Hoje no Mundo Militar
@hoje_no
A minha resposta aos pontos levantados pelo @Alanghani. O texto é longo pois o tema não é fácil de ser resumido:
1⃣ Não houve nenhum tratado formal proibindo a OTAN de se expandir para o Leste. Mikhail Gorbachev confirmou que o tema da expansão da OTAN “não foi discutido e não foi abordado” nas negociações de 1990, portanto, nunca existiu uma garantia oficial de que não haveria expansão. Na verdade, documentos pós-Guerra Fria, como a Carta de Paris de 1990, reafirmaram a liberdade dos Estados de escolher seus próprios arranjos de segurança, um princípio que foi endossado pela União Soviética e, posteriormente, pela própria Rússia.
2⃣ De fato, líderes russos deixaram claro que não aceitavam a Ucrânia e a Geórgia na OTAN, e classificaram isso como uma “linha vermelha”, mas essa posição russa não legitima ações militares. A OTAN, na Cúpula de Bucareste de 2008, declarou que Ucrânia e Geórgia se tornariam membros no futuro, sem cronograma definido. E de fato, até 2022 a Ucrânia não estava na OTAN e não havia nenhum protocolo previsto visando a sua entrada. Ou seja, a Rússia cruzou sua própria “linha vermelha” mesmo sem a Ucrânia estar na OTAN. E só pq uma potência declarou algo como “linha vermelha” não lhe dá o direito de invadir um vizinho, pois isso viola o princípio básico de soberania das nações.
3⃣ Comparar a situação com uma hipotética reação dos EUA a bases chinesas ou russas no México e Canadá simplifica demais o caso. Primeiro, a Ucrânia é um país soberano e tem o direito de escolher entrar em alianças, um princípio que, como eu disse acima, a própria Rússia reconheceu em vários acordos dos anos 90. E segundo, a OTAN é uma aliança defensiva de países livres e não havia planos de colocar armas nucleares da OTAN na Ucrânia nem de usar a Ucrânia para atacar a Rússia. E bem diferente da Crise dos Mísseis Cubanos de 1962, no leste europeu quem ameaçou uso de força foi a Rússia. Não existe no direito internacional o conceito de quintal exclusivo, e basta vermos países como Polônia e as repúblicas bálticas que fazem fronteira com a Rússia e escolheram entrar na OTAN, exercendo sua soberania.
4⃣Não há evidência de que os EUA tenham organizado ou financiado um “golpe” em 2014. O que houve na Ucrânia foi um levante popular conhecido como Euromaidan contra o então presidente Viktor Yanukovych, após ele recuar de um acordo com a União Europeia e reprimir protestos. É importante lembrar que Yanukovych se elegeu prometendo uma maior aproximação com a União Europeia, com os protestos começando quando ele fez justamente o contrário, cancelando os acordos e se aproximando da Rússia. A sua queda foi aprovada por voto do Parlamento ucraniano, contando inclusive com votos de membros do próprio partido dele. Nas eleições de 2014, candidatos ultranacionalistas tiveram desempenho ínfimo, de cerca de 1% dos votos cada. A Ucrânia pós-Maidan foi liderada por políticos centristas e liberais, como Petro Poroshenko, eleito em 2014, seguido por Volodymyr Zelensky em 2019. Por isso, classificar a revolução como “fascistas assumindo o poder patrocinados pelos EUA” não condiz com os fatos conhecidos.
5⃣ A Rússia tinha sim outras escolhas além de anexar a Crimeia pela força. Em 1994, Moscou assinou o Memorando de Budapeste comprometendo-se a respeitar a independência e a integridade territorial da Ucrânia em troca das armas nucleares ucranianas, ou seja, a Rússia reconheceu a Crimeia como parte da Ucrânia soberana. A anexação em 2014 violou esse e outros acordos. O referendo realizado às pressas em março de 2014 não teve legitimidade, pois ocorreu sob ocupação de tropas russas, sem observadores internacionais credenciados, com opções de voto manipuladas e denúncias de fraude, e por isso a ONU declarou esse referendo inválido e a anexação ilegal.
