Identidade pessoal e reencarnação

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Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Como deve ser tratada a identidade pessoal ao longo de inúmeras reencarnações ou renascimentos? Como a DE explica a identidade pessoal na suposta ausência de uma continuidade espaço-temporal?

O texto introdutório apresenta alguns problemas da identidade pessoal. A idéia é desenvolver uma discussão da reencarnação diante desses problemas.

Boa leitura...

Créditos:
autor: Theodore Sider - Universidade de Rutgers
Tradução de Vítor Guerreiro
Retirado de Riddles of Existence, de de Earl Conee e Theodore Sider (Londres: Clarendon Press, 2005).
fonte: http://criticanarede.com/met_idpessoal.html


Dividi em 2 partes:


1ª Parte
O conceito de identidade pessoal

Ao ser julgado por homicídio, o leitor decide defender-se a si próprio. Afirma não ser o assassino; o assassino e o leitor são pessoas diferentes. O juiz pede-lhe que apresente provas. Tem fotografias de um intruso com bigode? Não é verdade que as suas impressões digitais correspondem às que foram encontradas na arma do crime? Pode provar que o assassino é esquerdino? "Não", responde o leitor. A sua defesa será muito diferente. Eis as suas alegações finais:
Admito que o assassino é dextro, como eu, que tem as mesmas impressões digitais que as minhas e que não usa barba nem bigode, como eu. Até se parece exactamente comigo nas fotografias da câmara de vigilância apresentadas pela defesa. Não, não tenho um irmão gémeo. Na verdade, admito lembrar-me de ter cometido o homicídio! Mas eu e o homicida não somos a mesma pessoa, uma vez que sofri mudanças. A banda de rock preferida dessa pessoa eram os Led Zeppelin; agora prefiro Todd Rundgren. Essa pessoa tinha apêndice, mas eu não; o meu foi removido na semana passada. Essa pessoa tinha de vinte e cinco anos de idade; eu tenho trinta. Eu e esse assassino de há cinco anos não somos a mesma pessoa. Portanto, não podem punir-me, pois ninguém é culpado de um crime cometido por outra pessoa.
Como é óbvio, nenhum tribunal aceitaria este argumento. No entanto, o que tem de errado? Quando alguém sofre mudanças, física ou psicologicamente, não é verdade que "não é a mesma pessoa"?

Sim, mas a expressão "a mesma pessoa" é ambígua. Há dois sentidos em que podemos afirmar que duas pessoas são a mesma. Quando alguém se converte a uma religião ou rapa o cabelo, torna-se dissemelhante do que era antes. Digamos que, qualitativamente, não é mais a mesma pessoa. Então, em certo sentido, não é "a mesma pessoa". Mas noutro sentido é a mesma pessoa: ninguém o substituiu. Chama-se "identidade numérica" a este segundo género de identidade, uma vez que é o mesmo género de identidade denotado pelo sinal de igualdade em expressões matemáticas como "2 + 2 = 4": as expressões "2 + 2" e "4" representam o mesmo número. Numericamente, o leitor é a mesma pessoa que era em bebé, apesar de qualitativamente ser muito diferente. As alegações finais do julgamento confundem os dois géneros de identidade. Na verdade, o leitor mudou desde que o crime foi cometido: qualitativamente, não é a mesma pessoa. Mas, numericamente, o leitor e o assassino são a mesma pessoa; ninguém mais assassinou a vítima. É verdade que "ninguém pode ser punido pelos crimes de outrem". Mas aqui "outrem" significa alguém que é numericamente distinto do leitor.

O conceito de identidade numérica é importante para os assuntos humanos. Afecta a questão de saber quem podemos punir, uma vez que é injusto punir alguém que seja numericamente distinto do malfeitor. Também desempenha um papel crucial em emoções como a antecipação, o arrependimento e o remorso. O leitor não pode sentir pelos erros dos outros o mesmo género de arrependimento ou de remorso que sente pelos seus próprios erros. Não pode antecipar os prazeres de que outra pessoa terá experiência, por mais que essa pessoa seja semelhante a si em termos qualitativos. A questão sobre o que faz que as pessoas sejam numericamente idênticas ao longo do tempo é conhecida dos filósofos como a questão da identidade pessoal.

Pode-se representar a questão da identidade pessoal através de um exemplo. Imagine o leitor que está muito curioso acerca de como será o futuro. Um dia encontra Deus, particularmente bem-humorada; ela promete ressuscitá-lo quinhentos anos após a sua morte, para que o leitor tenha experiência do futuro. A princípio fica compreensivelmente entusiasmado, mas depois começa a duvidar. Como irá Deus garantir que será o leitor a existir no futuro? Daqui a quinhentos anos terá morrido e o seu corpo ter-se-á decomposto. A matéria que o compõe agora ter-se-á então dispersado pela superfície da terra. Deus poderia facilmente criar, a partir de nova matéria, uma nova pessoa que se assemelhe a si, mas isso não o conforta. O leitor quer ser o próprio a existir no futuro; alguém que seja meramente parecido consigo não serve.

Este exemplo torna o problema da identidade pessoal particularmente vívido, mas repare que a mudança trivial ao longo do tempo levanta as mesmas questões. Olhando para fotografias da infância, você diz "este era eu". Mas porquê? O que faz que o leitor e aquele bebé sejam a mesma pessoa, apesar de todas as mudanças que sofreu ao longo dos anos?

(Os filósofos reflectem também na identidade ao longo do tempo de objectos que não são pessoas; reflectem no que faz que um electrão, árvore, bicicleta ou nação sejam a mesma coisa em momentos distintos. Estes objectos levantam muitas das mesmas questões que se coloca acerca das pessoas, além de algumas questões novas. Mas as pessoas são particularmente fascinantes. Por um lado, apenas a identidade pessoal se liga a emoções como o remorso e a antecipação. Por outro lado, nós somos pessoas. É natural que nos interessemos particularmente por nós próprios.)

Então, como poderia Deus fazer o leitor existir no futuro? Como vimos, não basta reconstituir, a partir de outra matéria, uma pessoa fisicamente similar. Seria mera semelhança qualitativa. Adiantaria usar a mesma matéria? Deus poderia recolher todos os protões, neutrões e electrões que agora constituem o seu corpo, mas que estarão então dispersos na superfície da Terra, e transformá-los numa pessoa. Por via das dúvidas, Deus poderia até fazer que esta nova pessoa fosse parecida consigo. Mas não seria você. Seria uma nova pessoa criada a partir da sua velha matéria. Se não concorda, então pense no seguinte: esqueça o futuro; tanto quanto sabe, a matéria de que agora é composto o seu corpo foi, em tempos, parte do corpo de outra pessoa, há milhares de anos. É altamente improvável mas contudo possível que a matéria de um antigo estadista grego se tenha reciclado através da biosfera, vindo a acabar em si. É claro que isso não o tornaria numericamente idêntico àquele estadista. O leitor não deveria ser punido pelos crimes do dito; não poderia arrepender-se do que o outro tivesse feito. A identidade da matéria não é condição suficiente para a identidade pessoal.

Tão-pouco é necessária. Pelo menos, a exacta identidade da matéria não é necessária para a identidade pessoal. As pessoas sobrevivem constantemente a mudanças graduais na sua matéria. Ingerem e excretam, cortam o cabelo e perdem porções de pele, e por vezes fazem implantes de pele ou de outra matéria nos seus corpos. Na verdade, o processo normal de ingestão e excreção reciclam quase toda a matéria de que o leitor é feito, periodicamente ao longo dos anos. No entanto, o leitor continua a ser o leitor. A identidade pessoal não está especialmente ligada à identidade da matéria. Então com o que está ela ligada?


A alma

Alguns filósofos e pensadores religiosos respondem: a alma. A alma de uma pessoa é a sua essência psicológica, uma entidade infísica onde há pensamentos e emoções. A alma sobrevive ilesa a todo o género de transformações físicas do corpo e pode mesmo sobreviver à sua destruição total. A alma do leitor é o que o faz que o leitor seja quem é. O bebé nas fotos é o leitor porque a alma que agora habita o seu corpo é a mesma que habitava então o corpo daquele bebé. Deus pode então ressuscitá-lo no futuro fazendo um novo corpo e inserindo nele a sua alma.

As almas parecem dar resposta rápida a muitas perplexidades filosóficas acerca da identidade ao longo do tempo, mas não há qualquer boa razão para pensar que existem. Os filósofos costumavam argumentar que se tem de postular as almas para explicar os pensamentos e os sentimentos, visto que os pensamentos e os sentimentos não parecem fazer parte do corpo físico. Mas a ciência contemporânea destrói este argumento. Há muito que os seres humanos sabem que a vida mental está especialmente ligada a uma parte do corpo — o cérebro. Mesmo antes da neurociência contemporânea, sabia-se que as lesões cefálicas causam danos psicológicos. Sabemos agora como certas partes do cérebro estão associadas a certos efeitos psicológicos. Embora estejamos longe de poder correlacionar inteiramente estados psicológicos com estados cerebrais, progredimos o suficiente para saber que a existência de uma tal correlação é uma hipótese razoável. É razoável inferir que a própria vida mental está no cérebro, e que não existe alma. Não é que a ciência neurológica refute a alma: as almas podiam existir ainda que os estados psicológicos e os estados mentais estejam perfeitamente correlacionados. Mas se o cérebro físico explica por si a vida mental, não há necessidade de postular também almas.

Além disso, os teorizadores da alma têm dificuldade em explicar como as almas conseguem pensar. Os teorizadores do cérebro têm os rudimentos de uma explicação: o cérebro contém biliões de neurónios, cujas interacções incrivelmente complexas produzem o pensamento. Ninguém sabe ao certo como isto funciona, mas pelo menos os neurocientistas fizeram um bom começo. O teorizador da alma nada tem para dizer que se compare, uma vez que na sua maioria os teorizadores da alma pensam que a alma não tem partes menores. As almas não são compostas de biliões de minúsculas partículas anímicas. (Se o fossem, deixariam de fornecer respostas rápidas para as perplexidades filosóficas acerca da identidade ao longo do tempo. Os teorizadores da alma enfrentariam as mesmas questões filosóficas difíceis que os restantes de nós. Por exemplo: o que faz que uma alma seja a mesma ao longo do tempo, apesar das mudanças nas suas partículas anímicas?) Mas se as almas não têm minúsculas partículas anímicas, não têm algo semelhante a neurónios para as ajudar a fazer o que fazem. Como é que, então, fazem o que o fazem?


A continuidade espácio-temporal e o caso do príncipe e do sapateiro

Pondo de parte as almas, voltemo-nos agora para as teorias científicas, que fazem assentar a identidade pessoal em fenómenos naturais. Uma dessas teorias usa o conceito de continuidade espácio-temporal. Considere a identidade ao longo do tempo de um objecto inanimado, como uma bola de basebol. Um lançador agarra a bola e prepara o lançamento; momentos depois, há uma bola na luva do apanhador. Serão ambas a mesma bola? Como sabemos? É mais fácil se tivermos mantido os olhos na bola. Uma série contínua - uma série de posições no espaço e no tempo contendo uma bola de basebol, a primeira na mão do lançador, as localizações ulteriores nos espaços e momentos intermédios, e a posição final na luva do apanhador — convence-nos de que a bola do lançador e a bola do apanhador são a mesma. Se não observarmos essa série contínua podemos suspeitar que as bolas são diferentes. Normalmente, não precisamos deste método para identificar uma pessoa ao longo do tempo, uma vez que, na sua maioria, as pessoas diferem muito umas das outras, mas pode ser útil se lidarmos com gémeos verdadeiros. Quer saber se é o Zé Manel ou o Manel Zé quem está na cela? Primeiro, reúna informação a partir dos vídeos de vigilância ou de informadores. Depois, usando esta informação, esboce uma série contínua regredindo no tempo a partir da pessoa que está na cela e veja a qual dos gémeos conduz.

Todos concordam que a continuidade espácio-temporal é um bom indício prático da identidade pessoal. Mas enquanto filósofos queremos mais. Queremos descobrir a essência da identidade pessoal; queremos saber o que é ter identidade pessoal e não apenas reconhecê-la quando está presente. Se o leitor quiser saber se um certo homem é solteiro, é um bom indício prático verificar se ele tem o apartamento desarrumado; se quer saber se um certo metal é ouro, a inspecção visual e a pesagem numa balança darão a resposta certa nove vezes em cada dez. Mas ter o apartamento desarrumado não é a essência de ser solteiro, pois alguns solteiros são arrumados. Ter um certo peso e uma certa aparência não é a essência do ouro, pois é possível um metal aparentar ser ouro (em todas as suas características superficiais) sem que por isso seja realmente ouro (pense na pirite). A verdadeira essência de ser solteiro é ser um indivíduo não casado do sexo masculino; a verdadeira essência de ser ouro é ter o número atómico 79. Pois não há circunstância possível em que algo seja solteiro sem ser um homem não casado, e não há circunstância possível em que algo seja ouro sem ter o número atómico 79. Tudo o que exigimos dos indícios práticos para reconhecer solteiros ou ouro é que funcionem na maioria das vezes, mas as considerações filosóficas sobre a essência têm de funcionar em todas as circunstâncias possíveis. A teoria da continuidade espácio-temporal afirma que a continuidade espácio-temporal é de facto a essência da identidade pessoal e não apenas que é um bom indício prático. A identidade pessoal é, simplesmente, a continuidade espácio-temporal.

