Liberdade de expressão

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Re: Liberdade de expressão

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Leo Kruger escreveu:
Ter, 17 Junho 2025 - 08:47 am

Usar uma fala isolada do Flávio Bolsonaro pra definir toda a direita brasileira é uma falácia, agora, vamos pro conteúdo: sim, eu discordo firmemente da ideia de incluir Alexandre de Moraes em qualquer tipo de anistia. É uma proposta que passa a mensagem errada e cria equivalência entre vítima e algoz. Mas também é preciso entender o contexto político: o judiciário hoje não tem freio real. O Senado se omite. O STF legisla, julga e executa. E qualquer tentativa de enfrentamento direto é triturada pela máquina institucional e mídia...

E entao, alguns setores da direita parecem estar tentando “zerar o jogo” oferecendo anistia ampla como uma forma de encerrar o ciclo de retaliações e garantir algum tipo de paz política. O que me deixa puto, mas é o jogo político.
Atualmente, não há como dissociar a direita brasileira dos Bolsonaro. Existe uma hegemonia bolsonarista no pensamento do eleitorado de direita. Se um político brasileiro puxar o saco de Jair Bolsonaro, ele ganha prestígio. Se um político brasileiro criticar Bolsonaro, ele é cancelado. É melhor esperar sentado pelo dia em que essa hegemonia ideológica bolsonarista cessará.
Leo Kruger escreveu:
Ter, 17 Junho 2025 - 08:47 am
Sua tentativa de diluir a responsabilidade do xandão nesse processo é compreensível, mas não resiste a análise lógica.. Sim, há outros ministros alinhados ao projeto de controle do discurso. Mas isso não muda o fato central: xandão é o vetor mais ativo, midiático e agressivo. É o cão de ataque.
O fato de Alexandre de Moraes ter protagonismo no Inquérito das Fake News é circunstancial. Afinal, ele é o relator do inquérito. Dias Toffoli, presidente do STF em 2019, foi quem o escolheu diretamente para ser o relator. Originalmente, esse inquérito foi instaurado em 2019 pelo... ministro Dias Toffoli, o benfeitor de Flávio Bolsonaro no caso Coaf - e enquanto perseguia somente os defensores da Lava Jato (Revista Crusoé, por exemplo), os Bolsonaro ficaram quietinhos. Ademais, é um erro acreditar que, se outro ministro tivesse sido escolhido para ser o relator, tudo seria muito diferente. Não viu a confissão feita por um ministro do STF a Daniela Lima de que, se ele fosse o relator, faria pior do que Xandão nos decretos de prisões?
Leo Kruger escreveu:
Ter, 17 Junho 2025 - 08:47 am
A direita erra, sim por omissão, por burrice, por corrupção e por populismo até. Mas pela primeira vez vimos coisas que nunca existiram nas últimas décadas: corte de impostos, tentativa de desregulamentar setores, reforma da previdência, privatizações, e alguma preocupação com responsabilidade fiscal.
Isso acima é falsificação brutal da história econômica brasileira.

O governo Bolsonaro não diminuiu a relação carga tributária/PIB do Brasil; na verdade, ela até aumentou um pouco. Pouco antes do primeiro mandato (2018), ela era de 33,58% do PIB. No último ano (2022), ela era de 33,71% do PIB:
https://cdn.tesouro.gov.br/sistemas-int ... pdf?v=7771
https://www.tesourotransparente.gov.br/ ... 2022/114-2

Reforma da previdência foi feita no governo FHC e no governo Lula (2003), não só no governo Bolsonaro.

Diferentemente de Fernando Henrique Cardoso, Jair Bolsonaro não diminuiu o número de empresas estatais no Brasil. Embora tenha privatizado uma única estatal, a Eletrobrás, isso foi só. Ele criou a empresa estatal NAV Brasil Serviços de Navegação Aérea. Posteriormente, foi instituída a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar), que assumiu a gestão da Eletronuclear e da Itaipu Binacional. Ademais, Fernando Henrique Cardoso também fez inúmeras desregulamentações no início do Plano Real.

A responsabilidade fiscal do governo Bolsonaro foi nula. O déficit nominal público no governo Bolsonaro não evoluiu positivamente. Aliás, as coisas até pioraram um pouco de 2018 a 2022:

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O governo Bolsonaro foi um destaque negativo no crescimento anual médio do PIB em comparação ao resto do mundo. Essa variável brasileira ficou em metade do crescimento do PIB mundial no mesmo período (2019-2022): viewtopic.php?p=29404#p29404

Junte-se a isso, destruição da Lava Jato, sabotagem do pacote anticrime de Moro, instituição do Orçamento Secreto, articulação de tentativa de golpe militar, etc.

Re: Liberdade de expressão

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Leo Kruger
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Mensagem por Leo Kruger »

