Protecionismo X Livre mercado

Área destinada à discussão sobre Laicismo e Política e a imparcialidade do tratamento do Estado às pessoas.
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Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Tópico sobre protecionismo, uma prática anti-livre mercado que costuma ser adotada por muitos direitistas que se denominam nacionalistas, patriotas, que também, contraditoriamente, se costuma dizer a favor do livre mercado contra o estatismo, comunismo e socialismo.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Já pus vários vídeos com notícias sobre protecionismo em outros tópicos com temas relacionados. Então começo com essa noticia sobre o caso de produtores rurais da UE versus o Mercosul:

Polónia: agricultores saem à rua em protesto antes da inauguração da Presidência polaca da UE


youtu.be/TwrVpXp9ks0

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Aos defensores do livre-mercado, o que pensam disso? Nacionalismo estatal dos EUA? Isso não seria esquerdismo estatista?

US Steel critica veto de Biden à fusão com siderúrgica do Japão; entenda

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/n ... ao-entenda

(...)

“Como já disse muitas vezes, a produção de aço – e os trabalhadores que produzem aço – são a espinha dorsal da nossa nação”, disse Biden em comunicado.

“Uma forte indústria siderúrgica de propriedade e operação nacional representa uma prioridade essencial da segurança nacional e é fundamental para cadeias de fornecimento resilientes.”

(...)
U.S. Steel e Nippon alegam em ação judicial que Biden violou Constituição dos EUA

https://br.investing.com/news/stock-mar ... ua-1430507

Por Aatreyee Dasgupta e Alexandra Alper

(Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, violou a Constituição do país ao bloquear a compra da U.S. Steel (NYSE:X) pela Nippon Steel (TYO:5401), um negócio de 14,9 bilhões de dólares, ao realizar uma falsa análise de segurança nacional, alegaram as empresas em uma ação judicial apresentada nesta segunda-feira.

As empresas querem que a Justiça anule a decisão de Biden de impedir o negócio para que possam ter outra chance de aprovação por meio de uma nova análise de segurança nacional sem influência política.

O processo alega que Biden prejudicou a decisão do Comitê de Investimentos Estrangeiros nos EUA (CFIUS), que examina negócios envolvendo empresas estrangeiras sob o ponto de vista de eventuais riscos à segurança nacional do país, violou o direito das duas empresas a uma análise justa.

A fusão se tornou altamente politizada antes da eleição presidencial de novembro nos EUA, com o democrata Biden e o presidente eleito republicano Donald Trump prometendo impedi-la enquanto cortejavam os eleitores na Pensilvânia, onde a U.S. Steel está sediada. O presidente do sindicato de metalúrgicos United Steelworkers (USW), David McCall, se opôs à união.

Trump e Biden afirmaram que a empresa deveria continuar sendo de propriedade norte-americana, mesmo depois que a empresa japonesa se ofereceu para mudar sua sede dos EUA para Pittsburgh, onde a siderúrgica norte-americana está sediada, e prometeu honrar todos os acordos em vigor entre a U.S. Steel e o USW.

(...)


Japão pede explicações aos EUA após bloqueio de compra da US Steel | AFP
O Japão pediu explicações aos Estados Unidos, nesta segunda-feira (6), depois do veto americano à compra da siderúrgica US Steel pelo grupo Nippon Steel, uma decisão que pode pôr em risco os investimentos japoneses no país.

youtu.be/G6HWHbODPMw

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Agnoscetico escreveu:
Seg, 06 Janeiro 2025 - 13:17 pm
Aos defensores do livre-mercado, o que pensam disso? Nacionalismo estatal dos EUA? Isso não seria esquerdismo estatista?
É EUA sendo EUA: Protecionismo para nós e neoliberalismo para os outros.
Os EUA compram empresas no mundo todo, mas quando é uma empresa estrangeira comprando nos EUA, é barrada.


Falando de livre mercado, existem problemas conhecidos como "falhas de mercado" e concentração é um deles. Aquisição de empresa é uma forma de truste, diminui a concorrência e ferra o consumidor. Defensores do livre mercado exalta a concorrência, mas truste é gerado no próprio livre mercado para reduzir a concorrência. Por isso, considero que é bom que o market share de um tenha limites.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Caso interrelacionado com esse tópico, no tópico "República Popular da China - A China vai dominar o mundo?" :
EUA anunciam novas restrições às exportações de chips de IA; China reage

viewtopic.php?p=39428#p39428

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

EUA proíbem veículos inteligentes que incluam tecnologia chinesa ou russa

viewtopic.php?p=39449#p39449

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

As TARIFAS de Trump Podem Realmente Funcionar?!

youtu.be/8nrshaD_Ro4

As tarifas são uma ferramenta de política econômica com o objetivo de promover substituição de importações. Os EUA cresceram com essa estratégia no século 19 e representavam 90% da arrecadação do governo. Mudaram de postura após a segunda guerra.

Para funcionar, a indústria nacional tem que ter competição interna. Países grandes podem fazer isso enquanto países pequenos precisam se organizar em blocos econômicos, com tratados de livre comércio. Quando tem competição interna, a indústria interna recebe mais investimentos para o longo prazo.

Muitas empresas estão usando países intermediários para reembalar o produto e importar sem tarifa.
A dificuldade dos EUA hoje nessa política é o custo da mão-de-obra.


(...)

Postagens em outro tópico sobre o tema:
Agnoscetico escreveu:
Dom, 05 Julho 2020 - 22:42 pm
Se bem que o norte dos EUA era protecionista e isso não impediu o desenvolvimento. Já o sul tinha imposto baixo pra importações e se manteve atrasado.
Claro que a colonização do norte favorecia o desenvolvimento com industrialização e trabalho assalariado vs. Uso predominante de grandes muita terra pra atividades agrárias e usando escravidão; mas só não ter imposto em si não é suficiente.


https://mundoeducacao.uol.com.br/histor ... os-sul.htm

(...)

Com relação às taxações alfandegárias, o norte defendia a manutenção de alíquotas elevadas que pudessem conservar o desenvolvimento industrial interno. Em contrapartida, os sulistas desejavam que essas tarifas fossem reduzidas para que os produtos importados penetrassem sua economia com mais facilidade. Tal interesse se dava principalmente porque a região sul dos Estados Unidos não possuía um parque industrial desenvolvido.

(...)


https://www.paulogala.com.br/a-tradicao ... ta-dos-eua

(...)

Alexander Hamilton, o primeiro secretário do tesouro norte-americano (1789-1795), está entre um dos principais formuladores de medidas protecionistas que estimularam a instalação e desenvolvimento da indústria manufatureira norte-americana. 

(...)

O projeto dos Estados Unidos, especialmente dos estados do norte, se contrapunha frontalmente às recomendações do liberalismo inglês que, segundo alguns americanos, era produzido para exportação e não consumo interno. 

(...)

Além da questão da escravidão, o outro estopim do conflito  foi o embate entre o protecionismo da União, que representava as indústrias do norte, e o liberalismo da Confederação, representando os interesses agrícolas dos sul. 

(...)

Thomas Jefferson tentou, em vão, proibir a publicação dos Principles of Political Economy and Taxation de David Ricardo nos Estados Unidos já que, segundo analise de muitos americanos da época, era uma obra excessivamente liberal. De fato, segundo Adam Smith, a melhor estratégia de desenvolvimento para os Estados Unidos estaria no aproveitamento da agricultura, sua vantagem comparativa natural, e não em práticas protecionistas para o desenvolvimento da indústria! É interessante acompanhar a história do protecionismo americano para perceber como a retórica de cada país muda ao longo dos estágios de desenvolvimento econômico. A Inglaterra que começou fortemente protecionista no século XVI mudou sua retórica ao conquistar a supremacia industrial nos 1800. O mesmo ocorreu com os EUA do século XX!
Tutu escreveu:
Dom, 02 Maio 2021 - 20:00 pm
A comparação é Ásia e América Latina. Coreia e Taiwan protegeram vários setores até eles crescerem e depois liberalizou e os setores que não progrediram tiveram o protecionismo removido. Brasil e Indonésia fizeram o protecionismo e mantiveram. No país da corrupção, o que falhou continuou protegido e o que cresceu virou reserva de mercado para vagabundo.

A explicação pode ser resumida nas duas imagens do link.
https://www.paulogala.com.br/o-modelo-d ... paises-no/

O padrão deveria ser liberalizado, mas é necessário planos bem definidos para casos específicos, em vez de seguir ideologia.
O leste asiático progrediu na segunda metade do século 20 com estratégias do protecionismo, conforme fala o economista Paulo Gala.
O livro 'Chutando a escada', do economista Ha-Joon Chang, explica a estratégia.
No Brasil, o protecionismo foi usado para sustentar parasitas. Não tinha nem concorrência interna.

Re: Protecionismo X Livre mercado

Huxley
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Huxley escreveu:
Qui, 15 Setembro 2022 - 22:24 pm
Seres fictícios e a política industrial I: os golfinhos heróicos

Leo Monasterio
Jul 19

Há náufragos que afirmam que golfinhos os empurraram para a praia mais próxima. Será que os golfinhos se importam com a nossa infeliz espécie? Não sabemos. Uns nos salvaram, mas outros talvez levaram náufragos para alto-mar. Náufragos mortos não falam e assim os golfinhos mantêm a boa reputação.

Os sucessos da política industrial são celebrados por todos: políticos, empresários beneficiados e economistas que as defendem. Já os fracassos são invisíveis. Eles submergem e vão sendo esquecidos. Por vezes, algum pesquisador os exuma e quase sempre conclui que faltou (ainda mais) auxílio do governo.

Os casos bem-sucedidos da política industrial não são argumento suficiente para sua defesa, tampouco o é a cartada "mostre-me um país que tenha ficado rico sem política industrial!". Esse é um argumento equivalente a "mostre-me um país que tenha ficado rico sem governantes ladrões!". Todo país rico teve governantes ladrões e todo país pobre também. Logo, governantes ladrões não podem ser a chave do desenvolvimento. Se você só considera os resgatados pelos golfinhos, não me surpreende que os tenha em alta estima.

