O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Área destinada à discussão sobre Ateísmo e Agnosticismo e a falta de crença em Deus (ou deuses)

O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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Cinzu escreveu:O panteísmo é a crença de que absolutamente tudo e todos compõem um Deus abrangente, e imanente, ou que o Universo (ou a Natureza) e Deus são idênticos. Sendo assim, os adeptos dessa posição, os panteístas, não acreditam num deus pessoal, antropomórfico ou criador. A palavra é derivada do grego pan (que significa "tudo") e theos (que significa "deus"). Embora existam divergências dentro do panteísmo, as ideias principais dizem que Deus é encontrado em todo o cosmos como uma unidade abrangente, portanto é inaceitável no panteísmo o politeísmo (adoração e crença em vários deuses), pois as divindades são tidas como aspectos diferentes do absoluto. Recorrendo ao Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, lemos que o panteísmo só admite como Deus "o todo, a universalidade dos seres", não sendo portanto, um conteúdo em particular Deus, mas sim a totalidade deste.

O panteísmo foi popularizado na era moderna tanto como uma teologia quanto uma filosofia baseada na obra de Baruch de Espinosa, que escreveu o tratado Ética, uma resposta à teoria famosa de Descartes sobre a dualidade do corpo e do espírito. Espinosa declarou que ambos eram a mesma coisa, e este monismo terminou sendo uma qualidade fundamental da sua filosofia. Ele usava a palavra "Deus" para descrever a unidade de qualquer substância. Embora o termo "panteísmo" não tivesse sido inventado durante seu tempo de vida, hoje Espinosa é considerado como um dos mais célebres defensores da crença.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pante%C3%ADsmo
Se tudo é Deus, então podemos concluir que nada é Deus? Nesse sentido, a palavra "Deus" não estaria apenas sendo utilizada como um sinônimo à "Natureza"?

Gabarito escreveu:
Cinzu escreveu:

Se tudo é Deus, então podemos concluir que nada é Deus? Nesse sentido, a palavra "Deus" não estaria apenas sendo utilizada como um sinônimo à "Natureza"?
Eu também penso assim.
Deus = Natureza = Tudo que existe
(considerando, claro, essa definição de Panteísmo)

No fundo, acho que, por mais que a humanidade progrida em conhecimento, não temos como chegar a saber a resposta para a existência.
Nessa existência aí eu incluo tudo, o universo, os universos, a consciência, a realidade, o vácuo, os átomos, o Nada, o Tempo e o Espaço. E também Deus.

Pensar nessas coisas é apenas uma diversão, uma distração, um passatempo para mentes curiosas.
Boa diversão, por sinal.

Mas o importante na vida é simplesmente viver.
"O que se leva da vida é a vida que se leva".

Saber as respostas a essas questões é outra história.

Eliphas escreveu:"Se tudo é Deus, então podemos concluir que nada é Deus?"
- Não.
"Nesse sentido, a palavra "Deus" não estaria apenas sendo utilizada como um sinônimo à "Natureza"?"
- Não.

Por duas razões:
1.O panteísmo supõe uma realidade integrada (ex: monismo substancial de Spinoza), de forma que a negação do "ser relativo" dos seres e coisas implica a afirmação de um "Ser Absoluto" que se expressa através de todas as coisas e seres. Dá até para ser um panteísta materialista, se você acreditar que há essa Substância Onipresente e que seja a própria matéria, todavia, para muitos ateus não há nenhuma "Unidade" subjacente, nenhum "Ser Absoluto" ou "Unidade Substancial" de todas as coisas. No antigo CC já discuti com muitas pessoas que tomavam o universo por algo fortuito, um aglomerado caótico de forças desconexas e independentes que simplesmente encontram-se de maneira fortuita e se dissipam sem ligação entre si. Se alguém pensar desta forma, não pode ser um panteísta, pois não admite "Um Princípio", único, onipresente, substancial.
2.Como o ser humano é composto de Corpo e Mente, ele só possui essas duas maneiras de conhecer as coisas - Sentidos e Inteligência. São como se fossem sua "porta" para o Real. Segue-se disso que ele só pode conceber e perceber o Universo enquanto sensorial e inteligível, o que não implica não haver muitos outros atributos que nos permanecem velados, por simplesmente não termos nós mesmos as faculdades e meios para acessá-los. Isso significa que reduzir Deus à natureza sensorial seria reduzi-lo à nossa própria experiência dele. Até mesmo Spinoza, que é assim considerado o clássico panteísta, admitia que o real pode ter infinitos atributos, dos quais só conhecemos Pensamento e Extensão porque nós mesmos só temos Mente e Corpo como nosso contato com o real... portanto, Deus não poderia ser reduzido à Natureza. O que podemos dizer é que a Natureza é Deus "percebido por nossas próprias limitações".
Fernando Siva escreveu:Se Deus é tudo, está em toda parte e não há nada exterior a Deus, então o universo é parte de Deus.