Huxley escreveu:
Ter, 17 Junho 2025 - 13:28 pm
Atualmente, não há como dissociar a direita brasileira dos Bolsonaro. Existe uma hegemonia bolsonarista no pensamento do eleitorado de direita. Se um político brasileiro puxar o saco de Jair Bolsonaro, ele ganha prestígio. Se um político brasileiro criticar Bolsonaro, ele é cancelado. É melhor esperar sentado pelo dia em que essa hegemonia ideológica bolsonarista cessará.
Confundir hegemonia eleitoral com hegemonia ideológica é beem errado.... O que você chama de “hegemonia bolsonarista” nada mais é do que a falta de uma liderança alternativa consolidada no campo da direita.... o que é bem diferente de um domínio ideológico absoluto. A verdade é que o eleitorado de direita ainda prefere Bolsonaro por falta de opção mais confiável. ⁣
O fato de Alexandre de Moraes ter protagonismo no Inquérito das Fake News é circunstancial. Afinal, ele é o relator do inquérito. Dias Toffoli, presidente do STF em 2019, foi quem o escolheu diretamente para ser o relator. Originalmente, esse inquérito foi instaurado em 2019 pelo... ministro Dias Toffoli, o benfeitor de Flávio Bolsonaro no caso Coaf - e enquanto perseguia somente os defensores da Lava Jato (Revista Crusoé, por exemplo), os Bolsonaro ficaram quietinhos. Ademais, é um erro acreditar que, se outro ministro tivesse sido escolhido para ser o relator, tudo seria muito diferente. Não viu a confissão feita por um ministro do STF a Daniela Lima de que, se ele fosse o relator, faria pior do que Xandão nos decretos de prisões?
⁣Sim, toffoli o escolheu, e sim, o stf todo está comprometido com a escalada autoritária do controle discursivo. Mas isso não dilui o fato objetivo de que o xandão é o vetor mais agressivo, midiático e juridicamente criativo do grupo. Nenhum outro ministro expande tanto os limites constitucionais quanto ele.

Isso acima é falsificação brutal da história econômica brasileira.

O governo Bolsonaro não diminuiu a relação carga tributária/PIB do Brasil; na verdade, ela até aumentou um pouco. Pouco antes do primeiro mandato (2018), ela era de 33,58% do PIB. No último ano (2022), ela era de 33,71% do PIB:
https://cdn.tesouro.gov.br/sistemas-int ... pdf?v=7771
https://www.tesourotransparente.gov.br/ ... 2022/114-2
A carga tributária saiu de 33,58% para 33,71%. Um aumento marginal de 0,13 em quatro anos, durante uma pandemia global que exigiu ampliação de gastos públicos :lol: isolá-lo sem contexto é manipular quem está lendo...
Reforma da previdência foi feita no governo FHC e no governo Lula (2003), não só no governo Bolsonaro.
Sim, fhc e o nine reformaram antes, mas nenhuma foi tão grande, profunda e com economia tão alta quanto a aprovada em 2019.
Diferentemente de Fernando Henrique Cardoso, Jair Bolsonaro não diminuiu o número de empresas estatais no Brasil. Embora tenha privatizado uma única estatal, a Eletrobrás, isso foi só. Ele criou a empresa estatal NAV Brasil Serviços de Navegação Aérea. Posteriormente, foi instituída a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar), que assumiu a gestão da Eletronuclear e da Itaipu Binacional. Ademais, Fernando Henrique Cardoso também fez inúmeras desregulamentações no início do Plano Real.
Meia verdade. Bolsonaro vendeu a participação em diversas estatais e subsidiárias: BR Distribuidora, Liquigás, Ceitec, Casemg, CeasaMinas, Eletrosul... e ainda reduziu a participação em empresas como Correios, Banco do Brasil, Caixa. Mas, "FHC desregulamentou muito mais", isso é verdade... mas, o clima político também era mais favorável.

“Criou estatais como NAV e ENBPar” isso também é verdade. Mas ambas foram obrigatórias por lei...
A responsabilidade fiscal do governo Bolsonaro foi nula. O déficit nominal público no governo Bolsonaro não evoluiu positivamente. Aliás, as coisas até pioraram um pouco de 2018 a 2022:

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Esse é o trecho mais intelectualmente desonesto da sua argumentação :lol: Você ignora que entre 2020 e 2021 o planeta inteiro viveu uma pandemia sem precedentes, que exigiu gasto público emergencial em massa, e tenta usar isso como “prova” de que o governo Bolsonaro foi irresponsável fiscalmente.

Déficit nominal do Brasil (% PIB), segundo o Banco Central:
2018 (pré-Bolsonaro): -7,2%
2019: -5,6%
2020 (Covid): -13,6%
2021: -4,4%
2022: -4,1%

Déficit nominal de outros países:
EUA: déficit de -14,9% do PIB em 2020
Reino Unido: -12,8%
França: -9,2%
Alemanha: -4,2%
Fonte: FMI (Fiscal Monitor 2021)

Ou seja: o Brasil se saiu melhor do que vários países ricos. Fatos:

1. O Brasil foi um dos poucos países emergentes que não perdeu o controle inflacionário mesmo com forte emissão de dívida emergencial
2. Em 2022, o país teve superávit primário de R$ 54 bilhões, o primeiro desde 2013 (fonte: Tesouro Nacional).
3. A dívida pública/PIB caiu de 88,6% (2020) para 73,5% (2022), algo raríssimo entre os países do G20.


O governo Bolsonaro foi um destaque negativo no crescimento anual médio do PIB em comparação ao resto do mundo. Essa variável brasileira ficou em metade do crescimento do PIB mundial no mesmo período (2019-2022): viewtopic.php?p=29404#p29404
Brasil (2019–2022): +1,48% a.a.
Mundo no mesmo período: +2,35% a.a

Seu argumento de “metade do crescimento mundial” não condiz, foi sim abaixo isso é vdd, mas não um fracasso absoluto. Caímos com a pandemia e nos recuperamos rapidamente, chegando perto da média mundial em 2021 e 2022, “destaque negativo” existe, mas é exagerado. A verdade? O desempenho brasileiro foi inegavelmente modesto, mas dentro do padrão de economias emergentes...
Junte-se a isso, destruição da Lava Jato, sabotagem do pacote anticrime de Moro, instituição do Orçamento Secreto, articulação de tentativa de golpe militar, etc.
Isso eu concordo e também critico.

Criticar o bolso não é só legítimo como necessário... ele errou, recuou em pautas essenciais e se aliou a figuras que prometeu enfrentar...Mas se a crítica for feita com as mesmas distorções, exageros e histerias da esquerda, ela perde completamente a credibilidade.