Tem de se aperfeiçoar um pouco a teoria para que possa funcionar em todas as circunstâncias possíveis. Suponha o leitor que é capturado, metido numa panela e transformado em sopa. Embora possamos traçar uma série contínua entre o leitor e a sopa, a sopa não é o leitor. Depois de liquefeito, o leitor deixa de existir; a matéria que antes o compunha compõe agora outra coisa qualquer. Assim, temos de aperfeiçoar a teoria da continuidade espácio-temporal até se obter a seguinte formulação: as pessoas são numericamente idênticas se, e só se, são espácio-temporalmente contínuas ao longo de uma série de pessoas. O leitor está certamente ligado à sopa por uma série contínua, mas os últimos elementos da série são porções de sopa e não pessoas.

São possíveis melhoramentos posteriores (entre os quais afirmar que qualquer mudança de matéria numa série contínua tem de ocorrer gradualmente, ou que os elementos anteriores de uma tal série são a causa dos elementos posteriores). Mas passemos antes a um exemplo muito interessante introduzido pelo filósofo britânico do séc. XVII, John Locke. Um príncipe interroga-se como seria viver como um humilde sapateiro. Reciprocamente, há um sapateiro que sonha com uma vida de príncipe. Um dia têm a sua oportunidade: permutam-se todas as características mentais do príncipe e do sapateiro. O corpo do sapateiro fica com a memória, o conhecimento e os atributos pessoais do príncipe, cujas características mentais migraram por sua vez para o corpo do sapateiro. O próprio Locke falou em almas: as almas do príncipe e do sapateiro permutam-se. Mas modifiquemos a sua história: suponha-se que a troca ocorre porque os cérebros do príncipe e do sapateiro são alterados por um cientista malévolo, sem qualquer transferência de almas ou de matéria. Embora seja implausível, não é de todo em todo inconcebível. A ciência diz-nos que os estados mentais dependem da configuração dos neurónios no cérebro. Essa configuração poderia em princípio ser alterada de modo a ficar exactamente igual à configuração de outro cérebro.

Depois da permuta, a pessoa que está no corpo do sapateiro lembrar-se-á de ter sido um príncipe e do desejo de experimentar a vida como sapateiro. Dirá para consigo: "Finalmente, tenho a minha oportunidade!" Reconhece-se como príncipe e não como sapateiro. A pessoa que está no corpo do príncipe reconhece-se como sapateiro e não como príncipe. Terão razão?

A teoria da continuidade espácio-temporal afirma que não têm razão. Os itinerários espácio-temporais contínuos atêm-se a corpos; vão do príncipe original à pessoa que está no corpo do príncipe e do sapateiro original até à pessoa que está no corpo do sapateiro. Então, se a teoria da continuidade espácio-temporal está correcta, a pessoa que está no corpo do sapateiro é de facto o sapateiro e não o príncipe e a pessoa que está no corpo do príncipe é de facto o príncipe e não o sapateiro.

Locke adopta uma perspectiva diferente; concorda com o príncipe e com o sapateiro. Se tem razão, então a sua experiência mental refuta a teoria da continuidade espácio-temporal. Eis um argumento poderoso da parte de Locke: Suponhamos que o príncipe cometeu um crime horrível, sabia que ia acontecer a troca mental e esperava usá-la para fugir à acusação. Depois da troca, o crime é descoberto e os guardas vêm buscar o culpado. Nada sabem da troca, pelo que prendem a pessoa que está no corpo do príncipe, ignorando os seus protestos de inocência. A pessoa que está no corpo do sapateiro (que se vê como príncipe) lembra-se de ter cometido o crime e gaba-se de ter escapado por um triz. Trata-se de uma enorme injustiça! O fanfarrão que está no corpo do sapateiro devia ser punido. Se é assim, então a pessoa que está no corpo do sapateiro é o príncipe e não o sapateiro, pois só se deve punir uma pessoa pelo que ela própria fez.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

2ª Parte
A continuidade psicológica e o problema da duplicação

Locke usou o exemplo do príncipe e do sapateiro para mostrar que a identidade pessoal segue outro tipo de continuidade, a continuidade psicológica. Segundo a nova teoria proposta por Locke, a teoria da continuidade psicológica, uma pessoa no passado é numericamente idêntica à pessoa no futuro, se alguma houver, que tenha a memória da pessoa no passado, as suas características individuais, e por aí em diante — quer a pessoa no passado e a pessoa no futuro sejam ou não espácio-temporalmente contínuas entre si. A teoria de Locke afirma que o fanfarrão que está no corpo do sapateiro é de facto o príncipe e é portanto culpado pelos crimes do príncipe, uma vez que é psicologicamente contínuo com o príncipe. Como vimos, este parece ser o veredicto correcto. Mas Locke enfrenta desafio fascinante que se segue, apresentado pelo filósofo britânico do séc. XX, Bernard Williams.

O nosso cientista malévolo entra de novo em cena e faz Charles, uma pessoa dos nossos dias, adquirir as características mentais de Guy Fawkes, um homem enforcado em 1606 por tentar fazer explodir o parlamento inglês. Obviamente, seria difícil saber se Charles está a fingir, mas se tiver de facto as características mentais de Fawkes, então, diz Locke, Charles é Guy Fawkes. Até aqui tudo bem.

Mas agora o nosso cientista, perversamente, provoca esta transformação também em outra pessoa, Robert. Adquirir as características mentais de Fawkes consiste apenas numa alteração do cérebro; se pode acontecer a Charles, então pode acontecer também a Robert. A teoria de Locke está agora em dificuldades. Tanto Charles como Robert são psicologicamente contínuos com Fawkes. Se a identidade pessoal é a continuidade psicológica, então tanto Charles como Robert seriam idênticos a Fawkes. Mas tal não faz sentido, uma vez que implicaria que Charles e Robert são idênticos entre si! Pois se sabemos que

x = 4 e y = 4

Então concluímos que

x = y

Do mesmo modo, se sabemos que

Charles = Fawkes e Robert = Fawkes

Então concluímos que

Charles = Robert

Mas é absurdo afirmar que Charles = Robert. Apesar de serem agora qualitativamente similares (cada um tem a memória de Fawkes e as suas características individuais), numericamente são duas pessoas distintas. Este é o problema da duplicação na teoria de Locke: o que sucede quando a continuidade psicológica é duplicada? (ou triplicada, ou quadruplicada...)

Williams preferiu a continuidade espácio-temporal e não a psicológica devido ao problema da duplicação. Antes de o seguirmos, pensemos um pouco mais na continuidade espácio-temporal. Tal como uma árvore pode sobreviver à perda de um ramo, uma pessoa pode sobreviver à perda de algumas partes, ainda que significativas. Mesmo que lhe amputassem as pernas ou os braços o leitor continuaria a ser a mesma pessoa. No entanto, a perda de partes provoca alguma descontinuidade espácio-temporal, uma vez que a região do espaço-tempo ocupada pela pessoa muda abruptamente de forma. Assim, a "continuidade espácio-temporal" deve ser entendida como continuidade espácio-temporal suficiente, de modo a permitir mudanças nas partes enquanto a coisa ou a pessoa permanecem as mesmas.

Quanta continuidade é continuidade espácio-temporal "suficiente"? Imagine que tem um cancro incurável na metade direita do seu corpo mas que a esquerda se encontra saudável. Este cancro abrange o seu cérebro: o hemisfério direito está canceroso ao passo que o hemisfério esquerdo se encontra saudável. Felizmente, há uns cientistas futuristas que podem separar o seu corpo em dois. Podem dividir os hemisférios cerebrais e remover a parte cancerosa. Dão-lhe próteses do braço e perna direitos, uma metade artificial do seu coração, e por aí em diante. Contudo, o leitor não precisa de qualquer prótese do hemisfério cerebral direito, porque o hemisfério esquerdo, que ficou saudável, acabará por funcionar do mesmo modo que todo o seu cérebro costumava funcionar. (Apesar de ficcional, não é de todo em todo implausível: os hemisférios cerebrais humanos podem de facto funcionar independentemente quando desligados, e replicar algumas funções — embora não todas — um do outro.) Seguramente, a pessoa depois da operação é a mesma que era antes: esta operação é uma maneira de lhe salvar a vida! Mas o resultado da operação é uma descontinuidade espácio-temporal significativa, uma vez que a continuidade entre a pessoa do antes e a pessoa do depois fica reduzida a metade do corpo. Lição: mesmo a continuidade de apenas metade do corpo seria suficiente para manter a identidade pessoal.

Mas agora a teoria da continuidade espácio-temporal enfrenta o seu próprio problema da duplicação. Alteremos a história do parágrafo anterior de tal modo que o cancro esteja apenas no cérebro, mas em ambos os hemisférios. A única cura é a radioterapia, mas a probabilidade de sucesso é apenas de 10%. É uma probabilidade baixa. Felizmente, pode ser aumentada. Antes da radioterapia, os médicos dividem o seu corpo - incluindo os hemisférios - em dois. Como antes, cada metade é completada artificialmente; inicia-se então a radioterapia aos hemisférios cancerosos. Isto dá-lhe duas hipóteses com 10% de probabilidade de sucesso, em vez de uma. Mas agora vem a reviravolta na narrativa: suponha o resultado improvável de que o tratamento cura ambas as metades. Assim, o resultado da operação são duas pessoas, cada uma das quais tem um dos seus hemisférios originais. Repare que cada uma mantém continuidade espácio-temporal "suficiente" com o leitor, uma vez que concordámos que metade de uma pessoa é o suficiente para haver continuidade. A teoria da continuidade espácio-temporal implica então que o leitor seja idêntico a cada uma destas duas novas pessoas, e temos uma vez mais a consequência absurda de que estas duas pessoas são idênticas entre si.

Cada uma das nossas teorias, a teoria da continuidade psicológica de Locke e a teoria da continuidade espácio-temporal, enfrenta o problema da duplicação. Pode haver continuidade, psicológica ou espácio-temporal, entre uma só pessoa original e duas sucessoras. Cada teoria afirma que a identidade pessoal é um tipo de continuidade. Assim, a pessoa original é idêntica a cada sucessora, o que implica o absurdo de as sucessoras serem idênticas entre si. Como resolver este problema?

Alguns sentir-se-ão tentados a abandonar as teorias científicas voltando-se para a alma. A continuidade, psicológica ou espácio-temporal, não determina o que acontece a uma alma. Quando se duplica um corpo, a alma do corpo original pode ser herdada por um ou outro dos corpos sucessores, talvez por nenhum, mas não por ambos. Embora seja uma solução arrumada, os indícios disponíveis não a sustentam: continuamos a não haver razão para aceitar a existência de almas. Seria melhor reformular de alguma maneira as teorias científicas tendo em conta o problema da duplicação. (Se formos bem-sucedidos, temos ainda de decidir entre a continuidade espácio-temporal, a continuidade psicológica, ou uma combinação das duas. Mas deixemos isso de lado por agora.)

Na sua formulação original, as teorias científicas afirmavam que a identidade pessoal é continuidade. Podíamos reformulá-las, para que afirmem, ao invés, que a identidade pessoal é continuidade imbifurcante. Normalmente a continuidade não tem bifurcações: normalmente, só há continuidade, em cada momento, entre uma pessoa e outra pessoa anterior. Nesses casos há identidade pessoal. Mas os exemplos de duplicação implicam bifurcação, ou seja, num dado momento, há continuidade entre duas pessoas e uma pessoa anterior. Assim, segundo a teoria reformulada, não há identidade pessoal nesses casos. Não há identidade entre Charles e Guy Fawkes nem entre Robert e Guy Fawkes. O leitor não sobrevive ao transplante duplo.

Ao contrário da afirmação de que as pessoas sucessoras são idênticas entre si, esta não é absurda. Mas é bastante difícil de aceitar. Imagine o leitor que recebe uma boa notícia antes da operação: a pessoa que tem o seu hemisfério esquerdo irá sobreviver à operação de divisão. Excelente. Mas agora, se a teoria modificada da continuidade espácio-temporal está correcta, e se além disso a pessoa que tem o hemisfério direito sobrevive, o leitor não sobreviverá. Pelo que é pior para si se a pessoa que tem o hemisfério direito sobreviver. Tem de fazer figas para que a pessoa que tem o hemisfério direito morra. Que estranho! A notícia de que a pessoa que tem o hemisfério esquerdo sobreviveria era boa; a notícia de que a pessoa com o hemisfério direito também sobreviveria parece ser mais uma boa notícia. Como poderia mais uma boa notícia tornar as coisas muito piores?