Resta saber se Deus seria infinitamente maior que essa parte que contém o universo ou se Deus = universo.
Cinzu escreveu:Os esclarecimento do Eliphas me convenceram.

Neste caso, eu poderia afirmar que o panteísmo é uma crença não-teísta, mas não ateísta?
Fernando Silva escreveu:

Resta saber se Deus seria infinitamente maior que essa parte que contém o universo ou se Deus = universo.
Se Deus = universo, então cairia no mesmo caso que citei de Deus apenas ser um sinônimo para natureza.

Pela explicação do Eliphas, para o Panteísmo, a natureza é apenas o que podemos perceber de Deus, estando este além de nossa limitação física e intelectual.
Fernando Silva escreveu:
Cinzu escreveu:

Pela explicação do Eliphas, para o Panteísmo, a natureza é apenas o que podemos perceber de Deus, estando este além de nossa limitação física e intelectual.
Significa que religiões são uma idiotice, já que uma entidade infinita em todos os sentidos seria infinitamente incompreensível para criaturas infinitamente pequenas e limitadas como nós.

Afirmações como "Deus é bom e justo" ou "Deus vai nos dar a felicidade / castigo na outra vida" são apenas criações nossas, baseados em nossos conceitos.

Não temos como saber se são verdade.
Eliphas escreveu:
Cinzu escreveu:
Os esclarecimento do Eliphas me convenceram.

Neste caso, eu poderia afirmar que o panteísmo é uma crença não-teísta, mas não ateísta?
Fernando Silva escreveu:

Resta saber se Deus seria infinitamente maior que essa parte que contém o universo ou se Deus = universo.
Se Deus = universo, então cairia no mesmo caso que citei de Deus apenas ser um sinônimo para natureza.

Pela explicação do Eliphas, para o Panteísmo, a natureza é apenas o que podemos perceber de Deus, estando este além de nossa limitação física e intelectual.
O panteísmo dispensa as divindades antropomórficas, moralistas, julgadoras etc, mas sustenta uma "Unidade", uma "Onipresença", de forma que para ser panteísta é necessário admitir um Monismo Ontológico (que alguma coisa permeie tudo que existe, modelando todos os seres e coisas, ex: a "Substância" de Spinoza). Então, o panteísta desenvolve seus sentimentos religiosos voltando-se para essa "Unidade"... Cabe notar também que a "matéria" dos panteístas não é a massa amorfa e estática dos teístas, que necessita ser animada por um princípio ativo exterior, mas sim uma coisa quase mágica, "viva" em si mesma. Por ex: se meu cérebro não passa de átomos, e eu tenho uma consciência, então há de haver algo nos próprios átomos, na própria matéria, que tenha esse potencial para desabrochar a mente, como se tudo, até plantas e pedras, tivessem uma "protoconsciência"... Então nós, como somos um "sistema mais complexo", desabrochamos uma consciência mais rica, ciente de si, mas para o clássico panteísta, Spinoza, até um objeto, uma mesa, uma árvore, tem esse potencial, algum tipo de proto-consciência... a Natureza Visível seria a fração por nós percebida dessa Onipresença

O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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Ok. Criso, mas se você considerar as leis da Natureza como o monismo substancial de Spinoza. Deus fica = universo.

.....
Desculpe se fui lacônico demais. Estou sem internet no computador. Tupã estava raivoso ontem. Um raio entrou casa a dentro pelo cabo da Net. Assustador.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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montalvão escreveu:
Fernando Silva escreveu:Se Deus é tudo, está em toda parte e não há nada exterior a Deus, então o universo é parte de Deus.

Resta saber se Deus seria infinitamente maior que essa parte que contém o universo ou se Deus = universo.
Não me parece que seja assim. O panteísmo concebe que o universo está em Deus e Deus é o universo. Todas as coisas, vistas ou não, conhecidas ou não, são parcelas do todo, que é Deus.

A ideia de que o universo seja parte de Deus, pressupondo-o maior que o universo é chamada panenteísmo. Nesta idealização, Deus abarca todo o universo, mas o universo não abarca Deus...
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Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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Eliphas escreveu:O problema é que o que chamamos "Universo" na verdade deveria chamar-se "Totalidade da Experiência Humana", porque tudo que está para além de nossa capacidade perceptiva e intelectiva simplesmente fica de fora. Por isso, o penúltimo conjunto aí em cima (Universe=God) é falacioso, nem o próprio Spinoza concordaria com essa abordagem.

O Universo tem data de fabricação e de validade. A Ciência estima a idade de 14 bilhões de anos. O Tempo e Espaço, com tudo o que conhecemos, diz respeito apenas à nossa experiência. Todo o universo visível, com sua extensão espacial titânica, com seus intervalos temporais aeônicos, pode não passar de uma pontinha do iceberg, de uma parcela ínfima desse Ser Absoluto, desse Desconhecido a que chamamos "Deus".
Montalvão[quote escreveu:Gigaview escreveu:
Ok. Criso, mas se você considerar as leis da Natureza como o monismo substancial de Spinoza. Deus fica = universo.