Re: Liberdade de expressão

Huxley
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Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Confundir hegemonia eleitoral com hegemonia ideológica é beem errado.... O que você chama de “hegemonia bolsonarista” nada mais é do que a falta de uma liderança alternativa consolidada no campo da direita.... o que é bem diferente de um domínio ideológico absoluto. A verdade é que o eleitorado de direita ainda prefere Bolsonaro por falta de opção mais confiável. ⁣
Não há como dissociar "bolsonarismo eleitoral" de "bolsonarismo ideológico".

Congressistas do PL dos últimos tempos (Zambelli, filhos de Jair Bolsonaro, etc.) não caíram do céu feito extraterrestres. A direita do Congresso é uma merda e é dominada por bolsominion ou político “mais ou minion” que tem receio de criticar Bolsonaro como se deve. Por outro lado, gente intelectualmente mais capaz, como o Professor HOC e diversos outros, não conseguiram se eleger na última eleição.

Jair Bolsonaro teve votação massiva no primeiro turno nas duas últimas eleições presidenciais (quase metade dos votos válidos) e ele nem era a opção menos ruim da lista de candidatos presidenciais de primeiro turno em 2018 e 2022.

Nesse ritmo de comportamento nas urnas, o status quo do judiciário brasileiro não se alterará, não importa quantas desculpas esfarrapadas para votar em lixo se dê.
⁣Sim, toffoli o escolheu, e sim, o stf todo está comprometido com a escalada autoritária do controle discursivo. Mas isso não dilui o fato objetivo de que o xandão é o vetor mais agressivo, midiático e juridicamente criativo do grupo. Nenhum outro ministro expande tanto os limites constitucionais quanto ele.
Alexandre de Moraes não foi o ministro do STF que mais rasgou a Constituição para destruir a Lava Jato, mas sim o Gilmar Mendes ou o Dias Toffoli, os aliados de Jair Bolsonaro.

Ademais, toda essa choradeira para colocar Alexandre de Moraes no pedestal da ditadura de toga - atitude inócua, uma vez que a maioria do STF não é muito diferente dele - é liderada por gente que está sendo vítima do próprio veneno. Pois os bolsonaristas não parentes de Jair têm sido o alvo preferencial do Inquérito das Fake News e eles mesmos fizeram vista grossa para colaboração da família Bolsonaro com o empoderamento do STF que deixou Alexandre de Moraes sem freios e contrapesos:
Huxley escreveu:
Qua, 19 Março 2025 - 11:07 am
“Comentaristas” que aderiram ao bolsonarismo para engajar e monetizar mais facilmente nas redes aderiram também à patrulha contra “isentões” - aqueles que alertaram na raiz contra tudo que faria Lula voltar ao poder e o STF concentrar mais poder ainda.

Eles omitem que o bolsonarismo:

1) legitimou abertura do inquérito das fake news (com André Mendonça e Augusto Aras, indicados por Jair Bolsonaro);

2) blindou Dias Toffoli contra CPI da Lava Toga (campanha de Jair, Flávio e Eduardo), enquanto o ministro blindava Flávio no STF contra investigações de peculato;

3) alimentou na raiz, portanto, o “alexandrismo” que depois o atingiu, já que Alexandre de Moraes virou uma espécie de relator-geral a partir do inquérito cuja abertura seria investigada pela CPI;

4) uniu-se ao sistema contra o combate à corrupção, desmobilizando a parte do povo que estava nas ruas contra a impunidade geral e facilitando a soltura de Lula;

5) blindou contra manifestações o aliado Gilmar Mendes (que garantiu a Flávio na Segunda Turma do STF um inédito foro privilegiado retroativo), mesmo após a mudança de voto do ministro ter derrubado a prisão em segunda instância;

6) declarou abertamente que “eu acabei com a Lava Jato” (Jair); que, se Kassio Nunes Marques tivesse “que votar a favor do Lula, que vote!” (Jair); que era “muito melhor o Lula solto” (Eduardo); e que “eu fui contra, sim, a CPI da Lava Toga” (Flávio);

7) trocou a substância da retórica antissistema (inicialmente baseada na Lava Jato) pelas presepadas contra urnas eletrônicas (as mesmas que deram ao PL a maior bancada de deputados federais);

8) governou para a bolha virtual de aloprados, afastando quadros técnicos e indicados não idólatras que alertavam Jair contra os perigos da radicalização;

9) teve todas as oportunidades de falar o que bem entendesse nos debates eleitorais na TV sobre os podres de Lula, mas permitiu que o petista se limpasse na sujeira da família, do governo e dos ativistas de Bolsonaro;

10) em vez de assumir sua parcela de responsabilidade e aceitar a derrota eleitoral, estimulou durante 2 meses atos e medidas que buscavam melar o resultado das urnas, com Jair chegando a consultar os chefes das Forças Armadas a respeito, como dois deles confirmaram à PF, e Braga Netto ordenando infernizar a vida do comandante da FAB e da família dele;

11) deixou a base radical mobilizada em estradas e portas de quartéis pedindo intervenção militar, e, como Jair não conseguiu adesão do Exército e da Aeronáutica, fugiu para os EUA, como quem acende o pavio e busca estar longe no momento da ‘explosão’, consumada no 8/1/2023;

12) e agora, indiciado e denunciado, posa de defensor dos aloprados que instigou e abandonou, disfarçando a busca de anistia para si próprio com uma reivindicação geral, mentindo em carro de som sobre não ter “obsessão pelo poder”, e explorando o evidente contraste entre os 17 anos de pena para alguns réus do 8/1 com a impunidade geral de criminosos do colarinho branco, enquanto omite que ele próprio atuou por essa impunidade em razão das “rachadinhas” familiares.

