Meritocracia
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Farsa da meritocracia cria ressentimento explorado por populistas como Trump e Bolsonaro, diz professor de Yale
https://www.msn.com/pt-br/dinheiro/othe ... r-BB19Kshf
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- Fernando Silva
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O mérito deve ser encorajado através de prêmios e reconhecimento.
Algumas pessoas são melhores que as outras. Isto é bom. Devemos encorajá-las a usar seus talentos.
Os sem talento, sem inteligência, sem beleza, sem dotes físicos devem se conformar e fazerem o que for possível dentro de suas limitações.
Claro que isto provoca desigualdade, mas a solução é tentar evitar que ela chegue a extremos e não impor uma igualdade (que só é possível por baixo, na mediocridade).
Algumas pessoas são melhores que as outras. Isto é bom. Devemos encorajá-las a usar seus talentos.
Os sem talento, sem inteligência, sem beleza, sem dotes físicos devem se conformar e fazerem o que for possível dentro de suas limitações.
Claro que isto provoca desigualdade, mas a solução é tentar evitar que ela chegue a extremos e não impor uma igualdade (que só é possível por baixo, na mediocridade).
O problema em dizer que os "sem talento" devem se conformar com sua exclusão natural é justamente a falta de uma definição adequada e verificável do talento. Diferenças ambientais influenciam as diferenças na expressão do DNA. As diferenças nas capacidades inatas modificadas pela experiência não são só fruto das diferenças nas realizações do próprio indivíduo. Isso sem falar na questão das desigualdades imensas nos resultados que a aleatoriedade pura e simples pode produzir, como já mostrou o estudo experimental de desigualdade e imprevisibilidade num mercado cultural artificial que Salganik, Dodds e Watts publicaram na Science em 2006.Fernando Silva escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 10:07 amO mérito deve ser encorajado através de prêmios e reconhecimento.
Algumas pessoas são melhores que as outras. Isto é bom. Devemos encorajá-las a usar seus talentos.
Os sem talento, sem inteligência, sem beleza, sem dotes físicos devem se conformar e fazerem o que for possível dentro de suas limitações.
Claro que isto provoca desigualdade, mas a solução é tentar evitar que ela chegue a extremos e não impor uma igualdade (que só é possível por baixo, na mediocridade).
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Onde há mérito em coisas que foram herdadas, como no caso de aparência física?
No caso de alguém que desenvolveu um talento como, por eexemplo,
Pessoas que não se encaixam no perfil de padrão "melhor" de aparência física muitas vezes são maltratadas e até desrespeitadas. Então se deveria aceitar isso e ficar caladinhas por ser parte da natureza? Então um cara com aptidões de força física teria o mérito de dominar por ter poder por ser mais
Então ética, seja progressista, libertária,
Por exemplos:
Que mérito em modelos como Gisele Bündchen ganhar mais que outras, sendo que ela só modelo (até aonde sei) e não tem uma habilidade específica ba área produtiva econômica, científica, etc?
Que mérito há na monarquia? Onde alguém tem o poder simplesmente por ser descendente de um governante. Afinal, competência pra governar não é herdado geneticamente, até aonde sei.
Que mérito há no fato de playboys como Chiquinho Scarpa ter fortuna que tem sem ter feito nada pra resultar naquela fortuna?
Que mérito há em vários artistas terem fortunas como uma tal de Carla Perez, que chegou a dizer que escola tem letra "i" e uma tal de Mc Mirela, que teria chegado a dizer que estudar não ta com nada? (Se não fosse repercussão do que ela falou eu nem ia saber quem era ela)
Se bem que, até certo ponto, ela pode talvez ter razão quando se vê muitos artistas medíocres ganhar mais até mesmo que engenheiros bem mais qualificados e úteis pra sociedade.
Que mérito tem pastores ter fortuna que tem? Mérito da lábia e estelionato?
Meritocracia absoluta pra mim é utopia, mesmo que, em alguns casos, seja válido, como no caso sa Vera Loyola e David Portes ("David Camelot", que parece ser mais pragmático que ancaps e liberais de Youtube, que são muitos cheios de teoria e blábláblá).
- Fernando Silva
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Não há mérito em herdar essas coisas, mas ainda pode haver mérito em saber usar essas características para o bem ou de forma produtiva.Agnoscetico escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:18 pmOnde há mérito em coisas que foram herdadas, como no caso de aparência física?
Nascer feio não implica em aceitar maus tratos e desrespeito. Mas implica em aceitar que não será escolhido para atividades em que a beleza seja necessária. Ou que não consigam namorar quem eles querem.Agnoscetico escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:18 pmPessoas que não se encaixam no perfil de padrão "melhor" de aparência física muitas vezes são maltratadas e até desrespeitadas. Então se deveria aceitar isso e ficar caladinhas por ser parte da natureza? Então um cara com aptidões de força física teria o mérito de dominar por ter poder por ser mais
Ser fraco não implica em aceitar ser dominado pelos mais fortes, apenas em aceitar que não está preparado para profissões ou atividades que exijam força física.
Ela gera lucro para quem a contrata como modelo.Agnoscetico escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:18 pmQue mérito em modelos como Gisele Bündchen ganhar mais que outras, sendo que ela só modelo (até aonde sei) e não tem uma habilidade específica ba área produtiva econômica, científica, etc?
Não há mérito. Cada povo é que decide se há vantagens na monarquia ou não e então mantém, com seus defeitos, ou tenta derrubá-la e adotar outro regime (também com seus defeitos).Agnoscetico escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:18 pmQue mérito há na monarquia? Onde alguém tem o poder simplesmente por ser descendente de um governante. Afinal, competência pra governar não é herdado geneticamente, até aonde sei.
Nenhuma. Mas isto não dá a ninguém o direito de lhe tomar a herança que seus pais resolveram lhe dar.Agnoscetico escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:18 pmQue mérito há no fato de playboys como Chiquinho Scarpa ter fortuna que tem sem ter feito nada pra resultar naquela fortuna?
Se alguém pagou fortunas a esses artistas, não foi por bondade e sim porque era isto que o povo queria e pagou para vê-los e comprou seus discos.Agnoscetico escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:18 pmQue mérito há em vários artistas terem fortunas como uma tal de Carla Perez, que chegou a dizer que escola tem letra "i" e uma tal de Mc Mirela, que teria chegado a dizer que estudar não ta com nada? (Se não fosse repercussão do que ela falou eu nem ia saber quem era ela)
Sim, e isto resulta em sociedades medíocres que avançam mais lentamente ou regridem.Agnoscetico escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:18 pmSe bem que, até certo ponto, ela pode talvez ter razão quando se vê muitos artistas medíocres ganhar mais até mesmo que engenheiros bem mais qualificados e úteis pra sociedade.
Eles são criminosos. Há leis contra isto. Numa sociedade ideal, seriam presos.Agnoscetico escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:18 pmQue mérito tem pastores ter fortuna que tem? Mérito da lábia e estelionato?
Meritocracia é algo que devemos praticar quando tivermos chance. Se tivermos como ajudar alguém, devemos escolher quem mereça, não um parente, amigo ou pessoa que queremos levar para a cama.Agnoscetico escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:18 pmMeritocracia absoluta pra mim é utopia, mesmo que, em alguns casos, seja válido, como no caso sa Vera Loyola e David Portes ("David Camelot", que parece ser mais pragmático que ancaps e liberais de Youtube, que são muitos cheios de teoria e blábláblá).
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Entendo talento como sendo uma habilidade que, se houver condições favoráveis, encontra aplicação prática e ajuda a pessoa a se manter e/ou ajudar os outros.
Sim. Não basta ter talento, é preciso ter a sorte de nascer num lugar ou família onde esse talento seja reconhecido, onde seja permitido exercer esse talento, onde a pessoa tenha condições financeiras de desenvolvê-lo.Huxley escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 12:47 pmDiferenças ambientais influenciam as diferenças na expressão do DNA. As diferenças nas capacidades inatas modificadas pela experiência não são só fruto das diferenças nas realizações do próprio indivíduo. Isso sem falar na questão das desigualdades imensas nos resultados que a aleatoriedade pura e simples pode produzir, como já mostrou o estudo experimental de desigualdade e imprevisibilidade num mercado cultural artificial que Salganik, Dodds e Watts publicaram na Science em 2006.
Tenho certeza de que muitos gênios morreram de fome na infância ou acabaram em profissões braçais porque não puderam estudar ou praticar.
Um desperdício.
O primeiro ponto é que não existe meritocracia no Brasil. Quem nasce em berço de ouro terá a melhor educação. Mesmo se for burro, consegue pagar para estudar. Alguns herdam empresas boas prontas. Há também o rentismo, podendo viver sem trabalhar só por ser acionista de um imóvel ou empresa.
Já o pobre vai se preocupar com problemas do presente, como comer e pagar aluguel e por isso nem tem tempo para revelar os talentos. Nem entram numa educação boa onde o talento possa florescer. Pobre não tem capital para abrir empresa. O jovem tem que procurar emprego logo, não tendo tempo para prolongar os estudos ou tentar algum empreendimento barato. Muitos estudantes trabalham enquanto estudam.
Se um médico ganha 30 mil mensal, ótimo, mas que mérito tem um empresário inovador que ganha 300 mil em vez de 30 mil? Se eu te disser que existe um grupo que ganha mais de 3 milhões, tem mérito? A recompensa não está desproporcional?
Além disso, esses milionários tem algum direito de intervir na política de forma que o cidadão sozinho não pode?
* Beleza não traz nenhum bem (ou mal) para a sociedade. Bunda só serve de marketing para atrai macho.
* A "esperteza" (ou malandragem), muitas vezes acompanhada de oratória, é um talento que faz mal à sociedade: políticos ladrão, estelionatários, pastores, vendedor trambiqueiro, empresas que exploram a ingenuidade do povão, etc
* Quem tem talento para força física faz serviço muito mal remunerado: pedreiro, bombeiro, etc.
* Alguns com talento físico ficam milionários, mesmo tendo cérebro de jumento, no "esporte profissional", que é uma coisa que não faz bem para a sociedade, porque é o mesmo que pagar uma criança para jogar vídeo game.
* Sem fazer juízo de valor, existem músicos excelentes que ganham quase nada e excelentes que ganham milhões. Não é mérito pelo talento e sim pela fama. O mesmo vale para atores.
