Capitalismo

Área destinada à discussão sobre Laicismo e Política e a imparcialidade do tratamento do Estado às pessoas.
Discussões sobre economia e sistemas econômicos também se encontram aqui.

Capitalismo

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Tópico para postagens gerais sobre  capitalismo (sua história, notícias atuais ou antigas, juízos de valor, juízos de fatos, etc).

Re: Capitalismo

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

JJ escreveu: Empresas Zumbis - As Mortas-Vivas


Uma pesquisa internacional feita pela KPMG com mais de 400 credores detectou que instituições financeiras estão crescentemente preocupadas com o aumento do número das chamadas “empresas zumbis.” Essas empresas vivem uma existência “da mão para a boca”, gerando caixa que pode até ser suficiente para pagar seus fornecedores e fazer girar o negócio. Entretanto, sua posição patrimonial precária e baixos níveis de sobra de caixa não permitem que essas empresas amortizem seus empréstimos ou façam investimentos necessários para o empreendimento. Sem uma reestruturação eficaz, a pesquisa sugere que esses zumbis poderiam tornar-se alvo de uma nova onda de recuperações judiciais no médio e longo prazo.

Vida vegetativa

Assim como os zumbis das histórias estão mortos mas ainda andam, seus equivalentes corporativos ficam vagando em uma zona logo acima da insolvência, porém ainda distante de uma verdadeira viabilidade. Uma empresa zumbi tipicamente está na Unidade de Terapia Intensiva, necessitando de ajuda financeira contínua de credores e investidores para continuar suas operações. Empresas zumbis não demonstram necessariamente prejuízos. Tipicamente, elas têm uma lucratividade próxima a zero ou ligeiramente positiva. Entretanto, embora elas gerem receitas suficientes para pagar suas despesas operacionais, elas não conseguem pagar suas dívidas. Isto claramente traz preocupações para os credores.  


A KPMG buscou a opinião dos credores quanto ao problema das empresas zumbis. Os resultados da pesquisa pintam um quadro preocupante. Nos melhores cenários, a pesquisa sugere que as empresas vão encontrar maiores dificuldades para conseguir uma solução fora dos tribunais, idealmente através de um refinanciamento. Nos piores cenários, há indícios que um número crescente de empresas serão forçadas a buscar os mecanismos formais de reestruturação previstos em lei.

As preocupações citadas pelos credores


[...]

restante no link:


http://www.tmabrasil.org/blog-tma-brasi ... rtas-vivas


JJ escreveu:
E aqui um exemplo de uma grande zumbi:


Como o Uber sobrevive com prejuízo de US$ 1,2 bilhão e sem nunca ter dado lucro?



Aplicativo de transporte compartilhado que expandiu para o delivery de comida já está há 10 anos em um crescente mercado global e segue perdendo dinheiro


Os investidores do Uber têm esperado pacientemente um retorno de investimento. A julgar pelo último informe trimestral, contudo, terão de esperar um pouco mais. O aplicativo de transporte compartilhado que expandiu para o delivery de comida já está há 10 anos em um crescente mercado global e segue perdendo dinheiro.

Embora sua clientela tenha crescido e sua renda melhorado, o balanço segue sendo negativo. As últimas cifras destacam que a receita da empresa subiu quase 30%, chegando a US$ 3,8 bilhões. Mas o prejuízo líquido ainda está em quase US$ 1,2 bilhão.
O Uber permite que passageiros e motoristas se deem notas.

Que nota a empresa receberia hoje?

[...]


https://epocanegocios.globo.com/Empresa ... lucro.html





Por que o Uber está em crise

Empresa aumenta faturamento e atende 100 milhões de pessoas por mês, mas vê seus custos crescerem acima do esperado e registra prejuízo recorde


É comum uma empresa de tecnologia ter escassos lucros nos primeiros anos de seu funcionamento. E nem mesmo o Uber, considerado uma máquina de ganhar dinheiro, foge dessa sina. Apesar de apresentar números impressionantes de desempenho, como o uso da plataforma por quase 100 milhões de pessoas por mês, o aplicativo de transporte teve um prejuízo de US$ 5,2 bilhões no segundo trimestre de 2019, contra cerca de US$ 880 milhões no mesmo período do ano passado. Após a divulgação dos resultados, as ações da empresa despencaram 12% em Wall Street. E os acionistas, é claro, não gostaram nem um pouco. A própria entrada do Uber na Bolsa de Valores, em maio desse ano, que levantou US$ 8 bilhões, foi considerada decepcionante por analistas. O CEO Dara Khosrowshahi clamou por paciência e destacou a concorrência global como um dos fatores formadores do cenário. “Só estamos no começo dessa incrível jornada”, argumentou.


[...]


https://istoe.com.br/por-que-o-uber-esta-em-crise/

Re: Capitalismo

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Frencisco Toucinho
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Mensagem por Frencisco Toucinho »

O capitalismo forma um excelente meio de organização, voltado para o crescimento econômico.

Não vejo nada muito errado no sistema. Muito do que culpam o capitalismo resulta da superpopulação que afeta o planeta. Simplesmente não há recursos para que todos façam tudo. Não adianta culpar, mesmo que o sistema propicie distribuição econômica de forma desigual. Alguns conseguem mais, outros menos, e as alternativas fracassaram. Triste, mas verdade.

Seria melhor recomendar aos homens que mantivessem seu peru dentro das calças. Pelo menos por mais tempo. Evitaria muita miséria.

Re: Capitalismo

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Frencisco Toucinho escreveu:
Dom, 21 Junho 2020 - 21:33 pm
O capitalismo forma um excelente meio de organização, voltado para o crescimento econômico.

Mero juízo de valor. E juízo de valor por juízo de valor o meu é que o capitalismo liberal é menos ruim do que sistemas anteriores como o feudalismo, mas não tem nada de excelente, no máximo é menos ruim. Mas, nem de muito longe é excelente.
Frencisco Toucinho escreveu:
Dom, 21 Junho 2020 - 21:33 pm
Não vejo nada muito errado no sistema.
Eu vejo e muitos outros veem problemas. Novamente aqui temos meros juízos de valor.
Frencisco Toucinho escreveu:
Dom, 21 Junho 2020 - 21:33 pm
Simplesmente não há recursos para que todos façam tudo.
Este sistema é baseado em escassez e não em abundância.
Frencisco Toucinho escreveu:
Dom, 21 Junho 2020 - 21:33 pm
Seria melhor recomendar aos homens que mantivessem seu peru dentro das calças. Pelo menos por mais tempo. Evitaria muita miséria.

Proposição muito tola. Basta pensar que há 250 anos a população era muito menor e nem por isso havia menos pobreza em termos proporcionais. Ou também podemos ver que densidade populacional não implica obrigatoriamente em miséria (ou mesmo muita pobreza). Ou podemos também imaginar que eliminar 90% da população mundial (como muitos conspiracionistas imaginam que há planejamento de alguma NOM para isso) não faria a parte restante ficar dez vezes mais rica e ter dez vezes mais renda.



.

Re: Capitalismo

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

JJ_JJ escreveu:
Dom, 21 Junho 2020 - 22:19 pm
Frencisco Toucinho escreveu:
Dom, 21 Junho 2020 - 21:33 pm
O capitalismo forma um excelente meio de organização, voltado para o crescimento econômico.
Mero juízo de valor. E juízo de valor por juízo de valor o meu é que o capitalismo liberal é menos ruim do que sistemas anteriores como o feudalismo, mas não tem nada de excelente, no máximo é menos ruim. Mas, nem de muito longe é excelente.
O capitalismo é a opção menos ruim. Até encontrarmos algo diferente, fiquemos com ele, procurando melhorar o que for possível.
JJ_JJ escreveu:
Dom, 21 Junho 2020 - 22:19 pm
Frencisco Toucinho escreveu:
Dom, 21 Junho 2020 - 21:33 pm
Simplesmente não há recursos para que todos façam tudo.
Este sistema é baseado em escassez e não em abundância.
A escassez é o ponto de partida. Sempre foi. A abundância requer um esforço constante. Não é algo que se conquista e pronto.
JJ_JJ escreveu:
Dom, 21 Junho 2020 - 22:19 pm
Frencisco Toucinho escreveu:
Dom, 21 Junho 2020 - 21:33 pm
Seria melhor recomendar aos homens que mantivessem seu peru dentro das calças. Pelo menos por mais tempo. Evitaria muita miséria.
Proposição muito tola. Basta pensar que há 250 anos a população era muito menor e nem por isso havia menos pobreza em termos proporcionais. Ou também podemos ver que densidade populacional não implica obrigatoriamente em miséria (ou mesmo muita pobreza). Ou podemos também imaginar que eliminar 90% da população mundial (como muitos conspiracionistas imaginam que há planejamento de alguma NOM para isso) não faria a parte restante ficar dez vezes mais rica e ter dez vezes mais renda.
A população sempre cresce até atingir os limites da escassez. Quem está na fronteira morre de fome ou vive na miséria.
Se a população tivesse parado de crescer 250 anos atrás, com os recursos de hoje em dia, acredito que não haveria miséria.
Mas ela sempre cresce até atingir os limites dos recursos disponíveis, irresponsavelmente.

Re: Capitalismo

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Frencisco Toucinho
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Mensagem por Frencisco Toucinho »

Obrigado, Fernando por antecipar muito do que iria dizer.

O capitalismo colocou no chinelo as maiores realizações das civilizações pré-capitalistas. Prédios, aeronaves, vacinas, exploração espacial, bilhões em população, expectativa de vida maior, classes ociosas ou parcialmente ociosas, tudo isso é fruto de uma produção maior atingida por esse sistema. Como o próprio Marx admite, foi ele quem libertou as forças produtivas da humanidade.

Continuo achando o sistema excelente e estou um convicto que não surgirá nada muito diferente do paradigma da livre concorrência, no que tange à redução dos custos de produção.

Quer saúde universal? Educação de qualidade? alimentos requintados? Torne isso barato. Não há outra opção, acho até difícil imaginar algo além desse raciocínio.

Re: Capitalismo

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Frencisco Toucinho
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Mensagem por Frencisco Toucinho »

Sobre a superpopulação já foi usada a imagem da bomba relógio. O capitalismo gerou uma onda de superprodução, que deu certa folga à humanidade. Se ela gastar esse tempo livre se reproduzindo sem controle, certamente a produção não vai dar conta das necessidades das pessoas, voltando muitos à pobreza.