Os “isentões” se recusam a acobertar todos esses fatos históricos, porque sabem que é perfeitamente possível criticar as malandragens de um lado (governo Lula/STF/imprensa chapa-branca) sem aderir às malandragens do outro (bolsonarismo) ou comuns a ambos.
(Felipe Moura Brasil)

Fonte: https://x.com/FMouraBrasil/status/1902344329718349944
A carga tributária saiu de 33,58% para 33,71%. Um aumento marginal de 0,13 em quatro anos, durante uma pandemia global que exigiu ampliação de gastos públicos :lol: isolá-lo sem contexto é manipular quem está lendo...
Manipulação é dizer uma mentira pura e simples, como a dita por você: "vimos coisas que nunca existiram nas últimas décadas: corte de impostos, (…)". Não houve redução de carga tributária. E não existe gatilho legal de aumento de carga tributária em situação de aumento de gasto público com mitigação de calamidade pública.
Sim, fhc e o nine reformaram antes, mas nenhuma foi tão grande, profunda e com economia tão alta quanto a aprovada em 2019.


Ainda assim, não deixa de ser falsa a proposição: “vimos coisas que nunca existiram nas últimas décadas, como a reforma da previdência”. E é questionável que essa reforma da previdência de 2019 tenha sido o maior ajuste fiscal de longo prazo das últimas décadas. Lembrar daquela que deu origem ao Plano Real.
Meia verdade. Bolsonaro vendeu a participação em diversas estatais e subsidiárias: BR Distribuidora, Liquigás, Ceitec, Casemg, CeasaMinas, Eletrosul... e ainda reduziu a participação em empresas como Correios, Banco do Brasil, Caixa.

Mas, "FHC desregulamentou muito mais", isso é verdade... mas, o clima político também era mais favorável.
Registrar venda de participações de estatais como "privatizações de empresas estatais" é contabilidade criativa para beneficiar Bolsonaro.

O benefício de vender participações de estatais é tão pequeno que é risível quando o comparamos com o benefício da venda de empresas estatais inteiras. Isso já foi explicado por Elena Landau aqui: viewtopic.php?p=42508#p42508

Comparado ao histórico de vendas de empresas estatais inteiras de FHC, o histórico de Bolsonaro é uma verdadeira piada, especialmente quando lembramos que o Jair tinha possibilidade de vender algumas companhias públicas inteiras sem aval do Congresso, mas sequer tentou isso.

“Criou estatais como NAV e ENBPar” isso também é berdade. Mas ambas foram obrigatórias por lei...
A criação da NAV Brasil não era obrigatória por lei. Existe a competência da União sobre a navegação aérea, que está na Constituição, mas isso também é possível de realizar sem criação de uma empresa estatal. A NAV Brasil foi criada para assumir as funções de navegação aérea da Infraero, mas outras alternativas poderiam ter sido consideradas: concessão para empresas privadas, administração direta pelo Comando da Aeronáutica, Parceria público-privada.
Esse é o trecho mais intelectualmente desonesto da sua argumentação :lol: Você ignora que entre 2020 e 2021 o planeta inteiro viveu uma pandemia sem precedentes, que exigiu gasto público emergencial em massa, e tenta usar isso como “prova” de que o governo Bolsonaro foi irresponsável fiscalmente.
Não adianta usar a pandemia como tábua de salvação. Em Economia, existe um conceito chamado “déficit de ajuste cíclico”. Esse conceito leva em conta o PIB potencial, não o PIB efetivo ao estimar o resultado fiscal. Quando observamos o déficit público com ajuste cíclico, o Instituto Fiscal Independente, órgão técnico diretamente relacionado ao Senado Federal, apresenta isso:

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Fonte: https://x.com/AlexSchwartsman/status/19 ... 0972075359

É preciso salientar também que o governo Bolsonaro teve influência significativa na votação do orçamento de 2023, mesmo que a votação tenha ocorrido no final de 2022. A peça da PLOA, Orçamento Secreto, aprovação pela CMO e a votação final em 22 de dezembro de 2022 que incluía a PEC da Transição reflete em grande parte o projeto e as negociações realizadas por Bolsonaro até o final de 2022.

As diferença de conclusão sobre o resultado fiscal convencional e resultado fiscal estrutural é pequena. No primeiro cenário, governo Bolsonaro piorou um pouco a situação do déficit primário. No segundo cenário, governo Bolsonaro melhorou um pouco a situação déficit primário. Basta comparar o resultado de 2018 ou 2019 com o de 2023.

Déficit nominal do Brasil (% PIB), segundo o Banco Central:
2018 (pré-Bolsonaro): -7,2%
2019: -5,6%
2020 (Covid): -13,6%
2021: -4,4%
2022: -4,1%
Segundo o Bacen, o déficit nominal do setor público foi de 8,9% do PIB em 2023, isso sem levar em conta que, em 2023, governo Lula pagou apenas parcialmente pelo calote que Paulo Guedes deu nos precatórios (calote esse que maquiou o resultado fiscal de 2022).

