O Butantan anunciou hoje (7) que a CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o instituto, tem uma taxa de eficácia de 78% na prevenção da covid-19.
Os testes de fase 3 no Brasil foram realizados em 16 centros clínicos em 8 estados envolvendo 12.476 profissionais de saúde da linha de frente até o momento —220 contraíram covid-19. Dimas Covas, presidente do Butantan, ressaltou que novos voluntários continuam sendo convocados.
Entre as pessoas que receberam a vacina e pegaram a doença, não houve nenhum caso grave, moderado, internação hospitalar ou morte —o que mostra uma eficácia de 100%. Os casos leves foram prevenidos em 78%, ou seja, apenas 22% dos voluntários infectados com o coronavírus tiveram que procurar atendimento ambulatorial por conta de algum sintoma.
Com isso, o instituto entrou com pedido emergencial de registro do imunizante na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O pedido faz da CoronaVac a primeira vacina contra covid-19 a buscar autorização junto ao órgão.
O governador de São Paulo, João Doria, confirmou que pretende começar a imunização no dia 25 de janeiro. Abaixo, veja 4 pontos que você precisa saber sobre a CoronaVac:
A vacina da Sinovac usa vírus inativados, ou seja, que foram expostos em laboratório a calor e produtos químicos para não serem capazes de se reproduzir. Por isso, eles não conseguem nos deixar doentes, mas isso é suficiente para gerar uma resposta imune e criar no nosso organismo uma memória de como nos defender contra uma ameaça.
O processo começa logo após a aplicação da vacina. As células que dão início à resposta imune encontram os vírus inativados e os capturam, ativando os linfócitos, células especializadas capazes de combater microrganismos. Os linfócitos produzem anticorpos, que se ligam aos vírus para impedir que eles infectem nossas células.
Enquanto isso, estimulam a produção e recrutam outras células do sistema imune, que começam a destruir as células que já foram infectadas pelos vírus da vacina. Os linfócitos se diferenciam em células de memória, que permanecem no corpo e permitem uma reação imune mais ágil se o vírus nos infectar de novo.
A aplicação da CoronaVac ocorre em duas doses, sendo a segunda entre 14 e 28 dias após a aplicação da primeira. De acordo com o Butantan, vacinas de covid-19, em geral, estão desenhadas para proteger contra a doença. Portanto, existe a possibilidade de uma pessoa vacinada ser infectada e transmitir a infecção, mesmo sem ter sintomas. A duração da proteção de nenhuma vacina não é conhecida neste momento.
Segundo o plano do governo do estado, a partir de 25 de janeiro serão aplicadas as primeiras doses da vacina a trabalhadores da saúde, indígenas e quilombolas. A partir de 8 de fevereiro, receberão a primeira dose idosos com 75 anos ou mais, em uma escala decrescente até chegar às pessoas com 60 anos, a partir de 1º de março.
Importante ressaltar que ainda não está prevista a disponibilização da vacina às gestantes e menores de 18 anos, porque no momento não há indicação de uso no estudo de fase 3. Se você está grávida ou amamentando, converse com o seu médico.
Há vantagens e desvantagens da tecnologia da CoronaVac?
A vacina da Sinovac usa uma tecnologia bastante tradicional de imunização, desenvolvida há cerca de 70 anos. Entre as que tomamos que utilizam essa tecnologia, estão as de gripe, hepatite A e poliomielite (na versão injetável).
A seu favor, conta a experiência de décadas no seu uso em saúde pública e sua segurança, mas elas são mais caras para serem produzidas porque é necessário cultivar uma grande quantidade de vírus em laboratório, que devem então ser submetidos ao processo de inativação.
Quem mais deve usar a CoronaVac além do Brasil?
Quatro países já aplicam ou têm planos de aplicar o imunizante da chinesa Sinovac.
- China: a CoronaVac ainda não foi oficialmente registrada no país, mas já está sendo usada, em regime emergencial, por funcionários do governo chinês, como profissionais de saúde e equipes que trabalham nas fronteiras. Ela é uma das três vacinas que estão sendo empregadas para este fim.
- Indonésia: o país firmou um contrato para compra de 50 milhões de doses.
- Turquia: o Ministério da Saúde local tem um acordo para o fornecimento de 50 milhões de doses. A vacina ainda não foi oficialmente aprovada no país, mas, segundo o governo turco, será concedida uma autorização de uso antecipada se os laboratórios do país confirmarem que a CoronaVac é segura e após a revisão dos preliminares dos testes de eficácia feitos no país.
- Chile: o país anunciou no fim de setembro ter aprovado a realização de estudos locais de eficácia da CoronaVac. O governo do país fechou ainda um acordo para o fornecimento de 20 milhões de doses.
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias ... tantan.htm