Re: Capitalismo

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Frencisco Toucinho escreveu:
Seg, 22 Junho 2020 - 10:07 am
Sobre a superpopulação já foi usada a imagem da bomba relógio. O capitalismo gerou uma onda de superprodução, que deu certa folga à humanidade. Se ela gastar esse tempo livre se reproduzindo sem controle, certamente a produção não vai dar conta das necessidades das pessoas, voltando muitos à pobreza.
Isso é mais problema na China e Índia, na Europa, EUA, etc, a população ta descrescendo.


(...)


Relacionado ao que postei aqui:

Escassez de combustíveis se agrava nos EUA


youtu.be/x4AUXVsmoiw


EUA têm filas em postos de gasolina após ataque hacker atingir oleoduto


youtu.be/X3P7VU-16yA

Re: Capitalismo

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Como já pensei faz muito anos, a crise do governo PT seria efeito retardado dessa crise (que o Lula não levou a série e chamou de "Marolinha"):

Como venda desenfreada de casas nos EUA levou a crise global | 21 notícias que marcaram o século 21


youtu.be/0efAb93Anjg

Re: Capitalismo

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Agnoscetico escreveu:
Seg, 11 Outubro 2021 - 17:47 pm
Como já pensei faz muito anos, a crise do governo PT seria efeito retardado dessa crise (que o Lula não levou a série e chamou de "Marolinha"):

Como venda desenfreada de casas nos EUA levou a crise global | 21 notícias que marcaram o século 21
Esta foi uma das causas. A outra, talvez a principal, foi a distribuição irresponsável de "bondades" eleitoreiras em vez de investimento no futuro.
Um dia, o dinheiro acabou.

Re: Capitalismo

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Abrindo uma pergunta: Como vocês definem "capitalismo"?
Dependendo da pessoa a resposta é completamente diferente.
Essa palavra foi inventada por Marx para denominar o sistema das relações em que a burguesia é dona dos meios de produção e o proletariado trabalha para ela. A sociedade mudou muito desde então, surgiram novos agentes e os velhos assumiram formas diferentes.
Agnoscetico escreveu:
Seg, 11 Outubro 2021 - 17:47 pm
Como já pensei faz muito anos, a crise do governo PT seria efeito retardado dessa crise (que o Lula não levou a série e chamou de "Marolinha"):
Os 2010's foram outra década perdida.
O PT tentou segurar a crise com medidas ruins e conseguiu adiar o estouro, que teve consequências piores.
A economia ficou estável sem crescer até 2012. A partir de 2013, a crise estourou e até hoje não se recuperou.
O PIB corrigido pela inflação ainda não voltou a ser como era em 2008.

O governo PT se preocupou em fazer populismo em vez de sanar problemas na base para que a economia seja mais forte contra essas porradas. A educação no Brasil é muito ruim, mas não é falta de verba.
Agnoscetico escreveu:
Seg, 11 Outubro 2021 - 17:47 pm
Como venda desenfreada de casas nos EUA levou a crise global | 21 notícias que marcaram o século 21
Que eu saiba, a crise foi por falta de regulamentação no sistema bancário. Lá nos EUA as pessoas hipotecavam a mesma casa em mais de um banco, então existia duas dívidas e uma só garantia.

Re: Capitalismo

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Um longo texto sobre a globalização e os problemas que enfrenta devido ao Covid-19 e à falta de mão de obra.
E problemas de infraestrutura de transporte e armazenamento que crescem mais devagar que a produção.
E o fato de que as pessoas estão comprando pela Internet, o que leva ao fornecimento item a item diretamente ao consumidor final em vez de por atacado para as lojas.
A GLOBALIZAÇÃO QUEBROU

Pedro Doria - 16 de outubro de 2021

O meme circulou faz uma ou duas semanas no Reino Unido — o premiê Boris Johnson liga para a rainha Elizabeth II e pergunta, como quem não quer nada. “A senhora dirigiu caminhões durante a Guerra, não?” Elizabeth II trabalhou de fato, no esforço de Guerra, como mecânica de caminhões. E Johnson está desesperado atrás de motoristas para a frota — há, na Grã Bretanha, 100 mil vagas abertas com ninguém que deseje preenche-las. O governo abriu um programa de vistos temporários para atrair motoristas principalmente do Leste Europeu. Após duas semanas apareceram vinte candidatos. O resultado mais visível da crise são as longas filas de carros para abastecer nos postos de combustível. Derivados de petróleo estão em falta. Mas não é só lá. Em agosto havia 40 navios cargueiros na fila para descarregar no maior porto dos Estados Unidos, o de Los Angeles e Long Beach. Em setembro já eram 70. Agora em outubro os números pararam de ser divulgados. É pouco. No mar próximo dos portos de Hong Kong e de Shenzen, na China, a fila passa de cem navios. Nas contas do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, o setor deixou de exportar nos últimos meses US$ 500 milhões em grãos. Por falta de contêineres de navio. No Vietnã, o principal centro produtor de roupas do mundo, as fábricas fecharam em setembro após uma explosão de casos de Covid. A Apple anunciou que vão faltar iPhones 13 no Natal — não há peças para fabricar e atender à demanda.

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A globalização quebrou. Mas por quê?

Os motivos são muitos mas podem ser reduzidos a três. Um deles é que a globalização deu certo. Outro é a pandemia. O terceiro é que a infraestrutura do planeta não está preparada para uma economia que se digitaliza rapidamente. As três questões são independentes mas se correlacionam. Há uma tempestade perfeita em curso e as consequências são muitas. Em termos macroeconômicos está gerando inflação porque há pouca oferta e muita demanda. E a demanda não é só por produtos, é também por mão de obra que em muitas funções enfrenta escassez.

O mundo em contêineres

O que passamos a chamar de globalização, na década de 1990, é a relação de inúmeros fenômenos distintos. Mas, na indústria, ela nasce quando a Toyota era uma fábrica de caminhões precisando atender a muitos pedidos do governo japonês para o esforço de guerra, nos anos 1930. Os executivos tinham de lidar com os riscos de ter pouco dinheiro em caixa mas muitas encomendas numa sociedade particularmente eficiente. Assim, tomaram a decisão de não estocar peças, como sempre foi a praxe na indústria automotiva. As peças eram encomendadas de fornecedores de confiança e chegavam apenas conforme eram necessárias. Esta maneira de fabricar se espalhou pelo mundo de forma muito lenta até que, nos anos 80, ganhou fama e se popularizou com o nome Just in Time — algo como ‘no momento exato’. Hoje o método é chamado de lean manufacturing, ou ‘manufatura magra’ no sentido de sem excessos.

A dificuldade do método é que ele só funciona com eficiência de toda a cadeia. Os fornecedores têm de ser tão ágeis quanto quem fabrica e o transporte de um canto para o outro exige precisão.

Pois o que passou a ocorrer de forma diferente, na última década do século 20, foi uma abertura generalizada de mercados. Assim, a possibilidade de fabricar com qualidade em locais do mundo que produziam por um custo muito mais baixo fez do método global. Os oceanos abriram para um tráfego constante de navios levando matéria prima de um canto ao outro, para que em fábricas fossem transformadas em peças que novamente eram colocadas em navios para que em outras fábricas noutros países virassem produtos de novo colocados em navios e exportados para os mercados em que seriam consumidos.

A história do rápido crescimento da China passa por este momento de transformação do mundo. O país se especializou na fabricação de equipamento digital de ponta e, posteriormente, com o dinheiro ganho investiu na formação de engenheiros para desenvolver sua própria tecnologia. Mas também o crescimento bem mais tímido do Brasil, nos primeiros anos do século 21, passa por aí — exportando matéria prima para a China, principalmente ferro, petróleo e a soja que alimenta rebanhos.

A globalização não é apenas fruto de um jeito mais eficiente de fabricar ou da abertura de mercados. O motivo pelo qual ambos foram possíveis passa pela sistematização, no final da década de 1970, do sistema de contêineres de navios. As grandes caixas na qual produtos são armazenados para transporte marítimo já existiam desde o século 18. Mas o que aconteceu a partir dos anos 80 foi que, com tamanhos dos contêineres padronizados, foi possível criar uma frota naval uniforme. Quando se constrói um navio já se sabe quantos contêineres caberão. Eles têm, também, um tamanho que permite serem transportados por caminhões e trens. Os equipamentos de portos, como sistemas de guindaste, são igualmente construídos para os tamanhos pré-determinados. O padrão fez o preço do transporte despencar. Como num jogo de Lego, as peças sempre se encaixam e o fluxo navio-porto-transporte terrestre é contínuo.

Mais recentemente, algumas mudanças ocorreram que ajudaram a formar a crise. A primeira é que a indústria de transporte marítimo se consolidou — hoje, dez companhias controlam 80% do mercado. Outra é que estas empresas estão construindo navios cada vez maiores.

O resultado prático é que, com menos concorrência, as transportadoras passaram a ter poder de ditar as rotas que seguirão e o momento em que saem e chegam. Isto quer dizer que estão esperando mais para encher próximo do máximo cada navio. Os portos, porém, não foram adaptados para descarregar estes navios gigantes.

Contêineres podem ser empilhados nos pátios de portos. Mas o problema não é apenas que navios grandes demoram mais tempo para serem descarregados e que os contêineres neles ocupam mais espaço nos pátios. O problema é também de escoamento. O número de pistas nas estradas que saem dos portos, assim como o de trilhos de trem, também não foi ampliado. Não bastasse, contêineres empilhados são mais difíceis de gerenciar. O caminhão chega para pegar um destes, é preciso localizar onde está no pátio e, caso esteja na base de uma pilha, demora mais para o guindaste separá-lo. Os navios aumentaram — o resto do sistema, não.

E aí bate na mão de obra. Em países como os da Europa, no Reino Unido o problema é mais agudo, os motoristas de caminhão estão envelhecendo e não estão sendo substituídos. Os salários, os benefícios, e o trabalho simplesmente não são atraentes o bastante para as novas gerações. Nos EUA, impacto semelhante ocorre com os trabalhadores de portos. Há falta de mão de obra e dificuldade de contratação.