Como já argumentei antes, o Orçamento de 2023 foi votado em 2022 e ele teve influência significativa do governo Bolsonaro.
1. O Brasil foi um dos poucos países emergentes que não perdeu o controle inflacionário mesmo com forte emissão de dívida emergencial
O Brasil teve taxa de inflação de 10,06% em 2021, algo que superou em MUITO o teto da meta de inflação de 2021 (5,25%). Ademais, houve taxa de inflação de 5,79% em 2022, também superando o teto da meta de inflação em 2022. Além disso, outros países emergentes também voltaram a um patamar mais comportado da inflação depois do fim da crise da escassez dos semicondutores. O Brasil não foi algo raro nesse sentido. Adianta nada lembrar seletivamente de Turquia e Argentina, mas esquecer de Chile, China, Colômbia, México, etc.
2. Em 2022, o país teve superávit primário de R$ 54 bilhões, o primeiro desde 2013 (fonte: Tesouro Nacional).
E o governo Bolsonaro colocou tudo a perder na contribuição da votação do Orçamento 2023 feita em 2022. O déficit primário significativo voltou.
3. A dívida pública/PIB caiu de 88,6% (2020) para 73,5% (2022), algo raríssimo entre os países do G20.
Não houve melhoria significativa nesse indicador, uma vez que o governo Bolsonaro detonou o orçamento público na votação do final de 2022. Em dezembro de 2018, a dívida bruta/PIB era de 76,5%. Em dezembro de 2023, essa variável ficou em 74,2%, isso sem levar em conta o calote que Paulo Guedes deu nos precatórios para maquiar as contas públicas (governo Lula não pagou integralmente pelo calote em 2023).
Brasil (2019–2022): +1,48% a.a.
Mundo no mesmo período: +2,35% a.a

Seu argumento de “metade do crescimento mundial” não condiz,
Meus números não estão incorretos para os dados iniciais (o tópico que citei é antigo). Os dados do PIB brasileiro divulgados primariamente foram revisados pelo IBGE e o FMI pode ter revisado os dados do PIB mundial também. Ainda assim, isso dá metade do crescimento. O crescimento do PIB brasileiro acumulado de 2019 a 2022 foi de +5,63% e do PIB mundial foi de +10,57%. 5,63/10,57 = 0,53.

foi sim abaixo isso é vdd, mas não um fracasso absoluto. Caímos com a pandemia e nos recuperamos rapidamente, chegando perto da média mundial em 2021 e 2022, “destaque negativo” existe, mas é exagerado. A verdade? O desempenho brasileiro foi inegavelmente modesto, mas dentro do padrão de economias emergentes...
Ter uma taxa de crescimento econômico igual a 0,5 do mundo contemporâneo é desempenho relativo pior do que a Era FHC e é do que o da Era PT na presidência, como argumentei no tópico citado que abri. A comparação é Brasil versus mundo do mesmo período e a gente sabe que o Brasil e o mundo experimentaram as mesmas crises econômicas globais (recessão da pandemia, crise do subprime, etc.)
Isso eu concordo e também critico.

Criticar o bolso não é só legítimo como necessário... ele errou, recuou em pautas essenciais e se aliou a figuras que prometeu enfrentar...Mas se a crítica for feita com as mesmas distorções, exageros e histerias da esquerda, ela perde completamente a credibilidade.
Não vi histeria de minha parte na crítica a Bolsonaro. O que eu vejo é simplesmente uma tentativa de rechaçar a ideia de que ele não foi apenas mais um dos muitos presidentes brasileiros que estiverem abaixo da mediocridade.

Re: Liberdade de expressão

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Leo Kruger
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Mensagem por Leo Kruger »

Huxley escreveu:
Qua, 18 Junho 2025 - 21:50 pm
Não há como dissociar "bolsonarismo eleitoral" de "bolsonarismo ideológico".

Congressistas do PL dos últimos tempos (Zambelli, filhos de Jair Bolsonaro, etc.) não caíram do céu feito extraterrestres. A direita do Congresso é uma merda e é dominada por bolsominion ou político “mais ou minion” que tem receio de criticar Bolsonaro como se deve. Por outro lado, gente intelectualmente mais capaz, como o Professor HOC e diversos outros, não conseguiram se eleger na última eleição.

Jair Bolsonaro teve votação massiva no primeiro turno nas duas últimas eleições presidenciais (quase metade dos votos válidos) e ele nem era a opção menos ruim da lista de candidatos presidenciais de primeiro turno em 2018 e 2022.

Nesse ritmo de comportamento nas urnas, o status quo do judiciário brasileiro não se alterará, não importa quantas desculpas esfarrapadas para votar em lixo se dê.
Você quer candidato “intelectualmente capaz” num sistema que premia populismo emocional e marketing. O voto não é pra quem você ama, é pra evitar quem você odeia. A direita é burra sim, mas a esquerda é muito mais mal intencionada, corrupta e autoritária. HOC, Holiday, Novo, Amoêdo… Todos bons tecnicamente. Mas eleição no Brasil não premia ficha limpa e bagagem técnica... premia barulho, meme e narrativa. Democracia é uma falsa pluralidade partidária que serve só pra criar ilusão de escolha... Quem ganha é sempre o populismo de direita ou de esquerda.

Alexandre de Moraes não foi o ministro do STF que mais rasgou a Constituição para destruir a Lava Jato, mas sim o Gilmar Mendes ou o Dias Toffoli, os aliados de Jair Bolsonaro.
A narrativa de que “esquece o Xandão, os outros são piores” é desonesta ou desinformada. Sim, Toffoli e Gilmar foram decisivos no desmonte técnico da Lava Jato, mas foi o Xandão quem assumiu a linha de frente, elevando o STF ao status de poder executivo.

Criou o Inquérito das Fake News, ordenou censuras, mandou prender sem MPF, perseguiu opositores com uso político da toga e determinou multas e bloqueios a plataformas globais. Até os outros ministros reclamaram internamente do protagonismo de Moraes... e não só ele:

1. The New Yorker chamou Moraes de “o juiz que enfrenta a direita digital”, mas questionou a legalidade e os métodos abusivos usados por ele.
2. The Economist afirmou que ele age como censor da internet, extrapolando a função judicial.
3. Americas Quarterly o colocou como um risco à liberdade de expressão institucionalizada no Brasil.

