Ditadura Militar de 1964

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Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

JJ_JJ escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:15 pm
Fernando Silva escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 11:27 am
Eu apresentei evidências de que havia guerrilheiros em treinamento no Brasil, com financiamento de Cuba e China, antes mesmo de 1964.
Apresentei artigos de jornais da época e links para sites de esquerda que confirmam isto.

A resposta foi que "eram movimentos insignificantes que não representavam perigo". Isto é uma admissão de que o perigo existia.
Mesmo que houvesse “guerrilheiros em treinamento no Brasil” :

1) Qual a quantidade ?

2) Cadê as provas ?

E supondo que seja verdade que havia “guerrilheiros em treinamento no Brasil” ,

A) Isto era crime ?

B) Se era crime, qual o procedimento legal a ser adotado ?

Consegue mostrar que isso era crime e consegue mostar qual o procedimento legal a ser adotado quando há suspeita de que um crime está sendo cometido ?
Sou de opinião que, se a própria esquerda fala desses guerrilheiros, então é verdade.
Ou devo supor que a esquerda acreditou na propaganda dos militares?

Sim, é crime, ainda mais porque eles já tinham começado a agir incendiando fazendas. E entendo que grupos armados planejando instalar uma ditadura são culpados até prova em contrário.

Não sei o que diz o código penal a respeito, mas também é preciso levar em conta, como também já disse, que a revolução cubana era recente e que havia gente dizendo abertamente que a intenção era fazer do Brasil uma nova Cuba para entender o clima de tensão da época.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:36 pm
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:11 pm
Tem umas figuras "interessantes" na história das ditaduras brasileiras

O Olimpio Mourão Filho inventou o plano cohen para a ditadura do Estado Novo, e depois esteve presente de novo na ditadura de 64.

Se tivesse um pingo de justiça no país, o bandido FDP já teria sido pendurado pelo pescoço em praça pública na primeira vez.

Já foi colocado aqui: geralmente a extrema esquerda toma o poder através de revolta armada, a extrema direita através de conspirações e inventando inimigos.
PLANO COHEN e a INTENTONA
O plano, supostamente apreendido pelas Forças Armadas, anunciava uma nova insurreição armada, semelhante à Intentona de 1935. A invasão comunista previa a agitação de operários e estudantes, a liberdade de presos políticos, o incêndio de casas e prédios públicos, manifestações populares que terminariam em saques e depredações, além da eliminação de autoridades civis e militares que se opusessem à tomada do poder.
https://www.sohistoria.com.br/ef2/eravargas/p4.php

.
Então a população preferiu abraçar a ditadura do Getúlio Vargas ao inferno comunista. Parece que temos mais um precedente, ora, ora.
.

Pena que o documento era falso, né? Os bandidos da extrema direita inventam inimigos e conspirações, como eu disse

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

JJ_JJ escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:18 pm
Fernando Silva escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 11:27 am
Quando Brizola incentivou a luta de classes dentro das Forças Armadas, jogando baixas patentes contra as altas, os militares não podiam ficar parados assistindo.
1) Brizola cometeu algum crime ? Qual o artigo do código penal da época que mostra realmente que o que o Brizola fez poderia ser realmente caracterizado como crime ?

2) Qual o procedimento legal que poderia ter sido adotado na suspeita de que o Brizola tivesse cometido tal crime ? O que a legislação da época prescrevia que deveria ser feito ?
Incitação à violência é crime.

Em nenhum lugar do mundo as forças armadas vão ficar inertes assistindo a bandidos tentarem semear a discórdia entre eles e o conflito interno.
A lição de 1917 foi aprendida.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 14:30 pm
Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:36 pm
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:11 pm
Tem umas figuras "interessantes" na história das ditaduras brasileiras

O Olimpio Mourão Filho inventou o plano cohen para a ditadura do Estado Novo, e depois esteve presente de novo na ditadura de 64.

Se tivesse um pingo de justiça no país, o bandido FDP já teria sido pendurado pelo pescoço em praça pública na primeira vez.

Já foi colocado aqui: geralmente a extrema esquerda toma o poder através de revolta armada, a extrema direita através de conspirações e inventando inimigos.
PLANO COHEN e a INTENTONA
O plano, supostamente apreendido pelas Forças Armadas, anunciava uma nova insurreição armada, semelhante à Intentona de 1935. A invasão comunista previa a agitação de operários e estudantes, a liberdade de presos políticos, o incêndio de casas e prédios públicos, manifestações populares que terminariam em saques e depredações, além da eliminação de autoridades civis e militares que se opusessem à tomada do poder.
https://www.sohistoria.com.br/ef2/eravargas/p4.php

.
Então a população preferiu abraçar a ditadura do Getúlio Vargas ao inferno comunista. Parece que temos mais um precedente, ora, ora.
Pena que o documento era falso, né? Os bandidos da extrema direita inventam inimigos e conspirações, como eu disse
A Coluna Prestes não existiu? Foi só mentira da direita?
A Intentona de 1935 não existiu? Fake news?

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:31 pm
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:05 pm
Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 11:48 am
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 11:39 am
O que se tem de números da época mostra que a violencia cresceu bastante no período, inclusive com membros das forças de segurança formando grupos criminosos.
Você está fazendo uma comparação entre o período PRÉ-ditadura com o período da ditadura. Eu estou fazendo uma comparação do período PÓS-ditadura com a ditadura. Ou seja, a criminalidade do regime brasileiro piorou a situação. Não entregou a promessa de paz, em muitos aspectos. Sou favorável à democracia, mas algo deve ter dado muito errado no caso do Brasil, já que o crime aumentou (não deveria).
Sim, eu comparo com o que se tinha antes. Se a criminalidade começou a aumentar na didatura, com formação de grupos criminosos infiltrados no estado, isso tem que ser dito.

E depois da ditadura passou a se poder noticiar os podres. Antes não existia pois não se podia falar a respeito.
.
A criminalidade continuou a escalada após a CF de 1988. A culpa é de quem, então? Colocar a culpa da existência do crime na polícia é um paradoxo inacreditável. Mais coerente falar que os democratas eleitos a partir 1988 eram incompetentes e corruptos. Muito mais plausível.
.
E precisou vir governos civis para começar a baixar os indices de criminalidade e controlar a inflação criada pelos bandidos que tomaram o poder em 1964.

E você está passando pano para policiais que criaram grupos de exterminio e começaram a se associar ao tráfico de drogas durante a ditadura, aumentando os índices de criminalidade. Isso não é ser policial.

Mas claro, denunciar isso na época seria "coisa de comunista."

Re: Ditadura Militar de 1964

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Frencisco Toucinho
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Mensagem por Frencisco Toucinho »

Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 14:34 pm
Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:31 pm
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:05 pm
Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 11:48 am
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 11:39 am
O que se tem de números da época mostra que a violencia cresceu bastante no período, inclusive com membros das forças de segurança formando grupos criminosos.
Você está fazendo uma comparação entre o período PRÉ-ditadura com o período da ditadura. Eu estou fazendo uma comparação do período PÓS-ditadura com a ditadura. Ou seja, a criminalidade do regime brasileiro piorou a situação. Não entregou a promessa de paz, em muitos aspectos. Sou favorável à democracia, mas algo deve ter dado muito errado no caso do Brasil, já que o crime aumentou (não deveria).
Sim, eu comparo com o que se tinha antes. Se a criminalidade começou a aumentar na didatura, com formação de grupos criminosos infiltrados no estado, isso tem que ser dito.

E depois da ditadura passou a se poder noticiar os podres. Antes não existia pois não se podia falar a respeito.
.
A criminalidade continuou a escalada após a CF de 1988. A culpa é de quem, então? Colocar a culpa da existência do crime na polícia é um paradoxo inacreditável. Mais coerente falar que os democratas eleitos a partir 1988 eram incompetentes e corruptos. Muito mais plausível.
.
E precisou vir governos civis para começar a baixar os indices de criminalidade e controlar a inflação criada pelos bandidos que tomaram o poder em 1964.

E você está passando pano para policiais que criaram grupos de exterminio e começaram a se associar ao tráfico de drogas durante a ditadura, aumentando os índices de criminalidade. Isso não é ser policial.

Mas claro, denunciar isso na época seria "coisa de comunista."
Não vou passar o pano. Se você acha assim, acerte com o Fernando. Acho que a ditadura militar foi melhor negócio que o comunismo que estava às portas. Só.

Aliás, o caso dos presos políticos é bem divulgado, mas não sabia desse negócio de envolvimento com o tráfico. Há como provar? ou é só conversa?

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 14:41 pm
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 14:34 pm
Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:31 pm
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:05 pm
Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 11:48 am
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 11:39 am
O que se tem de números da época mostra que a violencia cresceu bastante no período, inclusive com membros das forças de segurança formando grupos criminosos.
Você está fazendo uma comparação entre o período PRÉ-ditadura com o período da ditadura. Eu estou fazendo uma comparação do período PÓS-ditadura com a ditadura. Ou seja, a criminalidade do regime brasileiro piorou a situação. Não entregou a promessa de paz, em muitos aspectos. Sou favorável à democracia, mas algo deve ter dado muito errado no caso do Brasil, já que o crime aumentou (não deveria).
Sim, eu comparo com o que se tinha antes. Se a criminalidade começou a aumentar na didatura, com formação de grupos criminosos infiltrados no estado, isso tem que ser dito.

E depois da ditadura passou a se poder noticiar os podres. Antes não existia pois não se podia falar a respeito.
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A criminalidade continuou a escalada após a CF de 1988. A culpa é de quem, então? Colocar a culpa da existência do crime na polícia é um paradoxo inacreditável. Mais coerente falar que os democratas eleitos a partir 1988 eram incompetentes e corruptos. Muito mais plausível.
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E precisou vir governos civis para começar a baixar os indices de criminalidade e controlar a inflação criada pelos bandidos que tomaram o poder em 1964.

E você está passando pano para policiais que criaram grupos de exterminio e começaram a se associar ao tráfico de drogas durante a ditadura, aumentando os índices de criminalidade. Isso não é ser policial.

Mas claro, denunciar isso na época seria "coisa de comunista."
Não vou passar o pano. Se você acha assim, acerte com o Fernando. Acho que a ditadura militar foi melhor negócio que o comunismo que estava às portas. Só.

Aliás, o caso dos presos políticos é bem divulgado, mas não sabia desse negócio de envolvimento com o tráfico. Há como provar? ou é só conversa?
Vejo como outra falsa dualidade: tínhamos que escolher entre uma ditadura ou outra. Você está confiando na palavra de bandidos como o Mourão Filho, que para o primeiro golpe de estado inventou que havia uma conspiração dos judeus e dos comunistas para tomar o Brasil.

De gente que realizou atentado terrorista contra a própria população (todo mundo que defende a bandidagem da ditadura finge que não vê quando isso é levantado).

De novo: é como se uma teocracia evangélica fosse implementada e justificada pois se descobriu uma célula de terrorismo islamico no país. Tem até gente que deve achar isso uma boa ideia.

Quanto aos policiais estarem se envolvendo com a bandidagem, pode pesquisar pelo delegado Fleury, que foi um dos exemplos mais famosos. Se dizia "matador de bandido" (o que já é crime), mas viu-se que ele era tão matador de bandido quanto alguém do CV matando alguém de uma facção rival: está é atacando a "concorrencia." Há ligações dele com o tráfico. Como ele era herói da ditadura, isso foi abafado.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Fernando Silva escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 14:32 pm
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 14:30 pm
Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:36 pm
Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:11 pm
Tem umas figuras "interessantes" na história das ditaduras brasileiras

O Olimpio Mourão Filho inventou o plano cohen para a ditadura do Estado Novo, e depois esteve presente de novo na ditadura de 64.

Se tivesse um pingo de justiça no país, o bandido FDP já teria sido pendurado pelo pescoço em praça pública na primeira vez.

Já foi colocado aqui: geralmente a extrema esquerda toma o poder através de revolta armada, a extrema direita através de conspirações e inventando inimigos.
PLANO COHEN e a INTENTONA
O plano, supostamente apreendido pelas Forças Armadas, anunciava uma nova insurreição armada, semelhante à Intentona de 1935. A invasão comunista previa a agitação de operários e estudantes, a liberdade de presos políticos, o incêndio de casas e prédios públicos, manifestações populares que terminariam em saques e depredações, além da eliminação de autoridades civis e militares que se opusessem à tomada do poder.
https://www.sohistoria.com.br/ef2/eravargas/p4.php

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Então a população preferiu abraçar a ditadura do Getúlio Vargas ao inferno comunista. Parece que temos mais um precedente, ora, ora.
Pena que o documento era falso, né? Os bandidos da extrema direita inventam inimigos e conspirações, como eu disse
A Coluna Prestes não existiu? Foi só mentira da direita?
A Intentona de 1935 não existiu? Fake news?
Plano cohen com a conspiração dos judeus e comunistas? Falso, né?

Essa de uma ditadura ou outra é falsa dualidade.

Re: Ditadura Militar de 1964

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Fernando Silva escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 14:31 pm
JJ_JJ escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:18 pm
Fernando Silva escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 11:27 am
Quando Brizola incentivou a luta de classes dentro das Forças Armadas, jogando baixas patentes contra as altas, os militares não podiam ficar parados assistindo.
1) Brizola cometeu algum crime ? Qual o artigo do código penal da época que mostra realmente que o que o Brizola fez poderia ser realmente caracterizado como crime ?

2) Qual o procedimento legal que poderia ter sido adotado na suspeita de que o Brizola tivesse cometido tal crime ? O que a legislação da época prescrevia que deveria ser feito ?
Incitação à violência é crime.
Supondo que fosse o caso, qual era o procedimento LEGAL que era previsto para suspeito de crime de incitação à violência ?

O que é o normal de se fazer dentro de um Estado Democrático de Direito se alguém é suspeito de ter cometido algum crime ?

.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Frencisco Toucinho
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Mensagem por Frencisco Toucinho »

Titoff escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 15:31 pm
Essa de uma ditadura ou outra é falsa dualidade.
Não sei se o Brasil possuía alguma saída democrática para o dilema da época. De qualquer maneira há gente mais competente que eu se debruçando sobre o assunto. Espero que cheguem a alguma conclusão, principalmente em razão de não haver consenso, bem como tendo em vista as manifestações ditatoriais dos apoiadores do Bolsonaro. Espero que a saída seja democrática.

Li sobre o delegado que você falou. A história é de gelar os ossos, mas as histórias que sobrevivem dos regimes socialistas também são. Não vou fazer contagem de corpos. Acho que deveríamos resolver a disputa em outro campo, que não a quantificação da violência e mentira aplicadas contra a população. Não temos nada a ganhar com isso.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Eu tenho um questionamento aos que afirmam que a tomada de poder dos militares em 64 foi necessária para evitar uma ditadura comunista.

O AI-5 em 1968 também foi necessário?

Re: Ditadura Militar de 1964

Cortina
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Mensagem por Cortina »

JJ_JJ escreveu:
Ter, 30 Junho 2020 - 22:44 pm
nem mesmo bem posteriormente ao golpe chegou a realmente existir grupos equipados e financiados no Brasil em reais condições de fazer uma revolução comunista
"Reais condições" são difíceis de constatar. A operação clandestina revolucionária no Brasil se deu de maneira velada antes mesmo da instauração do PC-SBIC; este, por exemplo foi criado tendo como molde a tática leninista, baseando-se em alta capilaridade com pequenos núcleos espalhados pelo país e plena secritude interna garantida por alta compartimentalização de funções.
O que temos disponível é uma série de dados e fatores que compuseram as tensões humanas da época; a notação do ganho de força da ação revolucionária foi uma no caldo.