O boom do digital

Em 2019, a indústria global do e-commerce vendeu US$ 3,3 bilhões de dólares em produtos, de acordo com a Statista. No ano seguinte, o ano da explosão da Covid, vendeu US$ 4,3 bilhões. A estimativa para este ano é de que cresça perto de outro bilhão. Números assim costumam ser celebrados e identificados como reflexo de uma cultura digital que se expande rapidamente — o que é verdade. O e-commerce cresceu. Mas o e-commerce também torna mais complexa toda a logística de transporte que já estava naturalmente pressionada.

Quando uma grande cadeia de varejo vende celulares, seus executivos ordenam a compra de grandes lotes que vêm da China ou doutro canto e distribuem as máquinas por um número restrito de lojas pelo país. Mas quando um rapaz na periferia paulistana percebe que pode comprar um smartphone turbinado por um site chinês, podendo parcelar e pagando menos, aí a situação muda. Não são lotes de celulares que são vendidos — é um aparelho. Que é empacotado, endereçado, e colocado com muitas outras unidades de produtos os mais diversos num contêiner de miscelânea que chega ao Brasil para ser distribuído, um a um, não para uma cadeia com número limitado de lojas. Mas cada unidade para um endereço residencial final.

Está acontecendo no Brasil como está acontecendo em todo o mundo. O volume de produtos transportados aumentou e, cada vez mais, representam não apenas grandes lotes de um grande comprador mas, também, unidades adquiridas por muitos compradores.

Este é um dos resultados da aceleração da cultura digital criada pela pandemia. Outro resultado é que as pessoas estão pensando mais a respeito de suas vidas. Sobre o que querem para si mesmas. Há um debate em curso, nos EUA e na Europa, a respeito de por que algumas indústrias estão encontrando muita dificuldade de contratar. É o caso, nos EUA, da indústria de hotelaria e restaurantes. Na Europa, a indústria de transporte de produtos. Alguns políticos conservadores criticam os benefícios distribuídos durante a pandemia. Argumentam que muitos não querem trabalhar porque estão recebendo dinheiro sem precisar sair de casa.

Mas não parece ser apenas isso. No Vale do Silício, engenheiros, desenvolvedores e designers que recebem altos salários estão em choque com os gestores das companhias num debate sobre o esquema de trabalho. As pessoas se habituaram a trabalhar em casa e não querem voltar para o escritório. E, em muitos casos, estão dispostas a abrir mão do emprego porque estão convencidas de que conseguirão trabalhar com a liberdade de poder definir os próprios horários e o local do serviço noutros cantos. Há quem defenda que este não seja um fenômeno apenas de gente com profissões bem pagas mas algo que atinja de forma mais generalizada muitos nas novas gerações. A vontade de ter mais controle e flexibilidade sobre a própria vida.

É uma transformação cultural que o digital permite, que foi acelerada pela experiência da pandemia, e que impacta diretamente os fluxos de produtos. Mais do que isso — o aumento da demanda e o gargalo na oferta está gerando inflação por toda parte. Na Alemanha, pela primeira vez desde a unificação do país, passou de 4% ao ano. No Brasil, em que o dólar vem sendo mantido artificialmente alto, passou dos 10%. A Argentina já ordenou congelamento do preço de produtos.

Como resolver?

A Era Industrial acabou, a Era Digital está nascendo — mas não está pronta. A solução do problema passa por muitos caminhos. Um, evidentemente, é o fim da pandemia. Não sabemos o quanto das mudanças de comportamento são definitivas ou temporárias. Talvez seja necessário um ajuste salarial em determinadas profissões. Talvez baste a pressão das contas por pagar para que estes empregos voltem a ser preenchidos. Ou talvez a solução passe por reorganizar o trabalho — aumento do número de folgas em troca de menores salários, por exemplo.

Não é só: inúmeros países já compreenderam que a próxima década é uma que exigirá pesados investimentos em infraestrutura. Ampliar os portos que existem, erguer novos, melhorar a teia de estradas de rodagem e de ferro pelos países. Estes gastos, fatalmente, não serão apenas na ampliação mas também em sustentabilidade. As estruturas precisarão emitir menos carbono. E, ao redor da infraestrutura física, inteligência artificial será cada vez mais empregada para tornar os fluxos de idas e vindas mais eficientes. Um just in time aperfeiçoado.

Não basta — outro dos cálculos sendo feitos é de que a globalização precisa ser ampliada e descentralizada. O Vietnã, por exemplo, está parado faz um mês por conta da variante Delta da Covid. O surto lá tem razão de ser: de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, apenas 17% dos vietnamitas haviam sido vacinados com as duas doses até a última quarta-feira. Há um mês este número não chegava a 4%. O Brasil, em comparação, já tinha 47% da população plenamente vacinada na quarta.

É assim no mundo todo: países mais pobres têm tido dificuldades de obter vacinas enquanto os mais ricos têm doses extras em estoque.

Só que o Vietnã é, também, o quarto maior fabricante de roupas e sapatos do mundo. É o segundo maior exportador de roupas para os EUA, que é o maior importador do mundo. Desta forma, se o Vietnã para em setembro e outubro, as lojas de roupas americanas não terão o que vender no Natal. Enquanto isso, navios começam a engarrafar os portos vietnamitas. Quando forem carregados, chegarão todos de uma vez.

Esta dinâmica tem se repetido em toda a cadeia, em inúmeras indústrias, no último ano e meio. É irônico, mas uma das características do processo de globalização é que ele concentrou a manufatura num pedaço da Ásia. As próximas décadas provavelmente levarão ao aumento de concorrência: uma oportunidade para a África e para a América Latina.

Esta é uma política que, no caso latino-americano, Washington gostaria de incentivar. Os EUA precisam e desejam diminuir sua dependência da China. O principal obstáculo é que a cultura econômica latino-americana é uma de mercados fechados e estas barreiras ao comércio exterior dificultam a criação de grandes parques manufatureiros que possam competir com os de países asiáticos.

Mas a oportunidade que está na mesa. Afinal, a globalização quebrou. O conserto é mais globalização
https://onovonormal.blog/2021/10/17/a-g ... o-quebrou/

Re: Capitalismo

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Estréia marcada:

Linhas Cruzadas | Os efeitos colaterais do capitalismo | 18/05/2023
O #LinhasCruzadas desta semana debate o modelo econômico mais conhecido e controverso do mundo, o capitalismo.

Thaís Oyama e Luiz Felipe Pondé discutem a origem histórica do modelo, e como ele se tornou tão popular e presente em quase todo o globo. O capitalismo está se transformando ao longo do tempo? Ele corre o risco de acabar? Há alguma alternativa?

youtu.be/2RZ89XHsdVQ

Re: Capitalismo

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Como Funciona O Capitalismo? Entenda o que é Capitalismo!

youtu.be/Ij0q6X4evfs

Este vídeo tem uma definição.
A falha da definição na prática é falta de "sistema competitivo" e falta de capital dos pobres.

Re: Capitalismo

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

A Lógica Insustentável do Modelo Capitalista

youtu.be/Q_iRpMPYtro
Os trabalhadores ganham pouco e não conseguem comprar tudo que é produzido => pegam empréstimo bancário para poder comprar => depois a dívida estoura dando origem a crises econômicas

Bancos criam fundos de investimentos financiados por pessoas físicas para ser credor do empréstimo. Assim a inadimplência só afeta os cotistas dos fundos.

Re: Capitalismo

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Tutu escreveu:
Qui, 07 Novembro 2024 - 18:48 pm
A Lógica Insustentável do Modelo Capitalista

youtu.be/Q_iRpMPYtro
Os trabalhadores ganham pouco e não conseguem comprar tudo que é produzido => pegam empréstimo bancário para poder comprar => depois a dívida estoura dando origem a crises econômicas

Bancos criam fundos de investimentos financiados por pessoas físicas para ser credor do empréstimo. Assim a inadimplência só afeta os cotistas dos fundos.
O capitalismo parecer ter contradições e efeitos colaterais, mas as alternativas puramente coletivistas (comunismo / socialismo) que apresentam não conseguiram se estabelecer por muito tempo. Tem o estado de bem-estar social, que alguns críticos dizem, algo tipo, que só se mantém porque tem arrecadação obtida com livre mercado pra sustentar isso, mas que isso não se manteria por muito tempo.

Re: Capitalismo

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Agnoscetico escreveu:
Sáb, 09 Novembro 2024 - 01:59 am
O capitalismo parecer ter contradições e efeitos colaterais, mas as alternativas puramente coletivistas (comunismo / socialismo) que apresentam não conseguiram se estabelecer por muito tempo.
Tem o Distributismo também.
Tem o estado de bem-estar social, que alguns críticos dizem, algo tipo, que só se mantém porque tem arrecadação obtida com livre mercado pra sustentar isso, mas que isso não se manteria por muito tempo.
O Estado de bem-estar social consegue funcionar desde que funcione como uma espécie de seguro, ou seja, sem parasitismo e com porta de saída. O problema é que viola liberdade no sentido de impostos e a prestação de serviços não é economicamente eficiente.

O que coloco o modelo europeu em risco é o crescimento do parasitismo e os gastos com imigrantes. Vários países nos últimos 15 anos adotaram atrocidades como salário mínimo obrigatório e pagamento de renda mínima. Há um crescimento em regulamentações paranoicas ou ideológicas. O pior é gastar com imigrantes, porque atrai parasitas e eles não pagam impostos. Isso é equivalente a um plano de saúde pagar pela saúde de terceiros, que não são cliente. Não tem como funcionar.

Em países subdesenvolvidos, Estado de bem-estar social trava o desenvolvimento econômico, porque são gastos permanentes e não sobra para investimentos.

Eu considero importante reformas permanentes para que a pessoa tenha independência e seja mais produtiva. No caso do Brasil, a prioridade dos gastos públicos deveria ir para infraestrutura. Depois dessa fase, a construção de moradias para tirar pessoas de ruas, favelas e aluguel.

Re: Capitalismo

Huxley
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Mensagem por Huxley »

A propaganda dos socialistas de direita no Ocidente segue a pleno vapor e perpetuando mitos. Eles adoram repetir ad nauseaum suas mentiras sobre um de seus bodes expiatórios prediletos para estagnação econômica: os imigrantes.