Soluções radicais para o problema da duplicação

A duplicação é um problema realmente difícil! Talvez seja altura de investigar algumas soluções radicais. Eis duas.

Derek Parfit, o filósofo britânico contemporâneo, põe em causa um pressuposto fundamental que temos mantido acerca da identidade pessoal, o pressuposto de que a identidade pessoal é importante. No início deste capítulo, concordámos que a identidade pessoal está ligada à antecipação, ao arrependimento e ao castigo. Isto é uma parte da importância da identidade pessoal. O último parágrafo da secção anterior pressupôs outra parte: que é muito mau para o leitor se no futuro não houver continuidade entre outra pessoa e o leitor. Isto é, deixar de existir é muito mau. Parfit põe em causa este pressuposto de que a identidade é importante. O que é realmente importante, defende Parfit, é a continuidade psicológica. Na maior parte dos casos triviais, a continuidade psicológica e a identidade pessoal andam par. Isso é porque, segundo Parfit, a identidade pessoal é continuidade imbifurcante, e a continuidade raramente bifurca. Mas no caso da duplicação ramifica. Nesse caso o leitor deixa de existir. Mas no exemplo da duplicação, diz Parfit, deixar de existir não é mau. Pois ainda que o próprio leitor deixe de existir, preservará tudo aquilo que importa: terá continuidade psicológica (em dose dupla, na verdade!).

As perspectivas de Parfit são interessantes e provocadoras. Mas podemos realmente aceitar que por vezes deixar completamente de existir é insignificante? Isso implicaria uma revisão radical das nossas crenças habituais. Haverá mais opções?

Podíamos, ao invés, reconsiderar um dos nossos outros pressupostos acerca da identidade pessoal. O argumento da duplicação pressupõe que se há identidade pessoal entre a pessoa original e cada uma das sucessoras, temos a conclusão absurda de que as sucessoras são idênticas entre si. Mas este resultado absurdo só se segue se a identidade pessoal for identidade numérica, a mesma noção que o sinal de igualdade (=) exprime em matemática. Fizemos esta pressuposição logo à partida, mas talvez seja um erro. Talvez a "identidade pessoal" nunca seja realmente identidade numérica. Talvez o resultado de toda a mudança seja mesmo uma pessoa numericamente distinta. Se é assim, então não seria preciso afirmar que a bifurcação destrói a identidade pessoal. Porquanto podíamos regressar à ideia de que a "identidade" pessoal é continuidade (psicológica ou espácio-temporal — falta decidir isso.) Nos casos em que há bifurcação, pode haver relação de "identidade pessoal" entre única pessoa e duas pessoas distintas; isto não é absurdo se a identidade pessoal não for identidade numérica. Teríamos ainda de distinguir entre a mera semelhança qualitativa ("ele não é a mesma pessoa que era antes de ir para a faculdade") e uma noção mais estrita de "identidade" pessoal que se associe ao castigo, à antecipação e ao arrependimento. Mas mesmo esta noção mais estrita seria mais frouxa do que a identidade numérica.

Poderemos realmente acreditar que as nossas fotografias de infância são de pessoas numericamente distintas de nós? Também isso exigiria uma revisão radical de crenças. Mas às vezes é precisamente isso o que a filosofia pede.
Sugestões de leitura

A antologia de John Perry Personal Identity (University of California Press, 1975) é uma excelente fonte para leituras adicionais acerca da identidade pessoal. Contém um excerto de John Locke em defesa da perspectiva da continuidade psicológica, um ensaio de Derek Parfit que argumenta que a identidade pessoal não é tão importante como normalmente pensamos que seja, um artigo de Thomas Nagel sobre a bissecção cerebral, e muitos outros artigos de interesse. A introdução de Perry à antologia é também excelente.

Outro bom livro, também intitulado Personal Identity, é da co-autoria de Sydney Shoemaker e Richard Swinburne (Blackwell, 1984). A primeira parte, redigida por Swinburne, defende a teoria da identidade pessoal com base na alma e é particularmente acessível. A segunda parte, redigida por Shoemaker, defende a perspectiva da continuidade psicológica.

Bernard Williams introduz o problema da duplicação em "Personal Identity and Individuation", no seu livro Problems of the Self (Cambridge University Press, 1973).

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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JungF
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Mensagem por JungF »

Segundo os ensinamentos espíritas a identidade pessoal permanece constante visto o espírito ser imortal... morre o corpo, a alma continua sua jornada.
Há uma descontinuidade transitória quando o espírito retorna ao corpo via renascimento, pois, neste caso terá havido uma programação relativa às tarefas que lhe incumbe desenvolver na nova existência, quando o ambiente social e cultural são diferentes tendo em vista sua melhor adaptação à personalidade em desenvolvimento.
Nesta nova programação embora tenha sido brilhante cientista poderá surgir no novo ambiente com embotamento severo do sistema cognitivo, por questão cármica.
Tendo sido valente guerreiro, mas cruel, surgirá na terra com paralisias motoras diversas.
Em suma, um novo corpo, um cérebro com capacidades diferentes em um novo ambiente, em nada lembrará aquele indivíduo da anterior encarnação.
Então, embora na essência seja a mesma criatura antes e após aquela reencarnação houve um lapso no tempo e no espaço em que o espírito de nada recorda quanto a sua anterior personalidade.
A exceção ocorre com médiuns em tarefas encarnatórias específicas que podem ter acesso a experiências de vidas passadas.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

Você já sabe a minha opinião...mas vou dar corda para ver até onde chega essa conversa fiada.

Repetindo a pergunta do texto: Como as almas/espíritos conseguem pensar?

Se conseguem pensar sem um cérebro, por que precisam de um cérebro físico, que comprovadamente é responsável pelo pensamento?

Uma patologia cerebral pode afetar o comportamento. Conheço o caso de uma menina que se tornou cleptomaníaca com o desenvolvimento de um tumor cerebral. Como isso afeta a alma/espírito dessa pessoa? Como ficam os julgamentos cármicos desse comportamento e da cadeia de comportamentos das pessoas que interagiram com ela e que foram roubados mas que desconheciam a existência da causa do tumor?

Além disso, como as almas/espíritos conseguem processar diferentes personalidades/identidades acumuladas ao longo de diversas reencarnações? Qual é o critério que a alma utiliza para escolher um papel para se manifestar através de um médium? Por que o espírito de Mozart ainda continua morando em Júpiter como Mozart apesar de estar mais evoluído após uma ou mais reencarnações?

Como a alma/espírito convive com suas múltiplas personalidades/identidades? O espírito de Hitler que cumpre pena numa prisão em Plutão levou consigo todas as suas encarnações acumuladas. Afinal, quem está cumprindo pena em Plutão?

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Pois é. O espírito passa por trocentas reencarnações, mas o que importa é que "foi Fulano numa vida passada".

O que acontece quando um óvulo fecundado começa a se multiplicar e então se divide em dois pedaços (gêmeos univitelinos) ?
Vem mais um espírito?

E quando dois óvulos fecundados (gêmeos não idênticos) se fundem num só (quimera)?
Um dos espíritos é eliminado?

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Fernando Silva
Conselheiro
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Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

JungF escreveu:
Dom, 22 Março 2020 - 19:48 pm
Nesta nova programação embora tenha sido brilhante cientista poderá surgir no novo ambiente com embotamento severo do sistema cognitivo, por questão cármica.
Tendo sido valente guerreiro, mas cruel, surgirá na terra com paralisias motoras diversas.
Em suma, um novo corpo, um cérebro com capacidades diferentes em um novo ambiente, em nada lembrará aquele indivíduo da anterior encarnação.
O cara apanha sem saber por que está apanhando.

É como dar uma surra num bêbado ou drogado.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Gorducho
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Mensagem por Gorducho »

Na m/opinião o melhor artigo já escrito sobre o Espiritismo é o do Edgar Saveney na Revue des Deux Mondes, 2° período, tomo 47, 1863:
Un Episode contemporain de l'Histoire du Merveilleux
– Le Spiritisme et les Spirites

Sobre isso ele diz tudo...
[...] on pourra se représenter les périsprits comme habitant des maisons semi-matérielles ou « fluidiques, » se nourrissant du périsperme des fruits et s’entretenant dans un langage tout formé de périphrases. Leur principale affaire d’ailleurs, hors de leurs entretiens avec les humains, paraît être de réfléchir sur leur vie antérieure, d’en tirer les enseignements qu’elle comporte et de former, en vue de leur prochaine incarnation, des résolutions dont ils perdront le souvenir en entrant dans leur nouveau corps.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Gorducho
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Mensagem por Gorducho »

Talquei... + essa interpretação não me parece mui diferente do fluído vital, substituindo, bien sûr, o fluído fluídico pelo DNA físico-químico.
O espírito será então 💯% desquintessenciado (pois que material = composto químico) e sem individualização. Along the lines do (es decir: 1 só, único) πνεuμα Divino :think:

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

Vejo uma diferença. Não existe fluído vital, ou qualquer outra "coisa" que venha de algum lugar que adentra os organismos.

A vida é o resultado de um processo evolutivo de sistemas orgânicos, isto é, conjuntos de partes interagentes e interdependentes organizadas para sobreviver (isto é, manter-se em funcionamento) e se perpetuar. Nesse sentido, o que chamamos de vida é o funcionamento desse sistema enquanto capaz de atingir, pelo menos minimamente, esses objetivos.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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JungF
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Mensagem por JungF »

Gigaview escreveu:
Dom, 22 Março 2020 - 21:16 pm
Você já sabe a minha opinião...mas vou dar corda para ver até onde chega essa conversa fiada.

Repetindo a pergunta do texto: Como as almas/espíritos conseguem pensar?
O Espírito tem um envoltório semi material, seu peri-espírito, que é na verdade o molde do corpo.
Tudo que existe no corpo é cópia do que existe no perispírito. Assim, tudo que afeta o perispírito afeta o corpo e vice-versa.
Gigaview escreveu:Se conseguem pensar sem um cérebro, por que precisam de um cérebro físico, que comprovadamente é responsável pelo pensamento?
O espírito é tudo, o corpo é apenas veículo. O cérebro físico e o do perispírito interagem de contínuo e quase se justapõem, assim como todos os demais órgãos. Mas o comando é sempre do espírito que através do seu perispírito atua no corpo físico.
O Espírito pensa, o perispírito registra, e o corpo obedece.
Gigaview escreveu:Uma patologia cerebral pode afetar o comportamento. Conheço o caso de uma menina que se tornou cleptomaníaca com o desenvolvimento de um tumor cerebral. Como isso afeta a alma/espírito dessa pessoa? Como ficam os julgamentos cármicos desse comportamento e da cadeia de comportamentos das pessoas que interagiram com ela e que foram roubados mas que desconheciam a existência da causa do tumor?
Se você tiver acesso a detalhes relacionados ao tumor verificará que de alguma forma afetou o lobo frontal.
Um espírito em evolução traz inúmeras imperfeições do passado e que gradualmente desvanecem após provas difíceis a serem suportadas.
A menina ainda carregava consigo deficiências morais que, em princípio, censurada automaticamente pelo super-ego policiava-se. A lesão causou transtornos comportamentais exatamente pela ausência da censura e do julgamento moral, atribuições do super-ego, localizado no lobo frontal.
Se não me engano Freud correlaciona o Ego, o Id e o Super-ego com particulares estruturas cerebrais.
Um caso clássico, alvo de estudo dos neuro cientistas é o de Phineas Gage.
O caso de Gage é considerado como uma das primeiras evidências científicas que indicavam que a lesão nos lóbulos frontais pode alterar a personalidade, emoções e a interação social. Wikipedia
Gigaview escreveu: Além disso, como as almas/espíritos conseguem processar diferentes personalidades/identidades acumuladas ao longo de diversas reencarnações?
O homem encarnado é a somatória de todas as suas vivências passadas. Sua personalidade atual reflete todos os seus sofrimentos e as lições aprendidas.
Existe uma expressão que resume suas preferências, aversões, aprendizados, aptidões, etc. A Idiossincrasia, com significado particular em algumas ciências, tem grande importância no auto-conhecimento a que nos propomos realizar com vistas a melhor integração corpo-mente.
Gigaview escreveu:Qual é o critério que a alma utiliza para escolher um papel para se manifestar através de um médium?
O espírito quando se manifesta através de um médium o faz com os recursos que lhe são próprios não assumindo personalidades outras.
Embora sempre em evolução sua personalidade é a da última encarnação.
É sempre bom ter em mente que falamos de espíritos de mediana evolução pois que as criaturas das esferas sublimadas dispõem de recursos além de nossa compreensão.
Gigaview escreveu: Por que o espírito de Mozart ainda continua morando em Júpiter como Mozart apesar de estar mais evoluído após uma ou mais reencarnações?
Como a alma/espírito convive com suas múltiplas personalidades/identidades? O espírito de Hitler que cumpre pena numa prisão em Plutão levou consigo todas as suas encarnações acumuladas. Afinal, quem está cumprindo pena em Plutão?
Alusões a Mozart, Hitler, T. Edson, etc não fazem parte das obras da Codificação.
O imaginário popular publicado na Revue não obedecia aos critérios do CUEE*.
Um dos problemas que Kardec enfrentava na Revue era sobre o material que seria publicado ou não... levou-o inclusive a abandonar sua direção.