"Revolução comunista" é um termo muito amplo. Nunca houve na história do país uma força suficiente para fazer uma revolução armada, ou seja, fundamentada no conflito armado. Tratando da década de 60, por exemplo, o dinheiro enviado por Cuba não era suficiente para manter toda operação guerrilheira e o armamento quando muito servia para os roubos que compunham o resto do financiamento dos grupos. Além disso, o exército brasileiro sempre teve maior número, melhor treinamento e mais dinheiro, além de altíssimo moral em suas ações táticas.
Todavia, desde os anos 20 haviam grupos politicamente dispostos e intelectualmente capacitados para tocar a revolução através da política e da cultura. Pode-se observar, por exemplo, que o PC-SBIC sozinho foi matriz fundamental para a difusão dos ideais revolucionários no Brasil, dando origem a partidos políticos, movimentos revolucionários, dissidências, jornais, frentes de luta e coletivos.
JJ_JJ escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 12:15 pm
Mesmo que houvesse “guerrilheiros em treinamento no Brasil” :

1) Qual a quantidade ?

2) Cadê as provas ?

E supondo que seja verdade que havia “guerrilheiros em treinamento no Brasil” ,

A) Isto era crime ?

B) Se era crime, qual o procedimento legal a ser adotado ?

Consegue mostrar que isso era crime e consegue mostar qual o procedimento legal a ser adotado quando há suspeita de que um crime está sendo cometido ?
A quantidade exata de especialistas em guerrilha em solo nacional jamais será descoberta dada a natureza do objeto. De fato haviam treinamentos no Brasil, o Movimento Revolucionário Tiradentes foi um dos expoentes, antes de 1964.
O Centro de Informação do Exército em 1972 publicou lista que contava 219 brasileiros relacionados ao treinamento militar em Cuba, dados levantados entre 1960 e 1970. De acordo com o DEOPS, entre 2.000 e 3.000 guerrilheiros latino-americanos foram treinados em Cuba entre 1962 e 1967. Estes números foram levantados por Moniz Bandeira em 1988. Pode-se estimar confiantemente que havia número suficiente de guerrilheiros para formar diversas companhias ou até mesmo um punhado de batalhões.

Evidentemente, o treinamento de forças guerrilheiras era crime, aliás, a operação subversiva comunista no Brasil sempre foi fundamentalmente ilegal. São as leis a Primeira e a Segunda Lei de Segurança Nacional, sendo a Primeira a Lei 38 de 1935 e a Segunda a Lei 1.802 de 1953. O procedimento legal era fundamentalmente o mesmo do que é praticado hoje no Brasil, visto que o Código Penal e o Processual Penal estavam em vigor desde os anos 40. Pode-se fazer uma analogia comparando como hoje é feito o combate às facções criminosas.

* * *
Frencisco Toucinho escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 16:03 pm
Não sei se o Brasil possuía alguma saída democrática para o dilema da época. De qualquer maneira há gente mais competente que eu se debruçando sobre o assunto.
Aqui vai uma ponderação superficial. A operação revolucionária no Brasil seguiu os ditames do que se pode compreender como "bolshevismo", ou o modus operandi do comunismo soviético. No bolshevismo está sempre implícita a noção do conflito de classes e nele a motivação da luta revolucionária. A visão bolshevista implica, portanto, em um lado, no combate que se deve instalar onde quer que haja conflito de classes, e em outro, na coexistência pacífica temporária com a classe opressora. Esse combate pode tomar forma armada, política, social, cultural, econômica, midiática ou até mesmo psicológica; este entendimento data desde 1920: Aktivnye meropriyatiya é seu nome em Russo, em português brasileiro a tática mascarou-se como "frente ampla de luta (ou de ação)".

Não se pode conceber um combate democrático, ou ainda meramente político, contra uma força supra-política.

Re: Ditadura Militar de 1964

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Cortina escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 22:35 pm
O procedimento legal era fundamentalmente o mesmo do que é praticado hoje no Brasil, visto que o Código Penal e o Processual Penal estavam em vigor desde os anos 40.

Se realmente havia algo ilegal, era de se esperar que se seguisse a lei para resolver a questão. Mas, preferiram o caminho do golpe. E não estenderei com isso, pois quem defende golpe militar já jogou o Estado Democrático de Direito na lata de lixo.

Re: Ditadura Militar de 1964

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

E só para constar a resposta, nem de longe satisfaz o que foi solicitado:

Então repetindo a solicitação:

Você consegue indicar 2 pesquisas histórico científicas sérias e de relevância acadêmica, publicadas em periódicos científicos relevantes, que corroborem com fortes evidências a proposição de que o golpe de março de 64 aconteceu porque havia fortes evidências de que haviam grupos já equipados e financiados no Brasil em reais condições de fazer uma revolução comunista ?

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Cinzu escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 19:04 pm
Eu tenho um questionamento aos que afirmam que a tomada de poder dos militares em 64 foi necessária para evitar uma ditadura comunista.

O AI-5 em 1968 também foi necessário?
Acho que não. Ele foi o resultado de uma disputa entre a facção moderada e a radical das Forças Armadas.

Talvez estivéssemos melhor hoje sem ele e se a abertura tivesse vindo mais cedo. Ou se, logo após a revolução, o vice tivesse assumido e depois viessem eleições normais.

Por outro lado, talvez não tivéssemos Itaipu ou Embratel, portanto é difícil dizer.

Re: Ditadura Militar de 1964

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Cinzu escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 19:04 pm
Eu tenho um questionamento aos que afirmam que a tomada de poder dos militares em 64 foi necessária para evitar uma ditadura comunista.

O AI-5 em 1968 também foi necessário?

Necessidade pode ser algo subjetivo, como você não especificou para que, então algum direitista mais autoritário pode simplesmente responder que sim, pois do ponto de vista dele caçar opositores ao regime seria necessário para calar de vez e impedir ações da oposição.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

JJ_JJ escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 23:35 pm
Então repetindo a solicitação:

Você consegue indicar 2 pesquisas histórico científicas sérias e de relevância acadêmica, publicadas em periódicos científicos relevantes, que corroborem com fortes evidências a proposição de que o golpe de março de 64 aconteceu porque havia fortes evidências de que haviam grupos já equipados e financiados no Brasil em reais condições de fazer uma revolução comunista ?
As "reais condições" não vêm ao caso. Estamos julgando algo que aconteceu há quase 60 anos com a visão que temos hoje.

Na época, em plena Guerra Fria e, como já disse, pouco depois da revolução cubana, o medo era real.

O povo gritava "Cadê os militares que não fazem nada?", fazia passeatas gigantescas, os militares não estavam nada tranquilos com os conflitos internos às Forças Armadas, greves por toda parte (causando falta de gás de cozinha no Rio, por exemplo).

O Arnaldo Jabor era membro de uma organização comunista de esquerda na época. Ele disse que "a revolução do proletariado foi derrotada pelas tias velhas rezando o terço no quarto dos fundos". Pouco antes do 31 de março, ele passou pelo Aterro do Flamengo voltando de uma reunião do "partido" e viu velas acesas em todas as janelas de todos os prédios ao longo do caminho, indicando quem era anticomunista. Foi nesse momento, segundo ele, que ele percebeu que não ia dar certo.

Foi neste clima que as coisas aconteceram e é com base nisto que a revolução tem que ser analisada.

Re: Ditadura Militar de 1964

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Fernando Silva escreveu:
Sáb, 04 Julho 2020 - 09:49 am
JJ_JJ escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 23:35 pm
Então repetindo a solicitação:

Você consegue indicar 2 pesquisas histórico científicas sérias e de relevância acadêmica, publicadas em periódicos científicos relevantes, que corroborem com fortes evidências a proposição de que o golpe de março de 64 aconteceu porque havia fortes evidências de que haviam grupos já equipados e financiados no Brasil em reais condições de fazer uma revolução comunista ?
As "reais condições" não vêm ao caso. Estamos julgando algo que aconteceu há quase 60 anos com a visão que temos hoje.

Na época, em plena Guerra Fria e, como já disse, pouco depois da revolução cubana, o medo era real.

O povo gritava "Cadê os militares que não fazem nada?", fazia passeatas gigantescas, os militares não estavam nada tranquilos com os conflitos internos às Forças Armadas, greves por toda parte (causando falta de gás de cozinha no Rio, por exemplo).

O Arnaldo Jabor era membro de uma organização comunista de esquerda na época. Ele disse que "a revolução do proletariado foi derrotada pelas tias velhas rezando o terço no quarto dos fundos". Pouco antes do 31 de março, ele passou pelo Aterro do Flamengo voltando de uma reunião do "partido" e viu velas acesas em todas as janelas de todos os prédios ao longo do caminho, indicando quem era anticomunista. Foi nesse momento, segundo ele, que ele percebeu que não ia dar certo.

Foi neste clima que as coisas aconteceram e é com base nisto que a revolução tem que ser analisada.


Negativo. Isso é senso comum rasteiro pró golpe. Para considerar um suposto evento histórico (ainda mais sendo recente em termos históricos, não estamos falando de um suposto evento de 2.500 anos) como verdadeiro são necessárias evidências histórico científicas, as quais os pró golpistas ilegalistas não tem como apresentar, pois não existem.



.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
Conselheiro
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Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

JJ_JJ escreveu:
Sáb, 04 Julho 2020 - 10:10 am
Fernando Silva escreveu:
Sáb, 04 Julho 2020 - 09:49 am
JJ_JJ escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 23:35 pm
Então repetindo a solicitação:

Você consegue indicar 2 pesquisas histórico científicas sérias e de relevância acadêmica, publicadas em periódicos científicos relevantes, que corroborem com fortes evidências a proposição de que o golpe de março de 64 aconteceu porque havia fortes evidências de que haviam grupos já equipados e financiados no Brasil em reais condições de fazer uma revolução comunista ?
As "reais condições" não vêm ao caso. Estamos julgando algo que aconteceu há quase 60 anos com a visão que temos hoje.

Na época, em plena Guerra Fria e, como já disse, pouco depois da revolução cubana, o medo era real.

O povo gritava "Cadê os militares que não fazem nada?", fazia passeatas gigantescas, os militares não estavam nada tranquilos com os conflitos internos às Forças Armadas, greves por toda parte (causando falta de gás de cozinha no Rio, por exemplo).

O Arnaldo Jabor era membro de uma organização comunista de esquerda na época. Ele disse que "a revolução do proletariado foi derrotada pelas tias velhas rezando o terço no quarto dos fundos". Pouco antes do 31 de março, ele passou pelo Aterro do Flamengo voltando de uma reunião do "partido" e viu velas acesas em todas as janelas de todos os prédios ao longo do caminho, indicando quem era anticomunista. Foi nesse momento, segundo ele, que ele percebeu que não ia dar certo.

Foi neste clima que as coisas aconteceram e é com base nisto que a revolução tem que ser analisada.
Negativo. Isso é senso comum rasteiro pró golpe. Para considerar um suposto evento histórico (ainda mais sendo recente em termos históricos, não estamos falando de um suposto evento de 2.500 anos) como verdadeiro são necessárias evidências histórico científicas, as quais os pró golpistas ilegalistas não tem como apresentar, pois não existem.
Você pode até contestar que a situação fosse tão grave que justificasse a revolução de 1964, mas não pode contestar o clima da época.
Eu estava lá. Eu lembro.
As pessoas agiram com base naquilo que achavam ser a realidade.

Da mesma forma, você não pode afirmar com certeza que o Brasil teria continuado dentro da normalidade democrática, sem nenhuma "revolução do proletariado". Também é achismo.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Gabarito
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Mensagem por Gabarito »

Cortina escreveu:
Sex, 03 Julho 2020 - 22:35 pm
JJ_JJ escreveu:
Ter, 30 Junho 2020 - 22:44 pm
nem mesmo bem posteriormente ao golpe chegou a realmente existir grupos equipados e financiados no Brasil em reais condições de fazer uma revolução comunista
"Reais condições" são difíceis de constatar. A operação clandestina revolucionária no Brasil se deu de maneira velada antes mesmo da instauração do PC-SBIC; este, por exemplo foi criado tendo como molde a tática leninista, baseando-se em alta capilaridade com pequenos núcleos espalhados pelo país e plena secritude interna garantida por alta compartimentalização de funções.
O que temos disponível é uma série de dados e fatores que compuseram as tensões humanas da época; a notação do ganho de força da ação revolucionária foi uma no caldo.

"Revolução comunista" é um termo muito amplo. Nunca houve na história do país uma força suficiente para fazer uma revolução armada, ou seja, fundamentada no conflito armado. Tratando da década de 60, por exemplo, o dinheiro enviado por Cuba não era suficiente para manter toda operação guerrilheira e o armamento quando muito servia para os roubos que compunham o resto do financiamento dos grupos. Além disso, o exército brasileiro sempre teve maior número, melhor treinamento e mais dinheiro, além de altíssimo moral em suas ações táticas.
Todavia, desde os anos 20 haviam grupos politicamente dispostos e intelectualmente capacitados para tocar a revolução através da política e da cultura. Pode-se observar, por exemplo, que o PC-SBIC sozinho foi matriz fundamental para a difusão dos ideais revolucionários no Brasil, dando origem a partidos políticos, movimentos revolucionários, dissidências, jornais, frentes de luta e coletivos.

[...]

Seja bem-vindo(a), Cortina.

Temos um tópico de apresentações.
Se quiser dar um alô sobre si mesmo(a), dê uma passada lá.
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Re: Ditadura Militar de 1964

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Arcanjo Lúcifer
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Registrado em: Qua, 04 Março 2020 - 20:44 pm

Mensagem por Arcanjo Lúcifer »

JJ_JJ escreveu:
Ter, 30 Junho 2020 - 22:44 pm
A verdade é simples, nem mesmo bem posteriormente ao golpe chegou a realmente existir grupos equipados e financiados no Brasil em reais condições de fazer uma revolução comunista

A proposição de que em março de 64 existia tal coisa é proposição nível tipo bó lavismo e congêneres , é coisa de nível terraplana e/ou NOM e/ou coisa semelhante.




.
É fácil ser general depois da batalha e dizer que não tinham isso ou aquilo, mas se vc vivesse na época e soubesse da existência de grupos armados no país recebendo grana e treinamento dados por governos estrangeiros não teria com o saber da extensão da coisa.

Lembro que no meio do anos 90, nada a ver com tópico, apenas usando o caso como exemplo, tinha gente no governo negando a existência do PCC nos presídios.

Ouvi um secretário de segurança dizendo que a hipótese de existir um grupo atuando dentro dos presídios com gente pagando mensalidade com um estatuto e comandantes era absurda.

O que vc vê hoje é o PCC bancando eleições, apoiando partidos, pagando juízes mas na época não se sabia exatamente o tamanho da coisa.

A partir do momento em que vc toma conhecimento dessa gente tem que usar a força necessária para barrar o esquema ou a coisa cresce ao ponto de começar a influenciar eleições e infiltrar nos tribunais e governos.

Sinto muito se vc discorda, mas acho que o governo militar foi necessário ou hoje vc estaria vivendo na Venezuela.

Só para lembrar que a turma do Chapolim Colorado tb tomou o poder por eleições.

Re: Ditadura Militar de 1964

Huxley
Mensagens: 3237
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Arcanjo Lúcifer escreveu:
Dom, 05 Julho 2020 - 20:14 pm
JJ_JJ escreveu:
Ter, 30 Junho 2020 - 22:44 pm
A verdade é simples, nem mesmo bem posteriormente ao golpe chegou a realmente existir grupos equipados e financiados no Brasil em reais condições de fazer uma revolução comunista

A proposição de que em março de 64 existia tal coisa é proposição nível tipo bó lavismo e congêneres , é coisa de nível terraplana e/ou NOM e/ou coisa semelhante.