* Se entrarmos na música completamente comercial, como k-pop, em que o vocalista é só um rosto bonito, o talento está diluído na equipe profissional anônima bem treinada, que faz composição, arranjo e performance dos instrumentos.
* Sorte não é mérito. Por isso ocorre o fenômeno da viralização, que ainda não conseguem explicar por que ocorre, mas é imprevisível. Muitos produtos passam por isso.
Por outro lado há a questão dos deficientes. A preocupação extrema com eles podem afetar a maioria da população negativamente: colocar rampa onde o espaço é muito escaço, não usar cores por causa dos daltônicos, fazer todos os livros em braile e força quem enxerga aprender, etc.
Não podemos acabar com todas as desigualdades, mas em muitos casos as desigualdades são extremas e há muitos casos em que a desigualdade não justifica o bem para a sociedade como um todo e só é um sistema que mantém privilégios e poder.
Só acho bizarro defender ao mesmo tempo defender um livro mercado para tirar o privilégio dos "amigos do rei" e ser contra uma reforma agrária. Desconcentração em qualquer setor resultaria em mais produtores e fortaleceria a concorrência. É melhor 10 empresários grandes do que 1 gigante.
Já o pobre vai se preocupar com problemas do presente, como comer e pagar aluguel e por isso nem tem tempo para revelar os talentos. Nem entram numa educação boa onde o talento possa florescer. Pobre não tem capital para abrir empresa. O jovem tem que procurar emprego logo, não tendo tempo para prolongar os estudos ou tentar algum empreendimento barato. Muitos estudantes trabalham enquanto estudam.
Mas taxar pesadamente herança e grande fortuna é necessário na sociedade atual para quebrar o ciclo de perpetuação da desigualdade extrema. Não existe riqueza sem pobreza.Fernando Silva escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:56 pmNenhuma. Mas isto não dá a ninguém o direito de lhe tomar a herança que seus pais resolveram lhe dar.Que mérito há no fato de playboys como Chiquinho Scarpa ter fortuna que tem sem ter feito nada pra resultar naquela fortuna?
Se um médico ganha 30 mil mensal, ótimo, mas que mérito tem um empresário inovador que ganha 300 mil em vez de 30 mil? Se eu te disser que existe um grupo que ganha mais de 3 milhões, tem mérito? A recompensa não está desproporcional?
Além disso, esses milionários tem algum direito de intervir na política de forma que o cidadão sozinho não pode?
Primeiro vemos que os talentos úteis não são encorajados de forma correta.Fernando Silva escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 10:07 amAlgumas pessoas são melhores que as outras. Isto é bom. Devemos encorajá-las a usar seus talentos.
Os sem talento, sem inteligência, sem beleza, sem dotes físicos devem se conformar e fazerem o que for possível dentro de suas limitações.
* Beleza não traz nenhum bem (ou mal) para a sociedade. Bunda só serve de marketing para atrai macho.
* A "esperteza" (ou malandragem), muitas vezes acompanhada de oratória, é um talento que faz mal à sociedade: políticos ladrão, estelionatários, pastores, vendedor trambiqueiro, empresas que exploram a ingenuidade do povão, etc
* Quem tem talento para força física faz serviço muito mal remunerado: pedreiro, bombeiro, etc.
* Alguns com talento físico ficam milionários, mesmo tendo cérebro de jumento, no "esporte profissional", que é uma coisa que não faz bem para a sociedade, porque é o mesmo que pagar uma criança para jogar vídeo game.
* Sem fazer juízo de valor, existem músicos excelentes que ganham quase nada e excelentes que ganham milhões. Não é mérito pelo talento e sim pela fama. O mesmo vale para atores.
* Se entrarmos na música completamente comercial, como k-pop, em que o vocalista é só um rosto bonito, o talento está diluído na equipe profissional anônima bem treinada, que faz composição, arranjo e performance dos instrumentos.
* Sorte não é mérito. Por isso ocorre o fenômeno da viralização, que ainda não conseguem explicar por que ocorre, mas é imprevisível. Muitos produtos passam por isso.
Por outro lado há a questão dos deficientes. A preocupação extrema com eles podem afetar a maioria da população negativamente: colocar rampa onde o espaço é muito escaço, não usar cores por causa dos daltônicos, fazer todos os livros em braile e força quem enxerga aprender, etc.
Não podemos acabar com todas as desigualdades, mas em muitos casos as desigualdades são extremas e há muitos casos em que a desigualdade não justifica o bem para a sociedade como um todo e só é um sistema que mantém privilégios e poder.
Só acho bizarro defender ao mesmo tempo defender um livro mercado para tirar o privilégio dos "amigos do rei" e ser contra uma reforma agrária. Desconcentração em qualquer setor resultaria em mais produtores e fortaleceria a concorrência. É melhor 10 empresários grandes do que 1 gigante.
Se existe uma faixa de reação, a faixa de limites de possibilidades amplos, nos quais um atributo pode ser expresso de várias maneiras, então não faz sentido alguém se “conformar com suas limitações”, pois em quase todos os casos não se saberia se as limitações sugeridas pelas realizações modestas seriam limitações reais ou limitações aparentes de suas capacidades. Outra razão para alguém não se conformar com suas limitações é justamente o fato de que a aleatoriedade pura e simples faz papel de agente de mobilidade social. No mercado cultural, por exemplo, contágios sociais, principalmente os tipicamente reforçados pela popularização da internet, provocam sucessos que não são explicados satisfatoriamente pela qualidade intrínseca das pessoas ou de seus produtos.Fernando Silva escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 16:07 pmEntendo talento como sendo uma habilidade que, se houver condições favoráveis, encontra aplicação prática e ajuda a pessoa a se manter e/ou ajudar os outros.Sim. Não basta ter talento, é preciso ter a sorte de nascer num lugar ou família onde esse talento seja reconhecido, onde seja permitido exercer esse talento, onde a pessoa tenha condições financeiras de desenvolvê-lo.Huxley escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 12:47 pmDiferenças ambientais influenciam as diferenças na expressão do DNA. As diferenças nas capacidades inatas modificadas pela experiência não são só fruto das diferenças nas realizações do próprio indivíduo. Isso sem falar na questão das desigualdades imensas nos resultados que a aleatoriedade pura e simples pode produzir, como já mostrou o estudo experimental de desigualdade e imprevisibilidade num mercado cultural artificial que Salganik, Dodds e Watts publicaram na Science em 2006.
Tenho certeza de que muitos gênios morreram de fome na infância ou acabaram em profissões braçais porque não puderam estudar ou praticar.
Um desperdício.
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Se a pessoa trabalhou duro para acumular um capital e agora vive dos rendimentos, é direito dela.
Esse capital não está parado, está gerando mais riquezas na forma de benefícios a quem mora no imóvel ou empregos a quem trabalha na empresa.
Ninguém deixa o dinheiro parado numa caixa-forte como a do Tio Patinhas.
O mundo é uma merda, mas quem tem uma situação melhor não é culpado pela desgraça dos outros assim como eu não sou culpado pelos que nascem cegos ou aleijados. Isto não impede que o governo use nossos impostos para melhorar a condição dessas pessoas.Tutu escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 19:26 pmJá o pobre vai se preocupar com problemas do presente, como comer e pagar aluguel e por isso nem tem tempo para revelar os talentos. Nem entram numa educação boa onde o talento possa florescer. Pobre não tem capital para abrir empresa. O jovem tem que procurar emprego logo, não tendo tempo para prolongar os estudos ou tentar algum empreendimento barato. Muitos estudantes trabalham enquanto estudam.
Falácia da soma zero, ou seja, a ideia de que há uma quantidade constante de riqueza e, se alguém fica rico, alguém ficou mais pobre.
A menos que o dinheiro seja roubado, ele foi ganho com trabalho honesto. Ele é uma riqueza nova, que não existia antes. Os pobres não ficaram mais pobres, pelo contrário, a atividade econômica lhes trouxe oportunidades que não teriam se todos fossem pobres.
Se eu monto uma empresa numa região pobre e fico rico, eu tomei o dinheiro do povo ou melhorei suas vidas ao lhes dar emprego?
Se esse empresário criou e produz algo que beneficia a todos, sim, ele tem mérito.
Se o Bill Gates tivesse se tornado caixa de supermercado, o mundo seria melhor? A riqueza dele hoje estaria na mão dos pobres?
Não mesmo. Essa riqueza não teria sido gerada. Não existiria.
Sim. Isto é um problema. E um desperdício.
Então vamos acabar com as artes, com a música e com tudo o mais que dê prazer, mas não encha barriga.
Existem leis contra isto. Infelizmente não são aplicadas.
Sim, porque é um talento comum. É a lei da oferta e da procura.
É sinal de que seu talento tem valor para parte da sociedade e ela está disposta a pagar por isso.
Se o povão gosta de porcaria, temos que melhorar a cultura do povão.
Mais uma vez: é sinal de que tem gente disposta a pagar por isso.
Sorte não é mérito, é um fato da vida. Mas ninguém tem culpa por ter tido sorte.
Talento, disposição para o trabalho e capacidade empresarial são artigos raros.Tutu escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 19:26 pmSó acho bizarro defender ao mesmo tempo defender um livro mercado para tirar o privilégio dos "amigos do rei" e ser contra uma reforma agrária. Desconcentração em qualquer setor resultaria em mais produtores e fortaleceria a concorrência. É melhor 10 empresários grandes do que 1 gigante.
É por isso que, mesmo em igualdade de condições, alguns sempre ficarão ricos ou muito mais ricos que o resto.
E é por isso que a maioria das empresas vai à falência dentro de 1 ou 2 anos.
Tomar as terras de gente capacitada para distribuí-las a incapazes não funciona. A experiência já provou isto no Brasil e no exterior.
Já ouviu falar em políticos e capitalismo de compadrio?Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 07:51 amO mundo é uma merda, mas quem tem uma situação melhor não é culpado pela desgraça dos outros
Além disso, tem muita empresa gigante que faz falcatrua para manter o poder sem precisar comprar poder político.