Um argumento mais sofisticado diz que fracassos são normais; o importante é acertar em cheio de vez em quando. Esse ponto se sustenta quando: a) os acertos são de fato consideráveis; e b) a fala vem de um investidor anjo, usando seu próprio dinheiro e não de um gestor público, sem skin in the game, em um país no qual metade da população não tem saneamento apropriado. Erros têm custo. A política de informática dos anos 1980 foi demolidora para a produtividade nacional; o projeto do submarino nuclear brasileiro já ultrapassa quatro décadas, sugou dezenas de bilhões de reais e levou o almirante que o idealizou para a cadeia. Ainda não há sinal de submarino. Talvez esteja nadando com os golfinhos.

McCloskey e Mingardi publicaram o demolidor The Myth of the Entrepreneurial State. Recomendo fortemente.
Fonte:
https://bodegamonasterio.substack.com/p ... industrial
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Fonte: https://x.com/EconoMainstream/status/18 ... 8099690979

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Fonte: https://x.com/EconoMainstream/status/18 ... 9798896900
TEXTO NOVO NO SITE!

Protecionismo faz mal, por
@AlexdaMatta_


Leia aqui: https://economiamainstream.com.br/artig ... o-faz-mal/

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Fonte: https://x.com/EconoMainstream/status/18 ... 7168367730
Enriquecimento requer industrialização?

Um dos sensos mais comuns sobre economia é que se um país quiser enriquecer ele precisa se industrializar. Essa ideia está enraizada na mente do público leigo em economia. Mas será que isso é verdade?

Leia mais em:

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Fonte: https://x.com/EconoMainstream/status/18 ... 6316275826
Huxley escreveu:
Dom, 02 Fevereiro 2025 - 20:28 pm
Um dos sintomas de analfabetismo econômico (de Donald Trump e seus entusiastas) é desconhecer os conceitos de “vantagens comparativas” e de “custo de oportunidade”. Um país A se beneficia do livre comércio com país B mesmo que ele seja superior em tudo de produção em relação a país B (e vice-versa). Imagine a analogia feita pelo economista Paul Samuelson. Se alguém é o melhor médico da cidade e, ao mesmo tempo, passa a ser o melhor secretário, seria preferível ser o médico de renda mais alta - já que isso minimizaria as perdas de oportunidade - e deixar alguém ser secretário. Tentar aumentar a autossuficiência com tarifaço generalizado tem efeito negativo sobre a divisão internacional do trabalho e a taxa de produtividade. Gera pressão baixista no desempenho da indústria local, não de melhora. Vou deixar duas citações que ajudam a entender isso…
Tiro no pé

O aumento de tarifas ameaça o progresso

Por Alexandre Schwartsman

Atualizado em 24 jan 2025, 11h19 - Publicado em 24 jan 2025, 06h00

Já em sua posse, Donald Trump ameaçou impor tarifas de 25% sobre as exportações canadenses e mexicanas, nada menos que seus parceiros do USMCA (antigo Nafta). Ainda que não tenha, por ora, se manifestado sobre a China e demais países, acredito que passou da hora de acreditar que se trata apenas de “estratégia de negociação” para extrair concessões. Há um risco claro de reversão de de integração comercial, que foi uma marca registrada dos últimos quarenta anos.

Trump parte da ideia, bastante popular também por estas bandas, que importar é algo negativo e que déficits comerciais são uma expressão de fraqueza do país. Nesse sentido, barreiras à importação são entendidas como instrumentos de defesa contra a invasão de produtos importados e proteção (tipicamente) à indústria local. Bom, se tarifas e demais barreiras ao comércio internacional promovessem o crescimento, o Brasil seria uma das economias mais dinâmicas do planeta, o que, como sabemos, não é exatamente verdade. Tomemos o caso da economia americana. Em particular, ela opera, já há algum tempo, muito perto do pleno emprego, registrando no período mais recente taxas de desemprego na casa de 4%, depois de terem atingido níveis ainda menores, ao redor de 3,5%. A imposição de tarifas deve encarecer os produtos importados e favorecer a produção local. Não há, todavia, mão de obra ociosa. Pelo contrário, há mais vagas em aberto nas empresas do que pessoas desempregadas. Assim, para aumentar a produção dos bens que eram importados, será necessário deslocar trabalhadores de seus atuais postos. O aumento da produção desses bens requer redução da produção de outros. No entanto, se, na ausência de tarifas, os trabalhadores já se encontravam em outros setores, deve haver um motivo para isso, na verdade bastante simples: a produtividade desses trabalhadores tem de ser mais elevada do que seria se estivessem empregados nos setores que competem com as importações.

Ao promover o deslocamento para setores que substituem os importados, a produtividade média da economia tende a cair. Não deveria soar como uma revelação: há dois séculos esse fenômeno é conhecido, ou deveria ser, sob o nome de “vantagens comparativas”. Hoje, o produto por hora trabalhada nos EUA cresce ao ritmo de 2,5% ao ano. Tarifas mais altas ameaçam precisamente esse processo. Se o produto por hora trabalhada cresce menos, ou mesmo cai, a capacidade de crescimento da economia também perde fôlego. Somam-se assim dois impactos negativos sobre a inflação: o efeito direto do aumento dos preços de produtos importados e, mais à frente, uma menor capacidade para absorver a expansão da demanda. O primeiro é mais forte, mas pode se dissipar; o segundo deve requerer juros mais altos para alinhar o aumento da demanda ao ritmo (menor) de crescimento da oferta.

Há outros efeitos negativos, mas vale a pena mencionar um em especial. Dificilmente a ação americana ficará sem resposta, ainda mais dados os instintos protecionistas de vários países. Vale dizer, provavelmente haverá retaliação, replicando, em outros lugares, a dinâmica acima descrita. A globalização nos ofereceu a oportunidade de forte crescimento com inflação baixa. As folias protecionistas põem em risco esse desenvolvimento como jamais visto.

Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/alexan ... o-no-pe-13
“Déficit comercial” é um nome q dá a impressão de q é algo ruim. Mas eu tenho um déficit comercial com meu supermercado pq eu faço minhas compras lá e eles não compram nada de mim. Ainda assim, as trocas beneficiam os dois lados. Eles querem dinheiro e eu quero comida.
(Carlos Goés)

Fonte: https://x.com/goescarlos/status/1886128135210438968

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Leo Kruger
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Mensagem por Leo Kruger »

Quem faz protecionismo na verdade está se protegendo do sucesso. Governo não deve ajudar empresas.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Leo Kruger escreveu:
Sex, 14 Fevereiro 2025 - 22:30 pm
Quem faz protecionismo na verdade está se protegendo do sucesso. Governo não deve ajudar empresas.
Devia ter viajado ao passado e ter dito isso aos EUA, por exemplo.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Leo Kruger
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Mensagem por Leo Kruger »

Agnoscetico escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 00:38 am
Leo Kruger escreveu:
Sex, 14 Fevereiro 2025 - 22:30 pm
Quem faz protecionismo na verdade está se protegendo do sucesso. Governo não deve ajudar empresas.
Devia ter viajado ao passado e ter dito isso aos EUA, por exemplo.
Olhe o caso da UE com o Brasil agora. O cartel do agro da Europa, principalmente da França, impede que o Brasil exporte pra UE. Eles não conseguem ter a mesma capacidade de produção que a nossa, então fazem lobby para barrar o acordo comercial. Quem sai prejudicado? Brasil que não lucra e toda população da UE que é obrigada a pagar mais caro, tudo em prol de um grupinho pequenino que não quer melhorar sua competividade e chora pro estado "Ei, me proteja".

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Leo Kruger escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 09:00 am
Olhe o caso da UE com o Brasil agora. O cartel do agro da Europa, principalmente da França, impede que o Brasil exporte pra UE. Eles não conseguem ter a mesma capacidade de produção que a nossa, então fazem lobby para barrar o acordo comercial. Quem sai prejudicado? Brasil que não lucra e toda população da UE que é obrigada a pagar mais caro, tudo em prol de um grupinho pequenino que não quer melhorar sua competividade e chora pro estado "Ei, me proteja".
Os agricultores europeus se queixam de que têm que seguir um monte de normas que encarecem o produto, enquanto que o Brasil e outros não seguem norma nenhuma e por isso vendem mais barato seus produtos cheios de agrotóxicos.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Leo Kruger
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Mensagem por Leo Kruger »

Fernando Silva escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 09:28 am
Leo Kruger escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 09:00 am
Olhe o caso da UE com o Brasil agora. O cartel do agro da Europa, principalmente da França, impede que o Brasil exporte pra UE. Eles não conseguem ter a mesma capacidade de produção que a nossa, então fazem lobby para barrar o acordo comercial. Quem sai prejudicado? Brasil que não lucra e toda população da UE que é obrigada a pagar mais caro, tudo em prol de um grupinho pequenino que não quer melhorar sua competividade e chora pro estado "Ei, me proteja".
Os agricultores europeus se queixam de que têm que seguir um monte de normas que encarecem o produto, enquanto que o Brasil e outros não seguem norma nenhuma e por isso vendem mais barato seus produtos cheios de agrotóxicos.
É a narrativa que usam, inclusive até falaram que carne brasileira é lixo, eles sempre vão ter uma desculpa. E outra, se o problema fosse este, que se derrube as leis de lá. Não é problema nosso, o acordo está sendo discutido desde 1999. Tempo suficiente pra mudar legislação e se tornar competitivo para o mercado externo.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Fernando Silva escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 09:28 am
Os agricultores europeus se queixam de que têm que seguir um monte de normas que encarecem o produto, enquanto que o Brasil e outros não seguem norma nenhuma e por isso vendem mais barato seus produtos cheios de agrotóxicos.
Sinceramente, prefiro ter produção sendo fiscalizada a risca do que liberar agrotóxico
Sei que isso pode encarecer a produção, mas que criem zonas francas agrícolas e outros estímulos. Isso já é questão de saúde. Se produtores europeus querem liberação de agrotóxicos, se eles quiserem que comam e se intoxiquem, ter risco maior de câncer, etc. No Brasil deveria ser rigoroso do mesmo jeito.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Leo Kruger escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 09:00 am
Olhe o caso da UE com o Brasil agora. O cartel do agro da Europa, principalmente da França, impede que o Brasil exporte pra UE. Eles não conseguem ter a mesma capacidade de produção que a nossa, então fazem lobby para barrar o acordo comercial. Quem sai prejudicado? Brasil que não lucra e toda população da UE que é obrigada a pagar mais caro, tudo em prol de um grupinho pequenino que não quer melhorar sua competividade e chora pro estado "Ei, me proteja".
Mas eu não disse que era contra ou favor de protecionismo, mas que Europa e EUA se desenvolveram com / apesar disso. Então, se protecionismo fosse impedimento de desenvolvimento os EUA e Europa nem seriam desenvolvidos.