Como eu já disse nesse fórum, a composição de imigrantes na população residente da Irlanda é de 17%. Eu perguntei ao Copilot sobre a composição de imigrantes na população residente da zona da UE e ele disse que era 8,4%. Ainda segundo o Copilot, os valores para Nova Zelândia e Singapura são de 27,17% e 37,1% (!) respectivamente.
Huxley escreveu:
Dom, 30 Julho 2023 - 01:02 am
Pior ainda é relacionar essa história fictícia a imigração. O país que mais cresceu economicamente na Europa Ocidental nas últimas décadas é um que é chamado de “tigre celta”, isto é, a Irlanda, um país com 17% de estrangeiros na população (e aumentando): http://www.clubeceticismo.com.br/viewto ... d43#p31421 Casos semelhantes ou mais extremos também acontecem em países desenvolvidos de outros continentes, como Singapura e Nova Zelândia.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Agnoscetico »

Tutu escreveu:
Sáb, 09 Novembro 2024 - 11:38 am
Agnoscetico escreveu:
Sáb, 09 Novembro 2024 - 01:59 am
O capitalismo parecer ter contradições e efeitos colaterais, mas as alternativas puramente coletivistas (comunismo / socialismo) que apresentam não conseguiram se estabelecer por muito tempo.
Tem o Distributismo também.
Esse aí ta parecendo o velho assistencialismo com outro nome, estilo Robin Hood, rouba dos ricos pra supostamente dar aos pobres.

E esqueci de mencionar o cooperativismo, que seria parte coletivista com membros participantes da gestão (autogestão), mas parte capitalista ou mercantilista, quando vendem o produto ou serviço.

E ainda tem uma que descobri agora pouco que se encaixa mais ou menos na descrição acima, mas como o socialismo na Ioguslávia se dissolveu, não dá pra dizer que, se foi bem-sucedida, se ia servir pra dura mais e ser mais estável:
Autogestão socialista

https://pt.wikipedia.org/wiki/Autogest% ... socialista

A autogestão socialista ou socialismo autogovernado foi uma forma de autogestão dos trabalhadores usada como modelo social e econômico formulado pelo Partido Comunista da Iugoslávia. Foi instituído por lei em 1950 e durou na República Socialista Federativa da Iugoslávia até 1990, pouco antes de sua dissolução em 1992.

O principal objetivo era passar a gestão das empresas para as mãos dos trabalhadores e separar a gestão do Estado e foi ainda mais solidificado por lei na Constituição Iugoslava de 1974. Pretendia também demonstrar a viabilidade de uma “terceira via” entre os Estados Unidos capitalistas e a União Soviética socialista.

Baseado na alocação baseada no mercado, na propriedade social dos meios de produção e na autogestão dentro das empresas, este sistema substituiu o antigo planeamento central de tipo soviético da Iugoslávia.

Re: Capitalismo

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Não é para distribuir como esmola a riqueza que uns poucos geram até ela acabar e sim garantir que todos gerem sua própria riqueza continuamente.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Tutu »

Economia Pós-Escassez

youtu.be/iTw2eepqEqE

Hoje existe produção de recursos para satisfazer todas as necessidades humanas. Mas quem tem poder político ou econômico desvia recursos que poderiam ir para o bem dos outros para os próprios interesses particulares.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Huxley »

Tutu escreveu:
Ter, 17 Dezembro 2024 - 14:26 pm
Economia Pós-Escassez

youtu.be/iTw2eepqEqE

Hoje existe produção de recursos para satisfazer todas as necessidades humanas. Mas quem tem poder político ou econômico desvia recursos que poderiam ir para o bem dos outros para os próprios interesses particulares.
Dizer que existe produção para satisfazer todas as necessidades humanas só porque o PIB per capita mundial é relativamente alto é como dizer que um homem de 1,70 m de altura que não sabe nadar ou boiar consegue atravessar a pé um rio caudaloso enorme sem se afogar só porque o rio tem em média 1,20m de profundidade.

Re: Capitalismo

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Tutu escreveu:
Ter, 17 Dezembro 2024 - 14:26 pm
Hoje existe produção de recursos para satisfazer todas as necessidades humanas. Mas quem tem poder político ou econômico desvia recursos que poderiam ir para o bem dos outros para os próprios interesses particulares.
O que é "satisfazer todas as necessidades humanas"? Quem define o que elas são?

Seria tão fácil assim convencer as pessoas a abdicar daquilo que lhes dá algum prazer para que outras pessoas vivam melhor?
Tipo não frequentar barzinhos com a turma, comer só o mínimo necessário, contentar-se com uma TV pequena, andar de ônibus em vez de carro etc.?

Sem falar em que isso implica em que os que produzem entreguem o fruto de seu trabalho a quem não trabalhou.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Huxley »

Fernando Silva escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 08:12 am
Tutu escreveu:
Ter, 17 Dezembro 2024 - 14:26 pm
Hoje existe produção de recursos para satisfazer todas as necessidades humanas. Mas quem tem poder político ou econômico desvia recursos que poderiam ir para o bem dos outros para os próprios interesses particulares.
O que é "satisfazer todas as necessidades humanas"? Quem define o que elas são?

Seria tão fácil assim convencer as pessoas a abdicar daquilo que lhes dá algum prazer para que outras pessoas vivam melhor?
Tipo não frequentar barzinhos com a turma, comer só o mínimo necessário, contentar-se com uma TV pequena, andar de ônibus em vez de carro etc.?

Sem falar em que isso implica em que os que produzem entreguem o fruto de seu trabalho a quem não trabalhou.
Não gosto de dar esse tipo de resposta, pois ela já leva em conta a pressuposição oculta absurda de que é viável o "De cada um, de acordo com suas habilidades; a cada um, de acordo com suas necessidades". Os capitalistas e trabalhadores mais ricos produzem o que produzem hoje apenas porque, ao longo do tempo, esperaram que não seriam obrigados as satisfazer todas necessidades de todos os habitantes por meio do distributivismo. Se existisse um sistema econômico mágico que garantisse o suprimento de todas as necessidades de todos os habitantes do mundo, muitos desses capitalistas e trabalhadores nem se esforçariam para se tornarem ricos, pois bastaria cruzar os braços e esperar a caridade do sistema econônico mágico.

Re: Capitalismo

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Fernando Silva escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 08:12 am
O que é "satisfazer todas as necessidades humanas"? Quem define o que elas são?
Quem define é a biologia: Alimentação, moradia, vestuário, tratamento de saúde, segurança.
Seria tão fácil assim convencer as pessoas a abdicar daquilo que lhes dá algum prazer para que outras pessoas vivam melhor?
Tipo não frequentar barzinhos com a turma, comer só o mínimo necessário, contentar-se com uma TV pequena, andar de ônibus em vez de carro etc.?
Mudando um pouco de assunto.
A resposta é não.
Existe a crise ambiental, mas ninguém quer deixar de andar de carro para andar de busão.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Fernando Silva »

Huxley escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 10:45 am
Fernando Silva escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 08:12 am
Tutu escreveu:
Ter, 17 Dezembro 2024 - 14:26 pm
Hoje existe produção de recursos para satisfazer todas as necessidades humanas. Mas quem tem poder político ou econômico desvia recursos que poderiam ir para o bem dos outros para os próprios interesses particulares.
O que é "satisfazer todas as necessidades humanas"? Quem define o que elas são?

Seria tão fácil assim convencer as pessoas a abdicar daquilo que lhes dá algum prazer para que outras pessoas vivam melhor?
Tipo não frequentar barzinhos com a turma, comer só o mínimo necessário, contentar-se com uma TV pequena, andar de ônibus em vez de carro etc.?

Sem falar em que isso implica em que os que produzem entreguem o fruto de seu trabalho a quem não trabalhou.
Não gosto de dar esse tipo de resposta, pois ela já leva em conta a pressuposição oculta absurda de que é viável o "De cada um, de acordo com suas habilidades; a cada um, de acordo com suas necessidades". Os capitalistas e trabalhadores mais ricos produzem o que produzem hoje apenas porque, ao longo do tempo, esperaram que não seriam obrigados as satisfazer todas necessidades de todos os habitantes por meio do distributivismo. Se existisse um sistema econômico mágico que garantisse o suprimento de todas as necessidades de todos os habitantes do mundo, muitos desses capitalistas e trabalhadores nem se esforçariam para se tornarem ricos, pois bastaria cruzar os braços e esperar a caridade do sistema econônico mágico.
Já comentei em algum lugar: se o padeiro perceber que seus clientes reduziram o consumo de pães, o que ele fará:
- Vai continuar produzindo a mesma quantidade e dará a sobra aos pobres?
- Ou vai reduzir a produção para se adaptar ao consumo menor?

Re: Capitalismo

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Tutu escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 11:02 am
Fernando Silva escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 08:12 am
O que é "satisfazer todas as necessidades humanas"? Quem define o que elas são?
Quem define é a biologia: Alimentação, moradia, vestuário, tratamento de saúde, segurança.
"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte" (Titãs).

Um passarinho na gaiola tem todas as suas necessidades biológicas satisfeitas: comida, água, moradia, segurança.
Isto não basta, nem para o passarinho nem para seres humanos.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Tutu »

Fernando Silva escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 16:00 pm
"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte" (Titãs).

Um passarinho na gaiola tem todas as suas necessidades biológicas satisfeitas: comida, água, moradia, segurança.
Isto não basta, nem para o passarinho nem para seres humanos.
Obviamente, liberdade também.
Arte precisa só de liberdade. Qualquer coisa pode ser arte, apesar da qualidade.

Diversão é algo subjetivo e depende muito da cultura. As pessoas querem a forma de diversão mais cara possível, mas é possível atingir o mesmo resultado sem pagar um tostão. Precisa só de um ambiente social saudável e um espaço físico tranquilo e limpo e então a criatividade dará uso. Uma pessoa jogando futebol tem mais diversão do que uma acelerando um Porshe num autódromo, sem falar da dor de cabeça com a manutenção e bebedeira do carro.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Huxley »

Tutu escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 17:52 pm
Fernando Silva escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 16:00 pm
"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte" (Titãs).

Um passarinho na gaiola tem todas as suas necessidades biológicas satisfeitas: comida, água, moradia, segurança.
Isto não basta, nem para o passarinho nem para seres humanos.
Obviamente, liberdade também.
Arte precisa só de liberdade. Qualquer coisa pode ser arte, apesar da qualidade.