A única coisa que melhora a vida da sociedade é eficiência e tecnologia. Se a empresa tem nada disso e mesmo assim melhorou a região pobre, então o dinheiro veio de outra região ou, em outras palavras, os pobres pararam de deixar dinheiro ou mão-de-obra em outra região.Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 07:51 amSe eu monto uma empresa numa região pobre e fico rico, eu tomei o dinheiro do povo ou melhorei suas vidas ao lhes dar emprego?
Artes é a indústria do lazer, que é uma das necessidades do ser humano. Mas imagens de modelo mulher gostosa, modelo homem maromba e bunda são somente marketing.Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 07:51 amEntão vamos acabar com as artes, com a música e com tudo o mais que dê prazer, mas não encha barriga.
Os milionários do esporte profissional, da música de cultura pop e dos famosos da TV usam artifícios para vender em massa semelhante à religião e tenta transformar em parte da cultura. Um indivíduo paga por Gustavo Lima porque os amigos fazem o mesmo. No futebol o povo gosta é da bandeira do time independente do conteúdo como fosse uma religião. Exploram viés de fazer parte de um grupo e não querer ficar de fora.Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 07:51 amÉ sinal de que seu talento tem valor para parte da sociedade e ela está disposta a pagar por isso.
O artista de circo faz um trabalho muito mais difícil do que um futebolista.
Qual deveria ser a diferença máxima tolerável entre os extremos da desigualdade para que a sociedade não seja prejudicada?Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 07:51 amÉ por isso que, mesmo em igualdade de condições, alguns sempre ficarão ricos ou muito mais ricos que o resto.
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Fernando Silva escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 15:56 pm
1) Não há mérito em herdar essas coisas, mas ainda pode haver mérito em saber usar essas características para o bem ou de forma produtiva.
2) Não há mérito. Cada povo é que decide se há vantagens na monarquia ou não e então mantém, com seus defeitos, ou tenta derrubá-la e adotar outro regime (também com seus defeitos).
3) Nenhuma. Mas isto não dá a ninguém o direito de lhe tomar a herança que seus pais resolveram lhe dar.
4) Se alguém pagou fortunas a esses artistas, não foi por bondade e sim porque era isto que o povo queria e pagou para vê-los e comprou seus discos.
5) Eles são criminosos. Há leis contra isto. Numa sociedade ideal, seriam presos.
6) Meritocracia é algo que devemos praticar quando tivermos chance. Se tivermos como ajudar alguém, devemos escolher quem mereça, não um parente, amigo ou pessoa que queremos levar para a cama.
7) Então vamos acabar com as artes, com a música e com tudo o mais que dê prazer, mas não encha barriga.
8) Sorte não é mérito, é um fato da vida. Mas ninguém tem culpa por ter tido sorte.
9) Tomar as terras de gente capacitada para distribuí-las a incapazes não funciona. A experiência já provou isto no Brasil e no exterior.
1) Gerar lucro passivamente sem praticamente fazer nada além de desfilar e fazer aparições não é mérito. Andar numa passarela não requer habilidades sofisticadas de produção tecnológica nem serviços.
2) Pelo menos considera que não há mérito.
Povo decidir é outra questão, pois não se pode falar dum povo como se fosse opinião unânime.
3) Não mencionei sobre tirar herança. Mas, de novo, considerou que ele não tem mérito. Esse é o ponto.
4) Sim sei disso, mas essa não é a questão. A questão é o contexto do que falei sobre o que eles fariam pra eles merecem ganhar mais que engenheiros, técnicos, cientistas, e outros que fazem coisas concretamente úteis e necessárias.
5) Em teoria sim, mas na prática não é que costuma ocorrer. Lei no papel sem ser posta em prática em todos os casos é como letra morta.
6) Discurso bonito mas na prática não é assim que funciona. Por isso que na prática isso é utópico.
Sobre ajudar parentes até na esfera pública, na política, há muitos casos.
7) Artes são obras de criatividade e habilidade e não obras do automáticas da natureza. Modelos, por exemplo, não nascem com corpo modelado por seu talento artístico.
8) Mas esse é o ponto. Sorte não é mérito, então meritocracia não tem haver com isso.
9) Terra (especialmente a fértil) não é um produto criado pela habilidade e competência pessoas, surgiu na natureza. Muitas vezes obtidas por conquistas com guerras, tomadas de posse, etc, e não por mérito em competência em como administrar a terra pra gerar desenvolvimento geral.
Lembrando que essas terras eram de indígenas, então os europeus, usando seu sistema de exploração da terra com agricultura de plantation (trabalho escravo e as melhoras terras usadas voltadas pro mercado externo) em vez duma agricultura voltado pra suprir o mercado interno. O resultado se reflete no Brasil ainda hoje com grandes concentrações de terras nas mãos de coronéis (como se fossem senhores feudais) e nem sempre na mão de pessoas mais competentes
Onde entra meritocracia?
Claro que há exceções, como talvez seja o cultivo da soja seja mais empreendedor, pois tem um conjunto de indústrias e comércios ligados a isso gerando algum tipo de desenvolvimento nas comunidades, mas ainda tem a questão de retirada de mata nativa por plantas de outros ecossistemas, empobrecimento do solo, etc (mas aí é mais um problema ecológico .
E falando em ecologia, há casos no Brasil e França, onde empresas são donas de terras com nascentes de rios, fazendo práticas como desvio ou poluição de rios, prejudicando as populações que precisam dessa água.
Conclusão: Então eu sou a favor da reforma agrária, ainda que não seja a favor da militância do MST, pra evitar monopólio de recursos (já que monopólio é algo que os ditos liberais/libertários dizem ser contra). E sou contra tornar fontes naturais de recursos hídricos, por exemplo, como propriedade privada, já que pode prejudicar vida em questões de saúde e sustento.
Mantenho minha afirmação: "Meritocracia absoluta é utopia"
- Fernando Silva
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Falcatruas, políticos corruptos e compadrio são crimes. Se continuam sendo praticados é porque a lei não é aplicada.Tutu escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 12:15 pmJá ouviu falar em políticos e capitalismo de compadrio?Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 07:51 amO mundo é uma merda, mas quem tem uma situação melhor não é culpado pela desgraça dos outros
Além disso, tem muita empresa gigante que faz falcatrua para manter o poder sem precisar comprar poder político.
A discussão é sobre uma situação em que as pessoas são, em princípio, honestas e, no entanto, surge a desigualdade.
Você está insistindo na falácia da soma zero. A soma das riquezas não é constante. Ela é continuamente criada com o trabalho.Tutu escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 12:15 pmA única coisa que melhora a vida da sociedade é eficiência e tecnologia. Se a empresa tem nada disso e mesmo assim melhorou a região pobre, então o dinheiro veio de outra região ou, em outras palavras, os pobres pararam de deixar dinheiro ou mão-de-obra em outra região.Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 07:51 amSe eu monto uma empresa numa região pobre e fico rico, eu tomei o dinheiro do povo ou melhorei suas vidas ao lhes dar emprego?
Se eu pesco um peixe, criei riqueza. Se pego barro e faço um pote ou vaso, idem. Se pego madeira e faço móveis, idem.
Essas coisas não existiam antes e agora estão disponíveis, beneficiando as pessoas. O total de riquezas aumentou.
Se essas imagens funcionam, é porque são vistas como necessidades por esses consumidores.Tutu escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 12:15 pmArtes é a indústria do lazer, que é uma das necessidades do ser humano. Mas imagens de modelo mulher gostosa, modelo homem maromba e bunda são somente marketing.Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 07:51 amEntão vamos acabar com as artes, com a música e com tudo o mais que dê prazer, mas não encha barriga.
Uma revista como a "Playboy" não vende um produto, vende fotos de mulher pelada (por mais que haja anúncios na revista). As fotos são o produto.
Seja lá qual for o motivo, bom ou mau, há mercado para essas coisas. Satisfaz a uma necessidade. Vai aparecer alguém para atender a isto.Tutu escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 12:15 pmOs milionários do esporte profissional, da música de cultura pop e dos famosos da TV usam artifícios para vender em massa semelhante à religião e tenta transformar em parte da cultura. Um indivíduo paga por Gustavo Lima porque os amigos fazem o mesmo. No futebol o povo gosta é da bandeira do time independente do conteúdo como fosse uma religião. Exploram viés de fazer parte de um grupo e não querer ficar de fora.Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 07:51 amÉ sinal de que seu talento tem valor para parte da sociedade e ela está disposta a pagar por isso.
Esta é outra falácia: a de que o valor de um produto deve ser definido em função do trabalho necessário para produzi-lo.
Na vida real, vale a Lei da Oferta e da Procura. Um quilo de ouro vai valer a mesma coisa não importando se você achou no seu quintal ou se passou anos no meio do mato, se matando de trabalhar, estragando a saúde.
Se ninguém quer seu produto, o valor é zero independente do esforço investido nele.
A desigualdade não importa. O que importa é que os que têm menos ainda tenham o suficiente para uma vida digna.Tutu escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 12:15 pmQual deveria ser a diferença máxima tolerável entre os extremos da desigualdade para que a sociedade não seja prejudicada?Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 07:51 amÉ por isso que, mesmo em igualdade de condições, alguns sempre ficarão ricos ou muito mais ricos que o resto.
- Fernando Silva
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Vou repetir: desfiles e aparições atendem a uma necessidade. Alguém está disposto a pagar por isso. Fornecer este serviço não é crime e não é justo impedir que alguém se beneficie da sorte que teve ao nascer bonito.Agnoscetico escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 15:41 pm1) Gerar lucro passivamente sem praticamente fazer nada além de desfilar e fazer aparições não é mérito. Andar numa passarela não requer habilidades sofisticadas de produção tecnológica nem serviços.
Não tem mérito, mas tem direito. Assim como poderíamos dizer que não temos mérito por termos nascido com saúde enquanto tantos nascem com deficiências.Agnoscetico escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 15:41 pm3) Não mencionei sobre tirar herança. Mas, de novo, considerou que ele não tem mérito. Esse é o ponto.
Não é uma questão de merecer e sim o fato de haver gente disposta a pagar por isso.Agnoscetico escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 15:41 pm4) Sim sei disso, mas essa não é a questão. A questão é o contexto do que falei sobre o que eles fariam pra eles merecem ganhar mais que engenheiros, técnicos, cientistas, e outros que fazem coisas concretamente úteis e necessárias.