Consegue perceber que há uma ampla diferença no risco de liberdade pessoal? E ficar repetindo que “os bolsonaristas criaram o monstro” não muda o fato de que hoje quem alimenta e comanda o monstro é o próprio sistema.

Ademais, toda essa choradeira para colocar Alexandre de Moraes no pedestal da ditadura de toga - atitude inócua, uma vez que a maioria do STF não é muito diferente dele - é liderada por gente que está sendo vítima do próprio veneno. Pois os bolsonaristas não parentes de Jair têm sido o alvo preferencial do Inquérito das Fake News e eles mesmos fizeram vista grossa para colaboração da família Bolsonaro com o empoderamento do STF que deixou Alexandre de Moraes sem freios e contrapesos:
“Comentaristas” que aderiram ao bolsonarismo para engajar e monetizar mais facilmente nas redes aderiram também à patrulha contra “isentões” - aqueles que alertaram na raiz contra tudo que faria Lula voltar ao poder e o STF concentrar mais poder ainda.

Eles omitem que o bolsonarismo:

1) legitimou abertura do inquérito das fake news (com André Mendonça e Augusto Aras, indicados por Jair Bolsonaro);

2) blindou Dias Toffoli contra CPI da Lava Toga (campanha de Jair, Flávio e Eduardo), enquanto o ministro blindava Flávio no STF contra investigações de peculato;

3) alimentou na raiz, portanto, o “alexandrismo” que depois o atingiu, já que Alexandre de Moraes virou uma espécie de relator-geral a partir do inquérito cuja abertura seria investigada pela CPI;

4) uniu-se ao sistema contra o combate à corrupção, desmobilizando a parte do povo que estava nas ruas contra a impunidade geral e facilitando a soltura de Lula;

5) blindou contra manifestações o aliado Gilmar Mendes (que garantiu a Flávio na Segunda Turma do STF um inédito foro privilegiado retroativo), mesmo após a mudança de voto do ministro ter derrubado a prisão em segunda instância;

6) declarou abertamente que “eu acabei com a Lava Jato” (Jair); que, se Kassio Nunes Marques tivesse “que votar a favor do Lula, que vote!” (Jair); que era “muito melhor o Lula solto” (Eduardo); e que “eu fui contra, sim, a CPI da Lava Toga” (Flávio);

7) trocou a substância da retórica antissistema (inicialmente baseada na Lava Jato) pelas presepadas contra urnas eletrônicas (as mesmas que deram ao PL a maior bancada de deputados federais);

8) governou para a bolha virtual de aloprados, afastando quadros técnicos e indicados não idólatras que alertavam Jair contra os perigos da radicalização;

9) teve todas as oportunidades de falar o que bem entendesse nos debates eleitorais na TV sobre os podres de Lula, mas permitiu que o petista se limpasse na sujeira da família, do governo e dos ativistas de Bolsonaro;

10) em vez de assumir sua parcela de responsabilidade e aceitar a derrota eleitoral, estimulou durante 2 meses atos e medidas que buscavam melar o resultado das urnas, com Jair chegando a consultar os chefes das Forças Armadas a respeito, como dois deles confirmaram à PF, e Braga Netto ordenando infernizar a vida do comandante da FAB e da família dele;

11) deixou a base radical mobilizada em estradas e portas de quartéis pedindo intervenção militar, e, como Jair não conseguiu adesão do Exército e da Aeronáutica, fugiu para os EUA, como quem acende o pavio e busca estar longe no momento da ‘explosão’, consumada no 8/1/2023;

12) e agora, indiciado e denunciado, posa de defensor dos aloprados que instigou e abandonou, disfarçando a busca de anistia para si próprio com uma reivindicação geral, mentindo em carro de som sobre não ter “obsessão pelo poder”, e explorando o evidente contraste entre os 17 anos de pena para alguns réus do 8/1 com a impunidade geral de criminosos do colarinho branco, enquanto omite que ele próprio atuou por essa impunidade em razão das “rachadinhas” familiares.

Os “isentões” se recusam a acobertar todos esses fatos históricos, porque sabem que é perfeitamente possível criticar as malandragens de um lado (governo Lula/STF/imprensa chapa-branca) sem aderir às malandragens do outro (bolsonarismo) ou comuns a ambos.
Isso eu não tenho nada que questionar, cada um dos pontos é verdadeiro.

Manipulação é dizer uma mentira pura e simples, como a dita por você: "vimos coisas que nunca existiram nas últimas décadas: corte de impostos, (…)". Não houve redução de carga tributária. E não existe gatilho legal de aumento de carga tributária em situação de aumento de gasto público com mitigação de calamidade pública.
Qualquer corte de imposto é um avanço moral, por menor que seja. O ideal seria corte de imposto com corte de gasto, mas se for impossível cortar gasto, que ao menos se corte o roubo direto. Sim, não houve reforma estrutural da carga total. Mas o Bolso cortou alíquotas e tributos específicos em diversos setores... e isso é um corte de impostos. Ponto.

1. Redução do IPI em 2022 (25% em média para diversos produtos industriais)
2. Isenção de IPI para taxistas e PCDs ampliada
3. Corte de PIS/Cofins sobre combustíveis em 2022
4. Redução do imposto de importação sobre bens de capital e informática
5. Corte no IOF de operações de crédito (até zerar em 2023), iniciado no governo Bolsonaro
6. Reajuste da tabela do IRPF em 2021 para isenção de pessoas físicas

Qual foi o último presidente que fez isso? Collor? O que diferenciou Bolsonaro foi o pacote tributário amplo, em áreas sensíveis, durante seu mandato, mas com impacto limitado na carga total, porque houve simultâneo aumento em outros setores.