.....
Desculpe se fui lacônico demais. Estou sem internet no computador. Tupã estava raivoso ontem. Um raio entrou casa a dentro pelo cabo da Net. Assustador.
Se Tupã fez tudo isso, imagina se Zeus?

Aqui e agora está caindo uma tempestade acompanhada de raios e trovões, bem ao estilo de Thor, e minha mulher buzinando nos meus ouvidos: sai do raio desse computador!

O que disso diria Spinoza?[/quote]


Montalvão escreveu:
Cinzu escreveu:
O panteísmo é a crença de que absolutamente tudo e todos compõem um Deus abrangente, e imanente, ou que o Universo (ou a Natureza) e Deus são idênticos. Sendo assim, os adeptos dessa posição, os panteístas, não acreditam num deus pessoal, antropomórfico ou criador. A palavra é derivada do grego pan (que significa "tudo") e theos (que significa "deus"). Embora existam divergências dentro do panteísmo, as ideias principais dizem que Deus é encontrado em todo o cosmos como uma unidade abrangente, portanto é inaceitável no panteísmo o politeísmo (adoração e crença em vários deuses), pois as divindades são tidas como aspectos diferentes do absoluto. Recorrendo ao Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, lemos que o panteísmo só admite como Deus "o todo, a universalidade dos seres", não sendo portanto, um conteúdo em particular Deus, mas sim a totalidade deste.

O panteísmo foi popularizado na era moderna tanto como uma teologia quanto uma filosofia baseada na obra de Baruch de Espinosa, que escreveu o tratado Ética, uma resposta à teoria famosa de Descartes sobre a dualidade do corpo e do espírito. Espinosa declarou que ambos eram a mesma coisa, e este monismo terminou sendo uma qualidade fundamental da sua filosofia. Ele usava a palavra "Deus" para descrever a unidade de qualquer substância. Embora o termo "panteísmo" não tivesse sido inventado durante seu tempo de vida, hoje Espinosa é considerado como um dos mais célebres defensores da crença.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pante%C3%ADsmo
Se tudo é Deus, então podemos concluir que nada é Deus? Nesse sentido, a palavra "Deus" não estaria apenas sendo utilizada como um sinônimo à "Natureza"?

Nada não é o antípoda de tudo... Tudo é o conjunto das coisas existentes, nada é um conjunto vazio que conteria as coisas inexistentes caso tudo fosse coisa alguma...

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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Spinoza diria que a sua esposa tem bom senso.

Sempre ignorei essas tempestades elétricas até ter 2 modems e um decodificador da NET queimados e o susto de ver Santa Bárbara iluminar a minha sala com seu eletrodo de solda.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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Cinzu escreveu:
Eliphas escreveu:
O problema é que o que chamamos "Universo" na verdade deveria chamar-se "Totalidade da Experiência Humana", porque tudo que está para além de nossa capacidade perceptiva e intelectiva simplesmente fica de fora. Por isso, o penúltimo conjunto aí em cima (Universe=God) é falacioso, nem o próprio Spinoza concordaria com essa abordagem.

O Universo tem data de fabricação e de validade. A Ciência estima a idade de 14 bilhões de anos. O Tempo e Espaço, com tudo o que conhecemos, diz respeito apenas à nossa experiência. Todo o universo visível, com sua extensão espacial titânica, com seus intervalos temporais aeônicos, pode não passar de uma pontinha do iceberg, de uma parcela ínfima desse Ser Absoluto, desse Desconhecido a que chamamos "Deus".
Alguns autores, como Sagan, costumam atribuir a terminologia "universo" ao conjunto de coisas que conhecemos e sabemos existir, e a terminologia "cosmos" a tudo que existe, podendo o universo ser o próprio cosmo ou fazer parte de algo ainda maior e que desconhecemos.
sdelareza escreveu:Não há e nunca houve (pelo que sei) uma religião panteísta. Será que a ideia do panteísmo é algo que só agrada a uma elite intelectualizada e não o povão?