Certo, mas isto não serve como argumento contra a meritocracia.Agnoscetico escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 15:41 pm5) Em teoria sim, mas na prática não é que costuma ocorrer. Lei no papel sem ser posta em prática em todos os casos é como letra morta.
6) Discurso bonito mas na prática não é assim que funciona. Por isso que na prática isso é utópico.
Sobre ajudar parentes até na esfera pública, na política, há muitos casos.
Modelos têm direito de usar os atributos que a natureza lhes deu assim como o artista ou o escritor nascem com o talento para a arte ou literatura.Agnoscetico escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 15:41 pm7) Artes são obras de criatividade e habilidade e não obras do automáticas da natureza. Modelos, por exemplo, não nascem com corpo modelado por seu talento artístico.
Sorte não é mérito, mas é um fato da vida. E não é crime ter sorte.Agnoscetico escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 15:41 pm8) Mas esse é o ponto. Sorte não é mérito, então meritocracia não tem haver com isso.
Os indígenas tomavam as terras uns dos outros com violência. Vieram os brancos e tomaram deles.Agnoscetico escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 15:41 pm9) Terra (especialmente a fértil) não é um produto criado pela habilidade e competência pessoas, surgiu na natureza. Muitas vezes obtidas por conquistas com guerras, tomadas de posse, etc, e não por mérito em competência em como administrar a terra pra gerar desenvolvimento geral.
Lembrando que essas terras eram de indígenas, então os europeus, usando seu sistema de exploração da terra com agricultura de plantation (trabalho escravo e as melhoras terras usadas voltadas pro mercado externo) em vez duma agricultura voltado pra suprir o mercado interno. O resultado se reflete no Brasil ainda hoje com grandes concentrações de terras nas mãos de coronéis (como se fossem senhores feudais) e nem sempre na mão de pessoas mais competentes
Onde entra meritocracia?
Se formos discutir quem tem direito a quais terras, teremos que voltar a Adão e Eva e vir corrigindo as injustiças até hoje.
Se é que são injustiças, já que o conceito de justiça era diferente no passado.
Sim. O mundo é imperfeito e sempre será. No máximo, podemos tentar diminuir um pouco essas imperfeições.Agnoscetico escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 15:41 pmMantenho minha afirmação: "Meritocracia absoluta é utopia"
- Fernando Silva
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Eu diria que a maioria das objeções acima pode ser resumida a:
"Se a meritocracia não é perfeita e não resolve todos os problemas, então não presta"
"Se a meritocracia não é perfeita e não resolve todos os problemas, então não presta"
Argumentos plenamente coerentes e satisfatórios, Fernando.
Parabéns pela excelente explicação e didatismo.
As respostas estão irretocáveis.
Parabéns pela excelente explicação e didatismo.
As respostas estão irretocáveis.
"Meritocracia" atualmente é um daqueles termos cujo um dos seus significados frequentemente usado ignora completamente a etimologia da palavra. Meritocracia deveria significar "governo dos meritosos". Ora, isso é verdadeira piada. Numa democracia representantativa com sufrágio universal, como é o caso do Brasil, quem governa são os representantes políticos eleitos, o que, no Brasil, implica o fato de que normalmente os piores chegam ao poder. Demeritocracia seria um termo mais adequado para descrever a situação em que vivemos do que meritocracia. Viver numa meritocracia só seria minimamente concebível se alguma força militar impusse uma governança política feita por um conselho composto somente por gente com mérito.
Também não existe essa coisa de recompensa econômica segundo o mérito moral. Numa sociedade livre e justa, o que existe é recompensa econômica segundo o valor econômico gerado, que é parcial ou totalmente independente do mérito moral. Claramente, quem defende meritocracia como recompensa econômica segundo o mérito está alinhado ao socialismo, pois somente num Estado socialista seria concebível haver um processo de cima para baixo para tentar determinar a distribuição da renda nacional segundo o mérito moral de cada um.
Também não existe essa coisa de recompensa econômica segundo o mérito moral. Numa sociedade livre e justa, o que existe é recompensa econômica segundo o valor econômico gerado, que é parcial ou totalmente independente do mérito moral. Claramente, quem defende meritocracia como recompensa econômica segundo o mérito está alinhado ao socialismo, pois somente num Estado socialista seria concebível haver um processo de cima para baixo para tentar determinar a distribuição da renda nacional segundo o mérito moral de cada um.
- Agnoscetico
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Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amEu diria que a maioria das objeções acima pode ser resumida a:
"Se a meritocracia não é perfeita e não resolve todos os problemas, então não presta"
Quais? As do Tutu?
Pois no meu caso deixo bem claro:
Não é que ela não presta é que ela não existe do jeito que entusiastas da Meritocracia pintam (igual comunistas idealistas costumam fazer em relação a distribuição de bens).
Essa observação eu já tinha feito por mim mesmo antes mesmo de virar chavão por aí. Mas aí pensei, se índios tivessem invadido a Europa iam ficar de mimimi, já que esses costumavam se matar entre si como nas guerras religiosas, de países (Espanha x Inglaterra, França x Inglaterra, etc). Porque houve a "invasão" islâmica na Península Ibérica e Europa oriental ficam de drama "Se não fosse pelos cruzados seu nome seria Maomé". E muitos na Europa implicam com imigrantes de países que, até poucas décadas atrás, eram colônias exploradas por eles, e ainda dizem "Eles roubam nossos empregos".Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amOs indígenas tomavam as terras uns dos outros com violência. Vieram os brancos e tomaram deles.
(...)
Se formos discutir quem tem direito a quais terras, teremos que voltar a Adão e Eva e vir corrigindo as injustiças até hoje.
Se é que são injustiças, já que o conceito de justiça era diferente no passado.
Além disso, problema com terras indígenas ainda há. Lembrando que não tô santificando nativos, mas é um fato histórico e não dá pra ser ignorado como explicação pra muitas consequências sociais ruins que existe.
Mas o tópico é sobre meritocracia.
Questão: Deveria haver mérito no direito ou deveria direito no mérito?
Esse não é o ponto. Pois não há (de)mérito em nascer com ou sem saúde, pois é uma situação que independe de uso de alguma habilidade pra gerar bens. A natureza e o acaso não são meritocráticos, já a forma como a sociedade aplica ou não a meritocracia é feita de forma consciente.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amAssim como poderíamos dizer que não temos mérito por termos nascido com saúde enquanto tantos nascem com deficiências.
Então é o que eu questionei. Não é questão de meritocracia e sim de oferta-e-procura. Então a palavra meritocracia tá sendo indevidamente usada, deviam usar "oferta-e-procura".Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amNão é uma questão de merecer e sim o fato de haver gente disposta a pagar por isso.
Necessidade? Não! Ânsia de consumir. Necessidade é sede, fome, ter ar pra respirar, e coisas do tipo. Mas sim as pessoas tem direito a consumir a besteira que quiser, mas aí não é meritocracia é só direito de consumo.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amVou repetir: desfiles e aparições atendem a uma necessidade. Alguém está disposto a pagar por isso. Fornecer este serviço não é crime e não é justo impedir que alguém se beneficie da sorte que teve ao nascer bonito.
Não é argumento contra meritocracia porque não há meritocracia nisso.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amCerto, mas isto não serve como argumento contra a meritocracia.
Questiono essa de que pessoas nascem com talento. Talentos podem ser desenvolvidos dependendo com que tipo de ambiente intelectual ou obras se entra em contato.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amModelos têm direito de usar os atributos que a natureza lhes deu assim como o artista ou o escritor nascem com o talento para a arte ou literatura.
Além essa comparação não tem sentido pois um escritor usa seu intelecto pra elaborar uma obra literária já a modelo que nasceu bonita não esculpiu próprio corpo. O autor pode ter mérito já a modelo não.
Deixo claro: Não sou contra direito de pessoas consumirem ou dar valor ao que quiserem, só não é certo chamar de meritocracia aquilo que não tem relação com isso.
- Fernando Silva
- Conselheiro
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Não há mérito em nascer numa família rica. É apenas sorte.Agnoscetico escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 22:15 pmMas o tópico é sobre meritocracia.
Questão: Deveria haver mérito no direito ou deveria direito no mérito?
Assim como não há mérito em nascer bonito, forte ou com saúde.
O mérito, se houver, estará no uso que se fizer desses atributos.
Sim. O mérito estará no modo como essas vantagens naturais são utilizadas para algo útil.Agnoscetico escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 22:15 pmEsse não é o ponto. Pois não há (de)mérito em nascer com ou sem saúde, pois é uma situação que independe de uso de alguma habilidade pra gerar bens. A natureza e o acaso não são meritocráticos, já a forma como a sociedade aplica ou não a meritocracia é feita de forma consciente.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amAssim como poderíamos dizer que não temos mérito por termos nascido com saúde enquanto tantos nascem com deficiências.
Verdade, mas, ainda assim, há algum mérito envolvido no esforço investido para se transformar um talento, idiota ou não, em resultados.Agnoscetico escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 22:15 pmEntão é o que eu questionei. Não é questão de meritocracia e sim de oferta-e-procura. Então a palavra meritocracia tá sendo indevidamente usada, deviam usar "oferta-e-procura".Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amNão é uma questão de merecer e sim o fato de haver gente disposta a pagar por isso.
Há vários tipos de necessidade. Comer e respirar são físicas, mas há outras que são intelectuais.Agnoscetico escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 22:15 pmNecessidade? Não! Ânsia de consumir. Necessidade é sede, fome, ter ar pra respirar, e coisas do tipo. Mas sim as pessoas tem direito a consumir a besteira que quiser, mas aí não é meritocracia é só direito de consumo.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amVou repetir: desfiles e aparições atendem a uma necessidade. Alguém está disposto a pagar por isso. Fornecer este serviço não é crime e não é justo impedir que alguém se beneficie da sorte que teve ao nascer bonito.
Podemos viver sem música, literatura e entretenimento em geral, mas ... que qualidade de vida teremos?
E aquilo que me parece fútil, sem graça e de mau gosto pode ser fundamental na vida de outros.
Não gosto de futebol, por exemplo, mas é a paixão de muita gente. Acho ridículos desfiles de moda, mas é a coisa mais importante na vida de muitos. Da mesma forma, certos tipos de música, literatura e entretenimento.