.
É fácil ser general depois da batalha e dizer que não tinham isso ou aquilo, mas se vc vivesse na época e soubesse da existência de grupos armados no país recebendo grana e treinamento dados por governos estrangeiros não teria com o saber da extensão da coisa.

Lembro que no meio do anos 90, nada a ver com tópico, apenas usando o caso como exemplo, tinha gente no governo negando a existência do PCC nos presídios.

Ouvi um secretário de segurança dizendo que a hipótese de existir um grupo atuando dentro dos presídios com gente pagando mensalidade com um estatuto e comandantes era absurda.

O que vc vê hoje é o PCC bancando eleições, apoiando partidos, pagando juízes mas na época não se sabia exatamente o tamanho da coisa.

A partir do momento em que vc toma conhecimento dessa gente tem que usar a força necessária para barrar o esquema ou a coisa cresce ao ponto de começar a influenciar eleições e infiltrar nos tribunais e governos.

Sinto muito se vc discorda, mas acho que o governo militar foi necessário ou hoje vc estaria vivendo na Venezuela.

Só para lembrar que a turma do Chapolim Colorado tb tomou o poder por eleições.

Nem seria preciso uma tomada formal do governo para um grupo de guerrilheiros unidos infernizar o Brasil sob a bandeira do socialismo. Basta ver o que aconteceu com as Farcs na Colômbia para entender o porquê.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Arcanjo Lúcifer
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Registrado em: Qua, 04 Março 2020 - 20:44 pm

Mensagem por Arcanjo Lúcifer »

É exatamente o que digo, com financiamento externo e apoio de governo estrangeiro vc só precisa de um grupo pequeno para infernizar o país todo.

Precisamos agradecer aos militares pela ditamole, acho que foram bonzinhos até demais se vc levar em consideração o nível de gente como o Dirceu e o que eles são capazes de fazer.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Não só os heróis fardados realizaram atentados terroristas para matar a população nos centros urbanos, como também até usaram armas biológicas contra crianças indígenas.
Os ataques iam de envenenamento por alimentos misturados com arsênico a aviões que atiravam para as crianças das aldeias brinquedos contaminados com vírus de sarampo ou varíola.

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/ ... eira.phtml
Gente de bem! Ainda bem que cometeram esses atos de extrema coragem e honradez para nós salvar dos 14 guerrilheiros que iam transformar o Brasil numa Cuba!

Re: Ditadura Militar de 1964

Pedro Reis
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Registrado em: Ter, 24 Março 2020 - 11:28 am

Mensagem por Pedro Reis »

Titoff escreveu:
Qui, 09 Julho 2020 - 17:22 pm
Não só os heróis fardados realizaram atentados terroristas para matar a população nos centros urbanos, como também até usaram armas biológicas contra crianças indígenas.
Os ataques iam de envenenamento por alimentos misturados com arsênico a aviões que atiravam para as crianças das aldeias brinquedos contaminados com vírus de sarampo ou varíola.

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/ ... eira.phtml
Gente de bem! Ainda bem que cometeram esses atos de extrema coragem e honradez para nós salvar dos 14 guerrilheiros que iam transformar o Brasil numa Cuba!
Eu sempre ouvi a história do major Dickson Grael, que correndo risco pessoal impediu os militares de explodirem a gasômetro do Rio de Janeiro, bem na entrada da cidade. O plano seria colocar a culpa nos subversivos o que acarretaria no endurecimento do regime.

Algo que acabou acontecendo de qualquer forma com o AI-5.

Mas engraçado... agora procurei sobre isso no Google e não encontrei nada.

Será que procede? Talvez o Gigaview saiba alguma coisa. Ele é sócio do clube de vela dos Grael.

Re: Ditadura Militar de 1964

Gigaview
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Registrado em: Seg, 02 Março 2020 - 13:48 pm

Mensagem por Gigaview »

Pedro Reis escreveu:
Qui, 09 Julho 2020 - 18:19 pm
Titoff escreveu:
Qui, 09 Julho 2020 - 17:22 pm
Não só os heróis fardados realizaram atentados terroristas para matar a população nos centros urbanos, como também até usaram armas biológicas contra crianças indígenas.
Os ataques iam de envenenamento por alimentos misturados com arsênico a aviões que atiravam para as crianças das aldeias brinquedos contaminados com vírus de sarampo ou varíola.

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/ ... eira.phtml
Gente de bem! Ainda bem que cometeram esses atos de extrema coragem e honradez para nós salvar dos 14 guerrilheiros que iam transformar o Brasil numa Cuba!
Eu sempre ouvi a história do major Dickson Grael, que correndo risco pessoal impediu os militares de explodirem a gasômetro do Rio de Janeiro, bem na entrada da cidade. O plano seria colocar a culpa nos subversivos o que acarretaria no endurecimento do regime.

Algo que acabou acontecendo de qualquer forma com o AI-5.

Mas engraçado... agora procurei sobre isso no Google e não encontrei nada.

Será que procede? Talvez o Gigaview saiba alguma coisa. Ele é sócio do clube de vela dos Grael.
Não acompanhei pessoalmente o caso. Nessa época estava no Vietnã.
Imagem

Mas voltando ao assunto, acho que talvez você superestimando a participação do (então) Capitão Dickson nesse episódio. Veja abaixo:

https://www.notibras.com/site/em-tempo- ... om-geisel/

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Registrado em: Ter, 17 Março 2020 - 11:47 am

Mensagem por Titoff »

Sergio Carvalho é um exemplo de herói militar durante a ditadura, e não os traídores terroristas que tomaram o país.

Re: Ditadura Militar de 1964

Pedro Reis
Mensagens: 810
Registrado em: Ter, 24 Março 2020 - 11:28 am

Mensagem por Pedro Reis »

Gigaview escreveu:
Qui, 09 Julho 2020 - 19:37 pm


Mas voltando ao assunto, acho que talvez você superestimando a participação do (então) Capitão Dickson nesse episódio. Veja abaixo:

https://www.notibras.com/site/em-tempo- ... om-geisel/
Eu só tô vendendo o peixe que me venderam. Sempre vi comentarem que o Dickson nunca chegou a general por conta desse caso.

Essa matéria diz que ele também denunciou o plano. Afinal, qual foi a participação do capitão, você sabe?

Quando tava googleando esse caso do gasômetro, descobri que o Dickson Grael também se opôs a um plano de invasão do Uruguai.

Veja só!, os milicos doidos planejaram invadir o Uruguai (antes de virar uma ditadura também). Qualquer semelhança com o Bozo querendo entrar em guerra com a Venezuela deve ser mais que mera coincidência.

Ele também escreveu um livro em que relata episódios como esse. Inclusive o desastrado plano do atentado ao Riocentro.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Para quem branda aos quatro ventos que no período militar não havia corrupção (talvez por haver censura da imprensa e os casos dificilmente virem a público), vai uma lista com alguns esquemas dos militares:
1- Contrabando na Polícia do Exército.
A partir de 1970, dentro da 1ª Companhia do 2º Batalhão da Polícia do Exército, no Rio de Janeiro, sargentos, capitães e cabos começaram a se relacionar com o contrabando carioca. O capitão Aílton Guimarães Jorge, que já havia recebido a honra da Medalha do Pacificador pelo combate à guerrilha, era um dos integrantes da quadrilha que comercializava ilegalmente caixas de uísques, perfumes e roupas de luxo, inclusive roubando a carga de outros contrabandistas. Os militares escoltavam e intermediavam negócios dos contraventores. Foram presos pelo SNI (Serviço Nacional de Informações) e torturados, mas acabaram inocentados porque os depoimentos foram colhidos com uso de violência, direito de que os civis não dispunham em seus processos na época. O capitão Guimarães, posteriormente, deixaria o Exército para virar um dos principais nomes do jogo do bicho no Rio, ganhando fama também no meio do samba carioca. Foi patrono da Vila Isabel e presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba)

2- As ligações de Delegado Fleury com o tráfico.
Um dos nomes mais conhecidos da repressão, atuando na captura, na tortura e no assassinato de presos políticos, o delegado paulista Sérgio Fernandes Paranhos Fleury foi acusado pelo Ministério Público de associação ao tráfico de drogas e extermínios. Apontado como líder do Esquadrão da Morte, um grupo paramilitar que cometia execuções, Fleury também era ligado a criminosos comuns, segundo o MP, fornecendo serviço de proteção ao traficante José Iglesias, o “Juca”, na guerra de quadrilhas paulistanas. No fim de 1968, ele teria metralhado o traficante rival Domiciano Antunes Filho, o “Luciano”, com outro comparsa, e capturado, na companhia de outros policiais associados ao crime, uma caderneta que detalhava as propinas pagas a detetives, comissários e delegados pelos traficantes. O caso chegou a ser divulgado à imprensa por um alcaguete, Odilon Marcheronide Queiróz (“Carioca”), que acabou preso por Fleury e, posteriormente, desmentiu a história a jornais de São Paulo. Carioca seria morto pelo investigador Adhemar Augusto de Oliveira, segundo o próprio revelaria a um jornalista, tempos depois.

Os atos do delegado na repressão, no entanto, lhe renderam uma Medalha do Pacificador e muita blindagem dentro do Exército, que deixou de investigar as denúncias. Promotores do MP foram alertados para interromper as investigações contra Fleury. De acordo com o relato publicado em “A Ditadura Escancarada”, o procurador-geral da Justiça, Oscar Xavier de Freitas, avisou dois promotores em 1973: “Eu não recebo solicitações, apenas ordens. (…) Esqueçam tudo, não se metam em mais nada. Existem olheiros em toda parte, nos fiscalizando. Nossos telefones estão censurados”.

No fim daquele ano de 1973, o delegado chegou a ter a prisão preventiva decretada pelo assassinato de um traficante, mas o Código Penal foi reescrito para que réus primários com “bons antecedentes” tivessem direito à liberdade durante a tramitação dos recursos. Em uma conversa com Heitor Ferreira, secretário do presidente Ernesto Geisel (1974-1979), o general Golbery do Couto e Silva – então ministro do Gabinete Civil e um dos principais articuladores da ditadura militar – classificou assim o delegado Fleury, quando pensava em afastá-lo: “Esse é um bandido. Agora, prestou serviços e sabe muita coisa”. Fleury morreu em 1979, quando ainda estava sob investigação da Justiça.

3- Governadores biônicos e o Caso Magnesita.
Em 1970, uma avaliação feita pelo SNI ajudou a determinar quais seriam os governadores do Estado indicados pelo presidente Médici (1969-1974). No Paraná, Haroldo Leon Peres foi escolhido após ser elogiado pela postura favorável ao regime; um ano depois, foi pego extorquindo um empreiteiro em US$ 1 milhão e obrigado a renunciar. Segundo o general João Baptista Figueiredo, chefe do SNI no governo Geisel, os agentes teriam descoberto que Peres “era ladrão em Maringá” se o tivessem investigado adequadamente. Na Bahia, Antônio Carlos Magalhães, em seu primeiro mandato no Estado, foi acusado em 1972 de beneficiar a Magnesita, da qual seria acionista, abatendo em 50% as dívidas da empresa.

4 - O Caso Luftalla.
Outro governador envolvido em denúncias foi o paulista Paulo Maluf. Dois anos antes de assumir o Estado, em 1979, ele foi acusado de corrupção no caso conhecido como Lutfalla – empresa têxtil de sua mulher, Sylvia, que recebeu empréstimos do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento) quando estava em processo de falência. As denúncias envolviam também o ministro do Planejamento Reis Velloso, que negou as irregularidades, e terminou sem punições.

Corria também pelos bastidores que Maluf haveria conseguido confiança dos militares pois pagava as dívidas de jogos que o general Costa e Silva acumulava no carteado.

5- Mordomias do Geisel.
Em 1976, as Redações de jornal já tinham maior liberdade, apesar de ainda estarem sob censura. O jornalista Ricardo Kotscho publicou no “Estado de São Paulo” reportagens expondo as mordomias de que ministros e servidores, financiados por dinheiro público, dispunham em Brasília. Uma piscina térmica banhava a casa do ministro de Minas e Energia, enquanto o ministro do Trabalho contava com 28 empregados. Na casa do governador de Brasília, frascos de laquê e alimentos eram comprados em quantidades desmedidas – 6.800 pãezinhos teriam sido adquiridos num mesmo dia. Filmes proibidos pela censura, como o erótico “Emmanuelle”, eram permitidos na casa dos servidores que os requisitavam. Na época, os ministros não viajavam em voos de carreira, e sim em jatos da Força Aérea.

Antes disso, no governo Médici já se observavam outras regalias: o ministro do Exército, cuja pasta ficava em Brasília, tinha uma casa de veraneio na serra fluminense, com direito a mordomo. Os generais de exército (quatro estrelas) possuíam dois carros, três empregados e casa decorada; os generais de brigada (duas estrelas) que iam para Brasília contavam com US$ 27 mil para comprar mobília. Cabos e sargentos prestavam serviços domésticos às autoridades, e o Planalto também pagou transporte e hospedagem a aspirantes para um churrasco na capital federal.

6- Camargo Corrêa? Sim, desde os militares.
Delfim Netto – ministro da Fazenda durante os governos Costa e Silva (1967-1969) e Médici, embaixador brasileiro na França no governo Geisel e ministro da Agricultura (depois Planejamento) no governo Figueiredo – sofreu algumas acusações de corrupção. Na primeira delas, em 1974, foi acusado pelo próprio Figueiredo (ainda chefe do SNI), em conversas reservadas com Geisel e Heitor Ferreira. Delfim teria beneficiado a empreiteira Camargo Corrêa a ganhar a concorrência da construção da hidrelétrica de Água Vermelha (MG). Anos depois, como embaixador, foi acusado pelo francês Jacques de la Broissia de ter prejudicado seu banco, o Crédit Commercial de France, que teria se recusado a fornecer US$ 60 milhões para a construção da usina hidrelétrica de Tucuruí, obra também executada pela Camargo Corrêa.

Delfim, único ministro vivo da época declarou: “Trata-se de velhas intrigas que sempre foram esclarecidas. Nunca tive participação nos eventos relatados”.

7- Caso General Electric.
Durante um processo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em 1976, o presidente da General Electric no Brasil, Gerald Thomas Smilley, admitiu que a empresa pagou comissão a alguns funcionários no país para vender locomotivas à estatal Rede Ferroviária Federal, segundo noticiou a “Folha de S.Paulo” na época. Em 1969, a Junta Militar que sucedeu Costa e Silva e precedeu Médici havia aprovado um decreto-lei que destinava “fundos especiais” para a compra de 180 locomotivas da GE. Na época, um dos diretores da empresa no Brasil na época era Alcio Costa e Silva, irmão do ex-presidente, morto naquele mesmo ano de 1969. Na investigação de 1976, o Cade apurava a formação de um cartel de multinacionais no Brasil e o pagamento de subornos e comissões a autoridades para a obtenção de contratos.

8- Dossiê Baumgarten
O jornalista Alexandre von Baumgarten, colaborador do SNI, foi assassinado em 1982, pouco depois de publicar um dossiê acusando o general Newton Cruz de planejar sua morte – segundo o ex-delegado do Dops, Cláudio Guerra, em declaração de 2012, a ordem partiu do próprio SNI. A morte do jornalista teria ligação com seu conhecimento sobre as denúncias envolvendo Cruz e outros agentes do Serviço no escândalo da Agropecuária Capemi, empresa dirigida por militares, contratada para comercializar a madeira da região do futuro lago de Tucuruí. Pelo menos US$ 10 milhões teriam sido desviados para beneficiar agentes do SNI no início da década de 1980. O general foi inocentado pela morte do jornalista.