6⃣ Os acordos de Minsk I (2014) e Minsk II (2015) buscavam um cessar-fogo e um roteiro político para reintegrar as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk com alguma autonomia local, mas ma prática nenhum dos lados implementou totalmente o acordo. As tréguas foram quebradas tanto por forças separatistas apoiadas pela Rússia quanto pelo exército ucraniano. A Ucrânia demorou para aprovar leis prevendo status especial para os territórios rebeldes, em parte porque as condições de segurança nunca se concretizaram, como a retirada de armas pesadas russas. É importante notar que a Rússia também não cumpriu obrigações cruciais, ao não retirar todas as formações armadas do leste. Portanto, atribuir exclusivamente à Ucrânia o fracasso de Minsk é incorreto, pois o processo naufragou pela desconfiança mútua e violações contínuas de ambas as partes. Em fevereiro de 2022, Putin jogou fora de vez Minsk ao reconhecer as entidades separatistas como “Estados independentes” e, em seguida, invadir a Ucrânia, enterrando definitivamente qualquer solução negociada.
7⃣É verdade que havia um contexto tenso, mas “contexto não é justificativa” para agressão. Muitos conflitos são evitados justamente apesar de contextos difíceis. No caso da Ucrânia, nada tornava a invasão inevitável, e foi uma decisão calculada do Kremlin. A retórica russa de que se sentia “cercada” ou “ameaçada” serviu para “justificar” internamente uma escolha já feita de antemão. Em outras palavras, entender os fatores de fundo, como o expansionismo russo, o temor russo de perder influência e ressentimentos pós-soviéticos, ajuda a compor o quadro, mas não absolve a Rússia, que tinha outros meios à disposição e optou pelo caminho da guerra.
8⃣A ampla condenação a Putin não decorreu de alguma conspiração do “Deep State” americano, mas sim de fatos visíveis. Comparações de Putin a Hitler surgiram na mídia e em discursos principalmente porque ele violou fronteiras internacionalmente reconhecidas e reivindicou territórios vizinhos, lembrando parte as anexações agressivas da Alemanha nazista nos anos 30 e 40. Essa analogia pode ser debatida, mas não é fruto de um roteiro oculto, sendo apenas é uma “opinião” resultante do choque internacional com o ataque russo. Ou seja, não foi uma “narrativa fabricada” pelo “Deep State”, mas um entendimento geral de que a Rússia violou normas básicas do direito internacional. A própria China se absteve, não apoiando Moscou, e praticamente toda a América Latina, Europa, África e Ásia votou contra Putin. Portanto, direita e esquerda “compraram” a realidade objetiva de uma guerra de agressão e não por influência de um suposto Deep State, mas porque os eventos e evidências falaram por si.
9⃣ Neste ponto o argumento é mais político doméstico, mas cabe esclarecer que os principais veículos de imprensa brasileiros, como Globo, Folha de S.Paulo, Estadão, etc., reportaram os fatos da guerra em linha com as agências internacionais e posições oficiais do Brasil. E qual foi a posição do Brasil? Em 2022, mesmo sob um governo de direita, com Bolsonaro na presidência, o país condenou oficialmente a invasão russa. O Itamaraty apoiou a resolução da ONU que censurou Moscou e exigiu a retirada das tropas russas. Figuras da direita como os mencionados adotaram narrativa pró-Rússia, mas a maioria tanto da direita quanto da esquerda viu a guerra pelo que ela é, uma agressão russa contra um vizinho menor. Assim, dizer que a direita “comprou a versão da Globo News” é deturpar a situação, pois foram os eventos reais que levaram setores da dita “direita tradicional” a concordar, nesse caso, com a mídia e com a esquerda sobre quem era o agressor. Ou seja, não houve uma conspiração mediática, mas uma convergência factual de análise.