E esse protecionismo contra o Brasil e outros países do dito terceiro-mundo existe faz tempo. Nos EUA e Europa tinha / tem subsídios agrícolas.
Antes usaram desculpa de Vaca-louca, hoje é por outros motivos.

Já vi vídeo de um dessas pessoas que moram no Canadá, que lá as pessoas costumam ser incentivadas a comprar de produtores locais mesmo que seja mais caro, pra ajudar produtores locais em vez de grandes redes internacionais de venda de produtos alimentícios. Se for isso mesmo, seria uma prática anti-livre-mercado em nome de bairrismo, nacionalismo e coisa do tipo.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Agnoscetico escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 13:10 pm
Já vi vídeo de um dessas pessoas que moram no Canadá, que lá as pessoas costumam ser incentivadas a comprar de produtores locais mesmo que seja mais caro, pra ajudar produtores locais em vez de grandes redes internacionais de venda de produtos alimentícios. Se for isso mesmo, seria uma prática anti-livre-mercado em nome de bairrismo, nacionalismo e coisa do tipo.
Eles têm direito de fazer essas campanhas, bairristas ou não, desde que a decisão do que comprar fique a cargo dos consumidores.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Huxley escreveu:
Sex, 14 Fevereiro 2025 - 21:43 pm
Enriquecimento requer industrialização?

Um dos sensos mais comuns sobre economia é que se um país quiser enriquecer ele precisa se industrializar. Essa ideia está enraizada na mente do público leigo em economia. Mas será que isso é verdade?

Leia mais em:

Imagem
Todo país rico tem indústria.
A Austrália tem 10% da população brasileira, mas a produção industrial é quase metade da brasileira.

Vídeo de economista. Não é leigo.
Brasil: sem indústria não dá!

youtu.be/a-urdgneTrs



A Coreia do Sul teve um Estado desenvolvimentista:

Não foi o liberalismo que deixou a Coreia do Sul rica!

youtu.be/bdmKugts0Rs

"Educação sem indústria gera fuga de cérebro"

Re: Protecionismo X Livre mercado

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Todo país rico tem indústria.
E todo país pobre também.
A Austrália tem 10% da população brasileira, mas a produção industrial é quase metade da brasileira.


O que mais importa é o quanto se produz, e não o que se produz.
A Coreia do Sul teve um Estado desenvolvimentista:
"a cartada "mostre-me um país que tenha ficado rico sem política industrial!". Esse é um argumento equivalente a "mostre-me um país que tenha ficado rico sem governantes ladrões!". Todo país rico teve governantes ladrões e todo país pobre também. Logo, governantes ladrões não podem ser a chave do desenvolvimento" (Leonardo Monasterio).
"Educação sem indústria gera fuga de cérebro"


O que gera fuga de cérebro é renda baixa e salário baixo. Se a recompensa econômica é alta, não importa se a pessoa trabalha no setor industrial ou setor não-industrial.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 20:58 pm
E todo país pobre também.
Fontes?
Produção artesanal ta incluída ou só levando em conta indústria com o maquinário mínimo suficiente pra ser considerado fábrica / indústria?
A Austrália tem 10% da população brasileira, mas a produção industrial é quase metade da brasileira.

Huxley escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 20:58 pm
O que mais importa é o quanto se produz, e não o que se produz.
Um território que produz muito muito produtos não essenciais (confete, brinquedos, etc) tem mesma importância que um que produz peças de indústria de base, tecnologia de ponta?
Huxley escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 20:58 pm
"a cartada "mostre-me um país que tenha ficado rico sem política industrial!". Esse é um argumento equivalente a "mostre-me um país que tenha ficado rico sem governantes ladrões!". Todo país rico teve governantes ladrões e todo país pobre também. Logo, governantes ladrões não podem ser a chave do desenvolvimento" (Leonardo Monasterio).
Essa analogia não tem nexo. Em que política desenvolvimentista (política voltada ao desenvolvimento industrial) é algo tipo ter governo ladrão?
Huxley escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 20:58 pm
"Educação sem indústria gera fuga de cérebro"


O que gera fuga de cérebro é renda baixa e salário baixo. Se a recompensa econômica é alta, não importa se a pessoa trabalha no setor industrial ou setor não-industrial.
Também, mas não só isso. O que tem de casos de gente formada numa especialidade mas mora num lugar onde onde a indústria ou o mercado em que se precisa desse tipo de profissional é inexistente? Ela vai ter que trabalhar com outra coisa.

Re: Protecionismo X Livre mercado

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Fontes?
Produção artesanal ta incluída ou só levando em conta indústria com o maquinário mínimo suficiente pra ser considerado fábrica / indústria?
Tente procurar no Google ou no Chat GPT um único exemplo de país que não tem indústria e vê se consegue achar. Indústria é um conceito que não faz qualquer referência ao grau de sofisticação dos bens de capitais usados na transformação de matérias-primas em bens acabados ou semi-acabados.
Um território que produz muito muito produtos não essenciais (confete, brinquedos, etc) tem mesma importância que um que produz peças de indústria de base, tecnologia de ponta?


Para a maioria dos indivíduos, é mais importante o enriquecimento do que a inserção pessoal num setor econômico “chique”.
Essa analogia não tem nexo. Em que política desenvolvimentista (política voltada ao desenvolvimento industrial) é algo tipo ter governo ladrão?
Substitua “tentou política industrial” ou “fizeram política industrial” por “teve governantes ladrões” ou “tiveram governantes ladrões” no tweet e entenderá a analogia:
Huxley escreveu:
Qui, 05 Janeiro 2023 - 21:17 pm
Fato 1: todo país no mundo tentou política industrial. Fato 2: alguns países se desenvolveram.

Conclusão correta: todo país no mundo tentou política industrial e alguns países se desenvolveram.

Conclusão errada: países se desenvolveram pq fizeram política industrial.
(Lucas Favaro)

Fonte: https://twitter.com/Favaro_9/status/161 ... jmrNosAAAA
Também, mas não só isso. O que tem de casos de gente formada numa especialidade mas mora num lugar onde onde a indústria ou o mercado em que se precisa desse tipo de profissional é inexistente? Ela vai ter que trabalhar com outra coisa.
Se ela for trabalhar com outra coisa dentro do próprio país, então não houve fuga de cérebro. Para a maioria dos indivíduos, é mais importante o enriquecimento do que a inserção pessoal num setor econômico “chique”.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Leo Kruger
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Mensagem por Leo Kruger »

Agnoscetico escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 12:37 pm
Sinceramente, prefiro ter produção sendo fiscalizada a risca do que liberar agrotóxico
Sei que isso pode encarecer a produção, mas que criem zonas francas agrícolas e outros estímulos. Isso já é questão de saúde. Se produtores europeus querem liberação de agrotóxicos, se eles quiserem que comam e se intoxiquem, ter risco maior de câncer, etc. No Brasil deveria ser rigoroso do mesmo jeito.
Muito distante da realidade. A gente precisa de agrotóxicos e eles não. Climas totalmente diferentes, aqui a biodiversidade aflora, incluindo pragas e pestes. Não só isso, como aqui é baseado em monoculturas também torna mais necessário o uso. Não é questão de saúde, é a necessidade do uso.
Agnoscetico escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 13:10 pm
Já vi vídeo de um dessas pessoas que moram no Canadá, que lá as pessoas costumam ser incentivadas a comprar de produtores locais mesmo que seja mais caro, pra ajudar produtores locais em vez de grandes redes internacionais de venda de produtos alimentícios. Se for isso mesmo, seria uma prática anti-livre-mercado em nome de bairrismo, nacionalismo e coisa do tipo.
Não, você está confundindo. Isso é uma tradição comum observada na américa do norte, europa e china onde eles valorizam consumir itens-serviços da comunidade ou do país. Vou te ajudar: toda vez que alguém aponta uma arma na sua cabeça pra você fazer comprar algo = coerção = não é liberdade econômica. Toda vez que alguém cria incentivos (por exemplo campanhas) = não é coerção = é liberdade econômica.
Agnoscetico escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 13:10 pm
Antes usaram desculpa de Vaca-louca, hoje é por outros motivos.
Exato, mesma coisa de hoje, a narrativa se adapta aos fatos.
Agnoscetico escreveu:
Sáb, 15 Fevereiro 2025 - 13:10 pm
Mas eu não disse que era contra ou favor de protecionismo, mas que Europa e EUA se desenvolveram com / apesar disso. Então, se protecionismo fosse impedimento de desenvolvimento os EUA e Europa nem seriam desenvolvidos.
Não é um impedimento se você tem um mercado altamente inovativo e competitivo mundialmente. Olhe o Brasil, não temos uma indústria-mercado forte, mas mesmo assim somos um dos países mais protecionistas. O que isso faz? Faz com que a cadeia de produção se torne menos competitiva (eficiente) em relação ao mundo... tudo fica mais caro. É o estado passando a mão na cabecinha do empresariado. Quer ver um exemplo de como somos ineficientes? Muita coisa é produzida na zona franca de manaus, ou seja, empreendedores pagam caminhões pra ir até o porto de santos, de lá é colocado em containers no navio pra subir até manaus, lá é produzido e eles fazem esse caminho de volta pra vender o item em são paulo. Isso é uma loucura econômica.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

O país precisa ter indústrias de transformação que fabriquem o produto final, não apenas extrair matéria prima e vender barato para depois importar produtos caros feitos com essa matéria prima.