*Controle Universal dos Ensinos Espíritas, cap II Ev.Seg.Esp.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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JungF
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Mensagem por JungF »

Fernando Silva escreveu: Pois é. O espírito passa por trocentas reencarnações, mas o que importa é que "foi Fulano numa vida passada".
Importa para quem, se muito excepcionalmente nos é dado algo saber, de alguma vida passada.
Cada encarnação traz em essência a somatória das trocentas encarnações com as inibições ou estímulos necessários à presente experiencia.

Fernando Silva escreveu: O que acontece quando um óvulo fecundado começa a se multiplicar e então se divide em dois pedaços (gêmeos univitelinos) ?
Vem mais um espírito?
E quando dois óvulos fecundados (gêmeos não idênticos) se fundem num só (quimera)?
Um dos espíritos é eliminado?
Cada corpo, xifópagos por exemplo, tem um espírito, em difícil provação.
Assim, mesmo os gêmeos idênticos, cada um traz seu pp espírito.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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JungF
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Mensagem por JungF »

JungF escreveu: Nesta nova programação embora tenha sido brilhante cientista poderá surgir no novo ambiente com embotamento severo do sistema cognitivo, por questão cármica.
Tendo sido valente guerreiro, mas cruel, surgirá na terra com paralisias motoras diversas.
Em suma, um novo corpo, um cérebro com capacidades diferentes em um novo ambiente, em nada lembrará aquele indivíduo da anterior encarnação.
Fernando Silva escreveu: O cara apanha sem saber por que está apanhando.

É como dar uma surra num bêbado ou drogado.


Antes da encarnação um trabalho meticuloso realizado por equipe especializada prepara o novo ambiente e o novo corpo do reencarnante.
Há que se observar uma enorme fila de suplicantes para uma nova experiência e no entanto todos terão sua oportunidade no tempo previsto.
Não se reencarna a esmo e as dificuldades que irá enfrentar lhe são sobejamente conhecidas, pois lhe trarão paz à consciência e elevação espiritual; é a causa de suas rogativas. Ou seja, conhece de antemão suas provas, no subconsciente isto o ajuda a suportá-las. Não é nenhum drogado ou bêbado.
A propósito, quando um marginal contumaz é preso, sabe exatamente o porquê e no entanto quando sai comete os mesmos crimes. Saber a causa da punição não ajudou em nada.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

JungF escreveu:
Gigaview escreveu:
Dom, 22 Março 2020 - 21:16 pm
Você já sabe a minha opinião...mas vou dar corda para ver até onde chega essa conversa fiada.

Repetindo a pergunta do texto: Como as almas/espíritos conseguem pensar?
O Espírito tem um envoltório semi material, seu peri-espírito, que é na verdade o molde do corpo.
Tudo que existe no corpo é cópia do que existe no perispírito. Assim, tudo que afeta o perispírito afeta o corpo e vice-versa.
Não consta que tenham detectado espírito algum ou algo que possa ser interpretado como esse "envoltório semi material" nos últimos 80 anos do estudo do átomo e da física de partículas ou em experimentos em centenas de laboratórios e aceleradores de partículas.

Nem os espíritas ainda foram capazes de provar essas bobagens que dizem com a coragem de sempre como se todo mundo fosse idiota para aceitar sem questionar.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

O livro "Os Dragões do Éden" de Carl Sagan (Cap II - Genes e Cérebro escreveu:Os neurobiologistas, em sua maioria, acreditam que os neurônios sejam os elementos ativos na função cerebral, embora haja indícios de que algumas lembranças específicas e outras funções cognitivas estejam contidas em determinadas moléculas do cérebro, tais como o ARN (ácido ribonucléico) ou proteínas pequenas. Para cada neurônio do cérebro existem aproximadamente 10 células gliais (originadas da palavra grega que quer dizer cola) que proporcionam a sustentação da arquitetura neuronal. Um neurônio em um cérebro humano faz entre mil e 10 mil sinapses ou ligações com neurônios adjacentes. (Muitos neurônios da medula espinhal parecem fazer cerca de 10 mil sinapses, e as chamadas células de Purkinje , do cerebelo, podem fazer até mais. O número de ligações dos neurônios no córtex é provavelmente inferior a 10 mil.) Se cada sinapse responde através de uma resposta sim-ou-não única a uma pergunta elementar, à semelhança dos elementos contidos nos computadores eletrônicos, o número máximo de resposta sim/não ou bits de informação que o cérebro pode conter é aproximadamente 10^10 x 10^3 = 10^13, ou 10 trilhões de bits (ou 100 trilhões = 10^14 bits se tivéssemos considerado 10^4 sinapses para cada neurônio). Algumas dessas sinapses devem conter a mesma informação contida em outras sinapses; algumas devem estar relacionadas a funções motoras e outras funções não-cognitivas; e outras podem estar simplesmente vagas, esperando a informação de um novo dia para entrar em ação.

Se cada cérebro humano só fizesse uma sinapse - correspondente a uma estupidez monumental - seríamos capazes de apenas dois estados mentais. Se tivéssemos duas sinapses, 22 = 4 estados, três sinapses, 23 = 8 estados, e em geral, para N sinapses, 2^N estados. Mas o cérebro humano é caracterizado por umas 10^13 sinapses. Por conseguinte, o número de diferentes estados de um cérebro humano equivale a 2 elevado a essa potência - ou seja, multiplicado por ele mesmo 10 trilhões de vezes. Esse é um número inconcebivelmente grande, muito maior, por exemplo, do que o número total de partículas elementares (elétrons e prótons) em todo o universo, que é muito menor do que 2 elevado à potência 10^13. É em virtude desse imenso número de configurações funcionalmente diferentes do cérebro humano que dois seres humanos, mesmo que sejam idênticos, jamais poderão ser muito parecidos. Esses números enormes também podem explicar algo da imprevisibilidade do comportamento humano e daqueles momentos que surpreendem até a nós mesmos pelo que fizemos, De fato, em face desses números, o espantoso seria a existência de regularidade no comportamento humano. A resposta deve ser que de forma alguma estão ocupados todos os estados cerebrais possíveis; deve existir um número enorme de configurações mentais que jamais foram introduzidas ou sequer vislumbradas por qualquer ser humano na história da humanidade. Sob essa perspectiva, cada ser humano é realmente raro e diferente, sendo a santidade de cada vida humana uma conseqüência ética plausível.

Nos últimos anos, tem-se tornado clara a existência de microcircuitos no cérebro. Nesses microcircuítos, os neurônios constituintes são capazes de uma variedade muito maior de respostas do que o simples "sim" ou "não" dos elementos comutadores contidos nos computadores eletrônicos. Os microcircuitos têm dimensões muito reduzidas (as dimensões típicas são da ordem de 1/10 mil centímetro) e são portanto capazes de processar os dados muito rapidamente. Eles respondem a cerca de um centésimo da voltagem necessária para estimular os neurônios, comuns, sendo, por conseguinte, capazes de respostas muito mais elaboradas e sutis. Tais microcircuitos parecem aumentar em número de maneira compatível com nossas noções habituais a respeito da complexidade de um animal, atingindo sua máxima proliferação, tanto em termos absolutos quanto relativos, nos seres humanos.

Também se desenvolvem tardiamente na embriologia humana. A existência desses microcircuitos sugere que a inteligência pode ser o resultado não apenas da importância da relação entre as massas do cérebro e do corpo, mas também da abundância de elementos comutadores no cérebro. Os microcircuitos tomam o número de estados cerebrais possíveis ainda maior que o que calculamos no parágrafo anterior, e assim corroboram ainda mais a espantosa singularidade de cada cérebro humano.

Podemos abordar o tema do conteúdo de informação do cérebro humano de uma forma bastante diferente - introspectivamente. Tente imaginar alguma lembrança visual, por exemplo, de sua infância. Observe-a bem de perto com o "olho" de sua mente. Imagine-a composta de um conjunto de finos pontos como uma fotografia de jornal. Cada ponto possui certa cor e brilho. Agora você deve indagar quantos bits de informação são necessários para caracterizar a cor e o brilho de cada ponto; quantos pontos compõem a imagem rememorada; e quanto tempo leva para lembrar todos os pormenores da imagem. Nesta retrospectiva, você focaliza uma parte muito pequena da imagem em um determinado momento; seu campo visual é bastante restrito. Quando encontrar todos esses números, você chega ao índice de informação processado pelo cérebro em bits por segun-do. Quando faço um cálculo desse tipo, verifico um índice máximo de processamento em torno de 5 mil bits por segundo.

Mais comumente, essas rememorações visuais concentram-se nos contornos das formas e nas alterações bruscas de brilhante para escuro, e não na configuração de áreas de brilho em grande parte neutras. A rã, por exemplo, vê com grande predomínio na direção dos gradientes de brilho. Entretanto, existem consideráveis indícios de que a lembrança pormenorizada dos interiores, e não apenas os contornos das formas, é razoavelmente comum. Talvez o caso mais contundente seja uma experiência com seres humanos em uma construção estereoscópica de uma imagem tridimensional, usando um padrão evocado por um olho e um padrão sendo visto pelo outro. A fusão de imagens nesse anaglifo requer a memória de 10 mil elementos pictóricos.

Mas eu não estou relembrando imagens visuais durante todo o meu tempo de vigília, nem estou submetendo continuamente as pessoas e os objetos a uma intensa e cuidadosa investigação. Faço isso talvez durante uma pequena porcentagem de tempo. Meus outros canais de informação - auditivos, táteis, olfativos e gustativos - são envolvidos com índices de transferência muito menores. Concluo que o índice médio de dados processados pelo meu cérebro gira em torno de (5 mil/50) = 100 bits por segundo. No decorrer de 60 anos, isso corresponde a 2 x 10^11 ou 200 bilhões de bits no total, inseridos na memória visual, ou de outra natureza, caso eu tenha memória perfeita. Esse número é menor, porém não muito menor, que o número de sinapses ou de conexões neurais (uma vez que o cérebro tem mais o que fazer além de simplesmente lembrar) e sugere que os neurônios são realmente elementos importantes na função cerebral.
Esses 200 bilhões de bits, correspondentes a 60 anos apenas de memória visual! Você consegue imaginar quantos bits são necessários para armazenar experiências sensoriais de várias encarnações? Onde está armazenada essa informação? Como é possível manter a integridade dessa informação num ambiente "etéreo"?

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

JungF escreveu:
Gigaview escreveu:Uma patologia cerebral pode afetar o comportamento. Conheço o caso de uma menina que se tornou cleptomaníaca com o desenvolvimento de um tumor cerebral. Como isso afeta a alma/espírito dessa pessoa? Como ficam os julgamentos cármicos desse comportamento e da cadeia de comportamentos das pessoas que interagiram com ela e que foram roubados mas que desconheciam a existência da causa do tumor?
Se você tiver acesso a detalhes relacionados ao tumor verificará que de alguma forma afetou o lobo frontal.
Um espírito em evolução traz inúmeras imperfeições do passado e que gradualmente desvanecem após provas difíceis a serem suportadas.
A menina ainda carregava consigo deficiências morais que, em princípio, censurada automaticamente pelo super-ego policiava-se. A lesão causou transtornos comportamentais exatamente pela ausência da censura e do julgamento moral, atribuições do super-ego, localizado no lobo frontal.
Se não me engano Freud correlaciona o Ego, o Id e o Super-ego com particulares estruturas cerebrais.
Um caso clássico, alvo de estudo dos neuro cientistas é o de Phineas Gage.
O caso de Gage é considerado como uma das primeiras evidências científicas que indicavam que a lesão nos lóbulos frontais pode alterar a personalidade, emoções e a interação social. Wikipedia


Bullshit.
In the 1962 novel A Clockwork Orange by Anthony Burgess, doctors attempt to cure a violent, murderous psychopath using psychological conditioning — forcing him to endure disturbing physical reactions while witnessing acts of violence. Today, neuroscientists are studying how we use our brains to make moral decisions, and what we can do for people who do not seem to have a normal sense of morality.

Neuroscientists began looking for a region of the brain specifically dedicated to morality about ten years ago. Eventually, they discovered that the brain does not have one moral center or one system that is devoted solely to making moral decisions. Instead, various regions of the brain that are associated with planning, problem solving, cognitive control, theory of mind and social behavior are recruited when making moral judgments. These parts of the brain include the frontal lobe, the parietal lobe, the temporal lobe and various subcortical structures, including the amygdala.