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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sdelareza escreveu:Não há e nunca houve (pelo que sei) uma religião panteísta. Será que a ideia do panteísmo é algo que só agrada a uma elite intelectualizada e não o povão?
Parece que o taoismo filosófico e o confucionismo possuem a idéia do panteísmo, mas elas não são propriamente religiões. O mesmo ocorre com a Wicca e alguns cultos xamânicos. O Zen Budismo, por conta da influência do taoismo filosófico, talvez seja panteísta apesar de o budismo não ser. O hinduísmo é  panenteísta.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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JungF escreveu:
sdelareza escreveu:
Não há e nunca houve (pelo que sei) uma religião panteísta. Será que a ideia do panteísmo é algo que só agrada a uma elite intelectualizada e não o povão?
Pelo fato de o Panteísmo apresentar certo conteúdo filosófico, quer dizer, maior elaboração mental, afasta-se do objetivo imediato do homem comum que busca uma solução simples para suas indagações a respeito de Deus. Por isto que sua religiosidade advém da tradição familiar ou de um sentido místico que o faz relacionar, Deus, com milagres e fenômenos.
Gigaview escreveu:
sdelareza escreveu:
Não há e nunca houve (pelo que sei) uma religião panteísta. Será que a ideia do panteísmo é algo que só agrada a uma elite intelectualizada e não o povão?
[/quote=Eliphas]
Parece que o taoismo filosófico e o confucionismo possuem a idéia do panteísmo, mas elas não são propriamente religiões. O mesmo ocorre com a Wicca e alguns cultos xamânicos. O Zen Budismo, por conta da influência do taoismo filosófico, talvez seja panteísta apesar de o budismo não ser. O hinduísmo é panenteísta.
Eu tinha essa idealização do taoísmo, eu acho que isso é uma coisa de nós, ocidentais, porque o contato que temos com a filosofia chinesa é através desses livros de provérbios, mais teóricos e tal... porém, na própria China, o taoísmo é uma macumba braba, cheia de superstições, entidades, pontos, planos invisíveis, etc. Então, essa coisa bonitinha, filosófica "ah, o Tao, o que não pode ser expressado..." caiu um pouco por terra abaixo pra mim. Eu não vou concordar também com colocar o zen como panteísta, porque ele nega, sim, os dualismos, mas não "afirma" nada. Ele nega a independência dos seres, nega a permanência das coisas, mas não "afirma" um Self, um "Brahman", nada, apenas deixa em branco, em aberto, foca mais em combater as "ilusões" do que em dar alguma resposta. Já essas tradições neopagãs, elas antropomorfizam para permitir essa vivência ritualística, religiosa, então também não sei se podem ser panteístas em si, já que fazem representações, "personificações" das forças cósmicas.

Eu não sou panteísta, mas pelo que já sondei, penso que o melhor approach para uma visão verdadeiramente panteísta de mundo, sem mistificações nem "woo woo", personificações etc, seria uma abordagem mais filosófica. O vídeo a seguir é simplista, mas vai na essência.


youtu.be/pVEeXjPiw54



Montalvão escreveu:
sdelareza escreveu:
Não há e nunca houve (pelo que sei) uma religião panteísta. Será que a ideia do panteísmo é algo que só agrada a uma elite intelectualizada e não o povão?
O hinduísmo é panteísta (em parte); o budismo também...
Montalvão escreveu:
Fernando Silva escreveu:
De onde eles tiraram essas respostas? Não adianta dizer que receberam dos espíritos porque seria necessário provar esta afirmação.
Metatron escreveu:

Eu näo tenho dúvidas quanto à existência dos Espíritos, principalmente depois das 10.000 cartas psicografadas por CX. Até réu já foi absolvido através de uma destas cartas...
Que você não tenha dúvidas tudo bem, vivemos com nossas certezas e podemos, ou não, ser felizes com elas...

Aí você cita como arrimo ao que tem como firmado as 10.000 cartas “psicografadas” por Chico Xavier. Fiquei curioso por que não falou dos livros, também ditos psicografados, não os considera provas?

Entretanto, sua própria palavra denuncia a terrenicidade da psicografia: as cartas (e os livros) foram psicografados por Chico, um encarnado. Ninguém confirmou que foram espíritos de mortos que enviaram os comunicados. Tem que acreditar em médiuns para acreditar em espíritos comunicantes. Entendeu a encrenca? Trata-se de um ser humano, igual a todos nós, dizendo-se capaz de conversar com gente morta! Isso tem um nome, como diria o Arduin (o Botânico): ASQ – Acredite se quiser...

As provas de que mortos falam com vivos são “provas” para quem não precisa de provas, pois acreditará na proposta independentemente de ser demonstrada. Então, você oferece sua convicção, firmada na fé, como demonstração de que desencarnados interagem com os humanos. Quer dizer, não prova nada...
Montalvão escreveu:
Fernando Silva escreveu:
Tudo lindo e maravilhoso. Segundo nossos critérios.
Quem garante que são os critérios de um possível deus?
Como criaturas infinitamente pequenas e limitadas podem pretender conhecer os propósitos e princípios de um deus infinitamente grande e poderoso?
Metatron escreveu:

Continuo insistindo na obra de Kardec+CX.
Lá você encontra esta e muitas outras respostas...
Para facilitar o exame e a crítica, seria interessante que citasse as partes de Kardec e Xavier que dão as respostas as questões apresentadas. Do jeito que faz seria como dizer: leia a Bíblia, ela lhe dará o retorno buscado...