Registrar venda de participações de estatais como "privatizações de empresas estatais" é contabilidade criativa para beneficiar Bolsonaro.

O benefício de vender participações de estatais é tão pequeno que é risível quando o comparamos com o benefício da venda de empresas estatais inteiras. Isso já foi explicado por Elena Landau aqui: viewtopic.php?p=42508#p42508

Comparado ao histórico de vendas de empresas estatais inteiras de FHC, o histórico de Bolsonaro é uma verdadeira piada, especialmente quando lembramos que o Jair tinha possibilidade de vender algumas companhias públicas inteiras sem aval do Congresso, mas sequer tentou isso.
Tua crítica é válida aqui. Tem um abismo entre as privatizações do bolso com a do fhc, acho que menos de 20% podia ser feita sem o aval do congresso por blindagem legal, mas ele poderia ter feito muito mais.

A criação da NAV Brasil não era obrigatória por lei. Existe a competência da União sobre a navegação aérea, que está na Constituição, mas isso também é possível de realizar sem criação de uma empresa estatal. A NAV Brasil foi criada para assumir as funções de navegação aérea da Infraero, mas outras alternativas poderiam ter sido consideradas: concessão para empresas privadas, administração direta pelo Comando da Aeronáutica, Parceria público-privada.
Não era obrigatório criar uma nova estatal. Existiam alternativas mas, dentro do pacote legal e da resistencia a mudança, criaram a NAV como solução pragmática....discutível, mas compreensível no cenário político travado.

Não adianta usar a pandemia como tábua de salvação. Em Economia, existe um conceito chamado “déficit de ajuste cíclico”. Esse conceito leva em conta o PIB potencial, não o PIB efetivo ao estimar o resultado fiscal. Quando observamos o déficit público com ajuste cíclico, o Instituto Fiscal Independente, órgão técnico diretamente relacionado ao Senado Federal, apresenta isso:
Pura modelagem teórica. O PIB potencial é uma variável não observável, é uma estimativa. E todo o raciocínio depende da credibilidade do modelo adotado.

Usar “déficit de ajuste cíclico” como argumento contra o governo na pandemia é tecnocracia fora da realidade. Isso é estimativa baseada em PIB imaginário, não caixa real. O déficit primário aumentou como em todos os países sérios e foi revertido mais rápido que em boa parte do G20.

E mais: subir impostos em pandemia seria suicídio econômico. Cortar imposto e expandir gasto temporário foi a única saída moral.

Segundo o Bacen, o déficit nominal do setor público foi de 8,9% do PIB em 2023, isso sem levar em conta que, em 2023, governo Lula pagou apenas parcialmente pelo calote que Paulo Guedes deu nos precatórios (calote esse que maquiou o resultado fiscal de 2022).
Uma coisa que muita gente não sabe é que foi o STF que ajudou a criar o caos orçamentário. O parcelamento dos precatórios foi uma reação ao crescimento absurdo da dívida judicial, grande parte puxada por decisões do próprio STF, como o caso do Fundeb retroativo (19% do total). O STF derrubou parcialmente os efeitos do parcelamento e obrigou o pagamento integral em 2023... Poderia ter permitido compensações ou prazos mais suaves, mas optou por gerar um rombo direto de mais de R$ 95 bilhões no caixa do novo orçamento... O PT que criticou o bolso por querer dividir fez o mesmo, engraçado.

E olha que interessante...

O Banco Master comprou bilhões em precatórios com grande deságio quando o mercado ainda via alta incerteza. Pouco tempo depois o STF determinou o pagamento integral e imediato dos precatórios, gerando lucro astronômico para quem havia comprado barato.

Detalhe importante: o escritório de advocacia da esposa de Alexandre de Moraes representa o Banco Master.

O Supremo manteve o precatório como uma bomba para estourar no primeiro ano do governo seguinte. E fez isso sabendo que o governo Bolsonaro dependia de espaço fiscal para manter o Auxílio Brasil e outras políticas de apelo popular.

O Brasil teve taxa de inflação de 10,06% em 2021, algo que superou em MUITO o teto da meta de inflação de 2021 (5,25%).
Imagem


De forma abrangente suas críticas são legítimas e pertinentes, acredito que tenha um pouco de histeria em condenar em todas as áreas de atuação do governo dele. Minhas críticas principais são a respeito da lava jato que ele ajudou a encerrar e a política cambial que achei desastrosa.

Re: Liberdade de expressão

Huxley
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Mensagem por Huxley »


Você quer candidato “intelectualmente capaz” num sistema que premia populismo emocional e marketing. O voto não é pra quem você ama, é pra evitar quem você odeia. A direita é burra sim, mas a esquerda é muito mais mal intencionada, corrupta e autoritária. HOC, Holiday, Novo, Amoêdo… Todos bons tecnicamente. Mas eleição no Brasil não premia ficha limpa e bagagem técnica... premia barulho, meme e narrativa. Democracia é uma falsa pluralidade partidária que serve só pra criar ilusão de escolha... Quem ganha é sempre o populismo de direita ou de esquerda.
Sem perceber, colocou argumentos congruentes com a proposição de que eleger maioria de direita não levará automaticamente a um Senado que atenue a concentração de poder do Judiciário, que foi justamente o que dei ênfase neste tópico.
A narrativa de que “esquece o Xandão, os outros são piores” é desonesta ou desinformada. Sim, Toffoli e Gilmar foram decisivos no desmonte técnico da Lava Jato, mas foi o Xandão quem assumiu a linha de frente, elevando o STF ao status de poder executivo.