The frontal lobe is involved with planning, decision-making and cognitive control. Specific areas of the frontal lobe that are associated with moral decision-making are the ventromedial prefrontal cortex, the dorsolateral prefrontal cortex and the cingulate cortex. The ventromedial prefrontal cortex is involved in emotional processing and adherence to social norms. It is used when someone is examining the emotional aspects of a moral decision. Lesions in the ventromedial prefrontal cortex are associated with lack of empathy, with anti-social, aggressive and violent behavior and with the inability to make appropriate moral decisions, despite understanding social rules. On the other hand, the dorsolateral prefrontal cortex is associated with rational decision-making and making cost-benefit assessments. It plays a role in deciding who is responsible for a crime and what punishment should be applied. The cingulate cortex acts as a mediator. It is activated when the emotional and rational aspects of a moral dilemma are compared.

Like the frontal lobe, the parietal lobe is involved with cognitive control, is associated with working memory, and may be activated during moral decision-making. The temporal lobeplays an important role in theory of mind — the ability to understand the mental states of others. Psychopaths and violent criminals may have reduced levels of temporal lobe activity and their temporal lobes may have structural abnormalities. The hippocampus, within the temporal lobe, is associated with fear conditioning. Habitual violent criminals, who never seem to learn from their punishments, appear to have low levels of hippocampus gray matter.

The amygdala is associated with emotional processing. Violent offenders may have low levels of gray matter in the amygdala. Their amygdalas may be structurally abnormal. Defects in the amygdala may cause these violent criminals to have trouble empathizing with their victims
http://www.brainblogger.com/2012/10/11/ ... -us-moral/

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Gorducho
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Mensagem por Gorducho »

Durante a encarnação existe 1 espécie de acoplamento "rígido" — pois que o "°" de "flexibilidade" que haja não se conhece dentro da Doutrina — entre o cérebro carnal e o "cérebro" (so to say) perispirítico.
Daí que afecções carnais se refletem no perispírito, afetando a capacidade de percepção do espírito (ENCARNADO) proper; dele julgar, &c.
[LM, 75]
[...] Encarnado este, o perispírito se acha unido à matéria do corpo; estando o Espírito na erraticidade, ele se encontra livre. Quando o Espírito está encarnado, a substância do perispírito se acha mais ou menos ligada, mais ou menos aderente, se assim nos podemos exprimir.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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JungF
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Mensagem por JungF »

O livro "Os Dragões do Éden" de Carl Sagan (Cap II - Genes e Cérebro escreveu:Os neurobiologistas, em sua maioria, acreditam que os neurônios sejam os elementos ativos na função cerebral, embora haja indícios de que algumas lembranças específicas e outras funções cognitivas estejam contidas em determinadas moléculas do cérebro, tais como o ARN (ácido ribonucléico) ou proteínas pequenas. Para cada neurônio do cérebro existem aproximadamente 10 células gliais (originadas da palavra grega que quer dizer cola) que proporcionam a sustentação da arquitetura neuronal...
...........................................................................................
Gigaview escreveu:
Seg, 23 Março 2020 - 21:04 pm

Esses 200 bilhões de bits, correspondentes a 60 anos apenas de memória visual! Você consegue imaginar quantos bits são necessários para armazenar experiências sensoriais de várias encarnações? Onde está armazenada essa informação? Como é possível manter a integridade dessa informação num ambiente "etéreo"?
A DE tem me impressionado com o passar do tempo, e cada vez mais.
Conceitos genéricos, básicos, desde o principio de sua formulação e aparentemente sem propósito imediato, hoje, quando questões intricadas são propostas por seus simpatizantes, ou não, vejo que aqueles conceitos já traziam a resposta.
Consideremos, de princípio, que naquele "etéreo" a matéria é tão consistente para os que lá habitam, como a nossa é para nós. Tudo o que temos aqui, guardadas as analogias cabíveis, existe lá.
Com uma diferença importante; é que aqui, independente de nossas conquistas morais e intelectuais, sábios ou estultos, a realidade é sempre a mesma, enquanto lá, o espírito que se aperfeiçoa é guindado a novos patamares... outra realidade por assim dizer. São outros mundos igualmente "etéreos"... melhor dizendo, cada vez mais "etéreos".
A nossa matéria com suas possibilidades extremamente grosseiras e limitadas não pode ser tomada como parâmetro para comparações como aquela proposta no texto.
O ser espiritual que se desloca no espaço com a velocidade do pensamento, ou que domina o princípio da vida e da evolução, encontraria em nossa matéria algo que lhe compare?
Compreendo que alguns se admirem e mesmo duvidem do quase ilimitado poder dos bons espíritos, e isto porque ainda não dominamos os conceitos mais elementares que definem esse tipo de criatura.
Mesmo entidades de grande elevação e poder reverenciam àquelas outras a que denominam "anjos". E o determinismo divino assegura que todos ainda alcançaremos essas primícias.
Somos ainda demasiado primitivos ante o futuro que gradualmente alcançaremos... acreditando nele ou não.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

Pô JungF... :angry-tappingfoot:

...me esforço para apresentar fatos e justificar meus argumentos, pontos de vista é até perguntas, com textos interessantes e científicos e você só aparece com abobrinha e papo furado feito uma metralhadora giratória de especulações sem fundamento...

Faz um esforço aí meu chapa. Recorra à "Ciência Espírita", apareça com o resultado de pesquisas, com comprovações, mesmo que você utilize o "lado de lá" como fonte mas que seja comprovado do "lado de cá" como evidências.

Se continuar nesse ritmo, em breve estaremos discutindo uma dessas cartinhas piegas psicografadas que descrevem como é bonito o "lado de lá" e terminam com beijos e abraços para familiares, vizinhos, gato e papagaio do falecido.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Aproveite e explique por que grandes escritores e poetas, depois que morrem, perdem inteiramente o talento e só conseguem escrever obras medíocres de estilo medíocre.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Fernando Silva
Conselheiro
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Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

JungF escreveu:
Ter, 24 Março 2020 - 18:48 pm
Mesmo entidades de grande elevação e poder reverenciam àquelas outras a que denominam "anjos". E o determinismo divino assegura que todos ainda alcançaremos essas primícias.
Somos ainda demasiado primitivos ante o futuro que gradualmente alcançaremos... acreditando nele ou não.
Com o risco de me repetir:
"Acontecimentos futuros não podem ser usados como argumento".

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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jesuscraciaNÃO
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Mensagem por jesuscraciaNÃO »

Moral da história sou uma marionete do meu espírito..kkk fala sério... chama os caça fantasmas ai meu... Não tem possibilidade de um espírito ter consciência ou lembrança da sua vida passada. A ideia central do materialismo consiste em que tudo o que existe tem uma causa material, isto é, uma causa governada pelas forças da natureza tais como compreendidas pela física clássica. Segundo o materialismo, a consciência e o espírito (quer dizer, os processos mentais) não podem existir independentemente do cérebro; e a crença numa vida após a morte seria absurda. Além disso, todas as crenças e experiências referentes a Deus e a mundos espirituais seriam fruto de superstições ou alucinações; o livre-arbítrio, ainda, seria uma ilusão. A crença de visões após a morte por parada cardíaca, o cérebro
deixa de funcionar depois de 10 a 20 segundos e esses segundos fica em suas memórias de como será do outro lado após a morte, esses segundo traz uma retrospectiva de como é do outro lado e ativa sua imaginação trazendo alucinações, as pessoas se batem se contorcem, outras entram em transe de paz enxergando luz no fim do túnel e outros caindo de um precipício. Cada relato foi estudado por cientistas e médicos e pessoas que voltaram de uma "morte" dizerem sempre as mesmas visões: As mais típicas: luz no fim do túnel, caindo de um precipício, entidades levando a alma da pessoa e entre outras.

Não existe esses lance ai de identidade pessoal e reencarnação. Tudo cópia do famoso Xamanismo que se tem estudos que tem mais de 20 mil anos.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Inconførmed
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Mensagem por Inconførmed »

JungF escreveu: O ser espiritual que se desloca no espaço com a velocidade do pensamento, ou que domina o princípio da vida e da evolução, encontraria em nossa matéria algo que lhe compare? (...)
Onde terá lugar uma eternidade em um Universo que deixou de existir?

Re: Identidade pessoal e reencarnação

fenrir
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Mensagem por fenrir »

JungF escreveu: O ser espiritual que se desloca no espaço com a velocidade do pensamento, ou que domina o princípio da vida e da evolução, encontraria em nossa matéria algo que lhe compare? (...)
Não há nada de extraordinario na velocidade do pensamento:
https://www.sciencefocus.com/the-human- ... f-thought/

A ciencia não encontrou nada fora da matéria "que domine o princípio da vida e da evolução", menos ainda esse "ser espiritual que se desloca no espaço com a velocidade do pensamento".
Confio nela. O resto vai de pura especulação a desilusão total.

E é inútil comparar algo que existe com algo que não existe.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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criso
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Mensagem por criso »

É só para os kardecistas responderem ou posso fazê-lo conforme o Espiritualismo* também?
*"doutrina que consiste na afirmação da existência ou realidade substancial do espírito, e de sua autonomia, diferença e preponderância em relação à matéria."

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

criso escreveu:
Sex, 25 Junho 2021 - 08:54 am
É só para os kardecistas responderem ou posso fazê-lo conforme o Espiritualismo* também?
*"doutrina que consiste na afirmação da existência ou realidade substancial do espírito, e de sua autonomia, diferença e preponderância em relação à matéria."
Vai fundo, mas não se perca nas profundezas. :-C

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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criso
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Mensagem por criso »

Como deve ser tratada a identidade pessoal ao longo de inúmeras reencarnações ou renascimentos?
Uma pergunta: como deve ser tratada a identidade pessoal ao longo de inúmeros anos ou décadas?
Materialmente, os átomos que te formam já foram sendo trocados e até totalmente reciclados.
Visualmente, você não se parece mais em nada com aquele bebê da foto.
Que é esse Eixo Central Incriado que conecta esses momentos?
Se somos apenas átomos flutuando no espaço,
não deveriam passar de fragmentos avulsos?
De frames desconexos, incoerentes entre si?
O que dá coesão e coerência ao teu Ser?
Como as almas/espíritos conseguem pensar?
Como os corpos conseguem pensar?
Um corpo, per si, inanimado, acaso consegue?
Os espíritos não "conseguem pensar".
Pensar é a própria existência espiritual deles.
Num cadáver não há pensamento sem espírito.
Não é uma coisa que o espírito "consegue fazer".
Clarear não é uma coisa que "a luz consegue fazer".
Aquecer não é uma coisa que "o fogo consegue fazer".
O vento venta, a chuva chove, o rio corre e o espírito pensa.
Se conseguem pensar sem um cérebro, por que precisam de um cérebro físico?
R: Não precisam. O cérebro físico precisa de um espírito para pensar.
Uma patologia cerebral pode afetar o comportamento.
Uma patologia cerebral pode afetar o comportamento cerebral. Não o Espírito.
Conheço o caso de uma menina que se tornou cleptomaníaca com o desenvolvimento de um tumor cerebral.
Sim, o cérebro dela ficou com defeito.
Cleptomania é um distúrbio corpóreo.
Se você coloca o Ayrton Senna para dirigir um fusca com defeito,
o fato de ser o Ayrton Senna não transforma o fusca numa ferrari.
Como isso afeta a alma/espírito dessa pessoa?
Se você der uma paulada num rádio sintonizado numa estação,
ele poderá transmitir com ruídos e defeitos o sinal de onda que recebe.
O problema é dele, não do sinal. O sinal não é afetado pela paulada.
Como ficam os julgamentos cármicos desse comportamento?
Até a lei humana hoje reconhece que,
sem plena consciência,
não pode haver culpa nem pena.
Além disso, como as almas/espíritos conseguem processar diferentes personalidades/identidades acumuladas ao longo de diversas reencarnações?
Como você consegue processar as diferentes versões de si mesmo ao longo de vários anos, décadas de existência?
Qual é o critério que a alma utiliza para escolher um papel para se manifestar através de um médium?
O que ela escolher usar, ou nenhum, inclusive podendo enganá-lo propositadamente para fasciná-lo.
Como a alma/espírito convive com suas múltiplas personalidades/identidades?
Como você convive com quem você era há 20 anos atrás e com quem será daqui a duas décadas?
O que acontece quando um óvulo fecundado começa a se multiplicar e então se divide em dois pedaços (gêmeos univitelinos)?
Pergunta errada. Não é algo que acontece no espiritual em consequência disso aí ter acontecido no material.
Isso aí acontece no material em consequência de algo ter acontecido no espiritual.
O plano das Causas é só o espiritual. Cá embaixo tudo é só efeito e consequência.
Vem mais um espírito?
Isso pode ser a Causa, mas não o efeito da situação apresentada.
O plano espiritual não está submetido ao material. A primazia e precedência é do espiritual.
O plano material não gera impasses para o espiritual. Os impasses do espiritual é que se resolvem no material.
E quando dois óvulos fecundados (gêmeos não idênticos) se fundem num só (quimera)?
Um dos espíritos é eliminado?
Quando um dos espíritos é eliminado, dois óvulos fecundados se fundem num só.
Você só errou na ordem e primazia dos acontecimentos.
O cara apanha sem saber por que está apanhando.
Se você cuspir pro alto e esquecer, isso impede o cuspe de voltar na sua cara?
Onde terá lugar uma eternidade em um Universo que deixou de existir?
Justamente o único lugar onde não poderia ter lugar uma eternidade é no Universo.
O Universo é temporal e espacial. Ele pertence ao mundo da Forma e dos Fenômenos.
A existência do Universo não é uma positividade (uma afirmação):
o Ser da Forma é ausência de Infinitude e o Ser do Tempo é ausência de Eternidade.
O Universo é uma limitação, não a coisa limitada. Ele é a própria retração do que realmente É.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

criso escreveu:
Sáb, 26 Junho 2021 - 18:49 pm
O cara apanha sem saber por que está apanhando.
Se você cuspir pro alto e esquecer, isso impede o cuspe de voltar na sua cara?
O cuspe cair de volta é consequência da burrice de cuspir para cima. Com isto, a pessoa aprende e talvez não repita o erro.