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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montalvão escreveu:
sdelareza escreveu:Não há e nunca houve (pelo que sei) uma religião panteísta. Será que a ideia do panteísmo é algo que só agrada a uma elite intelectualizada e não o povão?
O hinduísmo é panteísta (em parte); o budismo também...
Não...não são panteístas. O hinduísmo é panenteísta.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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*
montalvão escreveu:
Fernando Silva escreveu:Tudo lindo e maravilhoso. Segundo nossos critérios.
Quem garante que são os critérios de um possível deus?
Como criaturas infinitamente pequenas e limitadas podem pretender conhecer os propósitos e princípios de um deus infinitamente grande e poderoso?
Metatron escreveu: Continuo insistindo na obra de Kardec+CX.
Lá você encontra esta e muitas outras respostas...
Para facilitar o exame e a crítica, seria interessante que citasse as partes de Kardec e Xavier que dão as respostas as questões apresentadas. Do jeito que faz seria como dizer: leia a Bíblia, ela lhe dará o retorno buscado...

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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Montalvão escreveu:
Gigaview escreveu:
montalvão escreveu:
sdelareza escreveu:
Não há e nunca houve (pelo que sei) uma religião panteísta. Será que a ideia do panteísmo é algo que só agrada a uma elite intelectualizada e não o pov
ão?

O hinduísmo é panteísta (em parte); o budismo também...
Não...não são panteístas. O hinduísmo é panenteísta.
Antes de comentar a alegação de que o hinduísmo é panenteísta, o que diz do budismo, é o quê?

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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montalvão escreveu:
Gigaview escreveu:
montalvão escreveu:
sdelareza escreveu:Não há e nunca houve (pelo que sei) uma religião panteísta. Será que a ideia do panteísmo é algo que só agrada a uma elite intelectualizada e não o povão?
O hinduísmo é panteísta (em parte); o budismo também...
Não...não são panteístas. O hinduísmo é panenteísta.
Antes de comentar a alegação de que o hinduísmo é panenteísta, o que diz do budismo, é o quê?
Está explicado abaixo:

"At the outset, let me state that Buddhism is not atheistic as the term is ordinarily understood. It has certainly a God, the highest reality and truth, through which and in which this universe exists. However, the followers of Buddhism usually avoid the term God, for it savors so much of Christianity, whose spirit is not always exactly in accord with the Buddhist interpretation of religious experience. Again, Buddhism is not pantheistic in the sense that it identifies the universe with God. On the other hand, the Buddhist God is absolute and transcendent; this world, being merely its manifestation, is necessarily fragmental and imperfect. To define more exactly the Buddhist notion of the highest being, it may be convenient to borrow the term very happily coined by a modern German scholar, "panentheism," according to which God is πᾶν καὶ ἕν (all and one) and more than the totality of existence."
http://www.sacred-texts.com/bud/zfa/zfa04.htm

Sobre o Hinduísmo:

"Although early Vedic Hinduism is largely considered to be polytheistic, seeds of panentheism can be identified within the text. One example involves the myth of Purusha found in Book 10 of Rig Veda.[5] Purusha, the cosmic being, is sacrificed by the gods in order to supply from his body the material by which all things in the world can arise. Thus, the ground of all material objects lies in this cosmic self. While this can be interpreted as pantheistic, the fact that a larger body of gods committed the sacrifice of this cosmic man suggests that there is a higher divinity beyond the universe in which humanity exists. Further, this godly existence of Purusha seems to pre-exist before the actual physical world, suggesting that the divinity of God is in some way a transcendent precursor to the world that God will later sustain. With this consideration, panentheistic themes can be identified in early Vedic Hinduism.
Later on, with the development of the concept of Brahman (the supreme cosmic spirit which is regarded to be eternal, genderless, omnipotent, omniscient, and omnipresent) in the Upanishads, panentheistic notions became more frequent among Hindu thinkers. Although it is commonly described as subsuming all being, Brahman is also described as the embodiment of non-being as well. While such a description is more than somewhat nebulous, it could be interpreted to mean that Brahman also transcends the physical universe and represents a realm inconceivable to humanity, beyond the physical realm of "being." Thus, interpreted in this fashion, the conception of Brahman becomes decidedly panentheistic. Even the deeply personal view of divinity propounded in the Bhagavad Gita, the most popular religious text in Hinduism, contains elements of panentheism. In the Bhagavad Gita personal and loving elements of God are unraveled for the reader as the divine Lord Krishna pilots young warrior Arjuna's chariot into battle. Panentheism seems evident within this formulation of God as well, in various lines of the poem such as Krishna's delineation of his immense heavenly prowess: "With a single fragment of Myself I pervade and support this entire universe."[6] This seems to suggest that God (Krishna) contains the universe in which he is currently present and more, a definite variation of panentheism.

