu quinhão de Comodos, Neros e Caligulas antes mesmo de ter tido um Augusto, Trajano ou Aureliano.
E não temos inimigos nos atacando por todo lado como tiveram os romanos. Aqui o inimigo parece ter sido, desde sempre, nós mesmos impulsionados por incompetencia, burrice, corrupção...
E ao contrário do que comentaram antes, houve sim um movimento ascendente, modesto mas houve - que nos levaram num dado momento a ser 8a ou 7a economia do mundo.

Mas, definitivamente, não acho que esta decadencia tenha qualquer coisa a ver com lingua.
Em minha opinião, o motivo no cerne disso é o que coloquei: falta de interesse, desvalorização da educação, que é um dos alicerces mais vitais de qualquer nação, reino ou império.

Boa parte dos Brasileiros nada sabe sobre historia, ciencia, matematica, linguas ... não sabe e não quer saber.
No entanto percebem muito de reality shows, de futebol, "whats", "face", de idiotices vomitadas por um pastor/politico/celebridade com menos de meio cérebro.

Re: Ascensão e queda do Brasil

O organoléptico
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Mensagem por O organoléptico »

fenrir escreveu:
Sáb, 09 Abril 2022 - 17:16 pm
O organoléptico escreveu:
Sáb, 09 Abril 2022 - 10:51 am
Trata-se de correlação, não de causalidade, portanto de influência no somatório da coisa. Além do mais, pra corroborar a correlação, Roma sucumbiu a quem mesmo? Aos germânicos! :roll:
Isso não significa nada. Nenhum império dura para sempre. Cairia cedo ou tarde, como foram com os gregos, egípcios, mongois, hititas, cartagineses, as dinastias da china clássica, o imperio maurya na india,
portugal da era dos descobrimentos, os ingleses da época do imperio "onde o sol nunca se põe" etc, etc. Há tantos exemplos quantos impérios e civilizações...
Hoje os EUA ainda dão as cartas, em pouco tempo, provavelmente a China tomará o lugar, mais a frente sabe-se-la qual e daí em diante até a humanidade sumir do mapa de vez, suponho.

E os povos germanicos tem menos "merito" nesta queda que voce parece supor ter:

1) Povos germanicos (e não somente eles) já estavam sofrendo pressão de outros invasores. Foram empurrados pelos Hunos em direção ao oeste e ao sul da europa, na direção do imperio romano, portanto.
2) Na época da queda, Roma não era mais nem sombra do que foi. Já sofria um processo lento e continuo de declinio que já iniciara quase 300 anos antes com a morte de Marco Aurélio e a sucessão de Comodo.
Contra Roma em seu apogeu, entre César e Marco Aurelio, Odoacro não teria a menor chance. Basta ler sobre as campanhas de Trajano e Aureliano, por exemplo.
E mesmo após a invasão de 476 conseguiram subsistir por mais séculos no chamado imperio romano do oriente.
3) Os proprios germanicos se beneficiaram dos conhecimentos militares dos romanos, após séculos lutando contra eles e tambem juntamente com eles. Era comum um imperador impor a uma tribo germanica derrotada
que cedesse como espólio homens capazes para servir nas legiões romanas. Portanto, seria de se esperar que aprendessem bastante com seus algozes e usassem esse conhecimento contra eles assim que surgisse a oportunidade.
Houve mesmo um imperador - Diocleciano - que foi criticado justamente por permitir que um grande numero de germanicos se adentrasse no império, não só no exército, mas em outras esferas da sociedade.
4) No balaio de gatos formado por esses invasores não haviam só gemanicos, mas tambem eslavos e celtas. E outros povos como bretões, dácios (ancestrais dos romenos) e os eternos arquiinimigos persas ao leste fizeram
sua parte arrancando nacos do imperio num momento ou outro, tendo assim seu quinhão de contribuição nessa lenta queda. Finalmente haviam inimigos internos: usurpadores como Tetrico e outros, complôs constantes de pretorianos,
que fizeram sua parte erodindo o imperio por dentro ...

Em suma, o que Odoacro, godos, vandalos e outros germanicos fizeram foi dar o tiro de misericórdia num império já moribundo, com o pé na cova.

Triste é constatar que o Brasil já teve e ainda vem tendo seu quinhão de Comodos, Neros e Caligulas antes mesmo de ter tido um Augusto, Trajano ou Aureliano.
E não temos inimigos nos atacando por todo lado como tiveram os romanos. Aqui o inimigo parece ter sido, desde sempre, nós mesmos impulsionados por incompetencia, burrice, corrupção...
E ao contrário do que comentaram antes, houve sim um movimento ascendente, modesto mas houve - que nos levaram num dado momento a ser 8a ou 7a economia do mundo.

Mas, definitivamente, não acho que esta decadencia tenha qualquer coisa a ver com lingua.
Em minha opinião, o motivo no cerne disso é o que coloquei: falta de interesse, desvalorização da educação, que é um dos alicerces mais vitais de qualquer nação, reino ou império.

Boa parte dos Brasileiros nada sabe sobre historia, ciencia, matematica, linguas ... não sabe e não quer saber.
No entanto percebem muito de reality shows, de futebol, "whats", "face", de idiotices vomitadas por um pastor/politico/celebridade com menos de meio cérebro.
Era só pra contra argumentar a citação
do Fernando. Mas continua a ser questão de correlação, não de causalidade.
.

Re: Ascensão e queda do Brasil

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

O organoléptico escreveu:
Sáb, 09 Abril 2022 - 10:51 am
Trata-se de correlação, não de causalidade, portanto de influência no somatório da coisa. Além do mais, pra corroborar a correlação, Roma sucumbiu a quem mesmo? Aos germânicos! :roll:
Roma não sucumbiu aos germânicos. Eles chegaram como refugiados, fugindo dos hunos. Não queriam destruir Roma.
Só mais tarde, quando a decadência já era irreversível, é que começaram os saques.

Quando o germânico Odoacro depôs o último imperador por discordar de sua política, ele não se considerou como imperador e sim como regente ou coisa assim. Um cargo temporário até que novo imperador fosse nomeado. Coisa que não aconteceu, a menos que se veja como tal o representante que o imperador do oriente nomeou.

Re: Ascensão e queda do Brasil

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

O organoléptico escreveu:
Sáb, 09 Abril 2022 - 10:51 am
Trata-se de correlação, não de causalidade, portanto de influência no somatório da coisa. Além do mais, pra corroborar a correlação, Roma sucumbiu a quem mesmo? Aos germânicos! :roll:
Lembrei de um conhecido que achava que o Oriente Médio era uma orgia só porque a Índia, que também é Oriente, tinha o Kama Sutra ...

Re: Ascensão e queda do Brasil

O organoléptico
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Mensagem por O organoléptico »

Fernando Silva escreveu:
Ter, 12 Abril 2022 - 09:26 am
O organoléptico escreveu:
Sáb, 09 Abril 2022 - 10:51 am
Trata-se de correlação, não de causalidade, portanto de influência no somatório da coisa. Além do mais, pra corroborar a correlação, Roma sucumbiu a quem mesmo? Aos germânicos! :roll:
Lembrei de um conhecido que achava que o Oriente Médio era uma orgia só porque a Índia, que também é Oriente, tinha o Kama Sutra ...
De novo, a assunção está corroborando uma correlação, não causalidade.

A natureza da afirmação é de caráter hiperbólico. Isso "grita" na ideia.
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