É verdade que alguns intelectuais e estrategistas americanos alertaram que a expansão da OTAN e o apoio ocidental à Ucrânia poderiam provocar uma reação russa. Muitos deles indicavam que uma invasão russa não seria surpresa caso a Rússia sentisse seus interesses ameaçados. Porém, dizer que a guerra era “evitável” por causa disso é controverso. Previsível não significa inevitável e é importante sempre frisar que a Rússia escolheu invadir. E volto a reforçar que a Ucrânia não estava nem sequer perto de entrar na OTAN e tudo o que havia era uma promessa vaga de futuro ingresso, e muitos países da OTAN tinham reticências, como a Hungria de Orbán. Em 2021, antes da invasão, o presidente Zelensky pedia um cronograma e não conseguia. Por isso, usar a OTAN como desculpa não explica totalmente por que Putin decidiu agir justo em 2022. Muitos analistas acham que o cálculo do Kremlin envolveu fraquezas percebidas no Ocidente, ambições imperialistas e a subestimação da resistência ucraniana, elementos totalmente independentes da OTAN.
1⃣1⃣ De fato, vozes conservadoras como o presidente Donald Trump, Tucker Carlson e outros criticaram a postura de enfrentamento adotada pelo governo Biden, sugerindo que os EUA deveriam recuar do envolvimento. Muitos deles defendem que a guerra poderia ter sido evitada com concessões ou que deveria ser encerrada rapidamente via negociação, mesmo que isso envolvência cedência de território à Rússia. Entretanto, essa visão não é compartilhada pela maioria dos formuladores de política americanos. Após a invasão, tanto Republicanos como Democratas em grande parte concordaram em apoiar militarmente a Ucrânia para que ela pudesse se defender. Prova disso é que o Congresso dos EUA aprovou vários pacotes de ajuda à Ucrânia com apoio bipartidário esmagador. A lógica desse consenso é que não reagir à agressão seria mais perigoso a longo prazo, pois poderia encorajar Putin a ir além. Aliados europeus, incluindo governos conservadores como Polônia, Itália e países bálticos, também tomaram posição firme contra Moscou. Ou seja, os “pesos-pesados” citados estão numa posição isolada. Escalar no contexto ocidental significa fornecer armas defensivas à Ucrânia e impor sanções à Rússia, uma série de medidas visando deter o agressor, não por belicismo gratuito. Até agora, essa estratégia tem ajudado a Ucrânia a resistir e até mesmo a recuperar parte do território tomado pela Rússia, provando não ser uma “burrada” como alegado, mas sim uma defesa necessária diante de um ataque em larga escala. É claro que todos preferem uma solução diplomática, mas a diplomacia exige que a Rússia pare de tentar conquistar territórios à força. Enquanto isso não acontece, muitos argumentam que ceder seria o equivalente a recompensar Putin pela agressão.
1⃣2⃣ Ninguém discorda que guerras são devastadoras e devem ser o último recurso, o problema é que, neste caso, a guerra já foi imposta quando a Rússia invadiu, e a Ucrânia então se defendendo. Kiev não tinha a opção de simplesmente evitar a guerra pois o seu povo e território estavam sob ataque. Quanto a evocar Churchill, a referência é à lição da 2ªGM de que o apaziguamento de ditadores agressivos costuma falhar. Neville Chamberlain tentou evitar guerra cedendo territórios de terceiros a Hitler e isso apenas adiou o conflito, dando tempo para Hitler se fortalecer. Mencionar Churchill , que lutava politicamente para resistir à agressão nazista desde cedo, não é “prova de desconhecimento”, mas sim uma analogia histórica usada por quem teme que ceder a Putin agora leve a guerras maiores depois. Em resumo, a guerra deve ser sempre o último recurso, mas aqui esse recurso foi acionado pela Rússia, não pela Ucrânia ou OTAN.
1⃣3⃣ Não existe no direito internacional o conceito de “soberania limitada” por conta da vizinhança com uma superpotência. Essa é uma visão antiga de “esferas de influência”, que foi rejeitada após a Guerra Fria. Em 1990, todos os países da OSCE assinaram a Carta de Paris, afirmando que cada nação tem direito igual direito à soberania e de escolher suas próprias alianças de segurança. Ou seja, a Rússia concordou que a soberania ucraniana era inviolável “apesar” de fazer fronteira com ela. Foi só anos depois, sob Putin, que Moscou passou a ignorar esses compromissos. Resumindo e concluindo, fronteira com superpotência não é sentença de “semissoberania” ou “soberania parcial” ou “soberania limitada”.