Já uma pessoa sofrer pelos supostos crimes que cometeu em vidas passadas sem lembrar de nada é, sim, ela apanhar sem saber por quê.

Na verdade, ela apanha sem nem mesmo saber que foi para quitar a dívida acumulada. A menos que acredite em reencarnação.
E, mesmo que acredite, não terá certeza se é verdade.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

criso escreveu:
Sáb, 26 Junho 2021 - 18:49 pm
Como deve ser tratada a identidade pessoal ao longo de inúmeras reencarnações ou renascimentos?
Uma pergunta: como deve ser tratada a identidade pessoal ao longo de inúmeros anos ou décadas?
Deve ser encarada como memória acumulada na formação de um personagem que interagem com seu meio físico, cultural, social, político, etc
Materialmente, os átomos que te formam já foram sendo trocados e até totalmente reciclados.
Visualmente, você não se parece mais em nada com aquele bebê da foto.
Não importa. O mecanismos da memória continua funcionando apesar da morte (e de eventuais nascimentos) de neurônios. O processamento da memória está distribuído numa rede neural. O corpo muda mas a memória continua acumulando informações. Evidentemente, a memória é afetada pelo envelhecimento, por doenças ou sequelas de alguns males porém para a maioria das pessoas ela é o fundamento da identidade pessoal.
Que é esse Eixo Central Incriado que conecta esses momentos?
Se somos apenas átomos flutuando no espaço,
não deveriam passar de fragmentos avulsos?
De frames desconexos, incoerentes entre si?
O que dá coesão e coerência ao teu Ser?
Considere os organismos vivos como sistemas complexos formados de partes agentes e interdependentes orientados por processos evolutivos para a sobrevivência e procriação e tudo isso como um conjunto de átomos flutuando no espaço. A memória e a capacidade de pensar dão coesão e coerência ao Ser.
Como as almas/espíritos conseguem pensar?
Como os corpos conseguem pensar?
Um corpo, per si, inanimado, acaso consegue?
É preciso definir o que você entende por pensamento. Dependendo do entendimento até as pedras pensam.
Os espíritos não "conseguem pensar".
Pensar é a própria existência espiritual deles.
Você está explicando algo que você não sabe (pensamento) usando algo que você sabe menos ainda (espírito).
Num cadáver não há pensamento sem espírito.
Não existe evidência alguma para supor que um cadáver possa pensar e ponto final. A parte "sem espírito" é especulação.
Não é uma coisa que o espírito "consegue fazer".
Clarear não é uma coisa que "a luz consegue fazer".
Aquecer não é uma coisa que "o fogo consegue fazer".
O vento venta, a chuva chove, o rio corre e o espírito pensa.
Bullshit poético.

Se conseguem pensar sem um cérebro, por que precisam de um cérebro físico?
R: Não precisam. O cérebro físico precisa de um espírito para pensar.
O meu computador também precisa de um espírito eletrônico para processar. A chuva também precisa de um espírito molhado para chover.
Percebe aonde isso pode chegar?
Uma patologia cerebral pode afetar o comportamento.
Uma patologia cerebral pode afetar o comportamento cerebral. Não o Espírito.
Um vírus do computador também pode afetar o processamento. Não o Espírito Eletrônico.
Conheço o caso de uma menina que se tornou cleptomaníaca com o desenvolvimento de um tumor cerebral.
Sim, o cérebro dela ficou com defeito.
Cleptomania é um distúrbio corpóreo.
Cleptomania é um distúrbio de comportamento.
No caso, o comportamento foi influenciado por um distúrbio cerebral e apesar da cleptomania ela era uma pessoa normal, plenamente consciente da sua identidade pessoal.
Se você coloca o Ayrton Senna para dirigir um fusca com defeito, o fato de ser o Ayrton Senna não transforma o fusca numa ferrari.
Apesar do exemplo inadequado, também não há motivo para supor que exista um Airton Senna pilotando um fusca.

Um cérebro não é um fusca ou uma ferrari que precisa de um piloto. O cérebro é parte de um sistema complexo resultado de um processo evolutivo da espécie que é autônomo e autosuficiente.
Como isso afeta a alma/espírito dessa pessoa?
Não sei o que é essa coisa "alma/espírito".
Se você der uma paulada num rádio sintonizado numa estação,
ele poderá transmitir com ruídos e defeitos o sinal de onda que recebe.
O problema é dele, não do sinal. O sinal não é afetado pela paulada.
Outro exemplo descabido. O cérebro não recebe sinal algum.
Como ficam os julgamentos cármicos desse comportamento?
Até a lei humana hoje reconhece que,
sem plena consciência,
não pode haver culpa nem pena.
Então fiquemos com a lei humana. O resto é especulação.

Além disso, como as almas/espíritos conseguem processar diferentes personalidades/identidades acumuladas ao longo de diversas reencarnações?
Como você consegue processar as diferentes versões de si mesmo ao longo de vários anos, décadas de existência?
A questão não é o processamento, é a falta do cérebro para processar no caso das almas/espíritos.
Qual é o critério que a alma utiliza para escolher um papel para se manifestar através de um médium?
O que ela escolher usar, ou nenhum, inclusive podendo enganá-lo propositadamente para fasciná-lo.
Sim, tudo é possível em Neverland.
Como a alma/espírito convive com suas múltiplas personalidades/identidades?
Como você convive com quem você era há 20 anos atrás e com quem será daqui a duas décadas?
A diferença é que essa convivência em vida depende da memória processada por um único cérebro vivo. No caso dos espíritos/almas essa suposta convivência reune memórias de diferentes cérebros mortos num cérebro espiritual, ou algo do tipo e não há evidência alguma para que isso aconteça.
O que acontece quando um óvulo fecundado começa a se multiplicar e então se divide em dois pedaços (gêmeos univitelinos)?
Pergunta errada. Não é algo que acontece no espiritual em consequência disso aí ter acontecido no material.
Isso aí acontece no material em consequência de algo ter acontecido no espiritual.
O plano das Causas é só o espiritual. Cá embaixo tudo é só efeito e consequência.
Vem mais um espírito?
Isso pode ser a Causa, mas não o efeito da situação apresentada.
O plano espiritual não está submetido ao material. A primazia e precedência é do espiritual.
O plano material não gera impasses para o espiritual. Os impasses do espiritual é que se resolvem no material.
Só falta provar. Sem provas prevalece o materialismo.
E quando dois óvulos fecundados (gêmeos não idênticos) se fundem num só (quimera)?
Um dos espíritos é eliminado?
Quando um dos espíritos é eliminado, dois óvulos fecundados se fundem num só.
Você só errou na ordem e primazia dos acontecimentos.
Você errou em não provar as suas afirmações. Nada disso faz sentido sem provas.
O cara apanha sem saber por que está apanhando.
Se você cuspir pro alto e esquecer, isso impede o cuspe de voltar na sua cara?
Também não impede que você continue cuspindo sem ter a mínima consciência desse ato. Isso não faz o menor sentido no contexto de uma evolução espiritual.
Onde terá lugar uma eternidade em um Universo que deixou de existir?
Justamente o único lugar onde não poderia ter lugar uma eternidade é no Universo.
O Universo é temporal e espacial. Ele pertence ao mundo da Forma e dos Fenômenos.
A existência do Universo não é uma positividade (uma afirmação):
o Ser da Forma é ausência de Infinitude e o Ser do Tempo é ausência de Eternidade.
O Universo é uma limitação, não a coisa limitada. Ele é a própria retração do que realmente É.
Se perdeu nas profundezas do seu raciocínio misticóide.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

fenrir
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Mensagem por fenrir »

A moderna crença numa alma ou espírito me parece um resíduo persistente de crenças de épocas passadas, hipótese sobre como pensamos e como o pensamento interage com o corpo.
Atualmente conhecimentos de medicina, fisiologia e psicologia permitiram lancar luz sobre como o cérebro funciona e como se interage com o corpo.

Na ausência desses conhecimentos, não é de todo disparatado abstrair o "ser pensante", "o ato de pensar" e coisas análogas como algo à parte ao corpo e algo que o dirige e o comanda.
Daí a ligar essa coisa a uma entidade inteligente, alma ou espírito, é um pulo.
Se misturar religião no meio (fácil), a hipótese se torna certeza, vira dogma e a coisa toda progride e floresce feito uma ciência de dragões, que supõem a priori dragões como coisas existentes fora da imaginação de outrem.

Agora, acho isso tão disparatado e desnecessário quanto astrologia é para a astronomia.

Outra coisa o fato de "não vermos" pensamentos, de serem coisas abstratas não significam que tenham uma existência transcendental, alèm da matéria, menos ainda que se originem dum outro "meio" quer chame isso de alma ou espírito.
Não vemos as idéias platônicas, não vemos a noção abstrata das coisas que pensamos. Não vemos pessoas num sentido platônico aqui e acolá, somente esta ou aquela pessoa em particular.
O mesmo se dá com pensamentoss ou com a abstração que usamos para designar o todo do qual eles fazem parte e que define o indivíduo: a mente. Não vemos mentes.
São resultados, subprodutos de processos tremendamente complexos ocorrendo em nossas cacholas. è um nome que damos a esses processos.
Para mim supor que almas existem parece análogo a supor que existem uma idéia de pensamento "vivendo" ou existindo como uma coisa a parte numa dimensão transcendente alem da matéria.
Algo não muito diferente das noções que platão tinha sobre idéias nos sees diálogos. Disse Antístenes a Platão: vejo um cavalo, mas não a "cavalidade".

Porque temos essta tendencia esquisita de achar que abstrações e categorias de pensamento tenham que existir a parte as coisas concretas que elas indicam e nomeiam?
Porque acreditamos que simbolos, signos, flatus vocis, abstrações e categorias tenham que existir de forma apartada daquilo que indicam e nomeiam?
Se jamais tivesse existido um cavalo ou um computador, nem mesmo nada remotamente similar a essas coisas, jamais existiriam tambem os símbolos, abstrações, palavras e noções que usamos para designar, compreender e pensar sobre essas mesmas coisas.
A coisa concreta, material (e grosseira para aqueles de índole mais "espiritual) precede qualquer conceito ou abstração dessa coisa e a última não existe sem a primeira.
Portanto, cérebros precedem mentes e pensamentos.
E não há necessidade de se duplicar inutilmente esses conceitos (mente, pensamento, consciencia, etc) introduzindo noções** como alma, espírito e coisas correlatas

** contaminadas por religião e superstição

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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criso
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Mensagem por criso »