It is safe to say that Hinduism in general, while being panentheistic as is clear from above, has a pantheistic overlapping between the world and some part of the divine."
https://www.newworldencyclopedia.org/entry/Panentheism

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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Essa percepção de que é "em parte panteísta" talvez tenha relação com os dois tipos de panenteísmo, conforme explicado abaixo:

"There are two types of panentheism: 1) the type of panentheism that is partially pantheistic, claiming that the entirety of the universe is contained within God as a part of God, who is, of course, more than the universe that is only a part of God; and 2) the kind of panentheism that sees the ontological distinction between the world and God, when saying that both are immanent in each other. The second one may not be totally alien in the Judeo-Christian tradition".

https://www.newworldencyclopedia.org/entry/Panentheism

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
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JungF escreveu:Oh Gigaview; vê se para de trazer textos em inglês... As vezes dá até vontade de traduzir, mas bate uma preguiça.

JungF escreveu:As religiões sempre me pareceram algo criado para contemporizar situações sociais e políticas.
O Oriente, particularmente na India, nota-se a importância das crenças religiosas para a acomodação das massas a um sistema claramente voltado para a manutenção do status quo de uma elite que define os humildes como Parias, ou seja, o Indiano pobre, das classes mais baixas.
O Panteísmo não é conceito próprio, nem do Induísmo e nem do Budismo, mas com as leis do Dharma produz-se um efeito consolador e moderador para as grandes massas miseráveis.
Já no ocidente o cristianismo, mais exatamente o Catolicismo, adotou uma prática absolutamente convincente. Associou-se ao poder político de reis e imperadores ao mesmo tempo em que os atemorizava com a ira divina, o inferno ou a excomunhão.
Deu no que deu: as Cruzadas e a Inquisição.
Concluiria dizendo que as religiões, criadas com o objetivo de mostrar ao homem o caminho para Deus e uma vida gloriosa após a morte tornou-se instrumento de dominação e subcultura, ao inibir o épico desafio do pensamento humano sintetizado na busca das Verdades Teológicas através da dialética/filosofia.
Como pior consequência dessa estratégia pobre e claramente desonesta, foi induzir o homem culto e inteligente à visceral desconfiança, e este passou a enxergar as religiões como antro de superstições e ambiente para a exploração dos ingênuos e mais simples.
Lançadas, todas, na vala comum, as pessoas não observam que movimentos renovadores surgem com forte apelo à espiritualização e à confraternização dos vários seguimentos da sociedade, mais sensíveis e alteritários.
Montalvão escreveu:
Gigaview escreveu:
montalvão escreveu:
Gigaview escreveu:
montalvão escreveu:
sdelareza escreveu:
Não há e nunca houve (pelo que sei) uma religião panteísta. Será que a ideia do panteísmo é algo que só agrada a uma elite intelectualizada e não o povão?
O hinduísmo é panteísta (em parte); o budismo também...
Não...não são panteístas. O hinduísmo é panenteísta.
Antes de comentar a alegação de que o hinduísmo é panenteísta, o que diz do budismo, é o quê?
Está explicado abaixo:

"At the outset, let me state that Buddhism is not atheistic as the term is ordinarily understood. It has certainly a God, the highest reality and truth, through which and in which this universe exists. However, the followers of Buddhism usually avoid the term God, for it savors so much of Christianity, whose spirit is not always exactly in accord with the Buddhist interpretation of religious experience. Again, Buddhism is not pantheistic in the sense that it identifies the universe with God. On the other hand, the Buddhist God is absolute and transcendent; this world, being merely its manifestation, is necessarily fragmental and imperfect. To define more exactly the Buddhist notion of the highest being, it may be convenient to borrow the term very happily coined by a modern German scholar, "panentheism," according to which God is πᾶν καὶ ἕν (all and one) and more than the totality of existence."
http://www.sacred-texts.com/bud/zfa/zfa04.htm

Sobre o Hinduísmo:

[...]

“It is safe to say that Hinduism in general, while being panentheistic as is clear from above, has a pantheistic overlapping between the world and some part of the divine."
https://www.newworldencyclopedia.org/entry/Panentheism


Muito bem, vamos ver, então.
.
Primeiramente, um dado que me parece importante considerar: as filosofias religiosas orientais são bem mais difíceis de serem compreendidas que as ocidentais, que não são exatamente fáceis de serem entendidas... digo isso, não como expert no assunto, que não sou, mas por ser fato... assim penso, pois.
.
Segundamente, os termos “panteísmo” e “panenteísmo” são concepções modernas, ulteriores ao hinduísmo e budismo. São idealizações filosóficas nas quais enquadra-se certos pensamentos religiosos cujos propositores nunca pensaram nelas.
.
Terceiramente, ao meu ver, fica claro que a bela reflexão do SOYEN SHAKU expressa uma das várias leituras possíveis dos escritos budistas e hinduístas. O próprio Soyen deixa isso claro ao utilizar certas expressões no texto, ex,:
.
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“Embora isso possa ser interpretado como panteísta, o fato de um corpo maior de deuses. O sacrifício desse homem cósmico sugere que existe uma divindade mais alta além do universo em que a humanidade existe.”