9- Caso Coroa-Brastel
Delfim Netto sofreria uma terceira acusação direta de corrupção, dessa vez como ministro do Planejamento, ao lado de Ernane Galvêas, ministro da Fazenda, durante o governo Figueiredo. Segundo a acusação apresentada em 1985 pelo procurador-geral da República José Paulo Sepúlveda Pertence, os dois teriam desviado irregularmente recursos públicos por meio de um empréstimo da Caixa Econômica Federal ao empresário Assis Paim, dono do grupo Coroa-Brastel, em 1981. Galvêas foi absolvido em 1994, e a acusação contra Delfim – que disse na época que a denúncia era de "iniciativa política" – não chegou a ser examinada.

10- Grupo Delfin
Denúncia feita pela “Folha de S.Paulo” de dezembro de 1982 apontou que o Grupo Delfin, empresa privada de crédito imobiliário, foi beneficiado pelo governo por meio do Banco Nacional da Habitação ao obter Cr$ 70 bilhões para abater parte dos Cr$ 82 bilhões devidos ao banco. Segundo a reportagem, o valor total dos terrenos usados para a quitação era de apenas Cr$ 9 bilhões. Assustados com a notícia, clientes do grupo retiraram seus fundos, o que levou a empresa à falência pouco depois. A denúncia envolveu os nomes dos ministros Mário Andreazza (Interior), Delfim Netto (Planejamento) e Ernane Galvêas (Fazenda), que chegaram a ser acusados judicialmente por causa do acordo.

11- Caso Halles
O Banco Halles foi um conglomerado estimulado a crescer no governo Médici por medida do ministro da fazenda Delfim Netto como parte do PND. Porém, na troca para o governo Geisel, quando o então ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen verificou que o conglomerado recebia gigantescos aportes financeiros, o que estava dificultando as finanças brasileiras nos esforços para conter a crise do petróleo de 1973. Então, Simonsen cortou os incentivos e aportes ao conglomerado, que entrou em uma brutal falência devido a ser uma fonte de desvios de dinheiro.

A medida fez com Geisel retirasse a autonomia de Simonsen no ministério e promovesse um aporte de 8 bilhões de cruzeiros, cotado em 1974 em 1,2 bilhões de dólares. Porém o banco, fonte de desvios de verba, não resistiu e sucumbiu à falência, tendo de ser aportado ao Banco do Estado da Guanabara (BEG) no mesmo ano. O ministro trabalharia engessado o resto da gestão.

12 - Caso Paulipetro
Durante a segunda crise do Petróleo em 1979, o então governador de São Paulo, Paulo Maluf, criou a Paulipetro (Paulista Petróleo) que foi uma empresa criada com o intuito de extrair petróleo e gás natural na bacia do rio Paraná.

Foi firmado um contrato com a Petrobrás e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Somente depois de perfurados 69 poços na bacia, constatou-se que nenhuma jazida era tecnológica e economicamente viável para a exploração. Em valores atualizados, os gastos chegaram na casa de R$ 4 bilhões, valor este que deverá ser devolvido à Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo, segundo determinação do Supremo Tribunal Federal, e como a decisão foi transitada em julgado no início de dezembro de 2007, por isso, não cabem mais recursos.


OBRAS FARAÔNICAS E SUPERFATURADAS

O regime investiu num modelo desenvolvimentista marcado por empresas estatais e obras públicas gigantescas nas áreas de transporte, energia e estratégia militar, que buscavam a soberania do Brasil.

Apelidadas de “obras faraônicas” pela imprensa da época, neste período foram construídas a rodovia Transamazônica (BR-230), as hidrelétricas de Tucuruí, Balbina e Itaipu (a maior do Brasil), a ponte Rio-Niterói, as usinas nucleares de Angra, a Ferrovia do Aço e o projeto de minério de ferro de Carajás e de celulose de Jari.

1. Hidrelétrica de Itaipu
A maior produtora de energia elétrica do mundo provavelmente também foi a obra em que mais se desviou verba pública durante o regime militar. Em 1979, o embaixador José Jobim foi encontrado morto com uma corda no pescoço. Sua filha afirma que uma semana antes ele estava na posse de João Figueiredo e havia anunciado que escreveria um livro sobre a corrupção na construção da usina. Jobim participou do empreendimento indo ao Paraguai para negociar as turbinas com a empresa Siemens.

Sinais de sangue nas roupas e os pés encostados no chão, mas o investigador concluiu que teria sido "suicídio" sem sequer abrir o inquérito.

2. Transamazônica
Conhecida por ser a a estrada que liga o nada ao lugar nenhum, a Transamazônica foi uma obra faraônica bilionária e inconclusa por parte dos militares, durante o governo Médici (1969 - 1974). O projeto previa a ligação do Cabedelo, na Paraíba, à cidade de fronteira Benjamin Constant, no Amazonas. A ideia era seguir até o pacífico pelo Peru e o Equador, um roubalheira realmente sem limites, combinado ao desmatamento da mata, expulsão de povos indígenas e seringueiros. No fim, a Transamazônica terminou 687 km antes, em Lábrea, e, claro, sem asfalto. Nem por isso, deixou de custar a bagatela de US$ 1,5 bilhões de dólares na época

3. Paulipetro
"Rouba mas faz" foi o slogan de ninguém menos que Paulo Maluf, que teve empresa criada para a perfuração de petróleo enquanto foi governador de São Paulo. Depois de perfurados 69 poços, constatou-se que não havia petróleo algum e que R$ 4 bilhões foram gastos na "empreitada". Belo presente da ditadura militar, tão aclamada pelos saudosistas dos coturnos e uniformes verde e amarelo, proporcionou à política brasileira.

4. Ponte "Costa e Silva" (Rio-Niterói)
O primeiro grande empreendimento faraônico dos militares, a Ponte Rio-Niterói demorou 5 anos para ser entregue e passou por dois consórcios diferentes. O general Costa e Silva, que "humildemente" deu o próprio nome à ponte, licitou a Construtora Ferraz Cavalcanti, a Construtora Brasileira de Estradas, a Empresa de Melhoramentos e Construções S.A. e a Servix Engenharia S.A, que entregariam a obra por 238 milhões de cruzeiros em 1971.

Com o atraso nas obras e inúmeros acidentes que levaram a morte de muitos operários, o ministro dos Transportes, Mário Andreazza, da alta cúpula das obras faraônicas dos militares, adiou a inauguração e entregou a obra para a Camargo Corrêa, Mendes Júnior e Construtores Rabelo Sérgio Marques de Souza.

Até hoje não se sabe ao certo o valor final do empreendimento, cujas fontes citam de R$ 1 a R$ 5 bilhões.

5. Hidrelétricas de Água Vermelha e Tucuruí
Delfim Neto foi ministro da Fazenda durante o governo Costa e Silva, Médici, embaixador na França durante o governo Geisel e ministro da Agricultura no governo Figueiredo.

Sobre ele pesam as suspeitas, também abafadas pela censura e pelo encobrimento de tudo o que ocorreu durante os governos militares, de ter facilitado a Camargo Correa na construção de outras duas hidrelétricas, de Água Vermelha (MG) e de Tucuruí. As denúncias foram publicadas em no livro "Ditadura Acabada" de Élio Gaspari.

A hidrelétrica de Tucuruí, no projeto US$ 2,5 bilhões, acabou custando US$ 10 bilhões de dólares.


BÔNUS:

Supersalário
Os servidores brasileiros de elite ganhavam 5% mais do que os americanos. O presidente do Banco do Brasil recebia Cr$ 1 milhão por ano, o que hoje equivaleria a cerca de US$ 4,2 milhões anuais – mais benefícios. Estatais distribuíam participação nos “lucros” mesmo quando tinham prejuízos. Diretores da Eletrobrás receberiam até 17º salário.

Mercadão
Compras de mercado ficavam por conta do governo. Isso levou a abusos como o do governador Elmo Serejo Farias (DF). Num só dia, comprou 17 kg de melão, 23 kg de uva, 14 kg de ameixa, 11,3 kg de mamão, 21 caixas de pêssego e 16 dúzias de bananas. Outro dia, foram 6.825 pães franceses, 280 litros de leite e 7 pacotes de pão de forma.

Criadagem
Ter empregados pagos pelo governo era de praxe na elite funcionalista. Mas nada se comparava à casa do ministro do Trabalho Arnaldo da Costa Prieto, que ostentava 28 funcionários fixos.

Impunidade
Não havia legislação específica que permitisse ao Congresso e aos Tribunais de Contas fiscalizar os gastos dos superfuncionários. Abusos podiam ser encobertos sob o manto da “segurança nacional".

Jatinhos
Órgãos públicos mantinham jatinhos, que eram frequentemente usados de forma abusiva. Ministros usavam jatos da FAB de forma tão indiscriminada que o Planalto precisou explicar numa circular: seu uso era de caráter excepcional.

Clube de vantagens
Os altos funcionários não precisavam pagar aluguel da mansão no Lago Sul, contas de água, luz e telefone, conservação de piscina, criadagem, IPTU, vigilância nem despesas com o cartão corporativo.
Fontes:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/0 ... 65925.html
https://noticias.uol.com.br/politica/ul ... ilitar.htm
https://super.abril.com.br/historia/mit ... corrupcao/
https://www.redebrasilatual.com.br/poli ... storiador/
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-38337544
https://guiadoestudante.abril.com.br/bl ... e-militar/
https://vestibular.uol.com.br/resumo-da ... regime.htm
https://istoe.com.br/274208_A+PONTE+DE+R+7+BILHOES/
https://www.scielo.br/scielo.php?script ... so&tlng=pt

Re: Ditadura Militar de 1964

Pedro Reis
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Mensagem por Pedro Reis »

Negrão de Lima, Paulo Salim Maluf, família Sarney, Orestes Quércia e similares era o que tinha na ARENA, partido do governo.

Não que o MDB fosse muito melhor.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Cinzu escreveu:
Sex, 31 Julho 2020 - 20:16 pm
Para quem branda aos quatro ventos que no período militar não havia corrupção (talvez por haver censura da imprensa e os casos dificilmente virem a público), vai uma lista com alguns esquemas dos militares:
Esqueceram da Transit, estatal que deveria desenvolver a indústria de semicondutores nacional.
Gastou-se uma fortuna e nada foi desenvolvido ou produzido, segundo me consta.
Esse ciclo de indústria de semicondutores inacabadas, em Minas, veio na ditadura militar, com a 1974, Transit Semicondutores, em Montes Claros. O projeto era liderado por Hidenburgo Pereira Diniz, ex-presidente do BDMG. A cidade, à época, não tinha infraestrutura para comportar projeto daquela natureza. Além disso, fora da rota dos centros indústrias consumidores de chips e outros itens de microeletrônica. Mas os generais estavam determinados em atender ao governador Rondon Pacheco, ex-chefe da Casa Civil do ditador Garrastazu Médici. Estava na área da Sudene e, portando, poderia receber rios de dinheiro e incentivos do Finor, além de linhas favorecidas do BNDES. Fechou em 1981. Até mês passado, seu esqueleto tem partes na Fazenda Nacional e Justiça do Trabalho.
https://alemdofato.uai.com.br/economia/ ... -em-minas/

Re: Ditadura Militar de 1964

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Quanto mais pesquisamos, mais descobrimos. A Usina de Belo Monte, por exemplo, também teve suas origens na época do regime.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Cinzu escreveu:
Dom, 02 Agosto 2020 - 12:00 pm
Quanto mais pesquisamos, mais descobrimos. A Usina de Belo Monte, por exemplo, também teve suas origens na época do regime.
Com uma diferença: os militares desistiram da construção. Já o PT foi em frente, destruindo a natureza, expulsando os índios e reprimindo as greves dos operários com violência.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Pros que gistam de usar clichê tipo "antigamente na ditadura era melhor", pistolagem ocorria com vista grossa e até passa pano por membros de ditadura.

Cenas de filme: conheça a história de Adélcio Leite, mandante da Chacina de Malacacheta

Assassinado em Lagoa Santa nessa sexta-feira (17), Adélcio Leite escapou de outras emboscadas e protagonizou fuga e prisão cinematográficas. Ele e os irmãos aterrorizavam cidades do interior de Minas na década de 1980

https://www.em.com.br/app/noticia/gerai ... 9/amp.html

Imagem

Os irmãos Leite foram personagens da cobertura policial do Estado de Minas ao longo de décadas (foto: Reprodução)
Adélcio Nunes Leite, de 79 anos, assassinado com dois tiros ao sair de uma barbearia, em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de BH, na manhã dessa sexta-feira (17), teve uma vida marcada por várias ações, incluindo fugas e prisão cinematográficas. Também já havia escapado de uma tentativa de assassinato, por meio de pistolagem, tipo de crime que deu fama à sua família, "Os Irmãos Leite”, que aterrorizaram o Vale do Mucuri.

Entre as várias ações criminosas atribuídas aos “Irmãos Leite”, está a “Chacina de Malacacheta”, ocorrida em 15 de janeiro de 1990, que resultou nas mortes de sete pessoas de uma família em uma fazenda no município do Vale do Mucuri.

Adélcio não somente encomendou o crime, praticado por oito pistoleiros, como também esteve no local do crime no dia da chacina.

Ele e outros integrantes da família foram personagem da cobertura policial do Estado de Minas e de outros jornais mineiros ao longo de décadas.

Adélcio esteve preso na Penitenciaria Nélson Hungria por cerca de 20 anos. Deixou a prisão em 2013, graças a um indulto, por causa de sua idade. Há três anos, foi viver em Lagoa Santa.

Na manhã da última sexta-feira, quando deixava uma barbearia, no Bairro Várzea, na cidade da Grande BH, Adélcio Leite foi morto depois de ser atingido por dois tiros - um no tórax e outro no abdômen. Os disparos foram efetuados por um homem, que estava em um HB20 preto. A vítima tentou sacar uma arma que carregava na cintura e foi alvejado antes de reagir. O assassino fugiu em seguida, em alta velocidade, sem deixar pistas.

Morte ao algoz

No início da década de 1980, após uma série de assassinatos de proprietários rurais e outros moradores de cidades do Vale do Mucuri, crimes motivados pela tomada de terras atribuídos à família Leite, Adélcio Leite sofreu uma tentativa de homicídio por um pistoleiro em uma emboscada. Chegou a ser alvejado e conseguiu escapar, matando o seu algoz, numa situação que se assemelhou a um filme de ação.

De acordo com relatos de um antigo policial da região, dois fazendeiros do Mucuri contrataram um pistoleiro para eliminar os integrantes da família Leite, sendo Adélcio “escolhido” como o primeiro a ser morto. O matador esperou o alvo perto de uma lagoa. Ao chegar ao local, o homem fez vários disparos em sua direção.

Adélcio foi atingido em uma das pernas e revidou: sacou uma arma e fez cinco disparos em direção do pistoleiro, sem acertá-lo. Na sequência, ele mergulhou na lagoa e afundou no meio de uma vegetação, junto ao barro e ao lodo.

De acordo com o relato do policial aposentado, o pistoleiro pensou que Adélcio estava morto e se aproximou do corpo para arrancar uma orelha, que seria usada como prova do “serviço” para o recebimento do pagamento. Nesse instante, Adélcio se movimentou rapidamente e atirou na cabeça do pistoleiro, que teve morte instantânea.

Quarteto famoso

Os irmãos Leite eram temidos em Minas Gerais. O quarteto era formado por Adélcio, Zé Leite, o mais velho e mentor intelectual dos crimes, Alírio – ambos morreram de morte natural –, e Toninho, o mais novo, que também morreu assassinado.

Eles eram famosos em Santa Maria do Suaçuí, a terra dos Leite, e eram acusados de diversos crimes. Mas logo ganhariam fama por serviços de pistolagem em todo o Vale do Mucuri. Governador Valadares, Diamantina e Teófilo Otoni formavam um triângulo e, dentro dele, os Leite agiam. Capelinha, Água Boa, Malacacheta, em especial, ficaram conhecidas como palcos de seus crimes.

