Confundir hegemonia eleitoral com hegemonia ideológica é beem errado.... O que você chama de “hegemonia bolsonarista” nada mais é do que a falta de uma liderança alternativa consolidada no campo da direita.... o que é bem diferente de um domínio ideológico absoluto. A verdade é que o eleitorado de direita ainda prefere Bolsonaro por falta de opção mais confiável.
Não há como dissociar "bolsonarismo eleitoral" de "bolsonarismo ideológico".
Congressistas do PL dos últimos tempos (Zambelli, filhos de Jair Bolsonaro, etc.) não caíram do céu feito extraterrestres. A direita do Congresso é uma merda e é dominada por bolsominion ou político “mais ou minion” que tem receio de criticar Bolsonaro como se deve. Por outro lado, gente intelectualmente mais capaz, como o Professor HOC e diversos outros, não conseguiram se eleger na última eleição.
Jair Bolsonaro teve votação massiva no primeiro turno nas duas últimas eleições presidenciais (quase metade dos votos válidos) e ele nem era a opção menos ruim da lista de candidatos presidenciais de primeiro turno em 2018 e 2022.
Nesse ritmo de comportamento nas urnas, o status quo do judiciário brasileiro não se alterará, não importa quantas desculpas esfarrapadas para votar em lixo se dê.
Sim, toffoli o escolheu, e sim, o stf todo está comprometido com a escalada autoritária do controle discursivo. Mas isso não dilui o fato objetivo de que o xandão é o vetor mais agressivo, midiático e juridicamente criativo do grupo. Nenhum outro ministro expande tanto os limites constitucionais quanto ele.
Alexandre de Moraes não foi o ministro do STF que mais rasgou a Constituição para destruir a Lava Jato, mas sim o Gilmar Mendes ou o Dias Toffoli, os aliados de Jair Bolsonaro.
Ademais, toda essa choradeira para colocar Alexandre de Moraes no pedestal da ditadura de toga - atitude inócua, uma vez que a maioria do STF não é muito diferente dele - é liderada por gente que está sendo vítima do próprio veneno. Pois os bolsonaristas não parentes de Jair têm sido o alvo preferencial do Inquérito das Fake News e eles mesmos fizeram vista grossa para colaboração da família Bolsonaro com o empoderamento do STF que deixou Alexandre de Moraes sem freios e contrapesos:
Huxley escreveu: ↑Qua, 19 Março 2025 - 11:07 am
“Comentaristas” que aderiram ao bolsonarismo para engajar e monetizar mais facilmente nas redes aderiram também à patrulha contra “isentões” - aqueles que alertaram na raiz contra tudo que faria Lula voltar ao poder e o STF concentrar mais poder ainda.
Eles omitem que o bolsonarismo:
1) legitimou abertura do inquérito das fake news (com André Mendonça e Augusto Aras, indicados por Jair Bolsonaro);
2) blindou Dias Toffoli contra CPI da Lava Toga (campanha de Jair, Flávio e Eduardo), enquanto o ministro blindava Flávio no STF contra investigações de peculato;
3) alimentou na raiz, portanto, o “alexandrismo” que depois o atingiu, já que Alexandre de Moraes virou uma espécie de relator-geral a partir do inquérito cuja abertura seria investigada pela CPI;
4) uniu-se ao sistema contra o combate à corrupção, desmobilizando a parte do povo que estava nas ruas contra a impunidade geral e facilitando a soltura de Lula;
5) blindou contra manifestações o aliado Gilmar Mendes (que garantiu a Flávio na Segunda Turma do STF um inédito foro privilegiado retroativo), mesmo após a mudança de voto do ministro ter derrubado a prisão em segunda instância;
6) declarou abertamente que “eu acabei com a Lava Jato” (Jair); que, se Kassio Nunes Marques tivesse “que votar a favor do Lula, que vote!” (Jair); que era “muito melhor o Lula solto” (Eduardo); e que “eu fui contra, sim, a CPI da Lava Toga” (Flávio);
7) trocou a substância da retórica antissistema (inicialmente baseada na Lava Jato) pelas presepadas contra urnas eletrônicas (as mesmas que deram ao PL a maior bancada de deputados federais);
8) governou para a bolha virtual de aloprados, afastando quadros técnicos e indicados não idólatras que alertavam Jair contra os perigos da radicalização;
9) teve todas as oportunidades de falar o que bem entendesse nos debates eleitorais na TV sobre os podres de Lula, mas permitiu que o petista se limpasse na sujeira da família, do governo e dos ativistas de Bolsonaro;
10) em vez de assumir sua parcela de responsabilidade e aceitar a derrota eleitoral, estimulou durante 2 meses atos e medidas que buscavam melar o resultado das urnas, com Jair chegando a consultar os chefes das Forças Armadas a respeito, como dois deles confirmaram à PF, e Braga Netto ordenando infernizar a vida do comandante da FAB e da família dele;
11) deixou a base radical mobilizada em estradas e portas de quartéis pedindo intervenção militar, e, como Jair não conseguiu adesão do Exército e da Aeronáutica, fugiu para os EUA, como quem acende o pavio e busca estar longe no momento da ‘explosão’, consumada no 8/1/2023;
12) e agora, indiciado e denunciado, posa de defensor dos aloprados que instigou e abandonou, disfarçando a busca de anistia para si próprio com uma reivindicação geral, mentindo em carro de som sobre não ter “obsessão pelo poder”, e explorando o evidente contraste entre os 17 anos de pena para alguns réus do 8/1 com a impunidade geral de criminosos do colarinho branco, enquanto omite que ele próprio atuou por essa impunidade em razão das “rachadinhas” familiares.
