A esquerda sempre vence

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A esquerda sempre vence

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

O que percebemos na história da sociedade e do governo é que todas as ideias notáveis de esquerda sempre chegam a ser adotadas. E, uma vez adotadas, elas não são mais abolidas, mesmo sendo ruim ou controversa.

Exemplos de ideias em vigor:
* Salário mínimo obrigatório
* Aumento da carga tributária e ampliação de serviços estatais que poderiam ser prestados pela iniciativa privada com concorrência.
* Bolsa-família
* Ações afirmativas (cotas em universidades e concursos)
* Ações afirmativas a mulheres sem mérito (nomear ministras por cotas, exigência de 30% nas candidaturas)
* Liberação do aborto
* Direitos dos manos (inclusive a abolição de pena de morte e tortura para criminosos condenados)
* Nome social destacado na carteira de identidade de todo mundo (ocupando espaço vazio na de héteros), e mudança de sexo legal ignorando a natureza do corpo
* Casamento LGBT com bênção do juiz (falo somente do registro com documentos do Estado e não do direito de morar juntos)
* Pensão socioafetiva
* Maria da Penha com presunção de culpa

Geralmente, ideias de direita são revogar coisas ruins aprovadas pela esquerda. Não propõem inovações. Quando as ideias são inovação, elas geralmente são corruptas (privatização de monopólio, neocolonialismo e porte de armas) e conseguem ser aprovadas.

Então o tempo passa e a direita acaba desistindo de revogar a ideia de esquerda em vigor. A direita de hoje nem pensa mais em abolir o salário mínimo e o bolsa-família, mesmo com os intelectuais considerando isso desastroso. O Brasil geralmente é governado pela esquerda, mas quando teve um respiro de direita, não aboliu nada, nem mesmo as ações afirmativas.

Ideias de direita, quando aprovadas, não duram muito. Os EUA chegaram a proibir o alcoolismo, mas acabou revogando a proibição por causa do aumento da violência. Mas do mesmo modo, a esquerda hoje tem promovido ideias que geram desemprego e auxílio a drogados e presidiários, mesmo tendo aumento na violência, mas não fazem revogação. Os EUA revogaram a liberação do aborto na esfera federal recentemente, mas leis estaduais estão sendo aprovadas para liberar em cada Estado e Kamala eleita vai reativar o aborto. Essa reversão terá sido só um evento pontual de curta duração. Mas na UE, os países aprovaram o aborto há muito tempo e nunca mais revogaram.

O que é esperado para o futuro é que as ideias de esquerda avancem cada vez mais até que chegue a um colapso e o povo faça uma revolução, para o ciclo se repetir. Antigamente existia mercantilismo e nobreza, com um Estado grande e grupos privilegiados. Então ocorreu uma revolução para abolir o antigo regime. Quem era a favor da transformação era a esquerda enquanto a direita era contra. Então o tempo passou e o papel Estado foi diminuindo muito. Então quem defendia ideias da revolução passou a ser a direita enquanto a esquerda passou a defender ideias novas que usam a força do Estado. Então a cada dia a esquerda foi avançando. E chegará um futuro em que a esquerda de hoje será a direita de amanhã, enquanto os libertários de hoje serão a esquerda de amanhã. E o ciclo se repetirá.

Observação: Vamos lembrar que no Brasil não faz sentido falar de Direita x Esquerda antes de 1945 porque essa divisão não existia no Brasil antes. Nos EUA não faz sentido antes de 1930. Por outro lado na Europa a divisão começa sentido no século 19 começando com os movimentos sindicalistas.

Re: A esquerda sempre vence

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Em nosso estado, é mais fácil criar novas leis do que abolir as que já existem. Talvez isso seja apenas consequência natural da crescente complexidade do sistema jurídico, que tende sempre a aumentar.

Vale a reflexão de até quando será sustentável esse modelo. Afinal, além da dificuldade em administrar um estado cada vez mais complexo e imprevisível, há ainda um dos piores efeitos colaterais observado ao longo do tempo: a irreversível elevação da carga tributária.