Diversão é algo subjetivo e depende muito da cultura. As pessoas querem a forma de diversão mais cara possível, mas é possível atingir o mesmo resultado sem pagar um tostão. Precisa só de um ambiente social saudável e um espaço físico tranquilo e limpo e então a criatividade dará uso. Uma pessoa jogando futebol tem mais diversão do que uma acelerando um Porshe num autódromo, sem falar da dor de cabeça com a manutenção e bebedeira do carro.
As utilidades de todos os bens econômicos são subjetivas, o que implica que o conceito "minhas necessidades biológicas" também é subjetivo. Em saúde, pode se referir tanto a um acesso a um plano de saúde básico como um seguro saúde que cobre tratamento de todos os cânceres e todas as principais doenças fatais. Em segurança, pode se referir a ter acesso só a polícia da segurança pública como ter acesso a polícia, uma equipe privada de vigilância 24 horas, sistema de câmeras/sensores na residência, carro blindado, seguro antissequestro e todos os seguros patrimoniais possíveis contra roubos e sinistros.

E é justamente porque "diversão é algo subjetivo" que os lazeres mais caros podem não fazer falta para você, mas faz para muitas outras pessoas. O que leva a conclusão que não existe métrica precisa para estimar o que satisfaz todas as necessidades humanas de todos os habitantes do mundo.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Tutu »

Huxley escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 18:59 pm
As utilidades de todos os bens econômicos são subjetivas, o que implica que o conceito "minhas necessidades biológicas" também é subjetivo. Em saúde, pode se referir tanto a um acesso a um plano de saúde básico como um seguro saúde que cobre tratamento de todos os cânceres e todas as principais doenças fatais. Em segurança, pode se referir a ter acesso só a polícia da segurança pública como ter acesso a polícia, uma equipe privada de vigilância 24 horas, sistema de câmeras/sensores na residência, carro blindado, seguro antissequestro e todos os seguros patrimoniais possíveis contra roubos e sinistros.
Isso é o nível de como a necessidade é atendida, mas o que está em discussão é a satisfação do básico. Muita gente não tem nem comida e nem plano de saúde enquanto outras tem banquete e seguros que cobrem tudo. A crítica original é o atendimento das necessidades no nível essencial, para não passar fome e não morrer por doença fácil de curar. Coisas como seguro para câncer raro e segurança 24 horas já são outro nível e são muito caros. Assim seriam somente um plus.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Huxley »

Isso é o nível de como a necessidade é atendida, mas o que está em discussão é a satisfação do básico. Muita gente não tem nem comida e nem plano de saúde enquanto outras tem banquete e seguros que cobrem tudo. A crítica original é o atendimento das necessidades no nível essencial, para não passar fome e não morrer por doença fácil de curar. Coisas como seguro para câncer raro e segurança 24 horas já são outro nível e são muito caros. Assim seriam somente um plus.
Mas aí é que está o problema. Os capitalistas e trabalhadores que ganham abaixo, próximo ou moderadamente acima da renda que compra o básico só produzem o que produzem atualmente pois não têm a garantia desse básico em todos os meses de sua vida. Se esse básico estivesse garantido por um sistema econômico mágico, aí eles geralmente teriam o incentivo para cruzar os braços e apenas esperar receber esse básico que cairia do céu. Já os capitalistas e trabalhadores que ganham muito acima da renda que compra o básico só produzem o que produzem atualmente porque não têm metas de garantir o básico para todos os habitantes do mundo em todos os meses. Pois se eles tivessem essa meta, eles teriam a obrigação hercúlea de remunerar suficientemente não só aqueles indivíduos com capacidades produtivas de pobres, mas todos aqueles indivíduos relativamente produtivos que só querem pegar carona no sistema econômico mágico que garante o básico. E a gente sabe como isso termina: menos recompensa, menos esforço produtivo.

Ademais, distributivismo não é mágica também porque os recursos públicos não são distribuídos por santos e anjos sapientíssimos, mas por por políticos e burocratas do mundo real, não do mundo idealizado. Os recursos se perdem em meio a captura de privilégios sociais, corrupção e ineficiência dos políticos e burocratas.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 18:59 pm
As utilidades de todos os bens econômicos são subjetivas, o que implica que o conceito "minhas necessidades biológicas" também é subjetivo. Em saúde, pode se referir tanto a um acesso a um plano de saúde básico como um seguro saúde que cobre tratamento de todos os cânceres e todas as principais doenças fatais.
Necessidade não é subjetiva, é objetiva. Se não comer, morre; sem prevenção e manutenção da saúde, tem piora na qualidade de vida e/ou morre.
Até mesmo ter um carro entra na questão da necessidade, pois com um carro se pode ir direto a certo lugar com roteiro personalizado sem ter que esperar transporte público (também necessário, mas limitado)

Quando as pessoas usam um bem que é necessário, por padrão, mas num momento desnecessário (diversão, etc), aí deixa de ser necessidade. Usar um carro pra apenas pra passeio mas não pra resolve questões necessárias, não é necessidade; ter um carro de grife apenas pra se exibir, não é necessidade, carro tendo o básico pra locomoção com segurança e desempenho já seria suficiente; comer doces, salgados, etc, sem ter fome (não confundir com apetite), após ter feito refeição, apenas porque gosta, não é necessidade - tem alimentos de origem vegetal, animal, mineral e de fungos, muito mais nutritivos que muitas guloseimas, mas que tem gosto ruim ou menos apetitivo.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Fernando Silva »

Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 09:45 am
Huxley escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 18:59 pm
As utilidades de todos os bens econômicos são subjetivas, o que implica que o conceito "minhas necessidades biológicas" também é subjetivo. Em saúde, pode se referir tanto a um acesso a um plano de saúde básico como um seguro saúde que cobre tratamento de todos os cânceres e todas as principais doenças fatais.
Necessidade não é subjetiva, é objetiva. Se não comer, morre; sem prevenção e manutenção da saúde, tem piora na qualidade de vida e/ou morre.
Até mesmo ter um carro entra na questão da necessidade, pois com um carro se pode ir direto a certo lugar com roteiro personalizado sem ter que esperar transporte público (também necessário, mas limitado)

Quando as pessoas usam um bem que é necessário, por padrão, mas num momento desnecessário (diversão, etc), aí deixa de ser necessidade. Usar um carro pra apenas pra passeio mas não pra resolve questões necessárias, não é necessidade; ter um carro de grife apenas pra se exibir, não é necessidade, carro tendo o básico pra locomoção com segurança e desempenho já seria suficiente; comer doces, salgados, etc, sem ter fome (não confundir com apetite), após ter feito refeição, apenas porque gosta, não é necessidade - tem alimentos de origem vegetal, animal, mineral e de fungos, muito mais nutritivos que muitas guloseimas, mas que tem gosto ruim ou menos apetitivo.
Tente convencer as pessoas de que elas devem se conformar em viver só com o indispensável ...

Re: Capitalismo

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Mensagem por Huxley »

Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 09:45 am
Huxley escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 18:59 pm
As utilidades de todos os bens econômicos são subjetivas, o que implica que o conceito "minhas necessidades biológicas" também é subjetivo. Em saúde, pode se referir tanto a um acesso a um plano de saúde básico como um seguro saúde que cobre tratamento de todos os cânceres e todas as principais doenças fatais.
Necessidade não é subjetiva, é objetiva. Se não comer, morre; sem prevenção e manutenção da saúde, tem piora na qualidade de vida e/ou morre.
Até mesmo ter um carro entra na questão da necessidade, pois com um carro se pode ir direto a certo lugar com roteiro personalizado sem ter que esperar transporte público (também necessário, mas limitado)

Quando as pessoas usam um bem que é necessário, por padrão, mas num momento desnecessário (diversão, etc), aí deixa de ser necessidade. Usar um carro pra apenas pra passeio mas não pra resolve questões necessárias, não é necessidade; ter um carro de grife apenas pra se exibir, não é necessidade, carro tendo o básico pra locomoção com segurança e desempenho já seria suficiente; comer doces, salgados, etc, sem ter fome (não confundir com apetite), após ter feito refeição, apenas porque gosta, não é necessidade - tem alimentos de origem vegetal, animal, mineral e de fungos, muito mais nutritivos que muitas guloseimas, mas que tem gosto ruim ou menos apetitivo.
Não existe necessidade que independe do julgamento humano de utilidade, que é subjetivo. Até a sobrevivência de curto prazo como necessidade depende de respaldo do julgamento humano de utilidade. Suicidas convictos e pessoas que decidem pela eutanásia não tem a sobrevivência como necessidade, por exemplo. Nem mesmo a sobrevivência com saúde por tempo máximo é necessidade para a maioria das pessoas, já que a maioria não está disposta a fazer o necessário para ter expectativa de vida de aproximadamente 100 anos de idade. Tem pessoas que adoram consumir assiduamente junk food e decidem que viver menos tempo do que isso é melhor do que abrir mão do junk food.

A maioria das pessoas quer a sobrevivência e saúde de curto prazo, mas esse não é o conjunto total de necessidades humanas. Chamar lazer ou diversão de "não necessidade" só porque é adiável não tem o menor cabimento para descrever como uma generalização dos gostos dos humanos. Quase todas as pessoas vivem para o supérfluo. Atendimento das necessidades fisiológicas é só o meio, não o fim em si mesmo.
Editado pela última vez por Huxley em Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:48 pm, em um total de 1 vez.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:28 pm
Não existe necessidade que independe do julgamento humano de utilidade, que é subjetivo. Até a sobrevivência de curto prazo como necessidade depende de respaldo do julgamento humano de utilidade. Suicidas convictos e pessoas que decidem pela eutanásia não tem a sobrevivência como necessidade, por exemplo. Nem mesmo a sobrevivência com saúde por tempo máximo é necessidade para a maioria das pessoas, já que a maioria não está disposta a fazer o necessário para ter expectativa de vida de aproximadamente 100 anos de idade. Tem pessoas que adoram de junk food e decidem que viver menos tempo do que isso é melhor do que abrir mão do junk food.