1⃣4⃣ A invasão da Ucrânia trouxe consequências geopolíticas e econômicas profundas, mas valem aqui algumas ressalvas. Rússia e China de fato se aproximaram mais desde 2022, com Putin e Xi Jinping declarando uma parceria “sem limites”, e com as sanções ocidentais a Rússia passou a depender muito do mercado chinês. No entanto, analistas notam que essa aliança tem sim limites, com a China nunca reconhecendo as anexações russas na Ucrânia e não há evidências de que esteja fornecendo armas letais a Moscou. Então, sim, a guerra empurrou Rússia e China para uma cooperação mais estreita, mas não se possa falar em bloco militar formal ainda. Com relação às “Mortes e destruição na Ucrânia”, aqui não há controvérsia e o conflito iniciado pela Rússia é uma tragédia humanitária para os ucranianos. Ou seja, o preço em sangue e recursos é altíssimo para ambos os países, já que a Rússia também gasta bilhões e perde soldados. “Hegemonia do dólar em xeque?” Essa afirmação é mais discutível. É verdade que a Rússia, em resposta às sanções financeiras, passou a fazer comércio exterior em outras moedas, como rublo, yuan chinês e rúpia indiana, e muitos países questionaram a dependência do dólar no sistema global, como o próprio presidente brasileiro, Lula da Silva, com isso alimentando debates sobre “desdolarização”. Entretanto, até agora os dados não mostram um colapso do papel do dólar, com o dólar permanecendo dominante nas reservas internacionais. Além disso, commodities como petróleo ainda são cotadas em dólar na sua maioria, e grande parte das transações cambiais envolve dólar. Mesmo países como China e Índia mantêm grandes reservas em dólar. Resumindo, a guerra incentivou esforços da Rússia e de parceiros para fugir do dólar, mas falar em fim da hegemonia do dólar é, para dizer o mínimo, prematuro
1⃣5⃣ “Regra #1 da diplomacia: superpotência ameaçada reage com força total” Essa frase reflete uma visão realista de relações internacionais, mas não é uma “regra absoluta”, sendo mais uma descrição cínica do comportamento de potências em certas circunstâncias. Mesmo assim, aplicá-la à situação atual é problemático porque a Rússia não estava genuinamente ameaçada militarmente pela Ucrânia ou pela OTAN em 2022. Como eu disse antes, a OTAN não tinha armas ou tropas na Ucrânia, nem planejava atacar a Rússia e não tinha sequer um cronograma para a entrada da Ucrânia no curto, médio ou longo prazo. Alegar “sentir-se ameaçada” não dá carta branca para uma superpotência invadir vizinhos, com isso indo contra a Carta da ONU, que só reconhece o direito de legítima defesa em caso de ataque armado real. No caso em questão, a Rússia não sofreu ataque, ao contrário, foi ela que atacou preventivamente alegando percepções de segurança. As ações russas, portanto, não foram uma reação inevitável de autodefesa, mas uma escolha deliberada de usar a força para subjugar um vizinho menor. “Superpotência ameaçada reage com força” é a lógica de Putin, mas a “regra #1 da diplomacia” de verdade envolve a busca decompromissos pacíficos que evitem esse tipo de confronto.