Em 1974, os Leite, com a participação de Adélcio, foram responsáveis pelo assassinato do ex-deputado estadual Wander Campos. O político tinha fama de pistoleiro. Chegou a ser preso por um dos crimes dos quais era acusado, ficando detido no DOPS.

Os irmãos Leite havia se aproximado dos militares, e, assim, conseguiam proteção para seus crimes. Pouco tempo depois, tinham uma lista de quem deveria morrer. Eles também focaram conhecidos por realizarem chacinas para tomar terras por causa de pedras preciosas.

Prisão no Pará

Os irmãos José e Adélcio Leite foram presos nove meses após a chacina de Malacacheta, em outubro de 1990. Eles foram capturados por policiais civis mineiros em uma casa de praia, que seria de propriedade de um oficial da Polícia Militar do estado vizinho.

Em junho de 1993, Adélcio Nunes Leite fugiu do Departamento de Investigações (DI). Ele escapou após convencer dois carcereiros a lhe concederem uma “saidinha” e levá-lo até uma casa no Bairro Santa Helena, em Contagem, onde usaria um telefone para trata de negócios.

Chegando ao local indicado, ele despistou os carceiros da escolta e fugiu em um carro, que já o aguardava no fundo da casa. Na ocasião, a Polícia Mineira iniciou um serviço de inteligência e de levantamento de informações a fim de localizar e recapturar o fugitivo.

Depois de buscas em municípios de vários estados, Adélcio foi preso numa grande operação de uma equipe da Polícia Civil de Minas Gerais, que conseguiu localizá-lo em uma fazenda no interior do Pará. A mulher dele estava no local e também foi presa.

A equipe policial chegou a usar um avião para ir até o Pará para prender Adélcio Leite e transportá-lo de volta para Minas Geras. Na época, a ação foi noticiada como uma “prisão cinematográfica”.







Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

A produtora de vídeos Brasil Paralelo defende uma visão direitista do mundo.
São criticados por terem o apoio de Bolsonaro e Olavo de Carvalho, mas não sei se eles apoiam os dois.

Entre seus muitos vídeos está um sobre 1964:


youtu.be/yTenWQHRPIg

Neste vídeo, uma entrevista no canal do Lacombe:


youtu.be/INne7qVl9M4

Re: Ditadura Militar de 1964

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Brasil Paralelo: a máquina do neofascismo cultural


Com obras de apelo à comoção e ao negacionismo, produtora peleja “arena cultural” para impor ataque ao Estado – e ocupá-lo. Bebem de Olavo de Carvalho para desmontar educação, e já transitam nos corredores do MEC em ataque à ciência

OUTRASMÍDIAS
DIREITA ASSANHADA
por Le Monde Diplomatique Brasil
Publicado 25/05/2020 às 08:59 - Atualizado 25/05/2020 às 09:02


Por Diego Martins Dória Paulo, no Le Monde Diplomatique Brasil

Nos anos 1950, tornou-se famosa a análise semiológica de uma capa de Paris-Match por Roland Barthes. A edição em questão mostra um soldado negro, vestindo uniforme francês, saudando a bandeira tricolor. A conclusão do semiólogo aponta ali a existência de um discurso mítico: o colonialismo francês está presente na cor da pele do militar, mas seu sentido social está deformado, na medida em que a mensagem faz passar por harmônico o que era conflituoso1. É essa a função do mito para Barthes. Sem esconder nada, usaria das propriedades da linguagem para enganar.

Antropólogos então já debatiam o problema sob outra perspectiva. Procurava-se entender o real subjacente ao discurso mítico. Por trabalhos de autores como Malinowski e Eliade se entrevê o mito como expressão de uma verdade cuja definição não está em si, mas nas relações sociais que são sua força criativa efetiva2. É claro que, formalmente, ele se refere fabulosamente a uma história ocorrida em tempos primordiais. Não importa tanto, porém, se o evento narrado ocorreu ou não. Ela é real na medida em que ganha força modeladora do presente e do futuro.

Nesse sentido bastante restrito, as interpretações acima se aproximam. O mito como discurso mobilizador foi mais propriamente analisado em sua dimensão política por Georges Sorel, um dos responsáveis por entender a dimensão irracional das disputas sociais3. Ele sabia que o futuro não é objeto de conhecimento científico. Ainda que linhas tendenciais possam ser divisadas, o porvir é sempre incógnito, posto ser resultante de interesses antagônicos. Reside nesses princípios a força do mito em sua obra. Ele não finca suas raízes no sistema racional, mas nas emoções que desperta – instrumento por excelência da passagem dos princípios à ação.

+ OUTRAS PALAVRAS é financiado pelas pessoas que o leem. Faça parte >>>

A reflexão sobre a irracionalidade como motor da ação política – que encontra no mito uma de suas expressões consagradas – ganha especial relevância com o surgimento da produtora de extrema-direita Brasil Paralelo. A empresa do olavismo cultural falsifica o debate acadêmico e apela aos instintos mais primitivos do público que tenta alcançar. Nesta quarentena, um turbilhão de mensagens publicitárias convocava os “patriotas” a apoiarem a iniciativa em sua cruzada contra a educação brasileira. Considerá-la como produtora de mitos evidencia não apenas os mecanismos de sua atuação, mas também a função que ela cumpre no arco maior de forças que são coligidas no pacto bolsonarista-olavista, do qual faz parte.

O mito liberal
Em entrevista ao Boletim da Liberdade, Filipe Valerim, “rosto” da empresa, constrói a narrativa fundante da Brasil Paralelo. Segundo ele, a produtora criada em Porto Alegre seria resultado dos esforços de um grupo de jovens comuns que, na conjuntura da reeleição de Dilma Rousseff, toma emprestado duas câmeras, algum dinheiro a juros e uma sala de 6 metros quadrados para produzir conteúdo em defesa de um novo modo de fazer política e de uma nova forma de contar a história do Brasil. Dois anos e, imagina-se, muito trabalho depois, surgia a produtora que, de acordo com Valerim, viabiliza-se com a venda de cadastro de membros e acesso exclusivo a seus produtos educativos.

Um olhar mais de perto mostra que as coisas não são bem assim. Em 2016, ano de seu lançamento, o site da produtora anuncia a venda de 68 palestras por R$ 360 à vista ou 12x de R$ 36,14. Dentre os luminares da República que deveriam fazer o público literalmente pagar para ver estavam o então ministro da Educação Mendonça Filho, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, o clã Bolsonaro, além, claro, de Olavo de Carvalho. Deixando de lado juízo de valores sobre o gosto peculiar da audiência, há de se reconhecer a capacidade de alcançar figuras importantes, como deputados, senadores e três ministros – personalidades pouco acessíveis a pessoas comuns.

O lucro resultante da venda de horas de entrevistas com parte significativa da fauna reacionária brasileira teria sido grande o bastante para, um ano depois, com pompa e circunstância, a produtora ter condições de lançar seu filme sobre o impeachment de Dilma Rousseff no Cinemark de um dos maiores shoppings de Porto Alegre. No que talvez tenha sido o maior case de sucesso da história, a produtora dos jovens empreendedores teria alcançado os cinemas – e não qualquer sala, mas o grande circuito – em apenas doze meses. Não localizei informações sobre o orçamento da empreitada. Para fins de comparação, o documentário sobre a eleição de Jair Bolsonaro produzido por Josias Teófilo (que colaborou com a Brasil Paralelo) foi autorizado pela Ancine a captar R$ 530 mil da iniciativa privada. Se os valores forem minimamente parecidos, alguém achou a galinha dos ovos de ouro.

Alguns dados merecem ser adicionados à conta. Em 2019, a Brasil Paralelo lançou crowndfunding para transformar em filme uma de suas séries “documentais”, desta feita sobre a História do Brasil. A arrecadação coletiva em favor de “Brasil: a última cruzada” mirava alcançar R$ 2 milhões4, em um plano de ação cuja meta final era a produção do documentário e distribuição de assinaturas nas escolas brasileiras. A vaquinha virtual conseguiu pouco mais de R$ 400 mil, como o próprio Filipe Valerim admite em vídeo no YouTube. Segundo ele, suficiente para a realização da película, mas não para sua chegada às unidades escolares brasileiras. Menos mal para os liberais orgulhosos de “nunca terem recebido dinheiro público” que, em dezembro, a TV Escola, canal financiado pelo MEC, tenha garantido o objetivo de ampliar acesso ao conteúdo ao fechar contrato para divulgação da série.

Ainda em 2019, teve início a produção de “Pátria Educadora” – documentário orçado em R$ 2 milhões. A propaganda maciça sugere cifras astronômicas para uma pequena produtora que vive de membresia. No Facebook, o recorte dos anúncios da nova série tem um alcance ambicioso. No filtro da publicidade, o público-alvo inclui pessoas com mais de 18 anos cuja localização é o Brasil e tenham demonstrado mínimo interesse em educação ou política. Parece muita gente. Segundo a rede social, anúncios desta magnitude podem custar até US$ 50 mil por semana, embora os valores variem de acordo com a escolha do anunciante. Difícil imaginar, contudo, uma firma com amplo amparo publicitário que não saiba usar a ferramenta de target, de sorte que a amplitude do público-alvo é um indício eloquente do montante investido.

Testemunhamos, assim, a entificação da narrativa liberal clássica. O grupo de jovens comuns, que tem de tomar recursos emprestados para realizar o sonho, triunfa por oferecer ao mercado um produto que atenda necessidades dos consumidores. A encarnação do mito é a própria empresa, e a mensagem é clara: acredite no autofinanciamento, defenda a iniciativa privada contra o Estado – aquela é eficiente em detectar as necessidades dos consumidores; este, estruturalmente ineficiente e corrupto. Pouco importa se o orçamento sugira suporte financeiro muito maior do que o arrecadado pelo supor de cidadãos comuns5. Os empreendedores seguem renovando as apostas, declarando não receber qualquer receita fora do círculo de membros.

Por essa razão, durante a reprodução de Pátria Educadora, o espectador é bombardeado por inúmeros anúncios da importância de filiação à empresa – que estaria ameaçada de fechar as portas caso uma meta (de “novos” 20 mil membros) não fosse alcançada. Spoiler alert: as portas não fecharão, mesmo que a meta não seja batida. A função do apelo é retórica: trata-se de anunciar um objetivo na prática já alcançado, para depois sua conquista ser usada como prova da viabilidade da alternativa à educação gerida pelo Estado. Já há propostas nesse sentido sendo divulgadas como conteúdo “extra” ao Pátria Educadora, e o carro-chefe do momento parece ser o homeschooling. A empresa seria a evidência de que podemos fazer diferente, daí a importância da construção mítica de sua história – uma trajetória de crítica imanente ao “sistema”.

O mito da revolta contra o sistema
A série documental Pátria Educadora se propõe a fazer a “maior denúncia da história” contra a educação brasileira. Dividido em três episódios que somados perduram quase três horas, o material conta, no primeiro, uma visão ficcional da história da educação e do “Ocidente”6. O argumento da narrativa opera um corte importante entre a educação “para elevação do ser”, supostamente vigente na Antiguidade e na Idade Média, e a educação para fins terrenos, utilitários, imposta pelo Estado a partir da Reforma Protestante. O modelo de educação tocado por preceptores e tutores, de larga vigência na Antiguidade, chega a ser elogiado por permitir que os mais ricos “paguem pelos melhores professores” sem intervenção de qualquer autoridade pública. A crítica, claro, reside precisamente na regulação estatal da educação – e as palavras “educação compulsória” chegam a ser ditas, a fim de tornar violento o ato consensualmente entendido como direito.

Na segunda parte, a mixórdia narrativa aponta para a importância de se considerar a obra de Paulo Freire a reverberação nacional de transformações mundiais ocorridas na década de 1960, como a Revolução Cultural Chinesa, o Maio de 1968 e uma suposta guinada no “movimento socialista internacional” que, entendendo a “cultura” como a “verdadeira infraestrutura da sociedade”, teria movido suas atenções para a “revolução cultural”. No Brasil, o documentário sugere que os militares da ditadura teriam sido espécie de “parteiros paradoxais” porque, ao não expurgarem adequadamente as instituições de ensino, teriam deixado por lá o “ovo da serpente” que permitiria o retorno da “hegemonia da esquerda” a partir dos anos 1970.

Novamente, o que vale é a comoção provocada pelo discurso. Não importa que a tese da descoberta de uma “verdadeira infraestrutura” flerte com o grotesco, especialmente quando situada em uma conjuntura de franca ascensão dos pós-estruturalismos. A produção da Brasil Paralelo nunca teve qualquer apreço pela descrição do real, haja vista o uso, em outro trabalho, de fotografias de Sebastião Salgado, tiradas em Serra Pelada, como evidências da Guerrilha do Araguaia – em processo que acabou na Justiça, vencido pelo fotógrafo. A intenção é chocar para mobilizar. Sobre isso, o tratamento que a obra freireana recebe no documentário é particularmente elucidativo.

Escrito na metade final dos anos 1960, Pedagogia do oprimido seria traduzido para mais de quarenta línguas, tornando-se um dos grandes documentos do século XX. Em síntese, a obra denunciou o que Freire chamava de “ordem opressiva” cujos elementos constituintes despertavam nos subalternos o desejo de ser opressor. Como solução, o pedagogo propõe a união entre ação e reflexão em uma práxis transformadora, responsável por mudar condições objetivas e subjetivas rumo à emergência de uma “ordem ética”. Nela, mesmo os dominantes de outrora sairiam favorecidos, porque se tornariam livres das cadeias cíclicas da dominação das pessoas sobre as pessoas7.

Não é preciso, por conseguinte, ir muito além das primeiras palavras do texto clássico para constatar que a dicotomia opressor-oprimido de que fala Paulo Freire radica seus sentidos no conjunto da sociabilidade capitalista. Reduzi-la a uma relação professor-aluno, insinuando ser o autor crítico à autoridade do educador, é mentira deslavada8. No entanto, é assim que o professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Ricardo da Costa, balbucia sua visão sobre o tema:

“A educação paulo-freireana não aceita que você diga, por exemplo, que o rapaz que fala framengo tá errado, né. Você não pode porque você tá impondo a sua cultura classista. Isso…Isso é… a pedagogia do oprimido, né… o oprimido é… ora… ora… se há um oprimido tem um opressor. Quem é o opressor? O professor”9

As reiteradas distorções seguem com a avaliação de Olavo de Carvalho. Diz o autointitulado filósofo, contrariando os apontamentos mais elementares da obra do patrono da educação brasileira.

“Então você não tem meios de você se desaculturar. Você fica preso. (…) O Paulo Freire cria uma estratificação social invencível. Se você nasceu filho de pedreiro é para você ficar pedreiro o resto de sua vida. E se inscreve no Partido Comunista e continua pedreiro.”10

Como se, na Pedagogia do oprimido e na prática em todos outros lugares, Paulo Freire não defendesse o exato oposto. Pode-se, claro, criticar as reflexões do pedagogo. Há quem as entenda como pendentes para o idealismo; há os que, defendendo uma neutralidade axiológica impossível, nela atacam sua evidente politização – estes são não surpreendentemente os conservadores, os que sentem arrepio na espinha a qualquer desafio à ordem capitalista. Mas chega a ser difícil de acreditar que se arremeta contra a criação de uma “estratificação social invencível” em seus trabalhos. Logo os de Paulo Freire, que dedicou inúmeras páginas contra os fatalismos que esterilizavam na vida seu impulso renovador.