A maioria das pessoas quer a sobrevivência e saúde de curto prazo, mas esse não é o conjunto total de necessidades humanas. Chamar lazer ou diversão de "não necessidade" só porque é adiável não tem o menor cabimento para descrever como uma generalização dos gostos dos humanos. Quase todas as pessoas vivem para o supérfluo. Atendimento das necessidades fisiológicas é só o meio, não o fim em si mesmo.
O quê?!
Não existe necessidade como respirar, comer e beber? Então fica sem comer, beber e respirar pra ver se vai ter morte subjetiva.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Agnoscetico »

Fernando Silva escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 14:21 pm
Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 09:45 am
Huxley escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 18:59 pm
As utilidades de todos os bens econômicos são subjetivas, o que implica que o conceito "minhas necessidades biológicas" também é subjetivo. Em saúde, pode se referir tanto a um acesso a um plano de saúde básico como um seguro saúde que cobre tratamento de todos os cânceres e todas as principais doenças fatais.
Necessidade não é subjetiva, é objetiva. Se não comer, morre; sem prevenção e manutenção da saúde, tem piora na qualidade de vida e/ou morre.
Até mesmo ter um carro entra na questão da necessidade, pois com um carro se pode ir direto a certo lugar com roteiro personalizado sem ter que esperar transporte público (também necessário, mas limitado)

Quando as pessoas usam um bem que é necessário, por padrão, mas num momento desnecessário (diversão, etc), aí deixa de ser necessidade. Usar um carro pra apenas pra passeio mas não pra resolve questões necessárias, não é necessidade; ter um carro de grife apenas pra se exibir, não é necessidade, carro tendo o básico pra locomoção com segurança e desempenho já seria suficiente; comer doces, salgados, etc, sem ter fome (não confundir com apetite), após ter feito refeição, apenas porque gosta, não é necessidade - tem alimentos de origem vegetal, animal, mineral e de fungos, muito mais nutritivos que muitas guloseimas, mas que tem gosto ruim ou menos apetitivo.
Tente convencer as pessoas de que elas devem se conformar em viver só com o indispensável ...
Ânsia, compulsão, desejo não são necessidades.

Re: Capitalismo

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Mensagem por Huxley »

Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:35 pm
Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:28 pm
Não existe necessidade que independe do julgamento humano de utilidade, que é subjetivo. Até a sobrevivência de curto prazo como necessidade depende de respaldo do julgamento humano de utilidade. Suicidas convictos e pessoas que decidem pela eutanásia não tem a sobrevivência como necessidade, por exemplo. Nem mesmo a sobrevivência com saúde por tempo máximo é necessidade para a maioria das pessoas, já que a maioria não está disposta a fazer o necessário para ter expectativa de vida de aproximadamente 100 anos de idade. Tem pessoas que adoram de junk food e decidem que viver menos tempo do que isso é melhor do que abrir mão do junk food.

A maioria das pessoas quer a sobrevivência e saúde de curto prazo, mas esse não é o conjunto total de necessidades humanas. Chamar lazer ou diversão de "não necessidade" só porque é adiável não tem o menor cabimento para descrever como uma generalização dos gostos dos humanos. Quase todas as pessoas vivem para o supérfluo. Atendimento das necessidades fisiológicas é só o meio, não o fim em si mesmo.
O quê?!
Não existe necessidade como respirar, comer e beber? Então fica sem comer, beber e respirar pra ver se vi ter morte subjetiva.
Leia direito antes de responder. Veja o contexto. Não pegue frases isoladas para distorcer o que eu disse.

Para um suicida convicto e quem decide por fazer a eutanásia, sobreviver não é uma necessidade.

E no longuíssimo prazo, a maioria não faz esforço sério para sobreviver até aproximadamente 100 anos. A maioria das pessoas não vê necessidade de sobreviver por tanto tempo, caso contrário tomariam as providências de saúde preventiva para tentar alcançar tal idade.
Editado pela última vez por Huxley em Qui, 19 Dezembro 2024 - 16:11 pm, em um total de 1 vez.

Re: Capitalismo

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Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:37 pm
Fernando Silva escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 14:21 pm
Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 09:45 am
Huxley escreveu:
Qua, 18 Dezembro 2024 - 18:59 pm
As utilidades de todos os bens econômicos são subjetivas, o que implica que o conceito "minhas necessidades biológicas" também é subjetivo. Em saúde, pode se referir tanto a um acesso a um plano de saúde básico como um seguro saúde que cobre tratamento de todos os cânceres e todas as principais doenças fatais.
Necessidade não é subjetiva, é objetiva. Se não comer, morre; sem prevenção e manutenção da saúde, tem piora na qualidade de vida e/ou morre.
Até mesmo ter um carro entra na questão da necessidade, pois com um carro se pode ir direto a certo lugar com roteiro personalizado sem ter que esperar transporte público (também necessário, mas limitado)

Quando as pessoas usam um bem que é necessário, por padrão, mas num momento desnecessário (diversão, etc), aí deixa de ser necessidade. Usar um carro pra apenas pra passeio mas não pra resolve questões necessárias, não é necessidade; ter um carro de grife apenas pra se exibir, não é necessidade, carro tendo o básico pra locomoção com segurança e desempenho já seria suficiente; comer doces, salgados, etc, sem ter fome (não confundir com apetite), após ter feito refeição, apenas porque gosta, não é necessidade - tem alimentos de origem vegetal, animal, mineral e de fungos, muito mais nutritivos que muitas guloseimas, mas que tem gosto ruim ou menos apetitivo.
Tente convencer as pessoas de que elas devem se conformar em viver só com o indispensável ...
Ânsia, compulsão, desejo não são necessidades.
Petição de princípio. "Satisfazer desejo não é necessidade para mim, logo também não é para as pessoas em geral". Argumento circular.

Re: Capitalismo

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:56 pm
Para um suicida convicto e quem decide por fazer a eutanásia, sobreviver não é uma necessidade.

E no longuíssimo prazo, a maioria não faz esforço sério para sobreviver até aproximadamente 100 anos. A maioria das pessoas não vê necessidade de sobreviver por tanto tempo, caso contrário tomariam as providências de saúde preventiva para tentar alcançar tal idade.
Off_topic:
Enquanto alguém pensa em suicídio as necessidades pra se manter vivos ainda continuam. Depois que se mata não tem mais necessidade, pois morto não precisa de nada pra continuar assim.

Se não faz esforço, mas ainda satisfaz as necessidades ainda que muito pouco mas suficiente pra sobreviver, também vale o que eu disse acima.

Eutanásia também não é necessidade, mesmo que a pessoa sofra muito. Só seria um alívio.
Se a pessoa for uma masoquista, a tal dor poderia não ser uma motivação pra eutanásia, talvez fosse o contrário, seria uma motivação pra continuar vivo.

Necessidade INDEPENDE da vontade, disposição da pessoa em querer viver, não sentir dor, etc. Necessidade se refere ao corpo e não a situação psicológica de interesse, vontade, sofrimento, etc, seja de origem física (dor, desconforto, etc).
Pra se manter vivo precisa se alimentar, beber, respirar, etc.
Aqui tem a diferença entre NECESSIDADE e MOTIVAÇÃO.
DEFINIÇÃO: Necessidade

1. carácter do que se precisa mesmo; carácter do que é indispensável ou imprescindível

Re: Capitalismo

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 18:22 pm
Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:56 pm
Para um suicida convicto e quem decide por fazer a eutanásia, sobreviver não é uma necessidade.

E no longuíssimo prazo, a maioria não faz esforço sério para sobreviver até aproximadamente 100 anos. A maioria das pessoas não vê necessidade de sobreviver por tanto tempo, caso contrário tomariam as providências de saúde preventiva para tentar alcançar tal idade.
Off_topic:
Enquanto alguém pensa em suicídio as necessidades pra se manter vivos ainda continuam. Depois que se mata não tem mais necessidade, pois morto não precisa de nada pra continuar assim.

Se não faz esforço, mas ainda satisfaz as necessidades ainda que muito pouco mas suficiente pra sobreviver, também vale o que eu disse acima.

Eutanásia também não é necessidade, mesmo que a pessoa sofra muito. Só seria um alívio.
Se a pessoa for uma masoquista, a tal dor poderia não ser uma motivação pra eutanásia, talvez fosse o contrário, seria uma motivação pra continuar vivo.

Necessidade INDEPENDE da vontade, disposição da pessoa em querer viver, não sentir dor, etc. Necessidade se refere ao corpo e não a situação psicológica de interesse, vontade, sofrimento, etc, seja de origem física (dor, desconforto, etc).
Pra se manter vivo precisa se alimentar, beber, respirar, etc.
Aqui tem a diferença entre NECESSIDADE e MOTIVAÇÃO.
DEFINIÇÃO: Necessidade

1. carácter do que se precisa mesmo; carácter do que é indispensável ou imprescindível
Essa definição que você colocou entre aspas refuta o quê mesmo? "necessidade = carácter do que é indispensável ou imprescindível". Isso tem tudo a ver com o que eu já disse. Já que falei em caráter do que é indispensável ou imprescindível ECONOMICAMENTE para HUMANOS. Veja o contexto em que a palavra "necessidade" foi usada. O ponto inicial da discussão foi a análise desta frase: "Hoje existe produção de recursos para satisfazer todas as necessidades humanas". Não é suficiente dizer que os bens econômicos de subsistência atendem as necessidades de continuidade da vida. As necessidades humanas atendidas por bens econômicos dependem da existência das vontades humanas para existirem.

Re: Capitalismo

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 19:17 pm
Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 18:22 pm
Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:56 pm
Para um suicida convicto e quem decide por fazer a eutanásia, sobreviver não é uma necessidade.

E no longuíssimo prazo, a maioria não faz esforço sério para sobreviver até aproximadamente 100 anos. A maioria das pessoas não vê necessidade de sobreviver por tanto tempo, caso contrário tomariam as providências de saúde preventiva para tentar alcançar tal idade.
Off_topic:
Enquanto alguém pensa em suicídio as necessidades pra se manter vivos ainda continuam. Depois que se mata não tem mais necessidade, pois morto não precisa de nada pra continuar assim.

Se não faz esforço, mas ainda satisfaz as necessidades ainda que muito pouco mas suficiente pra sobreviver, também vale o que eu disse acima.

Eutanásia também não é necessidade, mesmo que a pessoa sofra muito. Só seria um alívio.
Se a pessoa for uma masoquista, a tal dor poderia não ser uma motivação pra eutanásia, talvez fosse o contrário, seria uma motivação pra continuar vivo.