Deve ser encarada como memória acumulada na formação de um personagem que interagem com seu meio físico, cultural, social, político, etc
Então, pra vc, se sua mãe perder a memória ela deixa de ser quem realmente é?
Se você tiver Alzheimer, rompe-se o fio condutor que fazia de sua existência um todo coerente?
Memórias são algo que temos, não o que somos. O Ser é aquele que experimenta as memórias.
O corpo muda mas a memória continua acumulando informações.
Uai. Aí vc me complica heim.
As pessoas 'são os corpos', só que os corpos mudam mas continuam sendo elas.
As pessoas 'são as memórias', só que as memórias mudam mas continuam sendo.
Fica evidente que nem os corpos nem as memórias encerram o Ser, a Essência dos entes.
Se você conhece uma pessoa que perdeu a memória, você não desidentifica ela com quem foi até então.
Você reconhece nela o mesmo Ente, ainda que expressando-se com um defeito em seu organismo.
Não somos nossos nomes, não somos nossas roupas, não somos as memórias, não somos nossos corpos.
Seria legal um materialista perguntar-se o que ele realmente É.
O que o diferencia inviolavelmente de átomos avulsos e esparsos flutuando no espaço.
A memória e a capacidade de pensar dão coesão e coerência ao Ser.
Isso só é possível porque há Quem Pensa e Quem Lembra.
O Ser é necessariamente anterior a tudo isso, porque isso são coisas que ele experiencia.
Esse experimentador em primeira-pessoa - e não as coisas por ele experimentadas -,
é que são a porta para o Transcendente.
É preciso definir o que você entende por pensamento. Dependendo do entendimento até as pedras pensam.
Entendo por pensamento a experiência direta, em primeira-pessoa, de se tomar consciência de qualquer coisa que seja.
Quando digo que o Espírito pensa, é para diferenciar o Espírito das coisas por ele percebidas em seu campo fenomenológico.
O seu corpo é coisa percebida - objeto entre objetos. Os sentidos são percebidos. Memórias são percebidas. Prazeres são percebidos.
Aquele que percebe, o percebedor/observador, para quem aparece todos esses fenômenos, é fundamentalmente diferente de uma pedra ou objeto.
Você está explicando algo que você não sabe (pensamento) usando algo que você sabe menos ainda (espírito).
É claro que sei, ou melhor, que conheço. Eu os tenho. Eu não vou "me tornar um espírito". Eu já o sou.
E o meu corpo, como minhas memórias, sentidos, emoções, prazeres, aversões, são fenômenos no meu campo de experiência.
Não existe evidência alguma para supor que um cadáver possa pensar e ponto final.
Átomos ele tem. Cérebro também. As células, as estruturas dos neurônios, das memórias, também estão tudo lá.
Bullshit poético.
Eu não quis dizer de modo poético não, eu quis dizer aquilo mesmo que eu disse.
Como você reconhece o vento? Como uma coisa em si mesma ou como sua atividade (ventar)?
Ventar é inerente ao que chamamos "vento". Não existe chuva à parte do chover.
O pensamento é a atividade própria do Espírito, é sua própria expressão.
O meu computador também precisa de um espírito eletrônico para processar.
Não há campo fenomenológico experimentando em primeira-pessoa os processamentos do teu computador. Essa é a diferença.
Quando ele processa, não há um Quem processa. Não há percepção, experiência-direta. Isso é o que nos diferencia.
Um vírus do computador também pode afetar o processamento. Não o Espírito Eletrônico.
Com a diferença que nem antes e nem depois do vírus vai ter alguém experienciando algo ali.
Já um ser humano, antes de suas memórias, ou depois de perder suas memórias,
terá uma experiência-direita perceptiva, seja destas memórias ou mesmo da falta delas.
A presença de memórias ou a ausência de lembranças são, ambos, fenômenos.
Nenhuma destas duas coisas são os próprios campos fenomenológicos que percebem estas duas coisas.
Elas aparecem neste campo, que toma consciência delas, mas que não as é.
Se você lembra da memória, você não é a memória, mas o percebedor dela.
O que é o espírito em si mesmo? É um experienciador. Boehme dizia assim:
"A Alma é um Olho no Abismo do Eterno." (Tradução minha)
No caso, o comportamento foi influenciado por um distúrbio cerebral e apesar da cleptomania ela era uma pessoa normal, plenamente consciente da sua identidade pessoal.
Isso aí. É o fusquinha com defeito.
Apesar do exemplo inadequado, também não há motivo para supor que exista um Airton Senna pilotando um fusca.
O motivo é que há um observador, um percebedor-direto em primeira-pessoa das coisas que se passam no cérebro.
E que necessariamente não as é, uma vez que delas toma conhecimento.
Não sei o que é essa coisa "alma/espírito".
É o que está lendo neste momento o que escrevo, tomando consciência de suas próprias reações conforme surgem.
A questão não é o processamento, é a falta do cérebro para processar no caso das almas/espíritos.
O cérebro é um fenômeno que aparece no campo fenomenológico do espírito (que não é, ele mesmo, um fenômeno).
Só falta provar. Sem provas prevalece o materialismo.
O materialismo é uma crença, e você é livre para acreditar nela.
Me propus a responder segundo o espiritualismo, não a converter ninguém.
Você errou em não provar as suas afirmações. Nada disso faz sentido sem provas.
O materialismo não responde o problema da consciência e nem dos universais.
É um paradigma filosoficamente raso, metafisicamente reducionista e problemático.
Ainda assim, se satisfaz a inquietação do Gigaview, do Fernando Silva e os outros. Que posso fazer?
Sejam felizes com suas crenças.
Se perdeu nas profundezas do seu raciocínio misticóide.
Ué, disse eu alguma besteira?
Ele perguntou sobre como ter uma Eternidade num Universo que deixou de existir.
A resposta foi: não tem como mesmo.
Nosso Universo tem data de início e de validade.
A ciência atual estima entre 13 e 14 bilhões de anos.
O Universo que conhecemos pertence ao plano da forma, espacial, tridimensional, e do tempo linear.
Não pode haver nele, fisicamente, Eternidade nem para trás e nem para a frente.
Só em um nível primaz e superior à Forma e ao Tempo se pode falar em Eternidade.
E somente um nível assim poderia ser o Sustentador da Forma e do Tempo,
os quais necessariamente não poderiam estar fundados sobre eles mesmos.
Já viu a explicação do Carl Sagan sobre a ideia de 4ª Dimensão? É por aí

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Gabarito
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Mensagem por Gabarito »

Off_topic:
Gigaview escreveu:
Dom, 27 Junho 2021 - 08:31 am
criso escreveu:
Dom, 27 Junho 2021 - 06:58 am
favor editar acima e em seguida apagar aqui:
"(mas uma afirmação)" -> "(uma afirmação)"
As novas regras da moderação impedem a edição de mensagens de foristas.
Feitas as correções pedidas.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

criso escreveu:
Deve ser encarada como memória acumulada na formação de um personagem que interagem com seu meio físico, cultural, social, político, etc
Então, pra vc, se sua mãe perder a memória ela deixa de ser quem realmente é?
Se você tiver Alzheimer, rompe-se o fio condutor que fazia de sua existência um todo coerente?
Memórias são algo que temos, não o que somos. O Ser é aquele que experimenta as memórias.
Isso tem dois lados. Memórias são algo que temos e algo que as pessoas possuem de nós. Com o Alzheimer rompe-se uma ponta desse fio. Sem memória não há identidade pessoal.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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criso
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Mensagem por criso »

Gigaview escreveu:
Dom, 27 Junho 2021 - 17:58 pm
criso escreveu:
Deve ser encarada como memória acumulada na formação de um personagem que interagem com seu meio físico, cultural, social, político, etc
Então, pra vc, se sua mãe perder a memória ela deixa de ser quem realmente é?
Se você tiver Alzheimer, rompe-se o fio condutor que fazia de sua existência um todo coerente?
Memórias são algo que temos, não o que somos. O Ser é aquele que experimenta as memórias.
Isso tem dois lados. Memórias são algo que temos e algo que as pessoas possuem de nós. Com o Alzheimer rompe-se uma ponta desse fio. Sem memória não há identidade pessoal.
Mas o experienciador-direto continua lá.
Só não há mais a experiência daquelas memórias.
O que deixa claro que o experienciador não é suas memórias,
estas são algo que ele tem e não algo que ele é.
Editado pela última vez por criso em Dom, 27 Junho 2021 - 18:14 pm, em um total de 2 vezes.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

criso[quote escreveu:
O corpo muda mas a memória continua acumulando informações.
Uai. Aí vc me complica heim.
As pessoas 'são os corpos', só que os corpos mudam mas continuam sendo elas.
As pessoas 'são as memórias', só que as memórias mudam mas continuam sendo.
Fica evidente que nem os corpos nem as memórias encerram o Ser, a Essência dos entes.
Se você conhece uma pessoa que perdeu a memória, você não desidentifica ela com quem foi até então.
Você reconhece nela o mesmo Ente, ainda que expressando-se com um defeito em seu organismo.
Não somos nossos nomes, não somos nossas roupas, não somos as memórias, não somos nossos corpos.
Seria legal um materialista perguntar-se o que ele realmente É.
O que o diferencia inviolavelmente de átomos avulsos e esparsos flutuando no espaço.
Não existe "Essência do Ser". Isso é papo furado misticóide. Nós somos o resultado das nossas experiências de vida e isso inclui nossa relação com tudo que nos cerca, com nossas memórias e como sentimos a nós mesmos.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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criso
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Mensagem por criso »

Gigaview escreveu:
Dom, 27 Junho 2021 - 18:03 pm
criso[quote escreveu:
O corpo muda mas a memória continua acumulando informações.
Uai. Aí vc me complica heim.
As pessoas 'são os corpos', só que os corpos mudam mas continuam sendo elas.
As pessoas 'são as memórias', só que as memórias mudam mas continuam sendo.
Fica evidente que nem os corpos nem as memórias encerram o Ser, a Essência dos entes.
Se você conhece uma pessoa que perdeu a memória, você não desidentifica ela com quem foi até então.
Você reconhece nela o mesmo Ente, ainda que expressando-se com um defeito em seu organismo.
Não somos nossos nomes, não somos nossas roupas, não somos as memórias, não somos nossos corpos.
Seria legal um materialista perguntar-se o que ele realmente É.
O que o diferencia inviolavelmente de átomos avulsos e esparsos flutuando no espaço.
Não existe "Essência do Ser". Isso é papo furado misticóide. Nós somos o resultado das nossas experiências de vida e isso inclui nossa relação com tudo que nos cerca, com nossas memórias e como sentimos a nós mesmos.
Então estou perdendo meu tempo batendo boca com um aglomerado inferenciado de carbono.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

criso escreveu:
Dom, 27 Junho 2021 - 18:04 pm
Gigaview escreveu:
Dom, 27 Junho 2021 - 18:03 pm
criso[quote escreveu:
O corpo muda mas a memória continua acumulando informações.
Uai. Aí vc me complica heim.
As pessoas 'são os corpos', só que os corpos mudam mas continuam sendo elas.
As pessoas 'são as memórias', só que as memórias mudam mas continuam sendo.
Fica evidente que nem os corpos nem as memórias encerram o Ser, a Essência dos entes.
Se você conhece uma pessoa que perdeu a memória, você não desidentifica ela com quem foi até então.
Você reconhece nela o mesmo Ente, ainda que expressando-se com um defeito em seu organismo.
Não somos nossos nomes, não somos nossas roupas, não somos as memórias, não somos nossos corpos.
Seria legal um materialista perguntar-se o que ele realmente É.
O que o diferencia inviolavelmente de átomos avulsos e esparsos flutuando no espaço.
Não existe "Essência do Ser". Isso é papo furado misticóide. Nós somos o resultado das nossas experiências de vida e isso inclui nossa relação com tudo que nos cerca, com nossas memórias e como sentimos a nós mesmos.
Então estou perdendo meu tempo batendo boca com um aglomerado inferenciado de carbono.
Como disse Sagan, somos feitos de poeira das estrelas. Você quer dar sentido ao resultado de milhões de anos de uma evolução que iniciou sobre um amontoado de átomos que resultou em vida depois de bilhões e bilhões de amontoados que não deram em nada. A consciência, o pensamento, a identidade pessoal, etc são resultados desse arranjo que deu certo e só existem enquanto existir o arranjo como atributos únicos e intransferíveis de cada arranjo. No final das contas a única certeza que temos é que somos de fato poeira das estrelas, o resto é papo furado para dar sentido a essa dura realidade.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Mensagem por Fernando Silva »

criso escreveu:
Dom, 27 Junho 2021 - 13:13 pm
Não existe evidência alguma para supor que um cadáver possa pensar e ponto final.
Átomos ele tem. Cérebro também. As células, as estruturas dos neurônios, das memórias, também estão tudo lá.
O mesmo se aplica a um computador desligado. Está tudo lá, mas ele não funciona.
criso escreveu:
Dom, 27 Junho 2021 - 13:13 pm
O meu computador também precisa de um espírito eletrônico para processar.
Não há campo fenomenológico experimentando em primeira-pessoa os processamentos do teu computador. Essa é a diferença.
Quando ele processa, não há um Quem processa. Não há percepção, experiência-direta. Isso é o que nos diferencia.
Continuo esperando você provar que nunca conseguiremos construir uma inteligência artificial indistinguível da humana em todos os aspectos.
Continuo esperando você provar que há algo na inteligência humana que nunca será possível na inteligência artificial.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Mensagem por Fernando Silva »

criso escreveu:
Dom, 27 Junho 2021 - 18:04 pm
Gigaview escreveu:
Dom, 27 Junho 2021 - 18:03 pm
Não existe "Essência do Ser". Isso é papo furado misticóide. Nós somos o resultado das nossas experiências de vida e isso inclui nossa relação com tudo que nos cerca, com nossas memórias e como sentimos a nós mesmos.
Então estou perdendo meu tempo batendo boca com um aglomerado inferenciado de carbono.
Sim. Nossa consciência, memória e individualidade são o resultado de uma particular configuração de sinapses entre nossos neurônios.
Nascemos já com uma pré-programação e, ao longo da vida, acrescentamos mais sinapses.
Qualquer dano a este conjunto de neurônios e sinapses nos transforma em outro indivíduo. Diferente do anterior.
Não há, até prova em contrário, uma "essência do ser" pairando por aí independente do corpo físico.
Não existe um "ghost in the machine".