Criou o Inquérito das Fake News, ordenou censuras, mandou prender sem MPF, perseguiu opositores com uso político da toga e determinou multas e bloqueios a plataformas globais. Até os outros ministros reclamaram internamente do protagonismo de Moraes... e não só ele:

1. The New Yorker chamou Moraes de “o juiz que enfrenta a direita digital”, mas questionou a legalidade e os métodos abusivos usados por ele.
2. The Economist afirmou que ele age como censor da internet, extrapolando a função judicial.
3. Americas Quarterly o colocou como um risco à liberdade de expressão institucionalizada no Brasil.

Consegue perceber que há uma ampla diferença no risco de liberdade pessoal? E ficar repetindo que “os bolsonaristas criaram o monstro” não muda o fato de que hoje quem alimenta e comanda o monstro é o próprio sistema.
Há uma série de distorções acima. Em primeiro lugar, não foi Alexandre de Moraes quem instaurou o Inquérito das Fake News, mas sim Dias Toffoli, um aliado de… Flávio Bolsonaro (e Jair).

Ademais, a ideia implícita de que Alexandre de Moraes ordenou sozinho censuras e multas a redes sociais é falsa. Lembra da ordem recente de bloqueio prolongado e multa para o X? Ela foi ratificada por unanimidade pela Primeira Turma do STF. Censura no STF não existe sem Alexandre de Moraes? Isso é falso. Antes de Alexandre de Moraes ser nomeado ministro por Temer, o STF já censurou uma reportagem da Veja sobre a conexão das Farcs com o PT. E o que dizer das prisões preventivas de Alexandre de Moraes tomada sem necessidade de provocação da PGR ou PF, com base nas atribuições que lhe conferem poder para agir de forma liminar em casos urgentes? Isso aconteceu, porém, você se esquece das vezes em que o plenário do STF referendou a decisão de Moraes por unanimidade - ou por placar folgadamente favorável-, vide o caso do placar de 11 a 0 do STF sobre a prisão do deputado Daniel Silveira. Isso arruína a ideia de que, sem Alexandre de Moraes, tudo seria diferente no STF.
Qualquer corte de imposto é um avanço moral, por menor que seja. O ideal seria corte de imposto com corte de gasto, mas se for impossível cortar gasto, que ao menos se corte o roubo direto. Sim, não houve reforma estrutural da carga total. Mas o Bolso cortou alíquotas e tributos específicos em diversos setores... e isso é um corte de impostos. Ponto.

1. Redução do IPI em 2022 (25% em média para diversos produtos industriais)
2. Isenção de IPI para taxistas e PCDs ampliada
3. Corte de PIS/Cofins sobre combustíveis em 2022
4. Redução do imposto de importação sobre bens de capital e informática
5. Corte no IOF de operações de crédito (até zerar em 2023), iniciado no governo Bolsonaro
6. Reajuste da tabela do IRPF em 2021 para isenção de pessoas físicas

Qual foi o último presidente que fez isso? Collor? O que diferenciou Bolsonaro foi o pacote tributário amplo, em áreas sensíveis, durante seu mandato, mas com impacto limitado na carga total, porque houve simultâneo aumento em outros setores.
Você postou somente onde houve cortes e omitiu onde houve aumento real de alíquotas, como no caso da não correção da tabela de imposto de renda (Em 2022, completou-se o 7º ano sem atualização).

Pequenas flutuações para baixo na relação carga tributária/PIB até durante o governo Dilma Roussef também teve. Mas, assim como no caso de Jair Bolsonaro, as flutuações não foram grandes e a carga voltou para um patamar tão grande ou maior do que no início do mandato presidencial.
Pura modelagem teórica. O PIB potencial é uma variável não observável, é uma estimativa. E todo o raciocínio depende da credibilidade do modelo adotado.

Usar “déficit de ajuste cíclico” como argumento contra o governo na pandemia é tecnocracia fora da realidade. Isso é estimativa baseada em PIB imaginário, não caixa real. O déficit primário aumentou como em todos os países sérios e foi revertido mais rápido que em boa parte do G20.

E mais: subir impostos em pandemia seria suicídio econômico. Cortar imposto e expandir gasto temporário foi a única saída moral.
Se não há como sequer estimar o resultado fiscal estrutural, então, não só a crítica, mas também nenhum elogio poderia ser feito a política fiscal de Bolsonaro.

Uma coisa que muita gente não sabe é que foi o STF que ajudou a criar o caos orçamentário. O parcelamento dos precatórios foi uma reação ao crescimento absurdo da dívida judicial, grande parte puxada por decisões do próprio STF, como o caso do Fundeb retroativo (19% do total). O STF derrubou parcialmente os efeitos do parcelamento e obrigou o pagamento integral em 2023... Poderia ter permitido compensações ou prazos mais suaves, mas optou por gerar um rombo direto de mais de R$ 95 bilhões no caixa do novo orçamento...
Embora o volume de precatórios para 2022 tenha sido realmente atípico (cerca de R$ 89 bilhões), não se pode atribuir principalmente ao STF. A maior parte vinha de: (1) Ações tributárias de estados/municípios, especialmente envolvendo Fundef, não necessariamente julgadas diretamente pelo STF. (2) Ações antigas, muitas transitadas em julgado há anos.

Pagamento integral dos precatórios tinha base no entendimento de que o parcelamento violava o direito do credor. Ainda assim, o STF deu flexibilidade na forma de pagamento (eventualmente via créditos extraordinários, fora do “teto de gastos” ou do “arcabouço fiscal”). Os valores não pagos em 2022 e 2023 não desapareceram. Apenas foram varridos para debaixo do tapete, criando um forte acúmulo para pagamento nos anos seguintes. Isso não significa que precatórios quitados deixarão de ser contabilizados como despesas, nem que desaparecerão das estatísticas de dívida pública.
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