Ao contrário do que muita gente acredita, ser modelo requer uma vida bastante complicada, viajando para cima e para baixo, sempre longe da família e de uma rotina previsível, além de exigir muitos cuidados com a aparência. Não pode comer à vontade, não dá para planejar o futuro porque as chances de trabalho são aleatórias etc.Agnoscetico escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 22:15 pmQuestiono essa de que pessoas nascem com talento. Talentos podem ser desenvolvidos dependendo com que tipo de ambiente intelectual ou obras se entra em contato.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amModelos têm direito de usar os atributos que a natureza lhes deu assim como o artista ou o escritor nascem com o talento para a arte ou literatura.
Além essa comparação não tem sentido pois um escritor usa seu intelecto pra elaborar uma obra literária já a modelo que nasceu bonita não esculpiu próprio corpo. O autor pode ter mérito já a modelo não.
E ela já sabe que sua carreira é curta, portanto tem que pensar no que vai fazer quando a beleza acabar.
Ao meu ver, o problema da meritocracia não está nela em si, mas no "o que é considerado meritório". Por exemplo: se alguém é recompensado por explorar seus funcionários ao máximo, sonegar imposto e usar jeitinhos para burlar o sistema, você está dando reforço positivo para esse comportamento. Se é mais recompensável não ter valores, não ter raízes, passar por cima de tudo e todos, como o é no capitalismo selvagem, então você está dizendo que isso é bonito e incentivando a sociedade para um comportamento que, em essência, é completamente irracional e antissocial. É por isso que eu sou bem contra o capitalismo e o liberalismo como um todo - porque o Mercado não tem "valores morais" e não se importa com "a coisa certa". Nem racional ele é. Se o mérito tivesse um critério moral e racional, por exemplo, "contribuir para a dignidade ou desenvolvimento da sociedade", uma professora deveria ganhar muito mais do que uma atriz pornô, o que não acontece. Não é justo uma pessoa não ter acesso a boa educação, saúde, alimentação, segurança, por ter nascido em uma família pobre ou não ter herança etc. Por que respeitar a propriedade privada se ela não passa de uma convenção? Me parece que a sociedade comunista é a única verdadeiramente racional e moralmente justificável.
Você disse: "Os sem talento, sem inteligência, sem beleza, sem dotes físicos devem se conformar e fazerem o que for possível dentro de suas limitações."
- acabou de descrever o nosso presidente.
Numa democracia, é possível que alguém assim venha a se tornar o presidente.
Gosto do lema de Marx:
De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades.
Você disse: "Os sem talento, sem inteligência, sem beleza, sem dotes físicos devem se conformar e fazerem o que for possível dentro de suas limitações."
- acabou de descrever o nosso presidente.
Numa democracia, é possível que alguém assim venha a se tornar o presidente.
Gosto do lema de Marx:
De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades.
No capitalismo de compadrio, o político pode mudar a lei desonestamente ao próprio favor.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:24 amFalcatruas, políticos corruptos e compadrio são crimes. Se continuam sendo praticados é porque a lei não é aplicada.
Além disso, existe muita manobra possivelmente suja que não é ilegal.
Riqueza não é o melhor termo, mas vou considerar aqui como sinônimo de produto, serviços, recursos e benefícios.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:24 amVocê está insistindo na falácia da soma zero. A soma das riquezas não é constante. Ela é continuamente criada com o trabalho.
Se eu pesco um peixe, criei riqueza. Se pego barro e faço um pote ou vaso, idem. Se pego madeira e faço móveis, idem.
Essas coisas não existiam antes e agora estão disponíveis, beneficiando as pessoas. O total de riquezas aumentou.
O padrão é soma zero, porque as coisas não surgem do nada. Essa regra só é superada quando um ocioso começa a trabalhar ou quando a eficiência do trabalhador melhora, seja com método ou tecnologia.
No caso da empresa que chegou na região pobre, ela trouxe recursos para região. Se é uma vila de artesãos, ela trouxe um maquinário que dobra a produtividade e uma rede de contatos para transporta e vender para fora. Com menos de mão-de-obra necessária nesse setor, sobra recursos para melhorar por exemplo a construção civil.
Esse mercado foi expandido intencionalmente sem que houvesse uma necessidade da população.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:24 amSeja lá qual for o motivo, bom ou mau, há mercado para essas coisas. Satisfaz a uma necessidade. Vai aparecer alguém para atender a isto.
Embora lazer seja uma necessidade, o custo está muito alto e a distribuição de prestadores de serviço está muito concentrada.
No caso de escavar usando trator ou colher, é uma questão de eficiência. A lei de oferta e procura extingue os ineficientes.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:24 amEsta é outra falácia: a de que o valor de um produto deve ser definido em função do trabalho necessário para produzi-lo.
Na vida real, vale a Lei da Oferta e da Procura. Um quilo de ouro vai valer a mesma coisa não importando se você achou no seu quintal ou se passou anos no meio do mato, se matando de trabalhar, estragando a saúde.
Então, desconsiderando o fator tecnologia/eficiência, não existe meritocracia na lei de oferta e procura. Os que mais se esforçam são os menos remunerados, quem acorda cedo, carrega peso, ou até quem estuda muito, ou atura crianças mal-criadas, etc.
Existem aqueles que se esforçaram muito além da média e subiram até chegar ao nível de rentista. Por outro lado, há o pedreiro que trabalha a vida inteira e o cumulativo dele é maior do que o daqueles que se esforçaram temporariamente para subir.
No momento estamos muito muito longe de uma vida digna a todos.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:24 amA desigualdade não importa. O que importa é que os que têm menos ainda tenham o suficiente para uma vida digna.
Enquanto se um bilionário perder metade dos bens, ainda assim continuará tendo vida de rei.
Se as pessoas estão dispostas a pagar por artista conforme o fator fama mais do que a cientistas, médicos e engenheiros, significa então que existe algo muito errado na sociedade.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:24 amNão é uma questão de merecer e sim o fato de haver gente disposta a pagar por isso.Agnoscetico escreveu: ↑Ter, 13 Outubro 2020 - 15:41 pm4) Sim sei disso, mas essa não é a questão. A questão é o contexto do que falei sobre o que eles fariam pra eles merecem ganhar mais que engenheiros, técnicos, cientistas, e outros que fazem coisas concretamente úteis e necessárias.
Dizer isso é análogo a fazer vista grossa à escravidão no Brasil afirmando que eles já eram escravos na África.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:24 amOs indígenas tomavam as terras uns dos outros com violência. Vieram os brancos e tomaram deles.
Se formos discutir quem tem direito a quais terras, teremos que voltar a Adão e Eva e vir corrigindo as injustiças até hoje.
Considerando que existe todo o histórico de violência no passado, só resta escolher entre duas opções:
1) Continuar o ciclo vicioso de violência e invadir e tomar posse das terras dos latifundiários do momento.
2) Entrar em um acordo como gente civilizada e fazer uma verdadeira reforma agrária e decretar fim ao ciclo de violência.
Considerando que o corpo humano não vale nada e tinha expectativa de vida de 40 anos antes do século 20, a medicina aumentou bastante esse número embora ainda haja mortes abaixo de 40.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 09:42 amSim. O mundo é imperfeito e sempre será. No máximo, podemos tentar diminuir um pouco essas imperfeições.
O mesmo poderia ser feito em relação à desigualdade.
A maioria das objeções aqui não são sobre a meritocracia e sim de privilégios como sorte, nascença, fama e herança, que você mesmo concordou que não tem mérito.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 14 Outubro 2020 - 10:20 amEu diria que a maioria das objeções acima pode ser resumida a:
"Se a meritocracia não é perfeita e não resolve todos os problemas, então não presta"
Uma coisa ruim do termo "propriedade privada" é porque é muito vago considerando o tamanho ou quantidade.
1. A lei da propriedade privada é completamente inútil para uma grande parte da população. O mendigo tem direito à propriedade privada, mas só falta a propriedade.
2. O que concordo em respeitar é o seguinte:
a. Todo mundo deve ter direito ao próprio teto e tudo que está dentro dele, porque é um direito humano.
b. Ser dono de um segundo imóvel para desenvolver seus próprios empreendimentos.
c. Ser dono de um imóvel maior porque o setor de atuação da empresa precisa de uma área grande. É um privilégio, mas a necessidade existe.
3. Finalmente chegamos aos multimilionários, que tem imóveis em várias cidades turísticas ou uma rede imóveis gigantes para receber aluguel como rentista*. São imóveis que não são essenciais para a vida dele.
* O custo de construir um imóvel pode levar 20 anos para recuperar o investimento, mas depois disso é um rentismo permanente e o mérito vai se tornando cada vez menor com o passar dos anos.
Os dirigentes de partidos comunistas que governam seus países monopartidaristas andam de jet-ski, Mercedes-Benz, usam Rolex e etc e tal. Comunismo como movimento político e econômico no mundo real sempre termina em revolução dos bichos: capitalismo para a classe social da Nomenklatura e socialismo selvagem e empobrecedor para o resto da população. Quando a desgraça se repete pela milésima vez, os militantes terminam se justificando com a desculpa de sempre: "Não foi o socialismo de verdade", isso quando não falsificam a realidade de tais países pobres, como quando dizem que, em Cuba e Venezuela, os salários médios de fome existem lá tão somente por causa das sanções econômicas dos Estados Unidos.criso escreveu: ↑Qui, 15 Outubro 2020 - 12:57 pmAo meu ver, o problema da meritocracia não está nela em si, mas no "o que é considerado meritório". Por exemplo: se alguém é recompensado por explorar seus funcionários ao máximo, sonegar imposto e usar jeitinhos para burlar o sistema, você está dando reforço positivo para esse comportamento. Se é mais recompensável não ter valores, não ter raízes, passar por cima de tudo e todos, como o é no capitalismo selvagem, então você está dizendo que isso é bonito e incentivando a sociedade para um comportamento que, em essência, é completamente irracional e antissocial. É por isso que eu sou bem contra o capitalismo e o liberalismo como um todo - porque o Mercado não tem "valores morais" e não se importa com "a coisa certa". Nem racional ele é. Se o mérito tivesse um critério moral e racional, por exemplo, "contribuir para a dignidade ou desenvolvimento da sociedade", uma professora deveria ganhar muito mais do que uma atriz pornô, o que não acontece. Não é justo uma pessoa não ter acesso a boa educação, saúde, alimentação, segurança, por ter nascido em uma família pobre ou não ter herança etc. Por que respeitar a propriedade privada se ela não passa de uma convenção? Me parece que a sociedade comunista é a única verdadeiramente racional e moralmente justificável.
