Crenças Científicas Equivocadas
Tópico destinado a discutir sobre conceitos populares frequentemente difundidos de forma equivocada.
Efeito Dunning-Kruger
O efeito Dunning-Kruger é descrito como um viés cognitivo que faz com que pessoas com baixo conhecimento em uma tarefa tenham maior tendência a superestimar suas habilidades.
No entanto, um equívoco comum é a crença de que somente indivíduos com pouca competência em um determinado assunto superestimam suas habilidades, enquanto aqueles com maior conhecimento não o fariam.
Para exemplificar o efeito, uma pesquisa rápida por "efeito Dunning-Kruger" no Google resulta em diversos gráficos semelhantes a este:

Este gráfico popular, segundo os próprios autores — David Dunning e Justin Kruger — está EQUIVOCADO!
A curva, como é frequentemente apresentada, sugere que pessoas com pouco conhecimento superestimam exageradamente as suas habilidades, e na medida em que adquirem mais conhecimento sobre o assunto, forma-se um "vale", onde reconheceriam a sua ignorância. E a autoconfiança do indivíduo só retornaria após um estudo exaustivo sobre o tema.
Ocorre que não é exatamente assim que o conceito foi originalmente proposto pelos autores.
O gráfico original era parecido ao seguinte:

No experimento original, os alunos fizeram um teste e foram solicitados a adivinhar sua pontuação. Portanto, cada aluno tinha duas medições: a pontuação que pensavam ter obtido (autoavaliação) e a pontuação que realmente obtiveram (desempenho). Para visualizar esses resultados, Dunning e Kruger separaram todos em quartis: os que tiveram desempenho nos 25% inferiores, os que pontuaram nos 25% superiores e os dois quartis no meio. Para cada quartil, a pontuação média de desempenho e a pontuação média autoavaliada foram plotadas. Isso resultou no famoso gráfico Dunning-Kruger.
Ou seja, nas avaliações realizadas por Dunning e Kruger, a maioria dos indivíduos tendem a superestimar as suas competências. A diferença é que aqueles de competência média superestimam menos. E, por fim, apenas os de alta competência ("especialistas") tendem a subestimar suas próprias habilidades.
Entretanto, outros estudiosos propõem diferentes explicações para o efeito.
Dr. Ed Nuhfer e colegas, argumentam que o efeito Dunning-Kruger poderia ser replicado usando dados aleatórios. “Todos nós acreditávamos que o artigo [de 1999] era válido”, Dr. Nuhfer me disse por e-mail. “O raciocínio e o argumento fizeram muito sentido. Nunca nos propusemos a refutá-lo; éramos até fãs desse artigo.” Nos próprios artigos do Dr. Nuhfer, que usaram dados gerados por computador e resultados de pessoas reais submetidas a um teste de alfabetização científica, sua equipe refutou a afirmação de que a maioria das pessoas não qualificadas desconhece sua falta de qualificação (“um pequeno número é: vimos cerca de 5-6% que se encaixam nesse caso em nossos dados”) e, em vez disso, mostraram que especialistas e novatos subestimam e superestimam suas habilidades com a mesma frequência. “É só que os especialistas fazem isso em uma faixa mais estreita”
Fonte: https://www.deviante.com.br/noticias/o- ... ao-e-real/
O efeito Dunning-Kruger é descrito como um viés cognitivo que faz com que pessoas com baixo conhecimento em uma tarefa tenham maior tendência a superestimar suas habilidades.
No entanto, um equívoco comum é a crença de que somente indivíduos com pouca competência em um determinado assunto superestimam suas habilidades, enquanto aqueles com maior conhecimento não o fariam.
Para exemplificar o efeito, uma pesquisa rápida por "efeito Dunning-Kruger" no Google resulta em diversos gráficos semelhantes a este:

Este gráfico popular, segundo os próprios autores — David Dunning e Justin Kruger — está EQUIVOCADO!
A curva, como é frequentemente apresentada, sugere que pessoas com pouco conhecimento superestimam exageradamente as suas habilidades, e na medida em que adquirem mais conhecimento sobre o assunto, forma-se um "vale", onde reconheceriam a sua ignorância. E a autoconfiança do indivíduo só retornaria após um estudo exaustivo sobre o tema.
Ocorre que não é exatamente assim que o conceito foi originalmente proposto pelos autores.
O gráfico original era parecido ao seguinte:

No experimento original, os alunos fizeram um teste e foram solicitados a adivinhar sua pontuação. Portanto, cada aluno tinha duas medições: a pontuação que pensavam ter obtido (autoavaliação) e a pontuação que realmente obtiveram (desempenho). Para visualizar esses resultados, Dunning e Kruger separaram todos em quartis: os que tiveram desempenho nos 25% inferiores, os que pontuaram nos 25% superiores e os dois quartis no meio. Para cada quartil, a pontuação média de desempenho e a pontuação média autoavaliada foram plotadas. Isso resultou no famoso gráfico Dunning-Kruger.
Ou seja, nas avaliações realizadas por Dunning e Kruger, a maioria dos indivíduos tendem a superestimar as suas competências. A diferença é que aqueles de competência média superestimam menos. E, por fim, apenas os de alta competência ("especialistas") tendem a subestimar suas próprias habilidades.
Entretanto, outros estudiosos propõem diferentes explicações para o efeito.
Dr. Ed Nuhfer e colegas, argumentam que o efeito Dunning-Kruger poderia ser replicado usando dados aleatórios. “Todos nós acreditávamos que o artigo [de 1999] era válido”, Dr. Nuhfer me disse por e-mail. “O raciocínio e o argumento fizeram muito sentido. Nunca nos propusemos a refutá-lo; éramos até fãs desse artigo.” Nos próprios artigos do Dr. Nuhfer, que usaram dados gerados por computador e resultados de pessoas reais submetidas a um teste de alfabetização científica, sua equipe refutou a afirmação de que a maioria das pessoas não qualificadas desconhece sua falta de qualificação (“um pequeno número é: vimos cerca de 5-6% que se encaixam nesse caso em nossos dados”) e, em vez disso, mostraram que especialistas e novatos subestimam e superestimam suas habilidades com a mesma frequência. “É só que os especialistas fazem isso em uma faixa mais estreita”
Fonte: https://www.deviante.com.br/noticias/o- ... ao-e-real/
Curva de Laffer
A Curva de Laffer é uma representação teórica da relação entre o valor arrecadado com um imposto e as diferentes alíquotas aplicadas. Ela é usada para ilustrar o conceito de "elasticidade da receita taxável" (wikipedia).
Para construir a curva, considera-se o valor obtido com as alíquotas de 0% e 100%. É óbvio que uma alíquota de 0% não traz receita tributária, mas a hipótese da curva de Laffer afirma que uma alíquota de 100% também não gerará receita, uma vez que não haverá incentivo para o sujeito passivo da obrigação tributária receber ou conseguir qualquer valor.
Se ambas as taxas — 0% e 100% — não geram receitas tributárias, conclui-se que "deve existir uma alíquota na qual se atinja o valor máximo".
E é exatamente no trecho destacado acima que reside o problema.
Pesquisas rápidas por "Curva de Laffer" na internet imediatamente resultam em gráficos perfeitos, como este:

Ocorre que a economia não é uma ciência exata. As relações humanas são dinâmicas e multifatoriais. A arrecadação do governo depende de N variáveis, e a tributação é apenas uma delas.
Deste modo, o principal equívoco em torno da Curva de Laffer está em pressupor que sabemos onde está o pico de arrecadação.
No Brasil, a carga tributária atual gira em torno de 33%. Alta, por sinal, quando comparada a outros países emergentes.
Mas isso, por si só, não é argumento suficiente para afirmar que estamos no pico da Curva de Laffer. O pico pode estar em 30%, 50%, 70% ou qualquer outro valor! Ninguém sabe. A única certeza que temos é que 0% e 100% de impostos não geram arrecadação. Nada mais do que isso.
A Curva verdadeira, provavelmente é uma funcional e não uma função. Uma funcional, na matemática, é uma "função de uma função". Em outras palavras, não existe uma única Curva de Laffer, mas sim um conjunto de curvas que variam a cada instante de acordo com a dinâmica da economia.
O Gráfico real, se pudesse ser representado, provavelmente seria algo mais próximo disto:

Observa-se na imagem que não existe um único pico, mas vários; e isto ocorre principalmente por dois motivos:
(1) A arrecadação do governo não é fixa. O que o governo arrecada hoje é diferente do que arrecadou ontem e do que arrecadará amanhã.
(2) O aumento e diminuição de impostos, bem como a aplicação dos impostos arrecadados, podem ter diferentes efeitos a curto, médio e longo prazo.
Portanto, qualquer argumentação que se proponha a afirmar categoricamente que aumentar ou diminuir impostos hoje acarretará em perda de arrecadação é uma falácia, simplesmente porque previsões econômicas são mais complexas do que parecem. O debate deve ser mais profundo do que simplesmente "aumentar imposto diminui arrecadação" ou vice-versa. Em vez disso, outras questões são mais relevantes:
• Quais impostos serão aumentados e por qual razão?
• Qual a previsão de aumento na arrecadação?
• Quais os impactos diretos e indiretos em diferentes setores da economia?
• Qual será a destinação da arrecadação desse aumento de imposto?
• É possível compensar o aumento de um imposto com a diminuição de outro?
São questões que precisam de estudos e análises diversas para serem respondidas.
Afinal, não existem soluções fáceis para problemas complexos. E isso vale para a Curva de Laffer, o Efeito Dunning-Kruger e demais Hipóteses Científicas.
A Curva de Laffer é uma representação teórica da relação entre o valor arrecadado com um imposto e as diferentes alíquotas aplicadas. Ela é usada para ilustrar o conceito de "elasticidade da receita taxável" (wikipedia).
Para construir a curva, considera-se o valor obtido com as alíquotas de 0% e 100%. É óbvio que uma alíquota de 0% não traz receita tributária, mas a hipótese da curva de Laffer afirma que uma alíquota de 100% também não gerará receita, uma vez que não haverá incentivo para o sujeito passivo da obrigação tributária receber ou conseguir qualquer valor.
Se ambas as taxas — 0% e 100% — não geram receitas tributárias, conclui-se que "deve existir uma alíquota na qual se atinja o valor máximo".
E é exatamente no trecho destacado acima que reside o problema.
Pesquisas rápidas por "Curva de Laffer" na internet imediatamente resultam em gráficos perfeitos, como este:
Ocorre que a economia não é uma ciência exata. As relações humanas são dinâmicas e multifatoriais. A arrecadação do governo depende de N variáveis, e a tributação é apenas uma delas.
Deste modo, o principal equívoco em torno da Curva de Laffer está em pressupor que sabemos onde está o pico de arrecadação.
No Brasil, a carga tributária atual gira em torno de 33%. Alta, por sinal, quando comparada a outros países emergentes.
Mas isso, por si só, não é argumento suficiente para afirmar que estamos no pico da Curva de Laffer. O pico pode estar em 30%, 50%, 70% ou qualquer outro valor! Ninguém sabe. A única certeza que temos é que 0% e 100% de impostos não geram arrecadação. Nada mais do que isso.
A Curva verdadeira, provavelmente é uma funcional e não uma função. Uma funcional, na matemática, é uma "função de uma função". Em outras palavras, não existe uma única Curva de Laffer, mas sim um conjunto de curvas que variam a cada instante de acordo com a dinâmica da economia.
O Gráfico real, se pudesse ser representado, provavelmente seria algo mais próximo disto:

Observa-se na imagem que não existe um único pico, mas vários; e isto ocorre principalmente por dois motivos:
(1) A arrecadação do governo não é fixa. O que o governo arrecada hoje é diferente do que arrecadou ontem e do que arrecadará amanhã.
(2) O aumento e diminuição de impostos, bem como a aplicação dos impostos arrecadados, podem ter diferentes efeitos a curto, médio e longo prazo.
Portanto, qualquer argumentação que se proponha a afirmar categoricamente que aumentar ou diminuir impostos hoje acarretará em perda de arrecadação é uma falácia, simplesmente porque previsões econômicas são mais complexas do que parecem. O debate deve ser mais profundo do que simplesmente "aumentar imposto diminui arrecadação" ou vice-versa. Em vez disso, outras questões são mais relevantes:
• Quais impostos serão aumentados e por qual razão?
• Qual a previsão de aumento na arrecadação?
• Quais os impactos diretos e indiretos em diferentes setores da economia?
• Qual será a destinação da arrecadação desse aumento de imposto?
• É possível compensar o aumento de um imposto com a diminuição de outro?
São questões que precisam de estudos e análises diversas para serem respondidas.
Afinal, não existem soluções fáceis para problemas complexos. E isso vale para a Curva de Laffer, o Efeito Dunning-Kruger e demais Hipóteses Científicas.
Parabéns pela ideia de criar um tópico assim. É muito oportuno e vem em boa hora.
O que não falta é gente se achando, que entende de tudo, bastando mudar o assunto da hora.
(antigamente, a expressão poderia ser 'o assunto do dia', mas as coisas aceleraram tanto que se diz 'assunto da hora', atualmente)
E a Curva de Lafer também tem sido muito citada ultimamente.
Nada melhor do que esclarecer exatamente do que se trata.
O que não falta é gente se achando, que entende de tudo, bastando mudar o assunto da hora.
(antigamente, a expressão poderia ser 'o assunto do dia', mas as coisas aceleraram tanto que se diz 'assunto da hora', atualmente)
E a Curva de Lafer também tem sido muito citada ultimamente.
Nada melhor do que esclarecer exatamente do que se trata.
O problema é a forma como as pessoas usam. Não significa que a premissa esteja equivocada.
Outras superestimação que passam por isso são:
Pirâmide de Maslow
Múltiplas inteligências
Sobre a curva de Laffer, cada país, considerando o sistema legal, econômico e tributário tem a própria curva.
Num país socialista, imposto de 100% não resultaria arrecadação zero já que todos trabalhariam para o Estado.
O Brasil já passou do máximo há muito tempo, porque o que se paga de imposto tem retorno muito abaixo do esperado. Por causa do excesso de abusos do governo, o "jeitinho brasileiro" é sempre usado para ser capaz de sobreviver e até mesmo os governantes fazem isso, com as chamadas "pedaladas" para violar as leis orçamentárias, porque as obrigações constitucionais são impossíveis de cumprir.
Outras superestimação que passam por isso são:
Pirâmide de Maslow
Múltiplas inteligências
Sobre a curva de Laffer, cada país, considerando o sistema legal, econômico e tributário tem a própria curva.
Num país socialista, imposto de 100% não resultaria arrecadação zero já que todos trabalhariam para o Estado.
O Brasil já passou do máximo há muito tempo, porque o que se paga de imposto tem retorno muito abaixo do esperado. Por causa do excesso de abusos do governo, o "jeitinho brasileiro" é sempre usado para ser capaz de sobreviver e até mesmo os governantes fazem isso, com as chamadas "pedaladas" para violar as leis orçamentárias, porque as obrigações constitucionais são impossíveis de cumprir.
Essa também é muito popular!
Correto. Mas é importante acrescentar que não existe uma única curva fixa e estacionária. A curva é alterada a todo instante em função das variações nas relações de consumo.
Uma das motivações em buscar esclarecer o conceito da Curva de Laffer foi justamente apontar que essa afirmação, que é popular no cenário político brasileiro, não é bem assim.
O Brasil de fato tem uma carga tributária acima da média dos países países emergentes. Além disso, a má gestão pública do Brasil faz com que a arrecadação não traga o retorno esperado à sociedade.
Mas isso está relacionado à má administração pública e não com a Curva de Laffer. Não há evidências de que se a carga tributária diminuísse o governo arrecadaria mais.