Tutu escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 18:12 pm
Observação: Vamos lembrar que no Brasil não faz sentido falar de Direita x Esquerda antes de 1945 porque essa divisão não existia no Brasil antes. Nos EUA não faz sentido antes de 1930. Por outro lado na Europa a divisão começa sentido no século 19 começando com os movimentos sindicalistas.
Desde a Revolução Francesa, faz sim sentido falar de Direita x Esquerda em praticamente qualquer regime de governo. No entanto, as definições de direita e esquerda variam conforme a época e contexto social. Além de que, a linha delimitadora entre as duas coisas não é clara, o que sempre gera confusões.

Tutu escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 18:12 pm
Geralmente, ideias de direita são revogar coisas ruins aprovadas pela esquerda. Não propõem inovações.
O clássico embate Progressismo e Conservadorismo geralmente é esse mesmo. Enquanto um lado propõe "progresso" por meio de mudanças, o outro tenta frear excessos e avaliar com cautela os riscos, de modo a conter consequências negativas.

Se os Conservadores fossem disruptivos, não seriam conservadores.

Tutu escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 18:12 pm
A direita de hoje nem pensa mais em abolir o salário mínimo e o bolsa-família, mesmo com os intelectuais considerando isso desastroso.
Sobre o Bolsa Família, há controvérsias.

O Bolsa Família deriva da ideia de Renda Básica Universal, formalizada pelo economista Liberal Milton Friedman através da proposta de Imposto de Renda Negativo.

Tutu escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 18:12 pm
Então quem defendia ideias da revolução passou a ser a direita enquanto a esquerda passou a defender ideias novas que usam a força do Estado.
Acredito que isso acontece no Brasil porque há uma confusão generalizada de ideias tanto na esquerda quanto na direita. Pois ao mesmo tempo em que temos uma "direita" minarquista e até anarcocapitalista, também observamos uma direita que defende intervenção militar com o político X no poder — posições claramente contraditórias.

Por fim, ainda não tenho uma opinião formada sobre a afirmação "a esquerda sempre vence". Sinto que o debate é mais profundo do que parece.

Re: A esquerda sempre vence

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Tutu
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Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Cinzu escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 19:39 pm
Sobre o Bolsa Família, há controvérsias.

O Bolsa Família deriva da ideia de Renda Básica Universal, formalizada pelo economista Liberal Milton Friedman através da proposta de Imposto de Renda Negativo.
O caso de imposto de renda negativo e voucher não tem nada de liberal, porque exige a mesma carga tributária.
Essas ideias surgem como consequência da direita ter desistido de diminuir a carga tributária após sucessivas derrotas. Então eles buscam modificar a forma como o dinheiro arrecadado é usado para prestar os serviços.
Para eles, o imposto negativo seria uma maneira de evitar capitalismo de compadrio (como favoritismo fornecedor privado) ou instituições estatais ineficientes.
E o sistema de voucher, por outro lado, é uma aversão ideológica a estatais, mas ele abre brechas para a prática de corrupção.
Acredito que isso acontece no Brasil porque há uma confusão generalizada de ideias tanto na esquerda quanto na direita. Pois ao mesmo tempo em que temos uma "direita" minarquista e até anarcocapitalista, também observamos uma direita que defende intervenção militar com o político X no poder — posições claramente contraditórias.
A direita minarquista/libertária é coisa de Internet. O partido mais próximo disso é o Novo.
O direitista comum não é engajado e não é entendido de economia.
Já o pessoal da intervenção militar, que existe desde 2013, não sei qual é o objetivo deles. Parece que eles querem derrubar governo corrupto de esquerda ou centrão e acreditam que os militares são exemplos de honestidade e sabedoria.
Mas é possível um regime ditatorial minarquista. O governo existiria para funções mínimas e não tocaria na economia enquanto não se corromper.
Por outro lado, é possível também um Estado democrático de direito minarquista, desde que a constituição seja clara em limitar a atuação do Estado.