O sentido desta narrativa finca raízes no mito da revolta contra a ordem, insígnia que mobiliza a Brasil Paralelo em sua aliança estratégica com o bolsonarismo. Na narrativa em tela, Paulo Freire seria a origem de um “sistema educacional” subvertido pelo esquerdismo. Daí a importância da violência sanitária expressa na fala do autor do libelo reacionário “Desconstruindo Paulo Freire”.

Se fôssemos um país saudável, eu reitero isso, Paulo Freire não seria debatido. Debateríamos entendimentos sobre sistemas pedagógicos, sobre o papel do Estado na educação, enfim, debates elevados, sobre temas elevados. Ele é debatido porque somos um país socialmente doente11.

A tese da sociedade adoecida também por causa da “hegemonia cultural esquerdista” é lapidada na fala de Abrahan Weintraub, responsável por sintetizar a importância do ataque “ao sistema educacional” brasileiro. Professor da Unifesp aprovado em seleção suspeita de favorecimento, o ministro da Educação ataca os concursos públicos, denunciando um suposto funcionamento sob o prisma do “esquerdismo”, tornando-se mecanismos de aparelhamento do MEC e, posteriormente, arma de subversão moral na guerra cultural desencadeada pela esquerda.

Para que o “Novo Brasil” seja possível, não bastaria reformar o ministério. Embora esta seja uma etapa importante, não bastaria expurgar seus quadros12. O “esquerdismo” atravessaria a integralidade de suas práticas, e só uma política de devastação poderia responder adequadamente ao problema. Mas a destruição é também construção. Do seio da antiga ordem há de nascer uma nova cultura, na qual uma nova história será narrada. Eduardo Bolsonaro partilhou no Facebook depoimento de Rafael Nogueira, novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional, sobre a importância de tomar dos “doutores em História” a prerrogativa de narrar a História do Brasil, dando a ela um tratamento mais adequado.

É por esta dinâmica destrutiva-construtiva que se pode melhor divisar a ofensiva em curso, diferenciando-a, inclusive, dos ataques conservadores mais recentes – que defendiam um arremedo de pedagogia tecnicista. A discussão contra o Estado recobre o esforço de construção de uma nova ordem, com a qual a Brasil Paralelo contribui no front cultural.

O mito fascista
Em 2016, Leandro Ruschel, outro dos jovens ligados à iniciativa aqui em análise, entrevistou Olavo de Carvalho em sua casa. Ouviu do astrólogo conjecturas sobre a trama política nacional e previsões sobre como um golpe de Estado poderia triunfar no país13. A mobilização popular seria a chave do sucesso. Também em 2016 surgia a Brasil Paralelo.

A ideia de “pôr o povo na rua” não representa, em si mesma, filiação a nenhuma corrente política. Se compreendermos a Brasil Paralelo como um componente da aliança olavista-bolsonarista vigente, teremos de avaliar seu papel à luz da divisão de tarefas de uma frente que se lança ao ataque em diversas áreas. A produtora seduz os militares, com uma visão revisionista de 1964. Em suas redes sociais, o guru da extrema-direita e, como vimos, presença cativa nos produtos da Brasil Paralelo, lança apoio à baixa oficialidade e à tropa das Forças Armadas. O braço armado da aliança, claro, conta ainda com setores das polícias, tornadas freikorps pela prática miliciana, cuja aparição na greve do Ceará, em fevereiro último, foi singular demonstração de força mesmo fora do Rio de Janeiro, seu principal covil. Eis o cerne mesmo do bolsonarismo.

Aos peões olavistas, como a produtora gaúcha, convém pelejar na “arena cultural”. Para tanto, convém ocupar postos de Estado para implodi-los por dentro, conferindo-lhes novo sentido social. Já temos um negacionista do racismo na Fundação Palmares; uma trupe de palhaços no MEC; e agora a molecada ligada à Brasil Paralelo chega à Fundação Biblioteca Nacional, armando suas tendas na presidência e em outros cargos da instituição. Por meio desses espaços, gesta-se a nova cultura de que falou certa feita Roberto Alvim, ex-secretário especial da Cultura, acusado de apologia ao nazismo.

Os movimentos fascistas se caracterizaram historicamente por esta preocupação. A mobilização constante de setores de apoio, especialmente das camadas médias urbanas, é o que o diferencia de outras correntes de direita. Na empreitada, “mitos” que comovam cumprem um papel importante, não apenas de definir alvos a serem atacados – os petistas e comunistas hoje, sabe-se lá quem mais amanhã, como ensinou Brecht. Os mitos também mobilizam em direção a objetivos a serem conquistados, rumo a uma nova era em preparação.

Diego Martins Dória Paulo é doutorando em História pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal Fluminense e membro do GTO, grupo de pesquisas coordenado pela Prof. Dra. Virginia Fontes.

1 BARTHES, Roland. O mito, hoje. In: Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. p 142-148.

2 Ver, dentre outros: ELIADE, Mircea. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 1972; MALINOWSKI, Bronislaw. Magia, Ciência e Religião. Lisboa: Edições 70, 1988.

3 SOREL, Georges. Reflexões sobre a violência. 1ª ed. b. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

4 O valor é anunciado nas introduções aos episódios da série, disponíveis gratuitamente no YouTube. Também há esta informação aqui: https://www1.folha.uol.com.br/poder/202 ... erda.shtml.
5 Ao contrário, o orçamento sugere apoio empresarial, que é visível, pelo menos, em apoio e publicidade nas redes sociais. Alguns dos apoiadores são conhecidos: Luciano Hang, o novo bilionário do pedaço, Winston Ling e Flávio Rocha, este publicando artigos laudatórios à Brasil Paralelo em seu site oficial, como pode ser visto aqui: http://www.flaviorocha.com.br/brasil-pa ... a-mudanca/.

6 Em um dos falseamentos mais aviltantes aos olhos do historiador, há a sugestão de que, após Boécio, o aristotelismo teria encontrado em São Tomás de Aquino apogeu de seu tratamento na Idade Média Ocidental, constituindo, assim, um dos pilares do Ocidente então gestado. Para além do anacronismo com a ideia de “Ocidente”, o panegírico oculta que, entre um e outro, a saber, Boécio e Tomás de Aquino, passam-se quase sete séculos, durante os quais o aristotelismo, se sobreviveu na Europa, conseguiu fazê-lo apenas marginalmente, tendo sido os muçulmanos que habitavam a Península Ibérica os responsáveis pela sua segunda grande difusão pelo continente. Fatos que não podem ser narrados sem prejuízo à imagem idílica e delirante que os seguidores de Olavo de Carvalho têm do Ocidente – imagem que une “civilização” e “cultura” de uma forma que causaria orgulho e vergonha em Spengler: o primeiro pelo tributo às ideias mais gerais, a segunda pela qualidade medonha do produto final.

7 FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2018.

8 Quanto mais por ser Paulo Freire autor de reflexões sobre a importância da autoridade contra a licenciosidade na sala de aula. Ver. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2003, p. 105.

9 A fala ocorre, mais ou menos, aos 46min30seg do documentário disponível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=UPDjFGGN2w0
10 Ver aproximadamente aos 46min50seg do mesmo link: https://www.youtube.com/watch?v=UPDjFGGN2w0

11 A fala é de Thomas Giulliano e ocorre aproximadamente 1h07min do documentário disponível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=UPDjFGGN2w0

12 A bandeira chegou a dar origem a um projeto de “Lava-jato da Educação”, posteriormente formalmente abandonado pelo governo. Ver: https://agenciabrasil.ebc.com.br/educac ... -bolsonaro

13 A partir de 13min30seg do vídeo disponível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=AcEoTtTel0g


https://outraspalavras.net/outrasmidias ... -cultural/

Re: Ditadura Militar de 1964

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Fernando Silva escreveu:
Qui, 03 Setembro 2020 - 09:00 am
A produtora de vídeos Brasil Paralelo defende uma visão direitista do mundo.
São criticados por terem o apoio de Bolsonaro e Olavo de Carvalho, mas não sei se eles apoiam os dois.

Nasce o cinema olavista


Produtoras se engajam em “guerra cultural” e ganham apoio de empresas ligadas à direita

9 de agosto de 2019
12:06
Ethel Rudnitzki, Rafael Oliveira
Este texto foi publicado há mais de 1 ano.

Diretor olavista se reuniu com ministro da Cidadania para tratar da Lei do Audiovisual
Produtora olavista aprovou dois projetos para captação via lei de incentivo
Filmes revisam momentos da história brasileira como a ditadura e o período imperial


No dia 20 de julho deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou um decreto anunciando mudanças na estrutura administrativa do cinema brasileiro. A Agência Nacional de Cinema (Ancine) foi do Rio para Brasília, e o Conselho Superior de Cinema teve sua composição alterada, além de ser transferido do Ministério da Cidadania, que englobou o antigo Ministério da Cultura, para a Casa Civil. O número de membros do setor audiovisual no Conselho foi reduzido pela metade – de seis para três – e da sociedade civil, de três para dois. Os demais são funcionários do governo.

As mudanças foram justificadas pela necessidade de combate ao que é visto pelo Executivo como produções cinematográficas “de esquerda” que haviam sido aprovadas para captação de recursos via lei de incentivo. “O ativismo é uma coisa que não podemos permitir”, justificou Jair Bolsonaro em coletiva a jornalistas.

A fala de Bolsonaro se aproxima do discurso de Olavo de Carvalho. Para ele, existe um movimento global pela destruição da “cultura ocidental” movido por “esquerdistas” que tentam conquistar a hegemonia através da cultura, ocupando os espaços intelectuais, como as escolas e as universidades. Para vencer os fantasmas do “marxismo cultural”, é necessária uma “guerra cultural”, segundo o autoproclamado filósofo.

Muito antes das mudanças na Ancine, algumas produtoras brasileiras de cinema, inspiradas nas ideias de Olavo de Carvalho, já atuavam incansavelmente em prol da tal “guerra cultural”. O professor ganhou espaço no audiovisual através de diretores como Josias Saraiva Monteiro Neto, conhecido como Josias Teófilo, que criou a Lavra Filmes, de Mauro Ventura Alves, sócio da Ivin Films, e da produtora gaúcha Brasil Paralelo.

Ainda em 2015, quando manifestantes com camisas verde e amarelas da CBF saíam pelas ruas do país pedindo o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), Teófilo organizava seu movimento por trás das lentes. Em setembro e outubro daquele ano, ele, o produtor e montador Matheus Bazzo, o assistente de direção Mauro Ventura e o diretor de fotografia Daniel Aragão foram para Virgínia, nos Estados Unidos, gravar um filme sobre Olavo de Carvalho, que já estampava timidamente algumas camisetas nos protestos pelo impeachment, com a frase: “Olavo tem razão”.

Reprodução
Daniel Aragão, Matheus Bazzo e Josias Teófilo nas gravações de “O Jardim das Aflições”

As filmagens resultaram no longa-metragem O jardim das aflições, lançado em março de 2017, com a direção de Teófilo. O documentário estreou sob polêmica, após sete cineastas retirarem seus filmes do festival Cine PE em boicote à participação do diretor pernambucano. Feito parcialmente por alunos e entusiastas de Olavo de Carvalho, o documentário apresenta a obra e o pensamento do escritor.

O sucesso levou Teófilo a criar em 2018 a Lavra Filmes, sua produtora audiovisual, e a fazer outros projetos. Um deles foi anunciado em julho através de seu Twitter, com o nome de Nem tudo se desfaz, e pretende tratar da história recente do Brasil – desde as manifestações de 2013 até a eleição de Jair Bolsonaro.

Reprodução
Pôster de divulgação do filme “Nem Tudo Se Desfaz”, de Josias Teófilo

Assistente de direção de Teófilo em O jardim das aflições, Mauro Ventura estreou como diretor em junho de 2018, com o filme Bonifácio: o fundador do Brasil. O documentário conta a história do luso-brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva, apontado pela produção como “um dos mais importantes brasileiros da história” e Patriarca da Independência. A Ivin Films, de Ventura, produziu também curta-metragem sobre o livro de Olavo de Carvalho O imbecil coletivo e sua repercussão. A produtora atualmente está realizando o filme Brasil: alma portuguesa, que pretende apresentar os vínculos entre Brasil e Portugal.


Fundada em 2016, a gaúcha Brasil Paralelo é outra produtora que tem ligações com o pensamento de Olavo de Carvalho. Produtora de cursos, séries e filmes documentais que propõem uma “solução paralela” para a cultura e educação no Brasil, a Brasil Paralelo lançou em 2019 seu primeiro longa-metragem nos cinemas, 1964: o Brasil entre armas e livros. Ele reúne depoimentos de especialistas ligados à direita que questionam a versão apresentada pela historiografia. Entre eles, a ideia de que havia de fato uma ameaça comunista, usada em diversos momentos pelos generais para recrudescer a repressão, e a relativização da censura.

Entre as outras iniciativas da produtora está a série O teatro das tesouras, que parte da tese defendida por Olavo de Carvalho de que “não há oposição entre os grandes partidos” do Brasil. A Brasil Paralelo produziu também a série Congresso Brasil Paralelo, que analisa a história brasileira e traça um panorama do presente e do futuro.

Por trás das séries e dos documentários estão equipes formadas majoritariamente por entusiastas e alunos de Olavo de Carvalho. A influência do autoproclamado filósofo também está nos bem-sucedidos financiamentos coletivos – as produtoras realizaram os três maiores crowdfundings do cinema brasileiro.

Além de Carvalho, as produtoras também têm buscado estabelecer relações próximas com políticos, especialmente com a família Bolsonaro. O próprio presidente prestigiou algumas das produções da Lavra Filmes e da Brasil Paralelo em posts nas suas redes sociais.

Prestígio na política
No dia 17 de junho deste ano, o cineasta Mauro Ventura, sócio da Ivin Films, foi recebido pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB). A reunião, que contou também com a participação de membros da Cúpula Conservadora das Américas, tinha como pauta “tratar da Lei do Audiovisual, das suas produções e do seu impacto na promoção do Brasil internacionalmente”. Na agenda do ministro, também foi listado como presente Cristian Derosa, editor do site Estudos Nacionais, que não aparece nas fotos.

Reprodução
Mauro Ventura com o Ministro Osmar Terra e membros da Cúpula Conservadora das Américas

Em resposta a pedido de Lei de Acesso à Informação movido pela Agência Pública, o Ministério da Cidadania disse não dispor de ata da reunião, mas enviou documento de “memória” da reunião, no qual não consta o nome de Derosa.

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Um mês depois do encontro, o site Estudos Nacionais publicou um documento assinado pelo movimento “Brasil 2100”, que propõe “sugestões imediatas para romper o ciclo viciante, desmoralizante e vexatório da cultura brasileira”. O manifesto lista projetos aprovados para captação de recursos via Ancine que, segundo os autores, “não deveriam ter sido aprovados”. Os autores do documento não foram identificados e não há outros indícios da existência do movimento “Brasil 2100”. No site, Cristian Derosa afirmou desconhecer os autores do manifesto. Mas, à Folha, disse conhecê-los mas negou-se a dar os nomes.

Sejam quem forem os autores, fato é que pelo menos uma das sugestões apresentadas pelo documento inspirou mudanças reais no cinema brasileiro na mesma semana. A transferência da Ancine para Brasília era uma das demandas do “Brasil 2100”. O documento sugere também a criação de uma “nova política cultural brasileira”, sem especificar do que se trata.

Em discursos sobre as mudanças, Bolsonaro citou alguns dos filmes rejeitados pelo manifesto, como produções sobre a vida de “Bruna Surfistinha”.

Além de ter sido prestigiado em uma reunião com um ministro de Estado, Ventura teve seu filme Bonifácio: o fundador do Brasil divulgado por Eduardo Bolsonaro, o filho zero três do presidente, no Twitter.