Necessidade INDEPENDE da vontade, disposição da pessoa em querer viver, não sentir dor, etc. Necessidade se refere ao corpo e não a situação psicológica de interesse, vontade, sofrimento, etc, seja de origem física (dor, desconforto, etc).
Pra se manter vivo precisa se alimentar, beber, respirar, etc.
Aqui tem a diferença entre NECESSIDADE e MOTIVAÇÃO.
DEFINIÇÃO: Necessidade

1. carácter do que se precisa mesmo; carácter do que é indispensável ou imprescindível
Essa definição que você colocou entre aspas refuta o quê mesmo? "necessidade = carácter do que é indispensável ou imprescindível". Isso tem tudo a ver com o que eu já disse. Já que falei em caráter do que é indispensável ou imprescindível ECONOMICAMENTE para HUMANOS. Veja o contexto em que a palavra "necessidade" foi usada. O ponto inicial da discussão foi a análise desta frase: "Hoje existe produção de recursos para satisfazer todas as necessidades humanas". Não é suficiente dizer que os bens econômicos de subsistência atendem as necessidades de continuidade da vida. As necessidades humanas atendidas por bens econômicos dependem da existência das vontades humanas para existirem.
Parece que essa discussão vai se prolongar além do IMPRESCINDÍVEL.

Não tem essa de imprescindível ECONOMICAMENTE, mas biologicamente.
Acúmulo de capitais não necessariamente ajuda ter acúmulo de bens.
Teve muitas crises econômicas causadas por especulação (como, por exemplo, "Mania das tulipas", "Pânico de 1837", "Pânico de 1873", "Pânico de 1893" , "Queda das Bolsa de valores de 1929", "Crise econômica mundial de 2007"), mas não necessariamente por falta de bens produzidos.
Sem contar que tem bens que acabando sendo desperdiçados, principalmente produção de produtos perecíveis, que se não forem consumidos logo, a produção é perdida.

Re: Capitalismo

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Agnoscetico escreveu:
Sex, 20 Dezembro 2024 - 00:50 am
Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 19:17 pm
Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 18:22 pm
Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:56 pm
Para um suicida convicto e quem decide por fazer a eutanásia, sobreviver não é uma necessidade.

E no longuíssimo prazo, a maioria não faz esforço sério para sobreviver até aproximadamente 100 anos. A maioria das pessoas não vê necessidade de sobreviver por tanto tempo, caso contrário tomariam as providências de saúde preventiva para tentar alcançar tal idade.
Off_topic:
Enquanto alguém pensa em suicídio as necessidades pra se manter vivos ainda continuam. Depois que se mata não tem mais necessidade, pois morto não precisa de nada pra continuar assim.

Se não faz esforço, mas ainda satisfaz as necessidades ainda que muito pouco mas suficiente pra sobreviver, também vale o que eu disse acima.

Eutanásia também não é necessidade, mesmo que a pessoa sofra muito. Só seria um alívio.
Se a pessoa for uma masoquista, a tal dor poderia não ser uma motivação pra eutanásia, talvez fosse o contrário, seria uma motivação pra continuar vivo.

Necessidade INDEPENDE da vontade, disposição da pessoa em querer viver, não sentir dor, etc. Necessidade se refere ao corpo e não a situação psicológica de interesse, vontade, sofrimento, etc, seja de origem física (dor, desconforto, etc).
Pra se manter vivo precisa se alimentar, beber, respirar, etc.
Aqui tem a diferença entre NECESSIDADE e MOTIVAÇÃO.
DEFINIÇÃO: Necessidade

1. carácter do que se precisa mesmo; carácter do que é indispensável ou imprescindível
Essa definição que você colocou entre aspas refuta o quê mesmo? "necessidade = carácter do que é indispensável ou imprescindível". Isso tem tudo a ver com o que eu já disse. Já que falei em caráter do que é indispensável ou imprescindível ECONOMICAMENTE para HUMANOS. Veja o contexto em que a palavra "necessidade" foi usada. O ponto inicial da discussão foi a análise desta frase: "Hoje existe produção de recursos para satisfazer todas as necessidades humanas". Não é suficiente dizer que os bens econômicos de subsistência atendem as necessidades de continuidade da vida. As necessidades humanas atendidas por bens econômicos dependem da existência das vontades humanas para existirem.
Parece que essa discussão vai se prolongar além do IMPRESCINDÍVEL.

Não tem essa de imprescindível ECONOMICAMENTE, mas biologicamente.
Acúmulo de capitais não necessariamente ajuda ter acúmulo de bens.
Teve muitas crises econômicas causadas por especulação (como, por exemplo, "Mania das tulipas", "Pânico de 1837", "Pânico de 1873", "Pânico de 1893" , "Queda das Bolsa de valores de 1929", "Crise econômica mundial de 2007"), mas não necessariamente por falta de bens produzidos.
Sem contar que tem bens que acabando sendo desperdiçados, principalmente produção de produtos perecíveis, que se não forem consumidos logo, a produção é perdida.
"Não tem essa de imprescindível ECONOMICAMENTE,". QUÁ, QUÁ, QUÁ, QUÁ. Numa economia capitalista, bens econômicos compram quase tudo de imprescindível - biologicamente ou não.

Tudo o que foi feito até aqui foi negar a existência das necessidades - e as variações de magnitude delas para cada um - que as pessoas em geral demonstram ter por meio de crença declarada e comportamento. Tudo baseado em petição de princípio. Isto é, partindo do pressuposto daquilo que deveria provar.

Re: Capitalismo

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Sex, 20 Dezembro 2024 - 10:53 am
Agnoscetico escreveu:
Sex, 20 Dezembro 2024 - 00:50 am
Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 19:17 pm
Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 18:22 pm
Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:56 pm
Para um suicida convicto e quem decide por fazer a eutanásia, sobreviver não é uma necessidade.

E no longuíssimo prazo, a maioria não faz esforço sério para sobreviver até aproximadamente 100 anos. A maioria das pessoas não vê necessidade de sobreviver por tanto tempo, caso contrário tomariam as providências de saúde preventiva para tentar alcançar tal idade.
Off_topic:
Enquanto alguém pensa em suicídio as necessidades pra se manter vivos ainda continuam. Depois que se mata não tem mais necessidade, pois morto não precisa de nada pra continuar assim.

Se não faz esforço, mas ainda satisfaz as necessidades ainda que muito pouco mas suficiente pra sobreviver, também vale o que eu disse acima.

Eutanásia também não é necessidade, mesmo que a pessoa sofra muito. Só seria um alívio.
Se a pessoa for uma masoquista, a tal dor poderia não ser uma motivação pra eutanásia, talvez fosse o contrário, seria uma motivação pra continuar vivo.

Necessidade INDEPENDE da vontade, disposição da pessoa em querer viver, não sentir dor, etc. Necessidade se refere ao corpo e não a situação psicológica de interesse, vontade, sofrimento, etc, seja de origem física (dor, desconforto, etc).
Pra se manter vivo precisa se alimentar, beber, respirar, etc.
Aqui tem a diferença entre NECESSIDADE e MOTIVAÇÃO.
DEFINIÇÃO: Necessidade

1. carácter do que se precisa mesmo; carácter do que é indispensável ou imprescindível
Essa definição que você colocou entre aspas refuta o quê mesmo? "necessidade = carácter do que é indispensável ou imprescindível". Isso tem tudo a ver com o que eu já disse. Já que falei em caráter do que é indispensável ou imprescindível ECONOMICAMENTE para HUMANOS. Veja o contexto em que a palavra "necessidade" foi usada. O ponto inicial da discussão foi a análise desta frase: "Hoje existe produção de recursos para satisfazer todas as necessidades humanas". Não é suficiente dizer que os bens econômicos de subsistência atendem as necessidades de continuidade da vida. As necessidades humanas atendidas por bens econômicos dependem da existência das vontades humanas para existirem.
Parece que essa discussão vai se prolongar além do IMPRESCINDÍVEL.

Não tem essa de imprescindível ECONOMICAMENTE, mas biologicamente.
Acúmulo de capitais não necessariamente ajuda ter acúmulo de bens.
Teve muitas crises econômicas causadas por especulação (como, por exemplo, "Mania das tulipas", "Pânico de 1837", "Pânico de 1873", "Pânico de 1893" , "Queda das Bolsa de valores de 1929", "Crise econômica mundial de 2007"), mas não necessariamente por falta de bens produzidos.
Sem contar que tem bens que acabando sendo desperdiçados, principalmente produção de produtos perecíveis, que se não forem consumidos logo, a produção é perdida.
"Não tem essa de imprescindível ECONOMICAMENTE,". QUÁ, QUÁ, QUÁ, QUÁ. Numa economia capitalista, bens econômicos compram quase tudo de imprescindível - biologicamente ou não.

Tudo o que foi feito até aqui foi negar a existência das necessidades - e as variações de magnitude delas para cada um - que as pessoas em geral demonstram ter por meio de crença declarada e comportamento. Tudo baseado em petição de princípio. Isto é, partindo do pressuposto daquilo que deveria provar.
Vai tentar vencer na base da insistência pra justificar que até consumismo seja definido como necessidade?
Ex: Alguém comprar um automóvel que tenha o básico (desempenho, segurança, etc) é questão de necessidade; comprar uma Ferrari só pra se exibir, não é necessidade.

Re: Capitalismo

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Agnoscetico escreveu:
Sex, 20 Dezembro 2024 - 15:19 pm
Vai tentar vencer na base da insistência pra justificar que até consumismo seja definido como necessidade?
Ex: Alguém comprar um automóvel que tenha o básico (desempenho, segurança, etc) é questão de necessidade; comprar uma Ferrari só pra se exibir, não é necessidade.
Consumismo por ostentação é um caso extremo de satisfazer uma necessidade psicológica (e não biológica), portanto uma distorção. O problema está nesse exagero.
Por outro lado, não é crime e pode ser compensado com impostos mais altos sobre bens exageradamente supérfluos.

Re: Capitalismo

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Agnoscetico escreveu:
Sex, 20 Dezembro 2024 - 15:19 pm
Huxley escreveu:
Sex, 20 Dezembro 2024 - 10:53 am
Agnoscetico escreveu:
Sex, 20 Dezembro 2024 - 00:50 am
Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 19:17 pm
Agnoscetico escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 18:22 pm
Huxley escreveu:
Qui, 19 Dezembro 2024 - 15:56 pm
Para um suicida convicto e quem decide por fazer a eutanásia, sobreviver não é uma necessidade.

E no longuíssimo prazo, a maioria não faz esforço sério para sobreviver até aproximadamente 100 anos. A maioria das pessoas não vê necessidade de sobreviver por tanto tempo, caso contrário tomariam as providências de saúde preventiva para tentar alcançar tal idade.
Off_topic:
Enquanto alguém pensa em suicídio as necessidades pra se manter vivos ainda continuam. Depois que se mata não tem mais necessidade, pois morto não precisa de nada pra continuar assim.