Re: A esquerda sempre vence

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Tutu escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 20:24 pm
O caso de imposto de renda negativo e voucher não tem nada de liberal, porque exige a mesma carga tributária.
Liberalismo não é sinônimo de ausência de tributos.

Diferentemente do anarcocapitalismo, o liberalismo reconhece a necessidade do estado como 'mal necessário' para manter o funcionamento social, limitando sua atuação a atividades básicas como educação, saúde, segurança e justiça. E mesmo nessas áreas, a intervenção estatal deve ser restrita e voltada principalmente a compensar as limitações que a iniciativa privada ainda não é capaz de suprir.

Nesse contexto, a ideia de vouchers surge como resposta à ineficiência do Estado em alocar recursos para cumprir seu dever legal. O cidadão, agente direto das relações de consumo, tem a liberdade de administrar o voucher à luz de sua preferência, sem a necessidade do estado ditar a forma com que o recurso deve ser aplicado.

Tutu escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 20:24 pm
Essas ideias surgem como consequência da direita ter desistido de diminuir a carga tributária após sucessivas derrotas.
Para a direita poder desistir da ideia de diminuir a carga tributária, primeiramente a direita teria que ter a diminuição de carga tributária como pauta. E aqui, voltamos à questão de confusões quando simplificamos os conceitos de direita e esquerda e desconsideramos o contexto histórico-cultural.

Para alguns, direita = liberalismo. Já para outros, direita = conservadorismo. No que diz respeito ao segundo grupo, os conservadores podem ser economicamente liberais ou estatistas. O regime militar brasileiro, por exemplo, foi estatista. A década de 1960 foi, inclusive, o período de maior aumento da carga tributária do Brasil.

Imagem

Os militares em 1964 pegaram um Estado com 16% de carga tributária e elevaram para 26%. Portanto, se formos resumir toda a discussão meramente a aumento de carga tributária, então o PT é de direita enquanto que o regime militar era de esquerda.

Re: A esquerda sempre vence

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Tutu escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 20:24 pm
Mas é possível um regime ditatorial minarquista. O governo existiria para funções mínimas e não tocaria na economia enquanto não se corromper.
Desconheço algum estado assim e não consigo imaginar como seria. Me parece uma utopia.

Afinal, ditadura ‭→ autoritarismo ‭→ poder estatal.

Porém, minarquismo ‭→ estado com pouco poder.

Como que um estado com pouco poder exerceria o poder de forma autoritária?

Tutu escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 20:24 pm
Por outro lado, é possível também um Estado democrático de direito minarquista, desde que a constituição seja clara em limitar a atuação do Estado.
Esse caso me parece mais viável.

Re: A esquerda sempre vence

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Cinzu escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 23:45 pm
Liberalismo não é sinônimo de ausência de tributos.

Diferentemente do anarcocapitalismo, o liberalismo reconhece a necessidade do estado como 'mal necessário' para manter o funcionamento social, limitando sua atuação a atividades básicas como educação, saúde, segurança e justiça. E mesmo nessas áreas, a intervenção estatal deve ser restrita e voltada principalmente a compensar as limitações que a iniciativa privada ainda não é capaz de suprir.
Eu não disse ausência total de impostos e sim minimização. O conceito de liberalismo é a minimização de obrigações impostas pelo Estado ao cidadão. É impossível ter sociedade sem o Estado atuando em segurança/justiça (monopólio da violência) e obras públicas (infraestrutura, monopólio natural). Essas são as funções do Estado, conforme Adam Smith. Mas, quando a carga tributária passa desse limite, acaba sendo obrigações adicionais impostas ao cidadão (independente de serem boas ou ruins) e isso deixa de ser liberal.
Os militares em 1964 pegaram um Estado com 16% de carga tributária e subiram para 26%. Portanto, se formos resumir toda a discussão a aumento de carga tributária, então o PT é de direita enquanto que o regime militar foi de esquerda.
Os militares deram continuidade ao nacional-desenvolvimentismo iniciado por JK para construir inúmeras obras de infraestrutura. Mas acabou endividando em excesso, tendo que aumentar a carga tributária e gerar inflação. Isso é diferente de socialismo/social-democracia, em que o Estado pratica assistencialismo com o dinheiro de outros cidadãos.