Você disse: "Os sem talento, sem inteligência, sem beleza, sem dotes físicos devem se conformar e fazerem o que for possível dentro de suas limitações."
- acabou de descrever o nosso presidente.
Numa democracia, é possível que alguém assim venha a se tornar o presidente.
Gosto do lema de Marx:
De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades.
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Repito: Ânsia não é necessidade. Ninguém morre por falta de música.Fernando Silva escreveu: ↑Qui, 15 Outubro 2020 - 09:25 amHá vários tipos de necessidade. Comer e respirar são físicas, mas há outras que são intelectuais.
Se for apelar pro "sofrimento" de modelos, tem muita gente que faz trabalho insalubre e úteis mas não ganham metade do que modelos ganham.Fernando Silva escreveu: ↑Qui, 15 Outubro 2020 - 09:25 amE ela já sabe que sua carreira é curta, portanto tem que pensar no que vai fazer quando a beleza acabar.
Isso lembra de especulações imobiliárias onde pessoas retêm um terreno sem uso no espaço urbano que poderia ser melhor aproveitado, mas fica ocioso, em alguns casos usados como abrigo de drogados, etcTutu escreveu: ↑Qui, 15 Outubro 2020 - 13:29 pm3. Finalmente chegamos aos multimilionários, que tem imóveis em várias cidades turísticas ou uma rede imóveis gigantes para receber aluguel como rentista*. São imóveis que não são essenciais para a vida dele.
* O custo de construir um imóvel pode levar 20 anos para recuperar o investimento, mas depois disso é um rentismo permanente e o mérito vai se tornando cada vez menor com o passar dos anos.
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Quem provê isto? De onde virão os recursos?
Que incentivo haverá para que alguém se esforce se suas necessidades estão garantidas?
Que incentivo haverá para que alguém trabalhe se sabe que está sustentando parasitas?
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Ainda bem que existe gente com disposição para investir em algo que só dará retorno depois de 20 anos.
Sem essa gente, não haveria progresso. Ficaríamos todos no nível de subsistência. Dependemos da coragem dos empreendedores.
Há mérito em se arriscar em tão longo prazo. Há mérito em tentar alguma coisa sem saber se dará certo.
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Bem, eu não gostaria de uma vida em que eu tivesse o que comer e onde morar e mais nada. Seria como um animal numa jaula, esperando pela próxima refeição.Agnoscetico escreveu: ↑Qui, 15 Outubro 2020 - 18:22 pmRepito: Ânsia não é necessidade. Ninguém morre por falta de música.Fernando Silva escreveu: ↑Qui, 15 Outubro 2020 - 09:25 amHá vários tipos de necessidade. Comer e respirar são físicas, mas há outras que são intelectuais.
Lei da Oferta e da Procura. Quanto mais gente disponível, menor o salário.Agnoscetico escreveu: ↑Qui, 15 Outubro 2020 - 18:22 pmSe for apelar pro "sofrimento" de modelos, tem muita gente que faz trabalho insalubre e úteis mas não ganham metade do que modelos ganham.Fernando Silva escreveu: ↑Qui, 15 Outubro 2020 - 09:25 amE ela já sabe que sua carreira é curta, portanto tem que pensar no que vai fazer quando a beleza acabar.
Acumular uma reserva é um direito de quem trabalha honestamente.Agnoscetico escreveu: ↑Qui, 15 Outubro 2020 - 18:22 pmIsso lembra de especulações imobiliárias onde pessoas retêm um terreno sem uso no espaço urbano que poderia ser melhor aproveitado, mas fica ocioso, em alguns casos usados como abrigo de drogados, etc
Se você tem essa reserva, fica tranquilo quanto ao futuro. Sabe que vai ter como pagar as contas e comprar comida. E terá recursos no caso de uma emergência.
No máximo, pode-se discutir que tamanho essa reserva deve ter.
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Mas aí é questão de gosto e opinião e não de fato.Fernando Silva escreveu: ↑Sex, 16 Outubro 2020 - 11:27 amBem, eu não gostaria de uma vida em que eu tivesse o que comer e onde morar e mais nada. Seria como um animal numa jaula, esperando pela próxima refeição.
Tem muito brasileiro que, quando se muda pra outro país, onde o comportamento mais comum é diferente do país onde ele veio, sente falta de muita coisa do Brasil. Mas ou ele sacrifica isso em função de vida com mais
benefícios ou volta pro Brasil com alto índice de criminalidade, entre outros contras. Se ela for pro exterior ela não vai morrer, mesmo sentido falta de muita coisa.
Se tivesse que escolher ser livre mas sem ouvir música pelo resto vida ou ter que ficar preso numa cadeia imunda onde tivesse rádio que tocasse uma música que gostasse, em qual desses ia preferir? Em qual desses ia ser preso de fato?
Sim. Mas não é a "Lei do Mérito ou Demérito", que é o foco do tópico.Fernando Silva escreveu: ↑Sex, 16 Outubro 2020 - 11:27 amLei da Oferta e da Procura. Quanto mais gente disponível, menor o salário.
Oferta e procura pode se incluir qualquer coisa que não é necessidade, como exemplo, traficante que fornece droga com melhor qualidade que concorrentes. Vício não é necessidade é uma ânsia.
Sim o tamanho é algo pra ser discutido e questionado. Apesar de ter várias áreas adjacentes (de mesmo ou vários) que são tratadas como casos individuais, mas coletivamente ocupam grandes espaços em áreas como centro (onde há vários serviços essenciais pra população). De terreno em terreno usado pra especulação imobiliária, ocupam muitos espaços que seriam como vias de acesso melhores e atalhos, mas ficam como pedra no meio do caminho.Fernando Silva escreveu: ↑Sex, 16 Outubro 2020 - 11:27 amAcumular uma reserva é um direito de quem trabalha honestamente.
Se você tem essa reserva, fica tranquilo quanto ao futuro. Sabe que vai ter como pagar as contas e comprar comida. E terá recursos no caso de uma emergência.
No máximo, pode-se discutir que tamanho essa reserva deve ter.
Mas outra questão é quem costuma defender essa imagem de capitalismo como algo dinâmico, se torna incoerente ao defender rentismo de especulação imobiliária, sem uso de imóvel pra algo útil que poderia fazer economia girar.
- Agnoscetico
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Que acham: Totalmente ou parcialmente certo / errado ? Em que partes?
Nubank erra e é cancelado nas redes
https://economia.uol.com.br/colunas/nin ... es.amp.htm
youtu.be/aLs-H0qWPzI
Entrevista completa:
youtu.be/2vYX8B-Ro7M
O que acham desse comentário ?
https://www.youtube.com/watch?v=aLs-H0q ... p5J4AaABAg
Nubank erra e é cancelado nas redes
https://economia.uol.com.br/colunas/nin ... es.amp.htm
Spoiler:
youtu.be/aLs-H0qWPzI
Entrevista completa:
youtu.be/2vYX8B-Ro7M
O que acham desse comentário ?
https://www.youtube.com/watch?v=aLs-H0q ... p5J4AaABAg
Jordan Lima
3 horas atrás
Eu sou negro, superior completo, e vi o vídeo dela, discordo completamente. Primeiro ponto que o cargo é de escalão superior, e essas vagas não são anunciadas, elas são acionadas por Head Hunters, e análises profundas de mercado que vão muito além das qualificações.
Sinceramente, não vi racismo nenhum, se eu sou o dono, eu quero o melhor pra minha empresa, e outra, quando busco alguém pra minha empresa eu não vejo cor, sexualidade, eu vejo se essa pessoa é qualificada pro cargo que ela vai ocupar.
Vcs estão distorcendo oq ela falou. Ela disse que investe em aprimoramento dos funcionários e tem sim preocupação com a diversidade, porém pra cargos de liderança, onde as decisões são tomadas, requer um maior grau de aprimoramento por isso não é trivial vc escolher por critérios puramente identitários.
- Fernando Silva
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Ela disse que não vai nivelar por baixo significando que não vai baixar os requisitos mínimos para contratação só para dar chance a candidatos negros despreparados.Agnoscetico escreveu: ↑Qua, 28 Outubro 2020 - 14:44 pmQue acham: Totalmente ou parcialmente certo / errado ? Em que partes?
Quem não gostou, que prove que não faltam bons profissionais negros para esse cargo apesar de não terem acesso a educação de qualidade e oportunidades de emprego onde possam adquirir experiência.
O "então, prove" não tem valor nessa discussão. O ônus da prova está com quem faz uma proposição que embute uma teorização de algo, e não com quem duvida desse algo; caso contrário, tem-se uma petição de princípio.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 28 Outubro 2020 - 16:04 pmEla disse que não vai nivelar por baixo significando que não vai baixar os requisitos mínimos para contratação só para dar chance a candidatos negros despreparados.Agnoscetico escreveu: ↑Qua, 28 Outubro 2020 - 14:44 pmQue acham: Totalmente ou parcialmente certo / errado ? Em que partes?
Quem não gostou, que prove que não faltam bons profissionais negros para esse cargo apesar de não terem acesso a educação de qualidade e oportunidades de emprego onde possam adquirir experiência.
É tentador imaginar que os resultados de vida diferentes dos negros e brancos sejam devidos a menos tempo de estudo escolar/universitário ou a QI inferior. Só que se tem argumentado que brancos e negros de mesmo grau de escolaridade têm salários bem diferentes, por exemplo. E que brancos e negros de QIs idênticos também têm resultados de vida diferentes.
Se tais diferenças forem pouco ou nada causados por fatores não-racistas, então não teria como a funcionária do Nubank está certa em falar em "cotas raciais significam nivelamento por baixo". Não se deve debater fazendo afirmações partindo de pressupostos não-corroborados.
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Não é o oposto, Huxley?
Se a diferença na remuneração e oportunidades não tem a ver com racismo, tem a ver com quê?
Os negros seriam realmente, em média, menos capazes e isto seria um fato e não um preconceito.
Se fosse verdade cota racial nivelaria por baixo e ela estaria certa.