Re: Protecionismo X Livre mercado

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Fernando Silva escreveu:
Dom, 16 Fevereiro 2025 - 09:55 am
O país precisa ter indústrias de transformação que fabriquem o produto final, não apenas extrair matéria prima e vender barato para depois importar produtos caros feitos com essa matéria prima.
Se ser principalmente exportador de bens primários e grande importador de bens industrializados fossem fortes indicadores de atraso econômico, então Austrália e Nova Zelândia seriam países subdesenvolvidos.

3.1. O problema da restrição externa

Uma crítica comum à manutenção de um país baseado numa matriz de produção primária é a de que países primário-exportadores possuem uma baixa elasticidade-renda das exportações e uma elevada elasticidade-renda das importações. Isso significa que à medida que os países não-industrializados enriquecem, eles tendem a exportar apenas um pouco mais de bens primários, ao passo que, ao mesmo tempo, eles tendem a comprar muitos bens industrializados. Isso configuraria um problema constante na balança de pagamentos dos países primário-exportadores.

Ocorre que essa conclusão só é válida se você desconsiderar o câmbio real, que é a multiplicação entre o câmbio nominal e a razão entre os níveis de preços estrangeiros e internos. Caso o câmbio real tenha margem para variar e a soma das elasticidades-preço das exportações e importações, em módulo, seja maior do que 1 (satisfazendo a condição de Marshall-Lerner), então mesmo um país primário-exportador, que teoricamente tem uma razão entre as elasticidades-renda das exportações e importações menor do que 1, pode crescer mais do que o mundo sem restrição no balanço de pagamentos.

Crises geradas por desequilíbrios no balanço de pagamentos eram comuns no passado porque as taxas de câmbio nominal eram, majoritariamente, fixas, fazendo com que a variação no câmbio real dependesse, basicamente, das variações nos preços. Como os preços são rígidos, então as variações no câmbio real eram lentas demais, impedindo ajustes rápidos para evitar desequilíbrios no balanço de pagamentos. Porém, hoje em dia, como grande parte dos países possuem taxas flexíveis de câmbio nominal, então o ajuste no câmbio real é muito mais rápido, fazendo que problemas no balanço de pagamento sejam, virtualmente, nulos.

3.2. O problema dos termos de troca

Segundo segue a história, os produtos primários mantêm um preço relativamente baixo e estável ao longo do tempo, enquanto produtos industrializados possuem um preço cada vez mais alto comparado aos produtos primários, devido ao enorme grau de valor agregado neles embutido. Isso, com o tempo, geraria uma deterioração dos termos de troca e, em última instância, um empobrecimento dos países primário-exportadores caso eles tomem parte no comércio internacional. Isso também estaria relacionado ao problema da restrição externa.

Acontece que a deterioração dos termos de troca aparece em todo lugar nas teorias cepalinas, menos nos dados. O livro “International Economics“, de Dominick Salvatore, vem a nos ajudar. A tabela da página 96 desse livro mostra que não há nenhuma deterioração dos termos de troca dos países não industrializados. O que parece haver é algo praticamente aleatório: uma hora, os termos de troca são mais favoráveis aos países industrializados, outra hora, aos países não industrializados.

Imagem

Ou seja, a tese cepalino de deterioração secular nos termos de troca dos países primário-exportadores não parece se adequar bem aos dados.
(...)
Fonte: https://economiamainstream.com.br/artig ... ializacao/

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Leo Kruger
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Mensagem por Leo Kruger »

Huxley escreveu:
Dom, 16 Fevereiro 2025 - 11:16 am
Se ser principalmente exportador de bens primários e grande importador de bens industrializados fossem fortes indicadores de atraso econômico, então Austrália e Nova Zelândia seriam países subdesenvolvidos.
Quem diria que concordaríamos? O verdadeiro fator de riqueza é a liberdade econômica, não a estrutura setorial da economia..

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Leo Kruger escreveu:
Dom, 16 Fevereiro 2025 - 01:08 am
Muito distante da realidade. A gente precisa de agrotóxicos e eles não. Climas totalmente diferentes, aqui a biodiversidade aflora, incluindo pragas e pestes.
Com aumento das temperaturas, mais espécies de climas mais quentes migram pra países europeus. Além disso, pragas não são inexistentes em países de clima mais frio.
Muito agrotóxicos foram criados em países desenvolvidos (que por padrão tem clima temperado mas também tempo mais quente no verão e primavera).

Além de:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pesticida ... %A7%C3%A3o

Legislação

Na maior parte dos países, a venda ou uso de um pesticida deve ser aprovada por uma agência do governo. Diversos estudos devem ser feitos para indicar se o material é eficaz no combate às pragas.

A produção, o armazenamento e o uso de pesticidas podem representar significativos riscos ambientais e à saúde humana[18] e tem o seu uso restrito,[19] outros pesticidas são considerados demasiadamente perigosos para serem vendidos ao público em geral. Somente pessoas e/ou organizações que passaram por avaliações prévias podem comprar e supervisionar a aplicação destes tipos de pesticida.[20][21].

Segundo a legislação brasileira, as substâncias tóxicas utilizadas na agricultura devem ser obrigatoriamente denominadas como pesticidas.[20] O seu uso pode causar contaminação [22]ou até mesmo desertificação dos solos.[23]

Efeitos nocivos do pesticida

Do lado do custo do uso de pesticidas, pode haver custos para o meio ambiente, para a saúde humana, bem como custos de desenvolvimento e pesquisa de novos pesticidas[24].

Até o início dos anos 60, os pesticidas organoclorados, eram amplamente utilizados na agricultura em programas de controle da malária e outras doenças provenientes de insetos um desses pesticidas, o DDT, que era o mais conhecido, deu origem ao termo dedetizar o ato de combater infestações com o uso de inseticidas e raticidas[25][26][27]. Esses compostos, chamados de poluentes orgânicos persistentes, que são altamente resistente à degradação e que causam diversos problemas ambientais e para a saúde humana e animal, estão banidos pela Convenção de Estocolmo,[28][29] não sendo mais possível de encontrá-los no mercado dos países signatários, e sua posse, transporte e uso são crimes previstos em lei.[30]

Muito dos princípios ativos usados como pesticida, são também usados como medicamentos humanos diferindo apenas na concentração e forma de apresentação. Esses princípios são usados na produção de medicamentos que combatem verminoses, doenças fúngicas e várias outras.[31]

Efeitos nocivos dos pesticidas à saúde humana

Efeitos na audição

Há evidências de que a perda auditiva está relacionada com a intoxicação a pesticidas, principalmente naqueles com uma maior exposição, como os que trabalham com a agricultura (agricultores). Isto ocorre pois estas substâncias químicas são consideradas ototóxicas[32], ou seja, são tóxicas para a nossa orelha e prejudicam tanto o sistema auditivo quanto o sistema vestibular (relacionado ao equilíbrio do corpo). Dentre os pesticidas com potencial ototóxico destaca-se os do grupo químico organofosforado e piretróide. A gravidade dos efeitos na audição depende de outras causas como a frequência, intensidade e duração da exposição, a presença de outros riscos no ambiente de trabalho e de fatores individuais como a idade.[33]

(...)
Já que tu usa dados de gráficos, que seriam baseado em fatos e não argumentos:

MAPA DE USO DE PESTICIDAS PELO MUNDO (DE 2021)
(Ta em SVG, não dá exibir por aqui, mas o link mostra)

Imagem

Leo Kruger escreveu:
Dom, 16 Fevereiro 2025 - 01:08 am
Não só isso, como aqui é baseado em monoculturas também torna mais necessário o uso.

Não é questão de saúde, é a necessidade do uso.
O Brasil deveria praticar a policultura, pra diversificar a produção, em vez de um plantation de só soja e outras monoculturas. Além do que seria melhor as pessoas produzirem mais coisas no próprio país do que ter que importar por causa de muitas terras usadas mais pra uma só coisa.
Pois quando acabar a demanda o prejuízo maior, pois é mais arriscado pôr os ovos num só cesto.

Além de:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Monocultura

Monocultura é a produção ou cultura agrícola de apenas um único tipo de produto agrícola (é o exemplo da soja, associada a latifúndios).

A substituição da cobertura vegetal original, geralmente com várias espécies de plantas, por uma única cultura, é uma prática danosa ao solo. Por exemplo, numa área de cerrado podemos encontrar tamanduá, ema e até lobo-guará, sem contar animais menores. Quando se derruba uma grande área de cerrado e planta-se, por exemplo, soja, estes animais têm dificuldades para se alimentar, não encontram abrigos e dificilmente conseguem se reproduzir. Aqueles que sobrevivem procuram outros locais, invadindo áreas urbanas, tornando-se então presas fáceis.

Por outro lado, alguns insetos encontram na plantação de soja alimento constante e poucos predadores; desta maneira, se reproduzem intensamente tornando-se pragas. Outro efeito é o esgotamento do solo: na maioria das colheitas retira-se a planta toda, interrompendo desta maneira o processo natural de reciclagem dos nutrientes. O solo torna-se empobrecido, diminui a sua produtividade, tornando-se necessária então a aplicação de adubos.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Leo Kruger
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Mensagem por Leo Kruger »

Agnoscetico escreveu:
Dom, 16 Fevereiro 2025 - 13:52 pm
Com aumento das temperaturas, mais espécies de climas mais quentes migram ora países europeus. Além disso, pragas não são inexistentes em países de clima mais frio.
Muito agrotóxicos foram criados em países desenvolvidos (que por padrão tem clima temperado mas também tempo mais quente no verão e primavera).
Falso, há muito mais pragas e pestes em zona tropical. Temperaturas altas todo ano, mais chuvas e umidade, sem inverno rigoroso que elimina pragas naturalmente e nós temos muito mais biodiversidade de pestes e pragas.