Reprodução
Eduardo Bolsonaro divulgou em seu Twitter documentário da Ivin Films

Ventura e Eduardo participaram de sessão solene na Câmara em homenagem a José Bonifácio por ocasião das comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, em 2022. No evento, o historiador Rafael Nogueira, entrevistado para a produção de Bonifácio, aluno de Olavo e palestrante do Brasil Paralelo, discursou em homenagem ao personagem histórico e mencionou a importância do filme. Também participaram da sessão outros olavistas, como o deputado Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP), membro da “família imperial brasileira” e também palestrante do Brasil Paralelo, e a deputada Caroline de Toni (PSL-SC).

Reprodução
Eduardo Bolsonaro e Rafael Nogueira em sessão de homenagem a Bonifácio na câmara dos deputados

As produções da Lavra Filmes e da Brasil Paralelo são amplamente divulgadas e elogiadas por membros do governo Bolsonaro.

O filme O jardim das aflições foi repetidamente divulgado pelo deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, bem como por seu irmão Flávio, no Twitter. Segundo Daniel Aragão, que participou do filme, Eduardo e Teófilo se aproximaram após a produção. O documentário de Teófilo foi exibido no auditório do Trump International Hotel, em Washington, durante a visita de Jair Bolsonaro a Trump, segundo a Folha de S.Paulo. Além do próprio Olavo de Carvalho e do ex-estrategista de Trump, Steve Bannon, os ministros Fernando Azevedo, Sergio Moro, Paulo Guedes e Marcos Pontes também assistiram à sessão.

Em janeiro deste ano, Eduardo Bolsonaro publicou foto dando depoimento para o novo documentário de Josias
Teófilo, Nem tudo se desfaz. A conta do diretor da Lavra Filmes é uma das 338 seguidas por Jair Bolsonaro no Twitter.

Reprodução/Twitter
Eduardo Bolsonaro e Josias Teófilo gravando para o filme “Nem Tudo se Desfaz”

O presidente segue também o perfil oficial da Brasil Paralelo na rede social. A produtora, que tem depoimentos de Jair e Eduardo em suas produções, é a mais mencionada pela família: Eduardo tuitou sobre os filmes e séries da empresa em mais de 20 ocasiões. O documentário 1964: o Brasil entre armas e livros foi visto por Bolsonaro no avião presidencial, enquanto o mandatário retornava de viagem oficial a Israel.

Reprodução/Twitter
Filme do Brasil Paralelo sendo exibido no avião presidencial

Financiamento olavista

O compartilhamento de conteúdos das produtoras por políticos foi fundamental para o sucesso dos filmes, já que grande parte deles foi financiada através de campanhas de crowdfunding na internet. A Brasil Paralelo, a Ivin Films e Josias Teófilo têm as três maiores campanhas de financiamento coletivo do cinema brasileiro, respectivamente.

Olavo de Carvalho divulga amplamente os filmes e suas campanhas de financiamento, inclusive publicando anúncios patrocinados em página do Facebook.

Reprodução/Facebook
Página de Olavo de Carvalho no Facebook patrocinou propaganda de crowdfunding do Brasil Paralelo

Ventura conta que optou pelo crowdfunding nas outras produções acreditando no engajamento da sua rede de contatos ligada ao professor, que conta com quase 600 mil seguidores no Facebook e 175 mil no Twitter. Mas a maior influência que o escritor exerce é sobre os mais de 3 mil alunos que já passaram por seu Curso On-line de Filosofia, que tem aulas semanais.

“O próprio público que a gente estava lidando tem uma composição concêntrica a partir do professor Olavo, assim a gente tem um alcance efetivo de bastante gente”, afirma.

Reprodução
Mauro Ventura, diretor da Ivin Films, e Olavo de Carvalho em sua casa na Virgínia

Durante as produções de O jardim das aflições, o professor não poupou elogios aos diretores. Para a produção de Bonifácio e Milagre, o escritor deu depoimentos em vídeo elogiando os filmes – dos quais ele próprio participa.

Reprodução
Olavo de Carvalho divulga vendas do filme “Milagre”, do qual ele participa, da Ivin Films.
Além disso, a grande maioria das empresas doadoras de crowdfunding é de alunos de Olavo, que investiram milhares de reais nessas produções.

Em 2017, o filme Jardim das aflições foi bancado por uma campanha online de crowdfunding em três fases – a maior da história até então, com R$ 315 mil arrecadados, vindos de 5 mil pessoas anônimas e quatro empresas.

Um ano depois, o recorde foi superado pela produção com a direção de Mauro Ventura, por meio de sua recém-fundada produtora Ivin Films. Bonifácio: o fundador do Brasil, lançado em junho de 2018, recebeu doações de 2.800 investidores individuais e seis corporativos, totalizando R$ 387 mil, arrecadados via campanha online que convocava os doadores a “participar da guerra cultural” e “ajudar o Brasil a resgatar sua verdadeira alma”.

A Brasil Paralelo superou os dois recordes com sua primeira campanha de crowdfunding, que, ainda em andamento, tem como objetivo a produção e a distribuição gratuita na internet e em escolas. O projeto “A Última Cruzada: O Filme” vai transformar em longa-metragem a série de seis episódios Brasil: a última cruzada, que revisita o período imperial brasileiro para reforçar os laços com os portugueses colonizadores. A campanha já arrecadou mais de R$ 450 mil, batendo a primeira meta.


O que os olavistas querem do Ministério da Educação

A Pública analisou mais de 2.200 tuítes de 54 simpatizantes de Olavo de Carvalho para entender como buscam influenciar a agenda da educação no governo Bolsonaro

Uma das empresas que contribuem para essas campanhas é a Pereda Incorp, do empresário Luiz Pereda, aluno do curso de Olavo. Ele doou para Bonifácio e Milagre, produções da Ivin Films. Segundo o empresário, a decisão de investir nos trabalhos partiu de um ensinamento do seu professor. “Uma coisa que ele fala bastante é que o amor ao conhecimento é uma coisa muito rara no Brasil”, afirma.

O empresário ressalta que seus investimentos não tiveram como objetivo promover sua empresa, mas sim uma visão de mundo. “Eu acredito que o papel de um bom empresário, além de fazer a economia crescer, de empregar, de enfim, produzir pro mundo, que é de, especialmente no Brasil, contribuir para uma das coisas mais falhas que a gente tem que é a falta de inteligência”, afirma Pereda.

O filme Bonifácio também recebeu investimento do blog “Como Educar Seus Filhos”, do empresário e atual secretário de Alfabetização do Ministério da Educação (MEC), Carlos Nadalim. O crowdfunding contou ainda com apoio do Movimento Avança Brasil, grupo conservador pró-Bolsonaro do qual Olavo de Carvalho é conselheiro; do escritório de advocacia Panichi Advogados, do jurista conservador e olavista Raphael Panichi; e do Instituto Realitas, do sociólogo conservador Edgard Leite.

A empresa de arquitetura Arquiteco, de Paulo Coutinho, aluno do curso de Olavo, também doou. Aparecem também como apoiadoras as empresas CriarLOG, que atua em transportes, logística e distribuição de cargas, e a 4IT Smart Solutions, que presta consultoria em tecnologia da informação.

Reprodução/Ivin Films
Empresas parceiras da IVIN Films, de Mauro Ventura

Outra empresa que aparece como apoiadora é o Café Patriota, que fica no bairro da Aldeota, em Fortaleza, no Ceará. O café, que quer a “preservação e disseminação dos valores fundamentais da sociedade brasileira”, também é parceiro da Brasil Paralelo, oferecendo descontos para quem for assinante do conteúdo da produtora – 30 dias de café expresso grátis e desconto de 20% em todo o cardápio. À Pública, Anapuena Havena, sócia do Café Patriota, disse que a empresa não fez nenhum tipo de contribuição financeira para o filme Milagre. “O que aconteceu foi apoio na divulgação”, disse.

A Ivin ainda fez um curta-metragem em 2018 sobre o livro O imbecil coletivo, de Olavo de Carvalho, que não contou com financiamento coletivo. Os custos do filme foram pagos com a distribuição – a produtora vende a versão online do filme por R$ 14,90.

A Pública procurou todas as empresas mencionadas na reportagem, perguntando os valores doados, mas não obteve respostas.

Mas algumas pistas podem ser depreendidas do crowdfunding realizado para O jardim das aflições. A campanha tinha três categorias de recompensas para empresas interessadas em doar altas quantias: quem investisse R$ 10 mil teria sua logomarca exibida nos créditos iniciais junto com outras três investidoras; para quem investisse R$ 20 mil, a logomarca apareceria sozinha com destaque nos créditos iniciais; se doasse acima de R$ 40 mil, a empresa teria maior tempo de exibição nos créditos iniciais.

Reprodução
Recompensas oferecidas a empresas doadoras no site do filme “O Jardim das Aflições”

O filme conseguiu patrocínio de quatro empresas. A “Como Educar Seus Filhos”, de Carlos Nadalim, investiu ao menos R$ 20 mil na produção e teve a logomarca exibida nos primeiros minutos de filme. Em seguida, aparece a logomarca de Victor Gamarra, empreendedor de marketing digital e criptomoedas, com mesmo tempo de exibição. Em entrevista à Pública, Gamarra confirmou o valor investido e afirmou que a doação se deu pela crença na importância da obra de Olavo. “O professor Olavo tem uma mensagem muito importante a transmitir, sobretudo num país contaminado pelo coitadismo, pela burrice generalizada, pela histérica adoração a diplomas, pela crença de ausência de inteligência fora do ambiente universitário”, afirma.

O filme contou também com o patrocínio da Andrade CG Advogados, especializada em atendimento a empresas, e da editora Concreta, que investiram ao menos R$ 10 mil cada uma. Germano Costa Andrade, sócio da Andrade GC, confirmou o valor investido e ressaltou que foi uma contribuição modesta e que não recebeu nenhum benefício fiscal ou financeiro com a doação. “O filme pareceu alinhado à nossa sede por mudanças dessa realidade”, afirmou.

Todas as empresas que financiaram o filme são gerenciadas por olavistas. Nadalim é aluno do curso e seu blog propaga o homeschooling, ou ensino domiciliar, uma das muitas pautas defendidas por Carvalho. Gamarra também é admirador do escritor, conforme indicado em suas redes sociais. A editora Concreta, que vende livros de cultura clássica, catolicismo e protestantismo, também é administrada por um aluno de Carvalho, Renan Martins dos Santos. Já a Andrade CG tem como sócios dois alunos, Germano Costa Andrade e sua esposa, Carolina Ribeiro Botelho.

No total, a produção arrecadou R$ 315 mil – R$ 155 mil além da meta de R$ 160 mil estabelecida. Pelo menos R$ 70 mil vieram de empresas e o restante, de doações individuais, a partir de R$ 60 por pessoa. Os doadores físicos foram recompensados também com materiais de divulgação do filme e nome nos agradecimentos.

Brasil Paralelo ganha com assinaturas

Orgulhosa por não utilizar dinheiro público, a Brasil Paralelo financia suas atividades através de assinaturas digitais por seu conteúdo. “Ficar dependente de grandes patrocinadores, incentivos de lei não era uma alternativa. O conflito de interesses nesses casos é iminente”, afirmou um dos sócios, Filipe Valerim, em entrevista ao site Boletim da Liberdade. O plano básico, que custa R$ 478,88 por ano, oferece acesso a todos os conteúdos exclusivos das séries e filmes da produtora. Já o plano “Master” custa R$ 687,48 e oferece, além dos conteúdos exclusivos, acesso a aulas ao vivo; ao chamado “Núcleo de Formação” da plataforma,
com cursos e palestras; e a encontros presenciais com outros assinantes, membros da equipe e palestrantes.

Em entrevista para o blog Saída pela Direita, em fevereiro, a empresa afirmou ter mais de 20 mil assinantes, o que resultaria em uma receita anual de pelo menos R$ 9,6 milhões, considerando o plano mais básico. Não há divulgação de empresas apoiadoras, à exceção do grupo Liberta, que realizou a série O dia depois das eleições, em parceria com a produtora em 2017.

O grupo foi fundado por Leandro Ruschel, economista aluno de Olavo de Carvalho, palestrante da Brasil Paralelo e irmão de um dos fundadores da produtora, Bruno Ruschel.

Reprodução
Créditos da série “O Dia depois da eleição”, do Brasil Paralelo, em parceria com o grupo Liberta, de Leandro Ruschel

Em seu Facebook, Carvalho convidou seus seguidores a se tornarem membros do Brasil Paralelo e a doarem para o crowdfunding da produção A última cruzada através de post patrocinado. O professor replicou o conteúdo da produtora diversas vezes.

Reprodução/Facebook
Página de Olavo de Carvalho no Facebook patrocinou propaganda de crowdfunding do Brasil Paralelo
As polêmicas leis de incentivo

Por conta das dificuldades logísticas que encontrou para fazer campanhas de crowdfunding, Josias Teófilo resolveu criar uma empresa para tentar captação em leis de incentivo. A Lavra Filmes conseguiu a aprovação de dois projetos pela Ancine em 2019, via lei de incentivo ao Audiovisual. A lei possibilita que empresas e pessoas físicas abatam parte do imposto de renda direcionando recursos para produções audiovisuais.

Um dos projetos de Teófilo que conseguiu aprovação é Nem tudo se desfaz, registrado sob o nome de “Sinfonia nº 2” na Ancine. Trata-se de “um documentário de longa-metragem sobre a história recente do Brasil (entre 2013 e 2018) e as crescentes tensões políticas e agitações sociais que levaram a uma alteração de eixo da política nacional, e uma crise de representatividade sem precedentes – tanto da população para com o governo, como da população em relação à mídia”. O projeto foi aprovado para captar R$ 530 mil até o fim deste ano. O diretor pretende ainda fazer a distribuição por intermédio de um crowdfunding.

O outro projeto é Espelhos do tempo, que foi aprovado para captar R$ 1.306.660,60 até 31 de dezembro de 2019 e se trata de uma série sobre a arquitetura de cidades brasileiras “de Ouro Preto a Brasília”. À Pública, Teófilo disse que não vai levar adiante a captação para esse projeto.

Josias Teófilo considera as leis de incentivo positivas, mas faz ressalvas. “Está havendo um grande questionamento do cinema nacional no atual governo, e isso é resultado de péssimo uso das leis, inclusive com irregularidades. Mas isso tudo não inviabiliza a própria lei em si. Ela é boa. A lei de incentivo, ao invés de o empresário pagar imposto para o governo, é preferível que ele doe para projeto cultural. Você privatiza a escolha dos projetos culturais”, afirma.

Diferentemente da Brasil Paralelo, os diretores da Ivin também não são contrários aos incentivos públicos. “As leis [de incentivo] em si não são boas ou más. Eu vejo de forma positiva que existam contradições, mas é necessário quebrar essa hegemonia da esquerda”, defende Ventura.

Crítico das leis de incentivo à cultura, o presidente Jair Bolsonaro reprovou o uso desses recursos para o filme Nem tudo se desfaz. “Recentemente tomei conhecimento sobre a liberação para captação de R$ 530 mil via Ancine para produção de um filme sobre minha campanha nas eleições. Por coerência, sugeri que voltassem atrás nessa questão. Não concordamos com o uso de dinheiro público também para estes fins”, publicou em seu Twitter. Ele anunciou interesse de extinguir a Ancine, mas voltou atrás na decisão.

Na ocasião, Carvalho saiu em defesa de seu aluno. “Primeiro: o filme não é sobre o Bolsonaro. Segundo: a Ancine não deu nem vai dar um só tostão ao Josias. Só deu a autorização legal para ele tentar obter patrocínio privado”, publicou em seu Facebook.

O diretor da Lavra Filmes comemorou o recuo do presidente sobre a extinção da Ancine. “A direita brasileira inteira tem preconceito contra as leis de incentivo, inclusive não entendem exatamente como a coisa funciona.”