Mas ela pode estar certa em sua suposição mesmo se pessoas negras alcançam resultados inferiores devido ao racismo estrutural presente na sociedade. Nesse caso é a discriminação e outros fatores indiretamente relacionados com discriminação que contribuem para maior dificuldade em encontrar pessoas negras qualificadas.
Ainda assim seria também fato que é menor a oferta de profissionais negros qualificados e portanto reservar cotas baixaria o nível dos profissionais contratados.
Isso se viu, de fato, nas universidades públicas, em relação ao aproveitamento dos estudantes depois da implantação do regime de cotas.
Mas não significa que seja um equívoco. Ações afirmativas nos EUA se mostraram políticas efetivas para reduzir a desigualdade.
Se a diferença na remuneração e oportunidades não tem a ver com racismo, tem a ver com quê?
Os negros seriam realmente, em média, menos capazes e isto seria um fato e não um preconceito.
Se fosse verdade cota racial nivelaria por baixo e ela estaria certa.
Mas ela pode estar certa em sua suposição mesmo se pessoas negras alcançam resultados inferiores devido ao racismo estrutural presente na sociedade. Nesse caso é a discriminação e outros fatores indiretamente relacionados com discriminação que contribuem para maior dificuldade em encontrar pessoas negras qualificadas.
Ainda assim seria também fato que é menor a oferta de profissionais negros qualificados e portanto reservar cotas baixaria o nível dos profissionais contratados.
Isso se viu, de fato, nas universidades públicas, em relação ao aproveitamento dos estudantes depois da implantação do regime de cotas.
Mas não significa que seja um equívoco. Ações afirmativas nos EUA se mostraram políticas efetivas para reduzir a desigualdade.
O racismo é a estratégia da degradação da dotação genética intergeracional de certos grupos, os quais os racistas considerariam moralmente ou intelectualmente inferiores. Se for tão somente a crença nisso que estaria causando a totalidade ou a quase totalidade das diferenças de resultados econômicos entre caucasianos e negros, então estaria explicado porque as cotas não rebaixam os requisitos de competência na contratação de empregados da Nubank. É claro que a funcionária do Nubank poderia mostrar evidências que negam a hipótese da origem exclusivamente racista de tais diferenças, mas foi exatamente isso o que ela NÃO fez.Pedro Reis escreveu: ↑Qua, 28 Outubro 2020 - 19:27 pmNão é o oposto, Huxley?
Se a diferença na remuneração e oportunidades não tem a ver com racismo, tem a ver com quê?
Os negros seriam realmente, em média, menos capazes e isto seria um fato e não um preconceito.
Se fosse verdade cota racial nivelaria por baixo e ela estaria certa.
Mas ela pode estar certa em sua suposição mesmo se pessoas negras alcançam resultados inferiores devido ao racismo estrutural presente na sociedade. Nesse caso é a discriminação e outros fatores indiretamente relacionados com discriminação que contribuem para maior dificuldade em encontrar pessoas negras qualificadas.
Ainda assim seria também fato que é menor a oferta de profissionais negros qualificados e portanto reservar cotas baixaria o nível dos profissionais contratados.
Isso se viu, de fato, nas universidades públicas, em relação ao aproveitamento dos estudantes depois da implantação do regime de cotas.
Mas não significa que seja um equívoco. Ações afirmativas nos EUA se mostraram políticas efetivas para reduzir a desigualdade.
Ademais, diferenças econômicas não são necessariamente produtos do racismo. A origem da classe social dos ascendentes é um fator preditivo dos resultados econômicos na vida. Num país que fracassou em ser desenvolvido, a tendência é que os privilégios sociais institucionalizados típicos de país subdesenvolvido conspirem bastante contra a mobilidade social dos descendentes das pessoas mais pobres. Historicamente, devido à escravidão, os negros começaram sua vida no Brasil como a classe social mais sem posses e essa inércia social-hereditária da desigualdade que mencionei favoreceu uma correlação entre negritude e pobreza. Sendo assim, os negros pobres seriam essencialmente vítimas de uma conspiração de instituições econômicas extrativistas e não-inclusivas, não de uma conspiração racista. Mesmo quando os brancos e negros têm o mesmo grau de escolaridade e ainda assim os salários dos últimos são menores, isso pode ser devido a habilidades cognitivas menores dos últimos devido a pior alimentação ou pior acesso aos melhores professores, por exemplo.
Existem requisitos para os cargos. Se tiver cotas, haverá negros capazes de atender os requisitos, mas por causa da desigualdade, não haverá negros o suficiente que atendam aos requisitos. Para preencher as vagas que restaram, ou eles contratam brancos ou diminuem os requisitos necessários.
Quando há preferência de escolher branco em vez de negro e os dois são iguais, é chamado racismo estrutural. É um padrão mental que a desigualdade cria na cabeça das pessoas, mesmo sem ser racista, porque a maioria dos negros são vistos em posições indesejadas. Como é subconsciente, não é um autoritarismo que vai mudar isso.
Quando há preferência de escolher branco em vez de negro e os dois são iguais, é chamado racismo estrutural. É um padrão mental que a desigualdade cria na cabeça das pessoas, mesmo sem ser racista, porque a maioria dos negros são vistos em posições indesejadas. Como é subconsciente, não é um autoritarismo que vai mudar isso.
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Eu nem vi o vídeo mas imagino que o que funcionária tenha dito é aquilo que o Fernando Silva interpretou: que existem menos pessoas negras suficientemente qualificadas para aquelas vagas.Huxley escreveu: ↑Qua, 28 Outubro 2020 - 22:16 pmO racismo é a estratégia da degradação da dotação genética intergeracional de certos grupos, os quais os racistas considerariam moralmente ou intelectualmente inferiores. Se for tão somente a crença nisso que estaria causando a totalidade ou a quase totalidade das diferenças de resultados econômicos entre caucasianos e negros, então estaria explicado porque as cotas não rebaixam os requisitos de competência na contratação de empregados da Nubank. É claro que a funcionária do Nubank poderia mostrar evidências que negam a hipótese da origem exclusivamente racista de tais diferenças, mas foi exatamente isso o que ela NÃO fez.Pedro Reis escreveu: ↑Qua, 28 Outubro 2020 - 19:27 pmNão é o oposto, Huxley?
Se a diferença na remuneração e oportunidades não tem a ver com racismo, tem a ver com quê?
Os negros seriam realmente, em média, menos capazes e isto seria um fato e não um preconceito.
Se fosse verdade cota racial nivelaria por baixo e ela estaria certa.
Mas ela pode estar certa em sua suposição mesmo se pessoas negras alcançam resultados inferiores devido ao racismo estrutural presente na sociedade. Nesse caso é a discriminação e outros fatores indiretamente relacionados com discriminação que contribuem para maior dificuldade em encontrar pessoas negras qualificadas.
Ainda assim seria também fato que é menor a oferta de profissionais negros qualificados e portanto reservar cotas baixaria o nível dos profissionais contratados.
Isso se viu, de fato, nas universidades públicas, em relação ao aproveitamento dos estudantes depois da implantação do regime de cotas.
Mas não significa que seja um equívoco. Ações afirmativas nos EUA se mostraram políticas efetivas para reduzir a desigualdade.
Ademais, diferenças econômicas não são necessariamente produtos do racismo. A origem da classe social dos ascendentes é um fator preditivo dos resultados econômicos na vida. Num país que fracassou em ser desenvolvido, a tendência é que os privilégios sociais institucionalizados típicos de país subdesenvolvido conspirem bastante contra a mobilidade social dos descendentes das pessoas mais pobres. Historicamente, devido à escravidão, os negros começaram sua vida no Brasil como a classe social mais sem posses e essa inércia social-hereditária da desigualdade que mencionei favoreceu uma correlação entre negritude e pobreza. Sendo assim, os negros pobres seriam essencialmente vítimas de uma conspiração de instituições econômicas extrativistas e não-inclusivas, não de uma conspiração racista. Mesmo quando os brancos e negros têm o mesmo grau de escolaridade e ainda assim os salários dos últimos são menores, isso pode ser devido a habilidades cognitivas menores dos últimos devido a pior alimentação ou pior acesso aos melhores professores, por exemplo.
Sem entrar no mérito das causas.
Não é uma suposição necessariamente racista. Você mesmo considera uma série de razões, mais prováveis que a genética, para justificar diferenças entre brancos e negros. Mas obviamente admite que as diferenças existem.
Seja por inferioridade racial - uma hipótese ultrajante -, seja devido a racismo estrutural, seja porque as dificuldades de mobilidade social representam desvantagem para os descendentes de escravos, seja pela associação destes dois últimos fatores, o fato é que o número de pessoas negras com boa qualificação profissional é menor que o de pessoas brancas.
Então o que a mulher pode ter dito é que se você reserva 50% das vagas para negros, é de se esperar que uma amostra qualquer destes que vão pleitear a cota seja, estatisticamente, menos qualificada que uma amostra dos que vão pleitear a outra metade das vagas restantes.
Então sim, é possível que com a adoção deste tipo de cota a empresa, em uma média, passe a empregar gente um pouco menos qualificada. Isso em tese, né.
Ainda assim acho este tipo de iniciativa positiva. Porque ao longo do tempo tende a reduzir as diferenças que justificam a adoção de cotas.
Mas quem acredita que, em um primeiro momento, a adoção de cotas pode levar a um nivelamento por baixo, não está necessariamente acreditando assim por ser racista.
É contraintuitivo imaginar que cotistas têm desempenho semelhante ou superior aos não-cotistas numa atividade intelectual, mas isso foi o que aconteceu em 33 dos 64 cursos universitários de um levantamento feito pela Folha de São Paulo que analisou o desempenho de alunos que ingressam nas universidades por meio de cotas: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/ ... tica.shtml A funcionária do Nubank não provou que o caso da seleção empregatícia da Nubank por meio de cotas seria análogo ao que aconteceu nesses 31 cursos restantes do levantamento mencionado. Simplesmente tomou como proposição autoevidente a ideia de que cotistas negros rebaixariam significativamante a qualidade média do grupo dos empregados selecionados.Pedro Reis escreveu: ↑Qua, 28 Outubro 2020 - 23:30 pmEu nem vi o vídeo mas imagino que o que funcionária tenha dito é aquilo que o Fernando Silva interpretou: que existem menos pessoas negras suficientemente qualificadas para aquelas vagas.Huxley escreveu: ↑Qua, 28 Outubro 2020 - 22:16 pmO racismo é a estratégia da degradação da dotação genética intergeracional de certos grupos, os quais os racistas considerariam moralmente ou intelectualmente inferiores. Se for tão somente a crença nisso que estaria causando a totalidade ou a quase totalidade das diferenças de resultados econômicos entre caucasianos e negros, então estaria explicado porque as cotas não rebaixam os requisitos de competência na contratação de empregados da Nubank. É claro que a funcionária do Nubank poderia mostrar evidências que negam a hipótese da origem exclusivamente racista de tais diferenças, mas foi exatamente isso o que ela NÃO fez.Pedro Reis escreveu: ↑Qua, 28 Outubro 2020 - 19:27 pmNão é o oposto, Huxley?