Efeitos nocivos do pesticida

Do lado do custo do uso de pesticidas, pode haver custos para o meio ambiente, para a saúde humana, bem como custos de desenvolvimento e pesquisa de novos pesticidas[24].

Até o início dos anos 60, os pesticidas organoclorados, eram amplamente utilizados na agricultura em programas de controle da malária e outras doenças provenientes de insetos um desses pesticidas, o DDT, que era o mais conhecido, deu origem ao termo dedetizar o ato de combater infestações com o uso de inseticidas e raticidas[25][26][27]. Esses compostos, chamados de poluentes orgânicos persistentes, que são altamente resistente à degradação e que causam diversos problemas ambientais e para a saúde humana e animal, estão banidos pela Convenção de Estocolmo,[28][29] não sendo mais possível de encontrá-los no mercado dos países signatários, e sua posse, transporte e uso são crimes previstos em lei.[30]

Muito dos princípios ativos usados como pesticida, são também usados como medicamentos humanos diferindo apenas na concentração e forma de apresentação. Esses princípios são usados na produção de medicamentos que combatem verminoses, doenças fúngicas e várias outras.[31]

Efeitos nocivos dos pesticidas à saúde humana
Não me entenda mal, agrotóxicos são responsáveis pelos mais diversos problemas de saúde no mundo. Não é esse meu ponto, meu ponto é que a gente precisa usar, vale lembrar também que nós temos a maior área agricultável do mundo, o que leva o alto consumo.

Alguns pontos importantes que são distorcidos:

1. O Brasil realmente é o maior consumidor de agrotóxicos?

Sim, em termos absolutos, o Brasil lidera o consumo mundial de agrotóxicos. Mas quando analisamos o consumo por hectare, o Brasil está atrás de países como Japão, Holanda e Bélgica.

2. O Brasil usa mais porque é necessário ou por falta de legislação?

O Brasil produz até três safras por ano em algumas regiões, enquanto países europeus têm uma safra anual. O Brasil é um dos maiores exportadores de soja, milho e cana-de-açúcar, culturas altamente suscetíveis a pragas. E usa mais agrotóxicos porque tem uma agricultura mais intensa, produtiva e exposta a pragas devido ao clima tropical e ao modelo agrícola. E MESMO ASSIM O brasil tem uma das legislações mais rígidas do mundo para aprovação de defensivos agrícolas O tempo médio para aprovar um novo defensivo no Brasil é maior que nos EUA e na Europa devido à burocracia da Anvisa, Ibama e MAPA.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Huxley escreveu:
Dom, 16 Fevereiro 2025 - 11:16 am
Se ser principalmente exportador de bens primários e grande importador de bens industrializados fossem fortes indicadores de atraso econômico, então Austrália e Nova Zelândia seriam países subdesenvolvidos.
A Austrália é industrializada, apesar de ser menos do que os EUA e a Europa Ocidental. Para o Brasil atingir o nível de industrialização per cápita da Austrália, a produção industrial do Brasil teria que aumentar em 5 vezes.

Para viver sem indústria, a quantidade exportada teria que ser enorme e muito maior do que a consumida internamente. A Austrália tem população pequena em território grande. Assim tem mais espaço para produzir mais produtor primários per cápita, que é maior do que do Brasil.

Olhando países grandes como os EUA e blocos econômicos como a UE, percebemos que os estados mais industrializados são os mais ricos enquanto que os agrários são mais pobres.


Por fim, existe o câmbio favorecendo os países ricos. No setor de serviços, que é o maior hoje, onde o que pesa é a mão de obra, o americano recebe muito mais do que o brasileiro ao converter real para dólar, mesmo fazendo a mesma coisa. Ademais, produtos industrializados tem um custo de produção em dólar, mas ao ser importando e convertido para real, ele se torna muito caro para o brasileiro. Assim, o americano tem muito mais condições de comprar produtos industrializados. Para a moeda se valorizar, o país precisa receber muita moeda estrangeira e isso obtido por exportações. Para a moeda se desvalorizar, tem moeda estrangeira saindo do país e isso é feito com importação e emigração. Então, o país rico tem uma estrutura favorável em que entra mais dinheiro nele do que sai.

Assim, os americanos conseguem comprar mais produtos industriais porque eles tem indústrias. Então um país pobre precisa ter a própria indústria para não depender do câmbio desfavorável e assim importar menos.

Mas uma estratégia usada por países ricos é o neocolonialismo industrial. As fábricas são transferidas para países pobres, mas os lucros são enviados para os donos no país rico desvalorizando a moeda do país pobre. Assim, o produto produzido no país pobre com mão-de-obra barata é barato para quem mora no país rico e caro para quem mora no país pobre. Um exemplo conhecidos são celulares produzidos no sudeste asiático, que custariam 4 vezes mais se fossem produzidos nos EUA.

Re: Protecionismo X Livre mercado

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Tutu escreveu:
Dom, 16 Fevereiro 2025 - 21:04 pm
Huxley escreveu:
Dom, 16 Fevereiro 2025 - 11:16 am
Se ser principalmente exportador de bens primários e grande importador de bens industrializados fossem fortes indicadores de atraso econômico, então Austrália e Nova Zelândia seriam países subdesenvolvidos.
A Austrália é industrializada, apesar de ser menos do que os EUA e a Europa Ocidental. Para o Brasil atingir o nível de industrialização per cápita da Austrália, a produção industrial do Brasil teria que aumentar em 5 vezes.

Para viver sem indústria, a quantidade exportada teria que ser enorme e muito maior do que a consumida internamente. A Austrália tem população pequena em território grande. Assim tem mais espaço para produzir mais produtor primários per cápita, que é maior do que do Brasil.

Olhando países grandes como os EUA e blocos econômicos como a UE, percebemos que os estados mais industrializados são os mais ricos enquanto que os agrários são mais pobres.


Por fim, existe o câmbio favorecendo os países ricos. No setor de serviços, que é o maior hoje, onde o que pesa é a mão de obra, o americano recebe muito mais do que o brasileiro ao converter real para dólar, mesmo fazendo a mesma coisa. Ademais, produtos industrializados tem um custo de produção em dólar, mas ao ser importando e convertido para real, ele se torna muito caro para o brasileiro. Assim, o americano tem muito mais condições de comprar produtos industrializados. Para a moeda se valorizar, o país precisa receber muita moeda estrangeira e isso obtido por exportações. Para a moeda se desvalorizar, tem moeda estrangeira saindo do país e isso é feito com importação e emigração. Então, o país rico tem uma estrutura favorável em que entra mais dinheiro nele do que sai.

Assim, os americanos conseguem comprar mais produtos industriais porque eles tem indústrias. Então um país pobre precisa ter a própria indústria para não depender do câmbio desfavorável e assim importar menos.

Mas uma estratégia usada por países ricos é o neocolonialismo industrial. As fábricas são transferidas para países pobres, mas os lucros são enviados para os donos no país rico desvalorizando a moeda do país pobre. Assim, o produto produzido no país pobre com mão-de-obra barata é barato para quem mora no país rico e caro para quem mora no país pobre. Um exemplo conhecidos são celulares produzidos no sudeste asiático, que custariam 4 vezes mais se fossem produzidos nos EUA.
Essa ideia de que os países especializados em exportação de commodities precisam exportar cada vez mais para comprar o mesmo volume de bens industrializados é falsa. A teoria cepalina da deterioração dos termos de troca não é corroborada pelos dados no longo prazo, como mostra o artigo do Economia Mainstream que já mostrei.

Em primeiro lugar, a maioria dos países pobres tem um setor primário hipertrofiado porque a maioria da população economicamente ativa (ou grande parte dela) de lá está no setor não capitalista de subsistência. Ainda assim, à medida que um país pobre com um setor de bens primários hipertrofiado enriquece e ganha escala no comércio internacional, o próprio sistema de preços gradualmente sinaliza que se tornou mais lucrativo a produção de bens com maior elasticidade-renda da demanda (o que provavelmente incluirá certos bens industrializados), como mostra a teoria do comércio internacional de Paul Krugman (a Teoria de Hecksher-Ohlin também explica isso parcialmente, ver artigo do Economia Mainstream que já mostrei). Isso dá a ilusão de que a industrialização é a causa do crescimento econômico diferencial, invés de ser apenas um indicador do enriquecimento. Fazendo uma analogia, não é porque o velocímetro do carro se desloca da esquerda para direita que ele causa a aceleração do veículo. O deslocamento do velocímetro é o indicador, não a causa.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Huxley escreveu:
Seg, 17 Fevereiro 2025 - 10:50 am
Essa ideia de que os países especializados em exportação de commodities precisam exportar cada vez mais para comprar o mesmo volume de bens industrializados é falsa. A teoria cepalina da deterioração dos termos de troca não é corroborada pelos dados no longo prazo, como mostra o artigo do Economia Mainstream que já mostrei.

Em primeiro lugar, a maioria dos países pobres tem um setor primário hipertrofiado porque a maioria da população economicamente ativa (ou grande parte dela) de lá está no setor não capitalista de subsistência. Ainda assim, à medida que um país pobre com um setor de bens primários hipertrofiado enriquece e ganha escala no comércio internacional, o próprio sistema de preços gradualmente sinaliza que se tornou mais lucrativo a produção de bens com maior elasticidade-renda da demanda (o que provavelmente incluirá certos bens industrializados), como mostra a teoria do comércio internacional de Paul Krugman (a Teoria de Hecksher-Ohlin também explica isso parcialmente, ver artigo do Economia Mainstream que já mostrei). Isso dá a ilusão de que a industrialização é a causa do crescimento econômico diferencial, invés de ser apenas um indicador do enriquecimento. Fazendo uma analogia, não é porque o velocímetro do carro se desloca da esquerda para direita que ele causa a aceleração do veículo. O deslocamento do velocímetro é o indicador, não a causa.
Se enriquecimento não requer industrialização...

Indústria de baixa valor agregado, como aço, é mais cara nos EUA. Então para eles é melhor que essa indústria esteja no terceiro mundo. Mas se esse país pobre se torna rico, vai precisar de um tercei país para receber essa indústria. Então, sempre será necessário um país pobre para que outra seja rico.