Ventura também é contra a ameaça de extinção da Ancine. “O nosso cinema não é grande. Ele ainda precisa se desenvolver, ainda precisa ganhar corpo. […] Quando a gente abre mão de uma das únicas formas de obter alguma vantagem nesse jogo, a gente está realmente, aí sim, entrando num retrocesso”, diz, ressaltando que não vê com bons olhos o estabelecimento de filtros na instituição.

O diretor da Ivin Films afirma que pensa em utilizar recursos estatais. “A gente tem o plano de utilizar todos os meios, inclusive os meios de fomento estatal”, diz. No entanto, sua produtora ainda não apresentou projetos com captação por leis de incentivo.

Guerra audiovisual

“Participe da guerra cultural”, convida a Ivin Filmes em vídeo promocional com Olavo de Carvalho para a campanha de financiamento do filme Bonifácio. Com discurso parecido, Filipe Valerim, sócio-fundador da Brasil Paralelo, agradece aos assinantes por ajudarem a Brasil Paralelo a despertar “a consciência de pessoas que jamais teriam a uma visão sistêmica dos problemas que o Brasil enfrenta e da revolução cultural que passamos”.

Reprodução
Campanha de arrecadação para Bonifácio chama doadores para a “guerra cultural”

Indagado pela Pública sobre o que sua campanha quis dizer com “guerra cultural”, Ventura aponta uma hegemonia da esquerda na cultura e diz que “os filmes da produtora se inserem nessa lógica na medida que eles oferecem pro público algo que não está sendo privilegiado há algum tempo”.

Josias Teófilo não abraça completamente a ideia de guerra cultural, mas admite que seus filmes podem ser usados dentro dessa retórica. “Eu tenho reservas quanto a isso da guerra cultural, mas ao mesmo tempo eu noto que existe uma guerra cultural, contra mim, contra filmes. E você se afirmar é também entrar na guerra, né”.

Com equipes formadas majoritariamente por entusiastas e alunos de Olavo de Carvalho, as três produtoras passeiam por temas relevantes dentro da “guerra cultural” do professor, como a história do Brasil, e a religião. Além dos temas, as produções também repetem alguns dos entrevistados, entre eles o professor Olavo de Carvalho, o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança e o professor de filosofia e história Rafael Nogueira, aluno do curso.

Contrário à rotulação de sua produtora em um espectro político, Mauro Ventura esclarece: “Nós não produzimos direita, nós produzimos cinema”, diz. E completa: “As pessoas estão imbuídas daquilo que elas acreditam e por mais que o trabalho delas seja técnico, elas vão acabar colocando algo daquilo que elas acreditam no trabalho. Imparcialidade total não existe, mas existe sinceridade de fato”.

Para Teófilo, suas produções também tentam fugir de ideologias. “A retórica começa a matar a arte, são raras as obras de arte que conseguem sobreviver a propaganda de qualquer coisa que seja. Então no caso do Nem Tudo Se Desfaz, eu quero ser o mais descritivo possível, e adjetivar o mínimo. Tentar ao máximo dar uma experiência pras pessoas, e não informação pras pessoas”, diz.


https://apublica.org/2019/08/nasce-o-cinema-olavista/

Re: Ditadura Militar de 1964

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Fernando Silva escreveu:
Qui, 03 Setembro 2020 - 09:00 am
A produtora de vídeos Brasil Paralelo defende uma visão direitista do mundo.
São criticados por terem o apoio de Bolsonaro e Olavo de Carvalho, mas não sei se eles apoiam os dois.
Não só apoiam Olavo de Carvalho, como os idealizadores são ex-alunos de Olavo. Tanto é que ele sempre apareceu com frequências nos vídeos e documentários do Brasil Paralelo.

Bolsonaro, até onde sei não apoiam explicitamente, mas apoiam a ideologia em si, que é basicamente a ideologia Olavista.

Está errado em dizer que Brasil Paralelo possui uma visão "direitista". Pois olavismo se diz de direita, mas diverge em vários pontos de muitos movimentos de direita no mundo.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

O problemas com os artigos citados por JJ_JJ é que um defende Paulo Freire e o outro nega que houvesse risco de uma revolução comunista em 1964.

Não sou olavista nem bolsonarista e acho que, logo após abril de 1964, deveria ter assumido o vice, um civil. Ou que, pelo menos, não deveria ter havido 1968 e o AI-5, mas também não sou de esquerda. Quanto a Paulo Freire, posso listar um monte de besteiras que ele escreveu ou defendia.

Acabo não pertencendo a grupo nenhum, já que discordo de todos eles.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Fernando Silva escreveu:
Sex, 04 Setembro 2020 - 06:53 am
O problemas com os artigos citados por JJ_JJ é que um defende Paulo Freire e o outro nega que houvesse risco de uma revolução comunista em 1964.

Não sou olavista nem bolsonarista e acho que, logo após abril de 1964, deveria ter assumido o vice, um civil. Ou que, pelo menos, não deveria ter havido 1968 e o AI-5, mas também não sou de esquerda. Quanto a Paulo Freire, posso listar um monte de besteiras que ele escreveu ou defendia.

Acabo não pertencendo a grupo nenhum, já que discordo de todos eles.
Desconheço obra de Paulo Freire. Mas quais besteiras especifiamente ele teria dito?

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Agnoscetico escreveu:
Dom, 06 Setembro 2020 - 14:49 pm
Desconheço obra de Paulo Freire. Mas quais besteiras especifiamente ele teria dito?
Para não copiar e colar um monte de posts e textos, segue o link:
https://religiaoeveneno.com.br/index.ph ... ulo-freire

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Fernando Silva escreveu:
Seg, 07 Setembro 2020 - 08:37 am
Agnoscetico escreveu:
Dom, 06 Setembro 2020 - 14:49 pm
Desconheço obra de Paulo Freire. Mas quais besteiras especifiamente ele teria dito?
Para não copiar e colar um monte de posts e textos, segue o link:
https://religiaoeveneno.com.br/index.ph ... ulo-freire
Eu tenho uma licenciatura, então passei pela escola de pedagogia. Vou te falar que não me lembro de ter lido nem um texto do Paulo Freire. Nenhum foi passado, e numa universidade pública.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Cinzu escreveu:
Qui, 03 Setembro 2020 - 18:04 pm
Fernando Silva escreveu:
Qui, 03 Setembro 2020 - 09:00 am
A produtora de vídeos Brasil Paralelo defende uma visão direitista do mundo.
São criticados por terem o apoio de Bolsonaro e Olavo de Carvalho, mas não sei se eles apoiam os dois.
Não só apoiam Olavo de Carvalho, como os idealizadores são ex-alunos de Olavo. Tanto é que ele sempre apareceu com frequências nos vídeos e documentários do Brasil Paralelo.

Bolsonaro, até onde sei não apoiam explicitamente, mas apoiam a ideologia em si, que é basicamente a ideologia Olavista.

Está errado em dizer que Brasil Paralelo possui uma visão "direitista". Pois olavismo se diz de direita, mas diverge em vários pontos de muitos movimentos de direita no mundo.
Brasil Paralelo tem esse nome provavelmente por viverem em uma realidade paralela. Tem um vídeo do canal do slow sobre aquele "documentário" a respeito da ditadura militar. Ele mostra que, segundo as próprias fontes que o tal "documentário" usa, não havia risco real do comunismo tomar o país, dentre outras coisas.

Outro dia os seguidores do astrólogo estavam pedindo boicote ao mcdonald's. McDonald's virou símbolo mór do comunismo. É a tal realidade paralela...

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Titoff escreveu:
Ter, 08 Setembro 2020 - 19:49 pm
Fernando Silva escreveu:
Seg, 07 Setembro 2020 - 08:37 am
Agnoscetico escreveu:
Dom, 06 Setembro 2020 - 14:49 pm
Desconheço obra de Paulo Freire. Mas quais besteiras especifiamente ele teria dito?
Para não copiar e colar um monte de posts e textos, segue o link:
https://religiaoeveneno.com.br/index.ph ... ulo-freire
Eu tenho uma licenciatura, então passei pela escola de pedagogia. Vou te falar que não me lembro de ter lido nem um texto do Paulo Freire. Nenhum foi passado, e numa universidade pública.
O que não impede que os professores o admirem, apliquem seus métodos e divulguem suas ideias.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Fernando Silva escreveu:
Qua, 09 Setembro 2020 - 07:43 am
Titoff escreveu:
Ter, 08 Setembro 2020 - 19:49 pm
Fernando Silva escreveu:
Seg, 07 Setembro 2020 - 08:37 am
Agnoscetico escreveu:
Dom, 06 Setembro 2020 - 14:49 pm
Desconheço obra de Paulo Freire. Mas quais besteiras especifiamente ele teria dito?
Para não copiar e colar um monte de posts e textos, segue o link:
https://religiaoeveneno.com.br/index.ph ... ulo-freire
Eu tenho uma licenciatura, então passei pela escola de pedagogia. Vou te falar que não me lembro de ter lido nem um texto do Paulo Freire. Nenhum foi passado, e numa universidade pública.
O que não impede que os professores o admirem, apliquem seus métodos e divulguem suas ideias.
Mas não foi o que vi... a não ser que a fábrica de doutrinação comunista para professores possua subníveis sutis que atuem inconsciente dos licenciandos.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Fernando Silva escreveu:O que não impede que os professores o admirem, apliquem seus métodos e divulguem suas ideias.
A esmagadora maioria dos professores de escolas públicas não possuem a mínima ideia de como funciona o método Paulo Freire. Grande parte não está nem aí para aplicar métodos de ensino, simplesmente porque possuem seus salários fixos no fim do mês. E os alunos, a maioria também não está nem aí para as aulas, e os pais sequer se importam se o aluno vai bem na escola ou se matou aula.

Esta é a realidade brasileira. Quem dera se nosso principal problema educacional fosse a "doutrinação Freiriana". Seria um paraíso de ótimo.

Re: Ditadura Militar de 1964

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Titoff escreveu:
Qua, 09 Setembro 2020 - 12:08 pm
Fernando Silva escreveu:
Qua, 09 Setembro 2020 - 07:43 am
Titoff escreveu:
Ter, 08 Setembro 2020 - 19:49 pm
Fernando Silva escreveu:
Seg, 07 Setembro 2020 - 08:37 am
Agnoscetico escreveu:
Dom, 06 Setembro 2020 - 14:49 pm
Desconheço obra de Paulo Freire. Mas quais besteiras especifiamente ele teria dito?
Para não copiar e colar um monte de posts e textos, segue o link:
https://religiaoeveneno.com.br/index.ph ... ulo-freire
Eu tenho uma licenciatura, então passei pela escola de pedagogia. Vou te falar que não me lembro de ter lido nem um texto do Paulo Freire. Nenhum foi passado, e numa universidade pública.
O que não impede que os professores o admirem, apliquem seus métodos e divulguem suas ideias.
Mas não foi o que vi... a não ser que a fábrica de doutrinação comunista para professores possua subníveis sutis que atuem inconsciente dos licenciandos.

Existia um aparelho cubano que emitia ondas freirianas , que eram transmitidas para repetidoras ( em locais secretos) perto da maioria das escolas brasileiras. Essas ondas freirianas são muito poderosas e conseguem atuar no subconsciente da maioria dos alunos (em uma porcentagem menor não consegue). Foi por causa desse aparelho, e de suas poderosas ondas freirianas, que o Lula ganhou em 2002, 2006, e a Dilma em 2010 e 2014. A coisa só desandou porque no final de 2014 o Super Comando Azul de Caçadores de Comunistas, em conjunto com a CIA, descobriu a trama e conseguiu sabotar o aparelho cubano. De lá para cá os comunistas não conseguiram mais fazer o aparelho funcionar.


8-)


.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

É, vejo isso como um pânico da ditatura requentado (como várias bobagens atuais da direita brasileira). Muito folclore para justificar ser desagradável com os outros ou (bem) pior.

E é como o Cinzu falou, não é doutrinação que explica maus resultados na maioria da rede pública, pois ela não existe. Tem gente que acha que existe uma conspiração coordenada para doutrinar crianças através de Paulo Freire. Acho que os que dizem isso nunca frequentaram escolas públicas ou conviveram com seus funcionários.

Ou, talvez mais provável, sejam apoiadores do "escola sem partido (dos outros)," que desejam implementar o ensino de "verdades alternativas," como fazem na internet. Até o trump estava culpando os "professores esquerdistas" dia desses.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Cinzu escreveu:
Ter, 31 Março 2020 - 13:15 pm
Talvez a falsa impressão das pessoas em pensarem que naquela época não existia corrupção, a economia ia bem e tudo era perfeito, deve-se ao controle do governo sob a mídia. Os noticiários basicamente eram propagandas do governo, onde tudo passava pelo crivo da censura e só mostrava-se o que era de interesse ao ditadores. Até mesmo as músicas com críticas e questionamentos ao regime, eram censuradas.

As pessoas hoje atacam a imprensa por mostrar os podres dos políticos, mas não se dão conta que se não fosse por ela, a população sequer teria noção do que foi o Mensalão, Petrolão, Operação Lava jato, e demais escândalos de corrupção que são noticiados no dia a dia. Nada disso aconteceria se não fosse pela independência dos poderes, avanços da justiça em investigar crimes públicos, e liberdade da imprensa em expor as autoridades públicas.
Titoff escreveu:
Qua, 01 Abril 2020 - 11:22 am
Eu chego a rir quando vejo alguns mais exaltados pedindo AI5 ou volta da ditadura. É o que foi falado: tente mostrar essa revolta com o governo e sua lista de reivindicações numa ditadura para você ver.

Mas @Fernando Silva, quantos guerrilheiros financiados pelos comunistas eram treinados no Brasil e iriam derrotar as forças armadas, tomar um país continental, subjugar a população - que era em massa contra - e instituir um governo?

Não me parece nada que não poderia ser resolvido sem criar uma "ditadura do bem," que até atentados terroristas contra a própria população realizou.

No mais, teve gente que viveu tranquila, claro, apesar de ter sido um período de deterioração de várias áreas. Lembro-me até de entrevista do jogador Petkovic dizendo que a vida na Iugoslávia socialista foi muito boa para ele e a família: todos tinham emprego, comida na mesa, viajavam nas férias, etc. Porém não acho que isso permite dizer que a ditadura comunista foi bacana. É importante ter a visão anedótica de indivíduos que viveram certo período, mas é necessário dar uns passos para trás e ver a coisa num todo também, incluindo resultados e esclarecimento de mentiras.
Aqui um vídeo de exemplo: Reportagem feita TV Cultura sobre criminalidade crescente em SP durante década de 70. Nos comentários alguns elogiam o jeito melhor de falar das pessoas provavelmente com intenção de amenizar a incompetência do governo militar em lidar con situação social e de criminalidade. Deve ser esses tipos que devem achar que o Temer é melhor que o Lula porque tem gramática mais apurada.


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Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Agnoscetico escreveu:
Qua, 21 Outubro 2020 - 21:08 pm

Aqui um vídeo de exemplo: Reportagem feita TV Cultura sobre criminalidade crescente em SP durante década de 70. Nos comentários alguns elogiam o jeito melhor de falar das pessoas provavelmente com intenção de amenizar a incompetência do governo militar em lidar con situação social e de criminalidade. Deve ser esses tipos que devem achar que o Temer é melhor que o Lula porque tem gramática mais apurada.


youtu.be/Q4BT9AlBx3k
Belo achado!

As pessoas se expressavam mesmo de uma forma mais culta, digamos. Não sei quando estudaram, mas considero que o ensino público antes de 1964 era melhor do que o de 1985, então não sei se foi exatamente algo que foi melhorado pela bandidagem que tomou o poder.
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