“Posteriormente, com o desenvolvimento do conceito de Brahman (o espírito cósmico supremo que é considerado eterno, sem gênero, onipotente, onisciente e onipresente) nos Upanishads, as noções panenteístas se tornaram mais frequentes entre os pensadores hindus.”

“Conquanto seja comumente descrito como subsumindo todo ser, Brahman também é descrito como a personificação do não ser.”


“Embora essa descrição seja mais do que um tanto nebulosa, poderia ser interpretada como significando que Brahman também transcende o universo físico e representa um reino inconcebível para a humanidade, além do reino físico do ‘ser.”


“Assim, interpretada dessa maneira, a concepção de Brahman se torna decididamente panenteísta.”


“Até a visão profundamente pessoal da divindade proposta no Bhagavad Gita, o texto religioso mais popular do hinduísmo, contém elementos do panenteísmo. No Bhagavad Gita, elementos pessoais e amorosos de Deus são revelados para o leitor quando o divino Senhor Krishna pilota a carruagem do jovem guerreiro Arjuna para a batalha. O panenteísmo parece evidente também nesta formulação de Deus, em várias linhas do poema, como o delineamento de Krishna de sua imensa proeza celestial: "Com um único fragmento de Mim, permeio e apoio todo esse universo". [6] Isso parece sugerir que Deus (Krishna) contém o universo no qual ele está atualmente presente e mais, uma variação definida do panenteísmo.”
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Acredito, tanto quanto creio, que o caminho certo para a economia passe por entender como esses pensamentos religiosos concebem o transcendente na sua maior expressão, ou seja, o que chamamos “Deus”. Se for, como a mim parece que seja, ao menos predominantemente, que o divino se identifique com a totalidade das coisas existentes e para onde tudo caminha, então estaremos falando de panteísmo, se esse totalidade possuir um “algo a mais”, aí será panenteísmo.

Por fim, ressalto que o panenteísmo é ideia recente, concebida no início do séc. XIX, por Christian Krause, que a propôs com o fito de conciliar o dualismo com o monismo.
Montalvão escreveu:
sdelareza escreveu:
Não há e nunca houve (pelo que sei) uma religião panteísta. Será que a ideia do panteísmo é algo que só agrada a uma elite intelectualizada e não o povão?
Eu também achava que não, supunha que panteísmo fosse meramente uma proposição filosófica...

Qual nada, há sim, uma religião que não é só panteísta, mas que cultua o panteísmo...

https://www.pantheism.net/pt/panteismo- ... o-milenio/

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
Mensagens: 3013
Registrado em: Seg, 02 Março 2020 - 13:48 pm

Mensagem por Gigaview »

montalvão escreveu:Primeiramente,  um dado que me parece importante considerar: as filosofias religiosas orientais são bem mais difíceis de serem compreendidas que as ocidentais, que não são exatamente fáceis de serem entendidas... digo isso, não como expert no assunto, que não sou, mas por ser fato... assim penso, pois.
2
Acredito, tanto quanto creio, que o caminho certo para a economia passe por entender como esses pensamentos religiosos concebem o transcendente na sua maior expressão, ou seja, o que chamamos “Deus”.
2
Por fim, ressalto que o panenteísmo é ideia recente, concebida no início do séc. XIX, por Christian Krause, que a propôs com o fito de conciliar o dualismo com o monismo.
Parece que o hinduísmo e o budismo são casos para serem enquadrados numa concepção mais precisa e específica, ainda inexistente, a ser definida pelos filósofos.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
Mensagens: 3013
Registrado em: Seg, 02 Março 2020 - 13:48 pm

Mensagem por Gigaview »

A discussão sobre espiritismo que estava se desenvolvendo aqui foi transferida para o tópico "Espiritismo - Temas genéricos.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

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eremita
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Registrado em: Ter, 17 Março 2020 - 20:47 pm
Localização: Sob as folhas da erva-mate.

Mensagem por eremita »

Alguém que crê que o universo é Deus necessariamente crê que o universo tem atributos divinos; no mínimo o universo seria uma entidade consciente, que cria e mantém a si mesma. A crença nisso é completamente oposta à descrença do ateísmo.

Por isso não vejo o panteísmo como uma forma de ateísmo, mesmo que a descrença em um deus separado do universo seja a mesma.
Assumis, ergo non es.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Gigaview
Mensagens: 3013
Registrado em: Seg, 02 Março 2020 - 13:48 pm

Mensagem por Gigaview »

eremita escreveu:
Qua, 18 Março 2020 - 18:47 pm
Alguém que crê que o universo é Deus necessariamente crê que o universo tem atributos divinos; no mínimo o universo seria uma entidade consciente, que cria e mantém a si mesma. A crença nisso é completamente oposta à descrença do ateísmo.

Por isso não vejo o panteísmo como uma forma de ateísmo, mesmo que a descrença em um deus separado do universo seja a mesma.
Acho que não é bem isso.