Indústria de alta tecnologia é barata nos países que a produzem e cara nos países que não produzem. De que maneira um país sem indústria terá o mesmo preço por produtos de alta tecnologia que os países que a produzem?

O desenvolvimento e progresso da sociedade nos últimos anos é proveniente de produtos industriais, inclusive máquinas agrícolas e tecnologias usadas no setor de serviços.

Os EUA estão em desindustrialização e a classe média está diminuindo. Como reverter sem mudar de postura?

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Seg, 17 Fevereiro 2025 - 10:50 am
Em primeiro lugar, a maioria dos países pobres tem um setor primário hipertrofiado porque a maioria da população economicamente ativa (ou grande parte dela) de lá está no setor não capitalista de subsistência.
"setor não capitalista de subsistência" seria isso se fosse produção voltada apenas pra subsistência dos que praticam essa atividade - como, por exemplo, em tribos de nativo-americanos coletam e cultivam pro pra sobrevivência do próprio grupo e não pro comércio.
Ter extensas fazendas de cana-de-açúcar, soja, coleta (açaí), etc, voltados pro mercado não é subsistência. Muita gente dos países subdesenvolvidos que trabalha nisso, é do setor primário.
Huxley escreveu:
Seg, 17 Fevereiro 2025 - 10:50 am
Ainda assim, à medida que um país pobre com um setor de bens primários hipertrofiado enriquece e ganha escala no comércio internacional, o próprio sistema de preços gradualmente sinaliza que se tornou mais lucrativo a produção de bens com maior elasticidade-renda da demanda (o que provavelmente incluirá certos bens industrializados), como mostra a teoria do comércio internacional de Paul Krugman (a Teoria de Hecksher-Ohlin também explica isso parcialmente, ver artigo do Economia Mainstream que já mostrei). Isso dá a ilusão de que a industrialização é a causa do crescimento econômico diferencial, invés de ser apenas um indicador do enriquecimento. Fazendo uma analogia, não é porque o velocímetro do carro se desloca da esquerda para direita que ele causa a aceleração do veículo. O deslocamento do velocímetro é o indicador, não a causa.
E a questão de industrialização, principalmente em indústrias de base e de ponta, é pra se ter autonomia industrial - no caso da falta de fornecimento (por boicote, guerras, sanções, etc) por parte de países onde se tenha os produtos da indústria de base e de ponta, ou vai ter que ter um substituto ou vai ter que produzir por conta própria. Os EUA, nesse ponto, parece ter indústria mais diversificada e talvez poderia ser mais autônomo.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Uma coisa que não foi comentada aqui é que países ricos subsidiam a própria agricultura desde muito tempo e isso é uma forma de protecionismo. Países pobres reclamam disso na OMC. Isso acaba motivando o desmatamento também.
Sem subsídios os produtos agrícolas nos países ricos seriam mais caros do que os importados de países pobres por causa do custo da mão de obra. Então de todo jeito, com tarifa a pessoa compra do produtor local passando o dinheiro integralmente enquanto que com subsídio está pagando o produtor indiretamente via impostos.

Se esse protecionismo é bom ou ruim... A segurança alimentar é prioridade em relação à eficiência/otimização máxima porque, se tiver problema no exterior, a população tem o risco de passar fome.


Outra coisa:

Esse papo de vantagem comparativa é balela e é inútil no livre mercado.
Se país A é melhor em tudo do que país B, num livre mercado, um produtor em A não vai mudar de setor. Se ambos produzem geladeira e fogão e a teoria da vantagem comparativa diz que A deveria parar de produzir mais geladeira e menos fogão enquanto B faz o oposto, essa ideia ficará só na teoria porque no livre mercado essa otimização não será feita. O cidadão de A continuará comprando fogão de A por ser mais barato e o produtor de fogão em A não vai ter motivos para sair do setor porque ele está num negócio de sucesso e não sabe fazer geladeira nem outra coisa. Se o Estado expulsá-lo do mercado, será concentração de renda para os produtores de geladeira ou uma estatal produtora de geladeira.

Re: Protecionismo X Livre mercado

Huxley
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Mensagem por Huxley »

"setor não capitalista de subsistência" seria isso se fosse produção voltada apenas pra subsistência dos que praticam essa atividade - como, por exemplo, em tribos de nativo-americanos coletam e cultivam pro pra sobrevivência do próprio grupo e não pro comércio.
Ter extensas fazendas de cana-de-açúcar, soja, coleta (açaí), etc, voltados pro mercado não é subsistência. Muita gente dos países subdesenvolvidos que trabalha nisso, é do setor primário.
Nos países mais pobres, há grande taxa de desemprego estrutural. O capital por trabalhador é escasso e não há firma suficiente para empregar nem algo razoavelmente próximo ao total da PEA. E muitas pessoas das zonas rurais (e até de áreas urbanas) minimizam a pobreza produzindo o próprio sustento alimentício e vendendo o excedente (ou fazendo escambo com ele).
E a questão de industrialização, principalmente em indústrias de base e de ponta, é pra se ter autonomia industrial - no caso da falta de fornecimento (por boicote, guerras, sanções, etc) por parte de países onde se tenha os produtos da indústria de base e de ponta, ou vai ter que ter um substituto ou vai ter que produzir por conta própria. Os EUA, nesse ponto, parece ter indústria mais diversificada e talvez poderia ser mais autônomo.
Essa estratégia aí que você está se referindo vale para qualquer macrosetor econômico, então não adianta dizer que isso é "política industrial":

Imagem

Fonte: https://x.com/EconoMainstream/status/18 ... 9798896900
Editado pela última vez por Huxley em Ter, 04 Março 2025 - 14:52 pm, em um total de 2 vezes.

Re: Protecionismo X Livre mercado

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Tutu escreveu:
Ter, 04 Março 2025 - 13:51 pm
Uma coisa que não foi comentada aqui é que países ricos subsidiam a própria agricultura desde muito tempo e isso é uma forma de protecionismo. Países pobres reclamam disso na OMC. Isso acaba motivando o desmatamento também.
Sem subsídios os produtos agrícolas nos países ricos seriam mais caros do que os importados de países pobres por causa do custo da mão de obra. Então de todo jeito, com tarifa a pessoa compra do produtor local passando o dinheiro integralmente enquanto que com subsídio está pagando o produtor indiretamente via impostos.

Se esse protecionismo é bom ou ruim... A segurança alimentar é prioridade em relação à eficiência/otimização máxima porque, se tiver problema no exterior, a população tem o risco de passar fome.


Outra coisa:

Esse papo de vantagem comparativa é balela e é inútil no livre mercado.
Se país A é melhor em tudo do que país B, num livre mercado, um produtor em A não vai mudar de setor. Se ambos produzem geladeira e fogão e a teoria da vantagem comparativa diz que A deveria parar de produzir mais geladeira e menos fogão enquanto B faz o oposto, essa ideia ficará só na teoria porque no livre mercado essa otimização não será feita. O cidadão de A continuará comprando fogão de A por ser mais barato e o produtor de fogão em A não vai ter motivos para sair do setor porque ele está num negócio de sucesso e não sabe fazer geladeira nem outra coisa. Se o Estado expulsá-lo do mercado, será concentração de renda para os produtores de geladeira ou uma estatal produtora de geladeira.
Vantagem comparativa funciona mesmo se país A é melhor em tudo em produção do que país B. Aquele que é, simultaneamente, o melhor médico e melhor secretário da cidade não vai parcialmente deixar de ser médico para ser secretário em meio período. Ele vai se especializar em medicina e contratar o serviço de um secretário em período integral. Existe uma coisa econômica chamada "custo de oportunidade". Especialização minimiza os custos de oportunidade.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Mensagem por Agnoscetico »

Tutu escreveu:
Ter, 04 Março 2025 - 13:51 pm
Uma coisa que não foi comentada aqui é que países ricos subsidiam a própria agricultura desde muito tempo e isso é uma forma de protecionismo.
Lembro de ter comentado mais de uma vez sobre subsídios agrícolas (se não aqui, no antigo CC).

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Mensagem por Tutu »

Fernando Silva escreveu:
Sex, 04 Abril 2025 - 09:05 am
Boeing 787: de onde vêm as partes
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A situação econômica dos EUA está ridícula. Não faz sentido um país grande ter que importar cada pedaço de avião para montar. Seria muito mais adequado produzir no próprio país. Economizaria também com o custo de transporte e o meio ambiente agradece.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Mensagem por Tutu »

Leo Kruger escreveu:
Sex, 14 Fevereiro 2025 - 22:30 pm
Quem faz protecionismo na verdade está se protegendo do sucesso. Governo não deve ajudar empresas.
Se Trump taxar importação de um país, esse país deveria revidar ou continuar sem taxar os EUA?

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Mensagem por Agnoscetico »

Tutu escreveu:
Sex, 04 Abril 2025 - 11:06 am
Fernando Silva escreveu:
Sex, 04 Abril 2025 - 09:05 am
Boeing 787: de onde vêm as partes
Imagem
A situação econômica dos EUA está ridícula. Não faz sentido um país grande ter que importar cada pedaço de avião para montar. Seria muito mais adequado produzir no próprio país. Economizaria também com o custo de transporte e o meio ambiente agradece.
Falta as pessoas nos EUA se predispor a ter mão-de-ibra mais barata pra ficar mais competitiva. Na China dizem que se usa dumping social. Apesar de outros países que não tem dumping social, mas também com mão-de-obra mais barata que nos EUA.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Mensagem por Huxley »

Tutu escreveu:
Sex, 04 Abril 2025 - 11:06 am
Fernando Silva escreveu:
Sex, 04 Abril 2025 - 09:05 am
Boeing 787: de onde vêm as partes
Imagem
A situação econômica dos EUA está ridícula. Não faz sentido um país grande ter que importar cada pedaço de avião para montar. Seria muito mais adequado produzir no próprio país. Economizaria também com o custo de transporte e o meio ambiente agradece.
Se não fizesse qualquer sentido econômico, então o próprio mercado sinalizaria via sistema de preços a compra de peças 100% americanas ou algo assemelhado. O "em que país é mais adequado produzir insumo X" geralmente depende de informações condensadas nos preços, não de intuição de burocrata mercantilista.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Mensagem por Tutu »

Agnoscetico escreveu:
Sex, 04 Abril 2025 - 17:38 pm
Falta as pessoas nos EUA se predispor a ter mão-de-ibra mais barata pra ficar mais competitiva. Na China dizem que se usa dumping social. Apesar de outros países que não tem dumping social, mas também com mão-de-obra mais barata que nos EUA.
Está importando só de país rico, como Suécia, Japão, Coreia, França e Canadá. Esses países não são de mão-de-obra barata.