A direita não é contra o dinheiro público para construir infraestrutura. O Brasil tem dois tipos de direita. Uma é a entreguista (neoliberal) em que a infraestrutura é construída com dinheiro privado estrangeiro e a outra é nacionalista (dos militares) em que a infraestrutura é construída com dinheiro público.
Como que um estado com pouco poder exerceria o poder de forma autoritária?
Seria um Estado com governante fixo, sem eleições periódicas, mas ele teria influência mínima em questões de economia e decisões privadas.

Re: A esquerda sempre vence

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Cinzu
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Registrado em: Seg, 02 Março 2020 - 16:06 pm

Mensagem por Cinzu »

Tutu escreveu:
Qua, 25 Setembro 2024 - 00:16 am
Eu não disse ausência total de impostos e sim minimização. O conceito de liberalismo é a minimização de obrigações impostas pelo Estado ao cidadão. É impossível ter sociedade sem o Estado atuando em segurança/justiça (monopólio da violência) e obras públicas (infraestrutura, monopólio natural). Essas são as funções do Estado, conforme Adam Smith. Mas, quando a carga tributária passa desse limite, acaba sendo obrigações adicionais impostas ao cidadão (independente de serem boas ou ruins) e isso deixa de ser liberal.
Sua afirmação está em consonância com o Liberalismo Clássico proposto por Adam Smith no século XVIII. Porém, é importante ressaltar que o liberalismo, assim como as demais correntes econômicas, evoluíram e se adaptaram na medida em que surgiram novos estudos e entendimentos sobre a economia, em que Smith não poderia prever em sua época. Alguns exemplos incluem:

Falhas de mercado: quando o mercado não consegue alocar recursos de forma eficiente, levando a perdas de bem-estar econômico.

Externalidades positivas: Benefícios gerados por uma atividade econômica que afetam terceiros que não participaram diretamente dessa atividade, sem compensação. Exemplo: vacinas, que reduzem a propagação de doenças para toda a sociedade.

Externalidades negativas: Custos ou danos causados por uma atividade econômica que recaem sobre terceiros que não estiveram envolvidos na transação. Exemplo: poluição de fábricas que afeta a saúde de pessoas.

Abusos de poder econômico: Ocorrem quando empresas ou indivíduos utilizam seu poder de mercado para manipular preços, restringir concorrência ou explorar consumidores. Exemplo: práticas predatórias de preço.

Oligopólios privados: Mercados dominados por seletos grupos empresariais que podem acurralar a entrada de concorrentes e praticar abusos contra o consumidor.

Cartéis: Acordos entre empresas para fixar preços ou dividir mercados, limitando a concorrência. Exemplo: cartéis de combustíveis que combinam preços para evitar a livre concorrência.

Assimetria de informação: Situações em que uma das partes em uma transação econômica tem mais informação que a outra, o que pode levar a decisões ineficientes ou injustas. Um exemplo é o mercado de seguros ou saúde, onde o consumidor nem sempre tem acesso aos dados completos.

Esses e outros conceitos levaram o liberalismo econômico a reconhecer a necessidade de correções para evitar que o mercado crie excessos ou injustiças contra parte da população, o que poderia ameaçar a própria ideia de liberdade.

Propostas como o imposto de renda progressivo (que poderia até ser negativo em algumas situações) e os vouchers se inserem justamente nesse contexto. São soluções que visam corrigir ineficiências e distorções que o mercado não é capaz ou não tem interesse de resolver, enquanto mantêm o princípio liberal de minimizar a intervenção direta do Estado. O objetivo não é aumentar a carga tributária; muito pelo contrário. Ao garantir que uma parcela da população tenha uma renda básica para alocar em necessidades fundamentais como saúde, isso daria ao cidadão a liberdade de optar por serviços privados e reduziria o ônus do Estado de investir em infraestruturas para atender a essas pessoas.