Se a diferença na remuneração e oportunidades não tem a ver com racismo, tem a ver com quê?
Os negros seriam realmente, em média, menos capazes e isto seria um fato e não um preconceito.
Se fosse verdade cota racial nivelaria por baixo e ela estaria certa.
Mas ela pode estar certa em sua suposição mesmo se pessoas negras alcançam resultados inferiores devido ao racismo estrutural presente na sociedade. Nesse caso é a discriminação e outros fatores indiretamente relacionados com discriminação que contribuem para maior dificuldade em encontrar pessoas negras qualificadas.
Ainda assim seria também fato que é menor a oferta de profissionais negros qualificados e portanto reservar cotas baixaria o nível dos profissionais contratados.
Isso se viu, de fato, nas universidades públicas, em relação ao aproveitamento dos estudantes depois da implantação do regime de cotas.
Mas não significa que seja um equívoco. Ações afirmativas nos EUA se mostraram políticas efetivas para reduzir a desigualdade.
Ademais, diferenças econômicas não são necessariamente produtos do racismo. A origem da classe social dos ascendentes é um fator preditivo dos resultados econômicos na vida. Num país que fracassou em ser desenvolvido, a tendência é que os privilégios sociais institucionalizados típicos de país subdesenvolvido conspirem bastante contra a mobilidade social dos descendentes das pessoas mais pobres. Historicamente, devido à escravidão, os negros começaram sua vida no Brasil como a classe social mais sem posses e essa inércia social-hereditária da desigualdade que mencionei favoreceu uma correlação entre negritude e pobreza. Sendo assim, os negros pobres seriam essencialmente vítimas de uma conspiração de instituições econômicas extrativistas e não-inclusivas, não de uma conspiração racista. Mesmo quando os brancos e negros têm o mesmo grau de escolaridade e ainda assim os salários dos últimos são menores, isso pode ser devido a habilidades cognitivas menores dos últimos devido a pior alimentação ou pior acesso aos melhores professores, por exemplo.
Sem entrar no mérito das causas.
Não é uma suposição necessariamente racista. Você mesmo considera uma série de razões, mais prováveis que a genética, para justificar diferenças entre brancos e negros. Mas obviamente admite que as diferenças existem.
Seja por inferioridade racial - uma hipótese ultrajante -, seja devido a racismo estrutural, seja porque as dificuldades de mobilidade social representam desvantagem para os descendentes de escravos, seja pela associação destes dois últimos fatores, o fato é que o número de pessoas negras com boa qualificação profissional é menor que o de pessoas brancas.
Então o que a mulher pode ter dito é que se você reserva 50% das vagas para negros, é de se esperar que uma amostra qualquer destes que vão pleitear a cota seja, estatisticamente, menos qualificada que uma amostra dos que vão pleitear a outra metade das vagas restantes.
Então sim, é possível que com a adoção deste tipo de cota a empresa, em uma média, passe a empregar gente um pouco menos qualificada. Isso em tese, né.
Ainda assim acho este tipo de iniciativa positiva. Porque ao longo do tempo tende a reduzir as diferenças que justificam a adoção de cotas.
Mas quem acredita que, em um primeiro momento, a adoção de cotas pode levar a um nivelamento por baixo, não está necessariamente acreditando assim por ser racista.
Se de 100 candidatos a uma vaga, 5 são negros e 95 são brancos, logicamente a chance do candidato mais qualificado ser branco é maior.
- Agnoscetico
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Alguém aí conhece os processos de seleção da Nubank e dizer se eles vêem o histórico sobre se um negro seria cotista ou não ? Pois se, usando essa lógica do "nivelando por baixo", eles não contratem negros pressupondo que todos candidatos negros seriam cotistas, mesmo sem saber se seriam negros de classe mais alta que nunca usaram cotas, seria preconceito.
No caso seria dois problemas o cabdidato ser cotista numa instituição de formação profissional e a que seria aplicada na seleção de cabdidatos ao emprego na empresa?
No caso seria dois problemas o cabdidato ser cotista numa instituição de formação profissional e a que seria aplicada na seleção de cabdidatos ao emprego na empresa?
- Agnoscetico
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- Fernando Silva
- Conselheiro
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Se os melhores sempre vencessem, o mundo estaria bem melhor.
Acontece que quem vence são os mais capacitados a conquistar o poder, não a exercê-lo.
Acontece que quem vence são os mais capacitados a conquistar o poder, não a exercê-lo.
- Agnoscetico
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- Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am
O Porto criticando a meritocracia (que muitos esquerdista atribuem a ser uma pauta defendida pela direita capitalista no geral):
Meritocracia e Libertarianismo
youtu.be/bA_98HpJuo0
Meritocracia e Libertarianismo
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- Registrado em: Seg, 22 Novembro 2021 - 19:31 pm
Meritocracia é uma coisa tão simples e ainda assim as pessoas a deturpam. Trata-se de mérito dentro de um contexto, de práticas virtuosas. Só.
- Agnoscetico
- Mensagens: 5145
- Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am
Spoiler:
youtu.be/YINTTVjBrY4
Quadrinho da meritocracia:
https://www.hypeness.com.br/2015/05/qua ... a-assim-2/
O problema hoje é punir as pessoas que tem mérito e favorecer os ricos sem mérito. Nos EUA, o imposto sobre herança é 40%. Na França, acho que é 60%. No Brasil, é ínfimo, de 2% e 8%.
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- Registrado em: Seg, 22 Novembro 2021 - 19:31 pm
Não, não vi o vídeo todo. Mas o suficidnte pra considerar o rumo dele. No vídeo há a mesma conversa de sempre. Por exemplo, sobre alguém que é rico por qu herdou herança não ter meritocracia. Acontece que isso leva à consideração que fiz sobre meritocracia ser uma prática virtuosa dentro de um contexto, e só. O rico por herança recebe a herança por aptidão para tal. E também a quem legou a herança incide a meritocracia de a ter gerado. É tudo caso a caso.Agnoscetico escreveu: ↑Sex, 11 Fevereiro 2022 - 14:38 pmViu o vídeo inteiro? Ele falou vários exemplos onde essa tal meritocracia é subjetiva e relativa. Eu já uma interpretação assim, mas primeira vez que vejo um autodenominado libertário ancap fazer análise crítica sobre isso, ainda que ele tenha um viés.Spoiler:
- Agnoscetico
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Quer dizer que uma Paris Hilton Chiquinho Scarpa, etc, tem mérito por herdar herança? Que mérito? Isso é piada!O organoléptico escreveu: ↑Sex, 11 Fevereiro 2022 - 15:15 pmmeritocracia ser uma prática virtuosa dentro de um contexto, e só. O rico por herança recebe a herança por aptidão para tal.
O rico recebe herança por ser parente, adotado, etc, não necessariamente tem haver com mérito, pois não teve sequer esforço mas de casualidade.
A transcrição (não muito boa) caso preferir ler. Aí tem outros detalhes que tu não tratou:
Spoiler:
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Não é a questão de se ter mérito ou não e sim se o fato de fulano ou cicrano terem o que tem é uma questão a ser considerada. A questão é sobre a efetividade da meritocracia, se uma sociedade meritocrática é válida.Agnoscetico escreveu: ↑Sex, 11 Fevereiro 2022 - 19:43 pmQuer dizer que uma Paris Hilton Chiquinho Scarpa, etc, tem mérito por herdar herança? Que mérito? Isso é piada!O organoléptico escreveu: ↑Sex, 11 Fevereiro 2022 - 15:15 pmmeritocracia ser uma prática virtuosa dentro de um contexto, e só. O rico por herança recebe a herança por aptidão para tal.
O rico recebe herança por ser parente, adotado, etc, não necessariamente tem haver com mérito, pois não teve sequer esforço mas de casualidade.
A transcrição (não muito boa) caso preferir ler. Aí tem outros detalhes que tu não tratou:
Spoiler:
Por exemplo, se critica a meritocracia por que fulano recebeu herança, só que isso não serve pra refutar a meritocracia. Alguém receber herança é uma questão de justiça, não de meritocracia. É justo que alguém desfrute de uma herança por que está apto a fazê-lo. A pergunta é: É, acaso, da conta de outrem o que quer que os outros tenham ou sejam?
Então é isso. Meritocracia é reconhecimento a alguém que faça coisas dentro da legalidade.
- Fernando Silva
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Quem é rico por ter recebido herança não tem mérito nem deve ser louvado por ter ficado rico.Agnoscetico escreveu: ↑Sex, 11 Fevereiro 2022 - 19:43 pmQuer dizer que uma Paris Hilton Chiquinho Scarpa, etc, tem mérito por herdar herança? Que mérito? Isso é piada!
O rico recebe herança por ser parente, adotado, etc, não necessariamente tem haver com mérito, pois não teve sequer esforço mas de casualidade.
Mas isto não impede que tenha direito a essa herança.
- Agnoscetico
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- Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am
Sim, mas eu tava me referindo ao mérito mesmo. Pois tem muita gente louvando meritocracia até nesses casos, o que não tem sentido.Fernando Silva escreveu: ↑Sáb, 12 Fevereiro 2022 - 08:21 amMas isto não impede que tenha direito a essa herança.
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- Registrado em: Seg, 22 Novembro 2021 - 19:31 pm
O sentido se estabelece ao se analisar o contexto em que ocorrem os fatos. O mérito é do sistema que elege o beneficiário da herança. Ali está a meritocracia. Ela ocorre em vitude da instituição ser justa.
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Quando as instituições são estabelecidas com base nos méritos, aí acontece a meritocracia. Por isso há mérito a aquele que recebe uma herança.