Mesmo que fosse com mão-de-obra barata de país pobre, esse modelo só é sustentável com políticas de neocolonialismo para explorar de país pobre. Se o país pobre enriquecer, esse modelo colapsa.
Huxley escreveu:
Sex, 04 Abril 2025 - 18:10 pm
Se não fizesse qualquer sentido econômico, então o próprio mercado sinalizaria via sistema de preços a compra de peças 100% americanas ou algo assemelhado. O "em que país é mais adequado produzir insumo X" geralmente depende de informações condensadas nos preços, não de intuição de burocrata mercantilista.
Falácia de "Argumentum ad Numerum".

O fato de muitas empresas fazerem isso não prova que realmente que essa realmente seja a melhor solução. O argumento deveria explicar o que acontece nos países envolvidos para explicar a decisão, mencionando custos da mão-de-obra, logística, legislação, etc.

Re: Protecionismo X Livre mercado

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Falácia de "Argumentum ad Numerum".

O fato de muitas empresas fazerem isso não prova que realmente que essa realmente seja a melhor solução. O argumento deveria explicar o que acontece nos países envolvidos para explicar a decisão, mencionando custos da mão-de-obra, logística, legislação, etc.
Não é o "número superior de muitas pessoas fazendo o Boeing 787" que indica a solução via comércio internacional entre economias abertas é melhor do que a solução de um Boeing 787 produzido 100% nos EUA via coerção estatal. O número de pessoas pode ser o mesmo nos dois casos e as qualidades serem radicalmente distintas. A questão é que as informações contida nos preços livres refletem melhor as preferências e necessidades dos consumidores, enquanto que os preços distorcidos por burocratas mercantilistas, não. As informações contidas nos preços livres incorporam as eficácias de vantagens comparativas. Já preços distorcidos por supertarifas de importação ou cotas de importação, não.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Huxley escreveu:
Sáb, 05 Abril 2025 - 17:05 pm
enquanto que os preços distorcidos por burocratas mercantilistas, não.
Como fica a soberania do país? Se ele depende muito do comércio com gringos, ele não tem autonomia na produção. São afetados por problemas políticos em outros países que podem surgir do nada. País exportador pode ter crise de desemprego se tiver crise em importador no outro lado do mundo. País importador pode ter grande aumento de preços se tiver crise nos países fornecedores.

Re: Protecionismo X Livre mercado

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Como fica a soberania do país? Se ele depende muito do comércio com gringos, ele não tem autonomia na produção. São afetados por problemas políticos em outros países que podem surgir do nada. País exportador pode ter crise de desemprego se tiver crise em importador no outro lado do mundo. País importador pode ter grande aumento de preços se tiver crise nos países fornecedores.
Os casos em que um único país estrangeiro exportador concentra a maior parte da produção de um “bem essencial para a segurança nacional” são raros. O caso mais comum é que, ou diversos países estrangeiros produzem tal bem de forma relativamente desconcentrada ou tal bem tem bom substituto (ou bons substitutos), ou ainda, tal bem não é essencial a segurança nacional. Portanto, o generalizado tarifaço de importação de Trump é indefensável.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

O mundo da alta tecnologia está ancorado num planeta aberto

Para se ajustar às tarifas trumpistas, Apple precisaria aumentar preço do iPhone em 40%

Pedro Doria 08/04/2025


A não ser que Donald Trump volte radicalmente atrás em seu projeto de impor tarifas a meio mundo, o Vale do Silício vai rachar. E feio. Porque a indústria da tecnologia se divide em dois pedaços muito distintos — hardware e software. Isso não mudou nem com a grande onda de inteligência artificial dos últimos dois anos. Sem máquinas não acessamos nenhum programa. Nem o aplicativo da rede social, nem o modelo de IA, nem mesmo o editor de texto mais banal. E máquinas já não são fabricadas nos Estados Unidos faz bastante tempo. Para se ajustar às novas tarifas trumpistas, a Apple precisaria aumentar o preço do iPhone em 40%. Isso quer dizer tirar modelos da faixa US$ 999 e lançá-los para algo próximo dos US$ 1.500. Não é trivial. A alternativa para a companhia é absorver uma queda brutal na margem de lucro.

O caso do iPhone, e da estratégia de negócios da Apple, diz muito sobre o impacto da política econômica do novo governo americano. Trump acredita que trará fábricas de volta aos EUA se tornar o que vem de fora caro. Mas de onde vem um iPhone? O processador é fabricado em Taiwan, o vidro na Coreia do Sul. As lentes e seus sensores são japoneses. O acelerômetro é construído na Alemanha e o giroscópio na Itália. Esses são apenas alguns dos componentes, e aqueles que trazem mais tecnologia. Não entram os lugares que exportam matérias-primas como o lítio das baterias. Um iPhone reúne itens que vêm de, literalmente, todos os continentes.

[...]

Os Estados Unidos estão há cinco anos tentando botar para funcionar uma fábrica de microchips no Arizona. Está difícil. Os engenheiros sul-coreanos e taiwaneses reclamam que seus pares americanos não têm a disciplina necessária. O problema pode ser esse ou pode ser só preconceito oriental. Não importa. É tecnologia muito sofisticada, e realmente não basta um monte de dinheiro para implementar a coisa. Uma fábrica de iPhones com todos os componentes feitos localmente não brotará no Wisconsin em um ou dois anos.
https://oglobo.globo.com/opiniao/pedro- ... erto.ghtml

Re: Protecionismo X Livre mercado

fenrir
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Mensagem por fenrir »

Fernando Silva escreveu:
Ter, 08 Abril 2025 - 08:04 am
O mundo da alta tecnologia está ancorado num planeta aberto

Para se ajustar às tarifas trumpistas, Apple precisaria aumentar preço do iPhone em 40%

Pedro Doria 08/04/2025


A não ser que Donald Trump volte radicalmente atrás em seu projeto de impor tarifas a meio mundo, o Vale do Silício vai rachar. E feio. Porque a indústria da tecnologia se divide em dois pedaços muito distintos — hardware e software. Isso não mudou nem com a grande onda de inteligência artificial dos últimos dois anos. Sem máquinas não acessamos nenhum programa. Nem o aplicativo da rede social, nem o modelo de IA, nem mesmo o editor de texto mais banal. E máquinas já não são fabricadas nos Estados Unidos faz bastante tempo. Para se ajustar às novas tarifas trumpistas, a Apple precisaria aumentar o preço do iPhone em 40%. Isso quer dizer tirar modelos da faixa US$ 999 e lançá-los para algo próximo dos US$ 1.500. Não é trivial. A alternativa para a companhia é absorver uma queda brutal na margem de lucro.

O caso do iPhone, e da estratégia de negócios da Apple, diz muito sobre o impacto da política econômica do novo governo americano. Trump acredita que trará fábricas de volta aos EUA se tornar o que vem de fora caro. Mas de onde vem um iPhone? O processador é fabricado em Taiwan, o vidro na Coreia do Sul. As lentes e seus sensores são japoneses. O acelerômetro é construído na Alemanha e o giroscópio na Itália. Esses são apenas alguns dos componentes, e aqueles que trazem mais tecnologia. Não entram os lugares que exportam matérias-primas como o lítio das baterias. Um iPhone reúne itens que vêm de, literalmente, todos os continentes.

[...]

Os Estados Unidos estão há cinco anos tentando botar para funcionar uma fábrica de microchips no Arizona. Está difícil. Os engenheiros sul-coreanos e taiwaneses reclamam que seus pares americanos não têm a disciplina necessária. O problema pode ser esse ou pode ser só preconceito oriental. Não importa. É tecnologia muito sofisticada, e realmente não basta um monte de dinheiro para implementar a coisa. Uma fábrica de iPhones com todos os componentes feitos localmente não brotará no Wisconsin em um ou dois anos.
https://oglobo.globo.com/opiniao/pedro- ... erto.ghtml
Talvez nao seja por preconceito nao.
Por exemplo, nenhuma compania automobilistica ocidental chega em termos de confiabilidade no nivel de uma Lexus hoje ou da Honda no passado.
Ocidentais não tem os niveis insanos de disciplina e atenção ao detalhe que os orientais tem. O que ja vi nesse aspecto me deixou de queixo caido. Somos amadores em comparação.
Lembrem-se de que no passado, produto japones era sinonimo de ma qualidade. Hoje é o contrario.
O mesmo se dara com a China. E vai ser muito rápido.

Somando-se isso ao empurrão que o Trump esta dando ladeira abaixo nos EUA, a China vai chegar ao topo bem mais rapido que as previsões até então.
So imaginem um Japão ou Coreia do Sul multiplicados por 10 em termos de poder economico. Isso vai ser a China em breve.
Nao sei o que China e India ainda fazem no BRICS. Comparar o Brasil com esses paises é como comparar o Nelson Ned e o Oscar no basquete.

Estudar Mandarim e cultura chinesa nunca foi tão urgente quanto agora.