Tutu escreveu:
Qua, 25 Setembro 2024 - 00:16 am
Os militares deram continuidade ao nacional-desenvolvimentismo iniciado por JK para construir inúmeras obras de infraestrutura. Mas acabou endividando em excesso, tendo que aumentar a carga tributária e gerar inflação. Isso é diferente de socialismo/social-democracia, em que o Estado pratica assistencialismo com o dinheiro de outros cidadãos.
Mas é essencialmente isso que o governo Dilma fez. Investiu excessivamente em obras públicas a ponto de se endividar e perder o controle dos gastos.

Em relação às obras do Regime Militar, a maioria eram superfaturadas e várias sequer foram concluídas. Além do mais, vale lembrar que os militares também investiram em programas assistencialistas (especialmente em programas que beneficiavam os próprios militares).

Tutu escreveu:
Qua, 25 Setembro 2024 - 00:16 am
A direita não é contra o dinheiro público para construir infraestrutura.
Para que o estado possa construir infraestruturas, é necessário que haja investimentos públicos, que por sua vez demanda arrecadação, que vem de impostos. Ou seja, uma coisa leva a outra.

Infraestrutura → Investimento estatal → Receitas públicas → Tributos

Tutu escreveu:
Qua, 25 Setembro 2024 - 00:16 am
O Brasil tem dois tipos de direita. Uma é a entreguista (neoliberal) em que a infraestrutura é construída com dinheiro privado estrangeiro e a outra é nacionalista (dos militares) em que a infraestrutura é construída com dinheiro público.
Perfeito. Aqui, chegamos ao consenso de que há diferentes grupos, com divergências de opiniões, que se autodenominam de direita. Portanto, isso mostra que não é tão simples reduzirmos termos multifatoriais como esquerda e direita, a uma única assepção.

Re: A esquerda sempre vence

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Cinzu escreveu:
Qua, 25 Setembro 2024 - 10:44 am
Sua afirmação está em consonância com o Liberalismo Clássico proposto por Adam Smith no século XVIII. Porém, é importante ressaltar que o liberalismo, assim como as demais correntes econômicas, evoluíram e se adaptaram na medida em que surgiram novos estudos e entendimentos sobre a economia, em que Smith não poderia prever em sua época. Alguns exemplos incluem:

...
Esses e outros conceitos levaram o liberalismo econômico a reconhecer a necessidade de correções para evitar que o mercado crie excessos ou injustiças contra parte da população, o que poderia ameaçar a própria ideia de liberdade.
Teríamos que distinguir o que é "ideologia" e o que é "bom para a sociedade".

Quem insiste no liberalismo que ficou preso no século XVIII hoje pode ser chamado de libertário? Naquela época não existiam grandes corporações e a opressão era feita pelo Estado (ou senhores feudais). Então os libertários focam muito na opressão do Estado e ignoram a opressão de grandes corporações (corporocracia).

Mesmo hoje, nos meios liberais de direita, existe a defesa do "ambientalismo liberal", em que o Estado faz nada e as pessoas e empresas voluntariamente buscarão produtos ecológicos. Na profecia, com os consumidores escolhendo produtos ecológicos mais caros, as empresas do livre mercado se adaptarão à nova demanda dos consumidores.

Mas com as mudanças dos últimos séculos, que critérios seriam usados para uma política ser adotada pelo liberalismo? O conceito de "bom para a sociedade" frequentemente vai depender muito do ponto de vida da pessoa e do objetivo da sociedade, enquanto o fator ideologia é a minimização da intervenção. As medidas ambientalistas, por exemplo, poderiam ser incluídas como parte da função do Estado de prover segurança e proteção da propriedade privada, já que danos ambientais afetam terceiros. Mas hoje existe ambientalismo liberal...

Considero monopólio, cartéis e assimetria de informação como problemas sérios que deveriam ser combatidos, mas as intervenções possíveis são assustadoras para os liberais e violam a propriedade privada.
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