1⃣6⃣ Essa caracterização é infundada e confusa. Primeiro, os “neocons”, ou neoconservadores, dos EUA citados não são “esquerda”. São, de fato, figuras da direita intervencionista americana. Já o Partido Democrata dos EUA, que poderia ser rotulado de centro-esquerda liberal, e os líderes europeus ditos “globalistas”, como Macron, Scholz etc., “uniram-se a muitos conservadores” como Boris Johnson, e os primeiros-ministros da Polônia e dos Bálcãs, e até a Meloni, da Itália, no apoio à Ucrânia. Portanto, o campo pró-Ucrânia não é “esquerda globalista”, mas um espectro amplo defendendo a ordem internacional vigente. Do outro lado, Vladimir Putin não representa a “velha esquerda russa” nos moldes comunistas, com o seu governo sendo caracterizado como “autoritário nacionalista”, com forte cunho conservador envolvendo alianças com a Igreja Ortodoxa, um discurso anti-liberal e um forte apoio de movimentos de extrema-direita europeus, vide o caso da AfD alemã. Putin, aliás, se define como um conservador e critica o “globalismo liberal” do Ocidente. Assim, não é correto pintar o conflito como “esquerda vs esquerda”. Na verdade, é “democracias pluralistas vs autoritarismo revisionista” , ou simplesmente uma nação invadida vs o Estado invasor. Vale notar que no Ocidente o apoio ou oposição à ajuda à Ucrânia não segue divisão esquerda/direita de forma clara. Há partidos de esquerda radical e de direita radical que são igualmente céticos em relação à OTAN e simpáticos à narrativa russa, e há partidos de centro-esquerda e centro-direita igualmente firmes no apoio à defesa ucraniana. Por exemplo, políticos do partido de Le Pen ou da ultraesquerda britânica criticaram o apoio à Ucrânia, alinhando-se ao argumento russo, enquanto conservadores tradicionais e social-democratas, em geral, respaldam a resistência ucraniana. Simplificando: a guerra da Ucrânia não é um conflito ideológico mundial entre facções de esquerda, e sim um caso clássico de agressão territorial. Defender a integridade da Ucrânia não é ser “globalista”, é ser coerente com o direito internacional. E apoiar Putin não é “velha esquerda”, é simplesmente abraçar um autoritarismo expansionista. Portanto, essa afirmação deturpa completamente as linhas divisórias reais do conflito.
1⃣7⃣ Ao contrário do que alguns segmentos afirmam, os fatos não indicam que Donald Trump “tenha razão” sobre a guerra na Ucrânia. Trump frequentemente criticou a ajuda americana à Ucrânia e insinuou que, sob sua liderança, Putin não teria invadido. Mas temos de lembrar que “a política de Trump em relação à Ucrânia foi errática”. Em 2019, ele congelou cerca de US$ 400 milhões em ajuda militar aprovada para a Ucrânia e pressionou o presidente Zelensky a lhe fazer um “favor” político. Essa suspensão de apoio alarmou tanto democratas quanto republicanos pró-Ucrânia, já que enfraquecia a posição ucraniana em pleno conflito separatista no Donbas. Quando Trump saiu e Biden restaurou alianças, Putin pode ter decidido agir antes que a Ucrânia ficasse mais forte. Em suma, é especulativo dizer que “Trump impediria a guerra”, pois ele próprio não apresentou um plano concreto além de elogiar Putin como “gênio” nos primeiros dias da invasão e de sugerir que bastaria um acordo rápido entregando partes da Ucrânia. Vale lembrar, mais uma vez, que “a esmagadora maioria do Partido Republicano” no Congresso votou a favor de ajudar a Ucrânia, contrariando a linha de Trump. Diante disso, afirmar “Trump tem razão” é questionável: razão em quê, exatamente? Em dizer que teria evitado a guerra? Não há prova disso e, de fato, ele teve 4 anos para resolver o conflito no leste ucraniano e não o fez. Razão em criticar a OTAN? A invasão acabou revitalizando a OTAN, com Finlândia e Suécia aderindo, o oposto do que Trump pregava, e com quase todos os membros investindo mais de 2% do PIB na defesa. Razão em prometer “acabar a guerra em 24h”? Isso soaria como impor capitulação à Ucrânia, algo inaceitável para os ucranianos que lutam pela sua terra. Resumindo, os fatos públicos não sustentam que Trump está certo em sua postura. Em conclusão, “Trump não saiu dessa história validado por fatos”: a razão está com quem analisou a situação de forma realista, e não com quem a explorou politicamente.
8:02 PM · 1 de mar de 2025
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