Os “isentões” se recusam a acobertar todos esses fatos históricos, porque sabem que é perfeitamente possível criticar as malandragens de um lado (governo Lula/STF/imprensa chapa-branca) sem aderir às malandragens do outro (bolsonarismo) ou comuns a ambos.
(Felipe Moura Brasil)
Fonte:
https://x.com/FMouraBrasil/status/1902344329718349944
A carga tributária saiu de 33,58% para 33,71%. Um aumento marginal de 0,13 em quatro anos, durante uma pandemia global que exigiu ampliação de gastos públicos

isolá-lo sem contexto é manipular quem está lendo...
Manipulação é dizer uma mentira pura e simples, como a dita por você: "vimos coisas que nunca existiram nas últimas décadas: corte de impostos, (…)". Não houve redução de carga tributária. E não existe gatilho legal de aumento de carga tributária em situação de aumento de gasto público com mitigação de calamidade pública.
Sim, fhc e o nine reformaram antes, mas nenhuma foi tão grande, profunda e com economia tão alta quanto a aprovada em 2019.
Ainda assim, não deixa de ser falsa a proposição: “vimos coisas que
nunca existiram nas últimas décadas, como a reforma da previdência”. E é questionável que essa reforma da previdência de 2019 tenha sido o maior ajuste fiscal de longo prazo das últimas décadas. Lembrar daquela que deu origem ao Plano Real.
Meia verdade. Bolsonaro vendeu a participação em diversas estatais e subsidiárias: BR Distribuidora, Liquigás, Ceitec, Casemg, CeasaMinas, Eletrosul... e ainda reduziu a participação em empresas como Correios, Banco do Brasil, Caixa.
Mas, "FHC desregulamentou muito mais", isso é verdade... mas, o clima político também era mais favorável.
Registrar venda de participações de estatais como "privatizações de empresas estatais" é contabilidade criativa para beneficiar Bolsonaro.
O benefício de vender participações de estatais é tão pequeno que é risível quando o comparamos com o benefício da venda de empresas estatais inteiras. Isso já foi explicado por Elena Landau aqui:
viewtopic.php?p=42508#p42508
Comparado ao histórico de vendas de empresas estatais inteiras de FHC, o histórico de Bolsonaro é uma verdadeira piada, especialmente quando lembramos que o Jair tinha possibilidade de vender algumas companhias públicas inteiras sem aval do Congresso, mas sequer tentou isso.
“Criou estatais como NAV e ENBPar” isso também é berdade. Mas ambas foram obrigatórias por lei...
A criação da NAV Brasil não era obrigatória por lei. Existe a competência da União sobre a navegação aérea, que está na Constituição, mas isso também é possível de realizar sem criação de uma empresa estatal. A NAV Brasil foi criada para assumir as funções de navegação aérea da Infraero, mas outras alternativas poderiam ter sido consideradas: concessão para empresas privadas, administração direta pelo Comando da Aeronáutica, Parceria público-privada.
Esse é o trecho mais intelectualmente desonesto da sua argumentação

Você ignora que entre 2020 e 2021 o planeta inteiro viveu uma pandemia sem precedentes, que exigiu gasto público emergencial em massa, e tenta usar isso como “prova” de que o governo Bolsonaro foi irresponsável fiscalmente.
Não adianta usar a pandemia como tábua de salvação. Em Economia, existe um conceito chamado “déficit de ajuste cíclico”. Esse conceito leva em conta o PIB potencial, não o PIB efetivo ao estimar o resultado fiscal. Quando observamos o déficit público com ajuste cíclico, o Instituto Fiscal Independente, órgão técnico diretamente relacionado ao Senado Federal, apresenta isso:
Fonte:
https://x.com/AlexSchwartsman/status/19 ... 0972075359
É preciso salientar também que o governo Bolsonaro teve influência significativa na votação do orçamento de 2023, mesmo que a votação tenha ocorrido no final de 2022. A peça da PLOA, Orçamento Secreto, aprovação pela CMO e a votação final em 22 de dezembro de 2022 que incluía a PEC da Transição reflete em grande parte o projeto e as negociações realizadas por Bolsonaro até o final de 2022.