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

REENCARNAÇÃO: O ESPIRITO EM MEU FILHO | TRENS ORFÃOS E HOTEL EM CHAMAS | A&E
O ESPÍRITO EM MEU FILHO - TRENS ÓRFÃOS E HOTEL EM CHAMAS
Erika e Nick estavam tão animados quando o filho Luke nasceu. Mas quando Luke disse à mãe que seu nome era Pam do "tempo anterior" e como ele "foi expulso do céu", Erika ficou nervosa. Então as coisas aumentaram quando Luke começou a se lembrar de ter morrido de uma morte ardente. Erika será capaz de ajudá-lo a avançar no futuro? Quando Willa, filha de Laurel e Bill, começou a ver e falar com os espíritos, eles não sabiam onde procurar respostas. Willa contaria à mãe sobre uma mulher em uma árvore que era sua "outra mãe" e as meninas que corriam pelo quarto à noite tentando assustá-la. Um dia, Willa voltou da escola mais feliz do que nunca e explicou animadamente que as memórias estavam finalmente fazendo sentido. Agora, Willa será capaz de descobrir quem exatamente ela era em sua vida passada para finalmente provar aos pais céticos que não é louca?

youtu.be/k-f8Cncn-hA

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Cal Kestis
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Mensagem por Cal Kestis »

fenrir escreveu:
Sex, 25 Junho 2021 - 08:23 am

Não há nada de extraordinario na velocidade do pensamento:
https://www.sciencefocus.com/the-human- ... f-thought/.
Essa matéria induz a erro.

Esse artigo está falando de informações sensoriais. Fala da velocidade que um estímulo, como uma onda sonora, chega ao nervo auditivo onde o cérebro recebe as informações sonoras. Diferente de um pensamento cognitivo e consciente que acontece dentro do próprio cérebro.

Um pensamento cognitivo consciente nem pode ser medido porque foge a qualquer regra das leis físicas. É um fenômeno onde o passado o presente e o futuro estão juntos. Um pensamento cognitivo acontece de forma tão rápida que o termo “instantâneo” parece lento e errado, por se tratar de algo que lembra tempo e espaço.

Um pensamento cognitivo pode vê o passado, estar no presente e prevê o futuro.

Como por exemplo, que no futuro a democracia será a única forma de governo. Podemos prevê isso com absoluta certeza, uma vez que sabemos, através de processos cognitivos, que o homem aspira por liberdades e justiça e jamais quer voltar a um estado de aprisionamento.

O pensamento cognitivo é tão extraordinário que todas as ideias de Espírito, e de coisas “não físicas”, vem dele. Sem esse pensamento cognitivo o homem não teria a capacidade de acreditar em coisas fora da matéria.






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Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Cal Kestis escreveu:
Seg, 05 Junho 2023 - 11:33 am
fenrir escreveu:
Sex, 25 Junho 2021 - 08:23 am

Não há nada de extraordinario na velocidade do pensamento:
https://www.sciencefocus.com/the-human- ... f-thought/.
Essa matéria induz a erro.

Esse artigo está falando de informações sensoriais. Fala da velocidade que um estímulo, como uma onda sonora, chega ao nervo auditivo onde o cérebro recebe as informações sonoras. Diferente de um pensamento cognitivo e consciente que acontece dentro do próprio cérebro.

Um pensamento cognitivo consciente nem pode ser medido porque foge a qualquer regra das leis físicas. É um fenômeno onde o passado o presente e o futuro estão juntos. Um pensamento cognitivo acontece de forma tão rápida que o termo “instantâneo” parece lento e errado, por se tratar de algo que lembra tempo e espaço.

Um pensamento cognitivo pode vê o passado, estar no presente e prevê o futuro.

Como por exemplo, que no futuro a democracia será a única forma de governo. Podemos prevê isso com absoluta certeza, uma vez que sabemos, através de processos cognitivos, que o homem aspira por liberdades e justiça e jamais quer voltar a um estado de aprisionamento.

O pensamento cognitivo é tão extraordinário que todas as ideias de Espírito, e de coisas “não físicas”, vem dele. Sem esse pensamento cognitivo o homem não teria a capacidade de acreditar em coisas fora da matéria.
Até prova em contrário, o pensamento cognitivo é apenas o resultado das interações entre os neurônios no cérebro e não difere em nada do funcionamento de um computador exceto na complexidade.

Apenas um fenômeno físico / químico.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Cal Kestis
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Mensagem por Cal Kestis »

Quem já experimentou um jogo de realidade virtual como Half Life Alyx, sabe o poder que essa coisa tem de mudar a sua realidade.

Vamos supor que uma criança foi obrigada a usar um óculos VR desde o nascimento até os 60 anos, e durante esse tempo foi colocada para experimentar 3 simulações diferentes.

No primeiro jogo o personagem dela é um Padre inquisidor da Idade Média. Ela passa 20 anos sendo esse personagem.

No próximo jogo o personagem é um Oficial Alemão do esquadrão da SS de Hittler. Ela também passa 20 anos nessa simulação.

No próximo, o personagem nasce no ano de 1986, em Santa Catarina, Brasil. Seu personagem é um neonazistinha, filho de um desembargador, pra variar. Essa simulação dura 20 anos também.

Ou seja. A criança agora tem 60 anos na vida real, teve 3 experiência de vida diferentes. 3 personagens diferentes.

Retirou o óculos e percebe (talvez demore um pouco) que agora ela não é nenhum desses personagens. Ela pode se lembrar de todas as “vidas”, sem perder sua identidade, que é o Espiro que estava nela desde criança. A única coisa que mudou foram as personalidades.


Sobre a quantidade de informações acumuladas. Isso não existe. Não há nada na ciência que prova que o cérebro tem capacidade limitada. Todos estudos sugerem uma capacidade infinita. Outro fator é que océrebro faz limpeza durante o sono excluindo muito lixo. Curiosamente é o momento no qual o espírito deixa o corpo.

Além disso é preciso separar informações armazenadas de informações cognitivas. Informações cognitivos não são armazenados no cérebro. O Espírito usa as informações sensoriais para realizar processos cognitivos.
Editado pela última vez por Cal Kestis em Seg, 05 Junho 2023 - 17:07 pm, em um total de 2 vezes.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Cal Kestis
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Mensagem por Cal Kestis »

Fernando Silva escreveu:
Seg, 05 Junho 2023 - 11:39 am
Até prova em contrário, o pensamento cognitivo é apenas o resultado das interações entre os neurônios no cérebro e não difere em nada do funcionamento de um computador exceto na complexidade.

Apenas um fenômeno físico / químico.
Qualquer praticante de meditação sabe que isso é uma piada.

Existe um grau de meditação, nem básico de mais e nem avançado, onde é possível sentir/ver, com perfeita clareza, que a mente e o corpo são coisas separadas.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Cal Kestis
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Mensagem por Cal Kestis »

Como disse Sagan, somos feitos de poeira das estrelas. Você quer dar sentido ao resultado de milhões de anos de uma evolução que iniciou sobre um amontoado de átomos que resultou em vida depois de bilhões e bilhões de amontoados que não deram em nada. A consciência, o pensamento, a identidade pessoal, etc são resultados desse arranjo que deu certo e só existem enquanto existir o arranjo como atributos únicos e intransferíveis de cada arranjo. No final das contas a única certeza que temos é que somos de fato poeira das estrelas, o resto é papo furado para dar sentido a essa dura realidade.
Pergunta para Sagan por quê a evolução não criou robôs em vez de seres vivos, já que o processo é mais simples.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Cal Kestis escreveu:
Seg, 05 Junho 2023 - 12:38 pm
Além disso é preciso separar informações armazenadas de informações cognitivas. Informações cognitivos não são armazenados no cérebro. O Espírito usa as informações sensoriais para realizar processos cognitivos.
Alguma evidência objetiva?

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Cal Kestis escreveu:
Seg, 05 Junho 2023 - 15:33 pm
Como disse Sagan, somos feitos de poeira das estrelas. Você quer dar sentido ao resultado de milhões de anos de uma evolução que iniciou sobre um amontoado de átomos que resultou em vida depois de bilhões e bilhões de amontoados que não deram em nada. A consciência, o pensamento, a identidade pessoal, etc são resultados desse arranjo que deu certo e só existem enquanto existir o arranjo como atributos únicos e intransferíveis de cada arranjo. No final das contas a única certeza que temos é que somos de fato poeira das estrelas, o resto é papo furado para dar sentido a essa dura realidade.
Pergunta para Sagan por quê a evolução não criou robôs em vez de seres vivos, já que o processo é mais simples.
Até prova em contrário, as leis da física não levam à criação de robôs.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Cal Kestis escreveu:
Seg, 05 Junho 2023 - 13:07 pm
Fernando Silva escreveu:
Seg, 05 Junho 2023 - 11:39 am
Até prova em contrário, o pensamento cognitivo é apenas o resultado das interações entre os neurônios no cérebro e não difere em nada do funcionamento de um computador exceto na complexidade.

Apenas um fenômeno físico / químico.
Qualquer praticante de meditação sabe que isso é uma piada.

Existe um grau de meditação, nem básico de mais e nem avançado, onde é possível sentir/ver, com perfeita clareza, que a mente e o corpo são coisas separadas.
Ou será apenas uma sensação criada pelo cérebro sem correspondência com a realidade?

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Cal Kestis
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Mensagem por Cal Kestis »

Fernando Silva escreveu:
Ter, 06 Junho 2023 - 09:59 am
Cal Kestis escreveu:
Seg, 05 Junho 2023 - 15:33 pm
Como disse Sagan, somos feitos de poeira das estrelas. Você quer dar sentido ao resultado de milhões de anos de uma evolução que iniciou sobre um amontoado de átomos que resultou em vida depois de bilhões e bilhões de amontoados que não deram em nada. A consciência, o pensamento, a identidade pessoal, etc são resultados desse arranjo que deu certo e só existem enquanto existir o arranjo como atributos únicos e intransferíveis de cada arranjo. No final das contas a única certeza que temos é que somos de fato poeira das estrelas, o resto é papo furado para dar sentido a essa dura realidade.
Pergunta para Sagan por quê a evolução não criou robôs em vez de seres vivos, já que o processo é mais simples.
Até prova em contrário, as leis da física não levam à criação de robôs.
Vocês acabaram de dizer que somos máquinas e que não distinguimos em nada dos robôs.

Se somos o resultado de um amontoado de átomos que se tornou máquinas complexas e os robôs também sãos um amontoado de átomos que no futuro também se tornarão máquinas humanas complexas iguais a nós (nas palavras de vocês) por que o processo evolutivo não criou robôs em vez de humanos, ou por que não descendemos de robôs, visto que eles são mais simples de se formarem do que nós?

Existe algum exemplo na natureza onde um organismo orgânico ou inorgânico tenha se formado partindo da complexidade para a simplicidade?

Vai ver vocês descobriram que os robôs são nosso elo perdido.
Editado pela última vez por Cal Kestis em Qua, 07 Junho 2023 - 07:04 am, em um total de 5 vezes.

Re: Identidade pessoal e reencarnação

Cal Kestis
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Mensagem por Cal Kestis »

Fernando Silva escreveu:
Ter, 06 Junho 2023 - 10:00 am
Cal Kestis escreveu:
Seg, 05 Junho 2023 - 13:07 pm
Fernando Silva escreveu:
Seg, 05 Junho 2023 - 11:39 am
Até prova em contrário, o pensamento cognitivo é apenas o resultado das interações entre os neurônios no cérebro e não difere em nada do funcionamento de um computador exceto na complexidade.

Apenas um fenômeno físico / químico.
Qualquer praticante de meditação sabe que isso é uma piada.

Existe um grau de meditação, nem básico de mais e nem avançado, onde é possível sentir/ver, com perfeita clareza, que a mente e o corpo são coisas separadas.
Ou será apenas uma sensação criada pelo cérebro sem correspondência com a realidade?
Testa você mesmo

Existem vários materiais na internet ensinado. A experiência é quase a mesma para todos.

É uma prática que utiliza técnicas para alcançar níveis de clareza e limpar a mente.

É como academia. Você malha e uma hora o resultado aparece. Com a meditação é a mesma coisa. A diferença está que na musculação o esforço é físico; na meditação é mental.

É uma prática e todos que praticam com esforço, conseguem resultados.
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