Re: Protecionismo X Livre mercado

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Gorducho escreveu:
Sex, 04 Abril 2025 - 10:06 am
Eu até não discordo da idéia geral de reindustrializar a America. Bem como deportar quem esteja ilegalmente no país. Me parece mesmo desastrosa essa desindustrialização como também acontece cá.
Mas DUVIDO que os MAGAs irão assimilar os preços muito maiores decorrentes tanto de fábricas voltarem pra America quanto da falta da mão de obra desses imigrantes.
A desindustrialização dos EUA é um processo natural pela qual todos os países que enriquecem muito passam. No contexto da história americana, é sintoma de pujança econômica, não de "doença econômica":
O "processo natural de desindustrialização" é um fenômeno caracterizado pela redução da participação da manufatura no PIB, que vem acontecendo há décadas no mundo (inclusive na China desde 2011).

Por que isso ocorre?

1) Ganho de produtividade

A produtividade na manufatura costuma crescer mais que a média da economia (e principalmente do serviços).

Isso resulta numa mudança dos preços relativos: os bens industriais ficam cada vez mais baratos (gráfico).

Imagem


Como a renda que um setor gera depende do faturamento, e o faturamento depende dos preços venda, a consequência do barateamento secular dos bens industriais é a redução da participação do setor no PIB (ele participa cada vez menos da renda gerada na economia).

2) Elasticidade renda

A partir de certo ponto, a elasticidade renda dos bens industriais se torna menor do que 1. Em outras palavras: um aumento de x% na renda da pessoa implica num aumento menor que x% no consumo de bens industriais.

Vou explicar melhor.

Se você pegar uma família pobre e dobrar a renda dela, ela provavelmente vai mais que dobrar a despesa com eletrodomésticos, eletroeletrônicos, veículo pessoal , etc. (todos bens industriais).

Mas essa tendência não continua para sempre.

Se você continuar dobrando a renda, a família não vai comprar outra geladeira, outro computador, outro carro, etc. Ela vai aumentar proporcionalmente mais a despesa com serviços: restaurantes, viagens, estética, plano de saúde, educação dos filhos, etc.

Na medida em que as famílias (e as sociedades) enriquecem, elas reservam uma parcela cada vez menor da sua renda para comprar bens industriais.

A combinação dos dois pontos faz com que a queda da indústria no PIB seja um fenômeno esperado (e verificado).

A própria teoria de desindustrialização prematura, do Rodrik, pressupõe que exista uma desindustrialização não-prematura, perfeitamente saudável (essa que eu expliquei).

Lembrando que o Rodrik é o economista "desenvolvimentista" (muitas aspas) mais influente do mundo.

O fato de o @eliasjabbour achar que não exista um processo natural de desindustrialização, que isso é "ciência do mercado financeiro", mesmo quando o fenômeno tem fundamento teórico e ampla verificação empírica, só reforça o óbvio: esse cara é um charlatão.
(Alex da Matta)

Fonte: https://x.com/AlexdaMatta_/status/1626283759891783680

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

fenrir escreveu:
Ter, 08 Abril 2025 - 14:23 pm
Fernando Silva escreveu:
Ter, 08 Abril 2025 - 08:04 am
O mundo da alta tecnologia está ancorado num planeta aberto

Para se ajustar às tarifas trumpistas, Apple precisaria aumentar preço do iPhone em 40%

Pedro Doria 08/04/2025


A não ser que Donald Trump volte radicalmente atrás em seu projeto de impor tarifas a meio mundo, o Vale do Silício vai rachar. E feio. Porque a indústria da tecnologia se divide em dois pedaços muito distintos — hardware e software. Isso não mudou nem com a grande onda de inteligência artificial dos últimos dois anos. Sem máquinas não acessamos nenhum programa. Nem o aplicativo da rede social, nem o modelo de IA, nem mesmo o editor de texto mais banal. E máquinas já não são fabricadas nos Estados Unidos faz bastante tempo. Para se ajustar às novas tarifas trumpistas, a Apple precisaria aumentar o preço do iPhone em 40%. Isso quer dizer tirar modelos da faixa US$ 999 e lançá-los para algo próximo dos US$ 1.500. Não é trivial. A alternativa para a companhia é absorver uma queda brutal na margem de lucro.

O caso do iPhone, e da estratégia de negócios da Apple, diz muito sobre o impacto da política econômica do novo governo americano. Trump acredita que trará fábricas de volta aos EUA se tornar o que vem de fora caro. Mas de onde vem um iPhone? O processador é fabricado em Taiwan, o vidro na Coreia do Sul. As lentes e seus sensores são japoneses. O acelerômetro é construído na Alemanha e o giroscópio na Itália. Esses são apenas alguns dos componentes, e aqueles que trazem mais tecnologia. Não entram os lugares que exportam matérias-primas como o lítio das baterias. Um iPhone reúne itens que vêm de, literalmente, todos os continentes.

[...]

Os Estados Unidos estão há cinco anos tentando botar para funcionar uma fábrica de microchips no Arizona. Está difícil. Os engenheiros sul-coreanos e taiwaneses reclamam que seus pares americanos não têm a disciplina necessária. O problema pode ser esse ou pode ser só preconceito oriental. Não importa. É tecnologia muito sofisticada, e realmente não basta um monte de dinheiro para implementar a coisa. Uma fábrica de iPhones com todos os componentes feitos localmente não brotará no Wisconsin em um ou dois anos.
https://oglobo.globo.com/opiniao/pedro- ... erto.ghtml
Talvez nao seja por preconceito nao.
Por exemplo, nenhuma compania automobilistica ocidental chega em termos de confiabilidade no nivel de uma Lexus hoje ou da Honda no passado.
Ocidentais não tem os niveis insanos de disciplina e atenção ao detalhe que os orientais tem. O que ja vi nesse aspecto me deixou de queixo caido. Somos amadores em comparação.
Lembrem-se de que no passado, produto japones era sinonimo de ma qualidade. Hoje é o contrario.
O mesmo se dara com a China. E vai ser muito rápido.

Somando-se isso ao empurrão que o Trump esta dando ladeira abaixo nos EUA, a China vai chegar ao topo bem mais rapido que as previsões até então.
So imaginem um Japão ou Coreia do Sul multiplicados por 10 em termos de poder economico. Isso vai ser a China em breve.
Nao sei o que China e India ainda fazem no BRICS. Comparar o Brasil com esses paises é como comparar o Nelson Ned e o Oscar no basquete.

Estudar Mandarim e cultura chinesa nunca foi tão urgente quanto agora.
O inglês ainda é mais simples que mandarim. Pelo menos na escrita.
Tem produtos asiáticos que podem ser melhores que ocidentais, mas não dá pra generalizar, pois tem os que apresentam seus defeitos. Não se deve pegar a comparação entre Tesla e BYD, por exemplo, como parâmetro pra todos o casos.
Não sei se ainda é cedo pra dizer se o Ocidente vai substituído tecnologicamente pela Ásia e se essa vai se manter, pois o Japão, por exemplo, também já deixou de ficar na dianteira faz um bom tempo; A Coréia do Sul talvez passe pelo mesmo processo, e a China talvez se mantenha por mais tempo, mas vai saber até quando. Se a população começar exigir salários melhores e as empresas decidiram ir prum país com mão-de-obra mais barata ainda, a desindustrialização pode chegar lá também.
Como Japão foi de país do futuro para preso ao passado

https://www.youtube.com/watch?v=0OR10qeuuTI

Re: Protecionismo X Livre mercado

fenrir
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Mensagem por fenrir »

E por quanto tempo os EUA vão se manter, pergunto?

Alem disso, nenhuma nação, reino ou império fica no topo ad aeternum. Quem acredita nisso devia adicionar tambem papai noel e a fada do dente a sua lista de crenças.
Então a queda vai acontecer. So não sabemos exatamente quando.

Os EUA vão cair, a China tambem vai e todos os que vierem depois, se houver algum depois. Alguns como o Brasil talvez nunca caiam, porque nunca ficaram de pé para inicio de conversa.
Vai que um dia cairá nao uma potencia, mas a civilização inteira.
Ate chegar o dia em que vai ser a vez da humanidade como um todo. E vai ser bem, bem antes do sol sair da sequencia principal, rumo ao estágio de gigante vermelha.

PS. A pior parte do Mandarim nem são os ideogramas: é a pronuncia. Um silaba pode ser pronunciada em 4 tons distintos e há varios fonemas que não existem no Portugues. Soa alienigena aos nossos ouvidos latinos.
Já quanto aos ideogramas, há uma logica e regularidade que facilitam sua memorização.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

fenrir escreveu:
Qua, 09 Abril 2025 - 05:03 am
PS. A pior parte do Mandarim nem são os ideogramas: é a pronuncia. Um silaba pode ser pronunciada em 4 tons distintos e há varios fonemas que não existem no Portugues. Soa alienigena aos nossos ouvidos latinos.
Já quanto aos ideogramas, há uma logica e regularidade que facilitam sua memorização.
Spoiler:
O tom neutro é às vezes chamado de "quinto tom" na língua chinesa, mas o mandarim tem quatro tons principais. Cada tom altera o significado da sílaba.
Os tons do mandarim

O primeiro tom (ˉ) é neutro e longo, como em "mãe" (mā)
O segundo tom (ˊ) sobe em direção aos agudos, como em "cânhamo" (má)
O terceiro tom (ˇ) sobe e depois desce, como em "cavalo" (mǎ)
O quarto tom (ˋ) desce aos sons graves, como em "repreender" (mà)
O tom neutro é leve e sem acentuação, usado em palavras de função gramatical
Nota: quando um grupo de ideogramas tem mais de um sentido, alguns ideogramas básicos são usados para indicar, pela pronúncia semelhante, qual o sentido desejado.
Ou seja, é preciso aprender um mandarim básico para conseguir ler. O mesmo se aplica aos cantoneses que querem aprender a ler: tem que saber um pouco de mandarim.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Diferente de outras nações que já tiveram no topo, os EUA tem um arsenal atômico e ainda tem uma produção industrial que fornece algumas coisas que países menos desenvolvidos ainda precisam, mesmo a China ocupando cada vez mais espaço.
Por isso não se deve confiar num só fornecedor. Se não tivesse outros países concorrendo com os EUA, a situação de dependência econômica tecnológica ia ser pior.

Re: Protecionismo X Livre mercado

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Gabarito
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