As diferença de conclusão sobre o resultado fiscal convencional e resultado fiscal estrutural é pequena. No primeiro cenário, governo Bolsonaro piorou um pouco a situação do déficit primário. No segundo cenário, governo Bolsonaro melhorou um pouco a situação déficit primário. Basta comparar o resultado de 2018 ou 2019 com o de 2023.
Déficit nominal do Brasil (% PIB), segundo o Banco Central:
2018 (pré-Bolsonaro): -7,2%
2019: -5,6%
2020 (Covid): -13,6%
2021: -4,4%
2022: -4,1%
Segundo o Bacen, o déficit nominal do setor público foi de 8,9% do PIB em 2023, isso sem levar em conta que, em 2023, governo Lula pagou apenas parcialmente pelo calote que Paulo Guedes deu nos precatórios (calote esse que maquiou o resultado fiscal de 2022).
Como já argumentei antes, o Orçamento de 2023 foi votado em 2022 e ele teve influência significativa do governo Bolsonaro.
1. O Brasil foi um dos poucos países emergentes que não perdeu o controle inflacionário mesmo com forte emissão de dívida emergencial
O Brasil teve taxa de inflação de 10,06% em 2021, algo que superou em MUITO o teto da meta de inflação de 2021 (5,25%). Ademais, houve taxa de inflação de 5,79% em 2022, também superando o teto da meta de inflação em 2022. Além disso, outros países emergentes também voltaram a um patamar mais comportado da inflação depois do fim da crise da escassez dos semicondutores. O Brasil não foi algo raro nesse sentido. Adianta nada lembrar seletivamente de Turquia e Argentina, mas esquecer de Chile, China, Colômbia, México, etc.
2. Em 2022, o país teve superávit primário de R$ 54 bilhões, o primeiro desde 2013 (fonte: Tesouro Nacional).
E o governo Bolsonaro colocou tudo a perder na contribuição da votação do Orçamento 2023 feita em 2022. O déficit primário significativo voltou.
3. A dívida pública/PIB caiu de 88,6% (2020) para 73,5% (2022), algo raríssimo entre os países do G20.
Não houve melhoria significativa nesse indicador, uma vez que o governo Bolsonaro detonou o orçamento público na votação do final de 2022. Em dezembro de 2018, a dívida bruta/PIB era de 76,5%. Em dezembro de 2023, essa variável ficou em 74,2%, isso sem levar em conta o calote que Paulo Guedes deu nos precatórios para maquiar as contas públicas (governo Lula não pagou integralmente pelo calote em 2023).
Brasil (2019–2022): +1,48% a.a.
Mundo no mesmo período: +2,35% a.a
Seu argumento de “metade do crescimento mundial” não condiz,
Meus números não estão incorretos para os dados iniciais (o tópico que citei é antigo). Os dados do PIB brasileiro divulgados primariamente foram revisados pelo IBGE e o FMI pode ter revisado os dados do PIB mundial também. Ainda assim, isso dá metade do crescimento. O crescimento do PIB brasileiro acumulado de 2019 a 2022 foi de +5,63% e do PIB mundial foi de +10,57%. 5,63/10,57 = 0,53.
foi sim abaixo isso é vdd, mas não um fracasso absoluto. Caímos com a pandemia e nos recuperamos rapidamente, chegando perto da média mundial em 2021 e 2022, “destaque negativo” existe, mas é exagerado. A verdade? O desempenho brasileiro foi inegavelmente modesto, mas dentro do padrão de economias emergentes...
Ter uma taxa de crescimento econômico igual a 0,5 do mundo contemporâneo é desempenho relativo pior do que a Era FHC e é do que o da Era PT na presidência, como argumentei no tópico citado que abri. A comparação é Brasil versus mundo do mesmo período e a gente sabe que o Brasil e o mundo experimentaram as mesmas crises econômicas globais (recessão da pandemia, crise do subprime, etc.)
Isso eu concordo e também critico.
Criticar o bolso não é só legítimo como necessário... ele errou, recuou em pautas essenciais e se aliou a figuras que prometeu enfrentar...Mas se a crítica for feita com as mesmas distorções, exageros e histerias da esquerda, ela perde completamente a credibilidade.
Não vi histeria de minha parte na crítica a Bolsonaro. O que eu vejo é simplesmente uma tentativa de rechaçar a ideia de que ele não foi apenas mais um dos muitos presidentes brasileiros que estiverem abaixo da mediocridade.