Se não faz esforço, mas ainda satisfaz as necessidades ainda que muito pouco mas suficiente pra sobreviver, também vale o que eu disse acima.

Eutanásia também não é necessidade, mesmo que a pessoa sofra muito. Só seria um alívio.
Se a pessoa for uma masoquista, a tal dor poderia não ser uma motivação pra eutanásia, talvez fosse o contrário, seria uma motivação pra continuar vivo.

Necessidade INDEPENDE da vontade, disposição da pessoa em querer viver, não sentir dor, etc. Necessidade se refere ao corpo e não a situação psicológica de interesse, vontade, sofrimento, etc, seja de origem física (dor, desconforto, etc).
Pra se manter vivo precisa se alimentar, beber, respirar, etc.
Aqui tem a diferença entre NECESSIDADE e MOTIVAÇÃO.
DEFINIÇÃO: Necessidade

1. carácter do que se precisa mesmo; carácter do que é indispensável ou imprescindível
Essa definição que você colocou entre aspas refuta o quê mesmo? "necessidade = carácter do que é indispensável ou imprescindível". Isso tem tudo a ver com o que eu já disse. Já que falei em caráter do que é indispensável ou imprescindível ECONOMICAMENTE para HUMANOS. Veja o contexto em que a palavra "necessidade" foi usada. O ponto inicial da discussão foi a análise desta frase: "Hoje existe produção de recursos para satisfazer todas as necessidades humanas". Não é suficiente dizer que os bens econômicos de subsistência atendem as necessidades de continuidade da vida. As necessidades humanas atendidas por bens econômicos dependem da existência das vontades humanas para existirem.
Parece que essa discussão vai se prolongar além do IMPRESCINDÍVEL.

Não tem essa de imprescindível ECONOMICAMENTE, mas biologicamente.
Acúmulo de capitais não necessariamente ajuda ter acúmulo de bens.
Teve muitas crises econômicas causadas por especulação (como, por exemplo, "Mania das tulipas", "Pânico de 1837", "Pânico de 1873", "Pânico de 1893" , "Queda das Bolsa de valores de 1929", "Crise econômica mundial de 2007"), mas não necessariamente por falta de bens produzidos.
Sem contar que tem bens que acabando sendo desperdiçados, principalmente produção de produtos perecíveis, que se não forem consumidos logo, a produção é perdida.
"Não tem essa de imprescindível ECONOMICAMENTE,". QUÁ, QUÁ, QUÁ, QUÁ. Numa economia capitalista, bens econômicos compram quase tudo de imprescindível - biologicamente ou não.

Tudo o que foi feito até aqui foi negar a existência das necessidades - e as variações de magnitude delas para cada um - que as pessoas em geral demonstram ter por meio de crença declarada e comportamento. Tudo baseado em petição de princípio. Isto é, partindo do pressuposto daquilo que deveria provar.
Vai tentar vencer na base da insistência pra justificar que até consumismo seja definido como necessidade?
Ex: Alguém comprar um automóvel que tenha o básico (desempenho, segurança, etc) é questão de necessidade; comprar uma Ferrari só pra se exibir, não é necessidade.
Quase ninguém no mundo tem Ferrari, então o exemplo de possuir Ferrari é irrelevante para comprovar que as pessoas em geral não tem necessidades além das biológicas.

Re: Capitalismo

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

O QUE É TECNOFEUDALISMO E O FIM DO CAPITALISMO

youtu.be/nhc8lYJFJHE

De acordo com o economista Yanis Varoufakis, o capitalismo tradicional está acabando e agora as empresas gigantes de tecnologia são os novos senhores feudais digitais.
Elas tem domínio dos dados e conhece os usuários melhor do que os próprios.
Antes era terras, hoje são dados.
Monitoram as atividades do usuários, sem privacidade e com limite de liberdade. A extração de dados é o ativo de mais valor.

A globalização levou à concentração de riqueza nas mãos de poucos.

Fluxo de capital nas big three: Black Rock, Vanguard e State Street.

Re: Capitalismo

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

The Great American Protest
https://www.reddit.com/r/Anticonsumptio ... st_edited/

Uma campanha online de boicote contra as grandes empresas exploradoras.
Pede para deletar contas no Facebook, Instagram, X e Tiktok.
Não comprar na Amazon e cancelar serviços de stream.
Também pede para boicotar marcas gigantes de junk food (como Coca Cola).

A coisa mais absurda que vi é que parece que nos EUA existe uma lei proibindo agricultores de usarem as sementes das próprias colheitas. Eles são obrigados a comprar sementes patenteadas.

Re: Capitalismo

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Tutu escreveu:
Qua, 22 Janeiro 2025 - 23:05 pm
The Great American Protest
https://www.reddit.com/r/Anticonsumptio ... st_edited/

Uma campanha online de boicote contra as grandes empresas exploradoras.
Pede para deletar contas no Facebook, Instagram, X e Tiktok.
Não comprar na Amazon e cancelar serviços de stream.
Também pede para boicotar marcas gigantes de junk food (como Coca Cola).

A coisa mais absurda que vi é que parece que nos EUA existe uma lei proibindo agricultores de usarem as sementes das próprias colheitas. Eles são obrigados a comprar sementes patenteadas.

EU

Verifique os fatos:

"parece que nos EUA existe uma lei proibindo agricultores de usarem as sementes das próprias colheitas. Eles são obrigados a comprar sementes patenteadas.

chatgpt.com (SEM PESQUISAR PELA WEB)

A afirmação de que existe uma lei nos Estados Unidos proibindo os agricultores de usarem as sementes das próprias colheitas não está inteiramente correta, mas é baseada em um conceito real relacionado a patentes de sementes.

Nos EUA, as sementes de muitas culturas agrícolas são patenteadas por empresas, especialmente as sementes geneticamente modificadas. A Monsanto (agora parte da Bayer) é um exemplo proeminente de empresa que patenta suas sementes. Quando os agricultores compram essas sementes, eles concordam com um contrato que, muitas vezes, os proíbe de salvar as sementes para a próxima plantação, ou seja, eles são obrigados a comprar sementes novas a cada safra. Isso ocorre devido às patentes que protegem os direitos de propriedade intelectual sobre as sementes, e não uma "lei" direta que proíbe o uso de sementes salvas.

Porém, a legislação dos EUA não proíbe os agricultores de salvar suas sementes em geral. A prática de guardar sementes para replantio foi uma tradição antiga. O que ocorre, de fato, é que as empresas que detêm as patentes dessas sementes criam contratos que limitam o uso de sementes salvas e as condições de compra, e isso pode gerar disputas legais caso esses termos sejam violados.

Esse tipo de controle sobre as sementes e a obrigação de comprar novas a cada safra é uma questão polêmica, que envolve direitos de propriedade intelectual, agricultura e economia.

chatgpt.com (COM PESQUISA PEA WEB)

Nos Estados Unidos, não há uma lei federal que proíba explicitamente os agricultores de utilizarem as sementes de suas próprias colheitas. No entanto, muitas sementes comerciais, especialmente as geneticamente modificadas, são protegidas por patentes detidas por empresas como a Monsanto. Essas patentes geralmente incluem cláusulas que restringem os agricultores de replantar sementes colhidas, obrigando-os a comprar novas sementes a cada safra. Em 2013, a Suprema Corte dos EUA decidiu a favor da Monsanto em um caso envolvendo um agricultor que reutilizou sementes patenteadas sem autorização, reforçando a validade dessas restrições contratuais. ([G1](https://g1.globo.com/mundo/noticia/2013 ... hatgpt.com))

Portanto, embora não exista uma lei que proíba diretamente o uso de sementes próprias, as proteções de patentes efetivamente impedem muitos agricultores de reutilizarem sementes de cultivares patenteadas, obrigando-os a adquirir novas sementes a cada plantio.

FONTES:

Suprema Corte dos EUA decide a favor da Monsanto em caso de patentes

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2013 ... hatgpt.com

Re: Capitalismo

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Agnoscetico escreveu:
Qui, 23 Janeiro 2025 - 12:29 pm
Essas patentes geralmente incluem cláusulas que restringem os agricultores de replantar sementes colhidas, obrigando-os a comprar novas sementes a cada safra. Em 2013, a Suprema Corte dos EUA decidiu a favor da Monsanto em um caso envolvendo um agricultor que reutilizou sementes patenteadas sem autorização, reforçando a validade dessas restrições contratuais.
Continua sendo um absurdo. Empresa privada começa a legislar e os tribunais decidem em favor da empresa.
Depois que comprou as sementes originais, elas são do agricultor. A empresa já ganhou na venda. Agora ela quer agir como legislador e ditar como o agricultor usará o produto.
Essa intervenção do Estado é "capitalismo sem livre mercado" ou "corporocracia".

Plantar, colher sementes e replantar não é roubar.

Re: Capitalismo

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Tutu escreveu:
Qui, 23 Janeiro 2025 - 15:40 pm
Agnoscetico escreveu:
Qui, 23 Janeiro 2025 - 12:29 pm
Essas patentes geralmente incluem cláusulas que restringem os agricultores de replantar sementes colhidas, obrigando-os a comprar novas sementes a cada safra. Em 2013, a Suprema Corte dos EUA decidiu a favor da Monsanto em um caso envolvendo um agricultor que reutilizou sementes patenteadas sem autorização, reforçando a validade dessas restrições contratuais.
Continua sendo um absurdo. Empresa privada começa a legislar e os tribunais decidem em favor da empresa.
Depois que comprou as sementes originais, elas são do agricultor. A empresa já ganhou na venda. Agora ela quer agir como legislador e ditar como o agricultor usará o produto.
Essa intervenção do Estado é "capitalismo sem livre mercado" ou "corporocracia".

Plantar, colher sementes e replantar não é roubar.
Aí ter que analisar esse caso. Eu não tenho uma conclusão, mas se, por exemplo, alguém compra um software pra uso próprio, ela teria direito de vender como se fosse ela a criadora? Se, por exemplo, alguém vender cópia do Windows sem ter direito autoral sobre ela, seria correto segundo o direito autoral?
Veja que não falo de revender, mas de vender como se fosse o criador.
O caso da semente foi modificada e não é algo encontrado ou produzido in natura ou feita cruzamento de seleção de melhores exemplares. O caso da semente é que, ela se reproduz ao ser cultivada, ao contrário do software, que seria reproduzida por cópia (CTRL + C >> CTRL + V).
Fica a questão.
Responder