No panteísmo não existe "criação" divina porque não há um Deus criador para agir como entidade consciente e autônoma. Tudo que existe é a manifestação, emanação ou realização do conjunto de tudo, isto é, do universo, que é a própria realidade de Deus no panteísmo. Portanto, não existem atributos divinos porque não é possível atribuir vontade ou intenção criadora ao conjunto de tudo que continuamente se transforma.

Visto dessa forma, o panteísmo pode ser considerado ateísta.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

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criso
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Registrado em: Qui, 19 Março 2020 - 15:57 pm
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Mensagem por criso »

Eremita, fico feliz com seu retorno. Abraço

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

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Frencisco Toucinho
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Registrado em: Qua, 17 Junho 2020 - 21:14 pm
Localização: São Paulo

Mensagem por Frencisco Toucinho »

Acho todo teísmo meio desonesto, mesmo o panteísmo. Uma pessoa honesta fala das coisas que constatou pelos sentidos do corpo. No máximo extrapola para teorias. Falar que deus é tudo está errado, está dizendo mais coisa do que é permitido. Somos seres finitos e ninguém experimentou o TUDO. falar sobre a somatória de tudo que existe além de desonesto, é bastante arrogante. A vida ensina que podemos experimentar apenas um pouco do que há a nossa volta. Se for um pouco instruído, poderá usar o raciocínio hipotético para ter uma leve noção mais abrangente. Mas é só.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Eu...
Mensagens: 17
Registrado em: Sex, 19 Novembro 2021 - 20:57 pm

Mensagem por Eu... »

Acho que depende do tipo de panteísmo. O panteísmo do Spinoza, que o Einstein defendia, tinha ares quase de ateísmo. Mas tem ou tinham algumas religiões panteístas, entre os africanos e indígenas, por exemplo, que eram mais religiosos. Essas religiões panteístas divinizam elementos naturais como o vento, a água, o fogo, dentre outros.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

O organoléptico
Mensagens: 806
Registrado em: Seg, 22 Novembro 2021 - 19:31 pm

Mensagem por O organoléptico »

Quando alguém se expressa em termos de deuses não é de
modo algum um ateista. Salvo caso se trate de um poeta.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

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Adam Weishaupt
Mensagens: 33
Registrado em: Seg, 18 Abril 2022 - 11:33 am
Localização: Santa Maria (RS)

Mensagem por Adam Weishaupt »

Eu... escreveu:
Qui, 02 Dezembro 2021 - 01:17 am
Acho que depende do tipo de panteísmo. O panteísmo do Spinoza, que o Einstein defendia, tinha ares quase de ateísmo. Mas tem ou tinham algumas religiões panteístas, entre os africanos e indígenas, por exemplo, que eram mais religiosos. Essas religiões panteístas divinizam elementos naturais como o vento, a água, o fogo, dentre outros.
Acho que você não leu Spinoza.
Ele trata a existência como uma Unidade,
um Ser Universal dotado de Pensamento e Extensão.
Os seres particulares seriam seus "modos" de manifestação.
Não é simplesmente chamar o Universo de Deus e adorar a Natureza;
mas todo um outro entendimento da realidade, de um Monismo Absoluto.

"[...] But should you want to learn wisdom
- to make mankind more clever, better, free and happy -
then be thrice welcomed by us."

(dem Illuminaten-Orden, 1776)

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

Eu...
Mensagens: 17
Registrado em: Sex, 19 Novembro 2021 - 20:57 pm

Mensagem por Eu... »

Adam Weishaupt escreveu:
Seg, 18 Abril 2022 - 23:31 pm

Acho que você não leu Spinoza.
Ele trata a existência como uma Unidade,
um Ser Universal dotado de Pensamento e Extensão.
Os seres particulares seriam seus "modos" de manifestação.
Não é simplesmente chamar o Universo de Deus e adorar a Natureza;
mas todo um outro entendimento da realidade, de um Monismo Absoluto.
Eu não disse que o Spinoza defendia o ateísmo, eu disse a filosofia panteísta dele que tinha ares quase de ateísmo. Apesar disso tudo que você disse o Spinoza, por exemplo, negava que houvessem livros sagrados.

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

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f0rest2.0
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Registrado em: Qui, 12 Maio 2022 - 16:26 pm

Mensagem por f0rest2.0 »

"Antropomorfismo como redução à ignorância"

Baruch de Espinosa

Todos os prejuízos que me cumpre indicar dependem de um só, a saber: os homens supõem comumente que todas as coisas da Natureza agem, como eles mesmos, em consideração de um fim, e até chegam a ter por certo que o próprio Deus dirige todas as coisas para determinado fim, pois dizem que Deus fez todas as coisas em consideração do homem, e que criou o homem para que este lhe prestasse culto.

É isto que antes de mais passarei a examinar, indagando em primeiro lugar, a causa por que quase toda a gente dá aquiescência a tal preconceito e é propensa naturalmente a abraçá-lo; a seguir, mostrarei a falsidade dele e finalmente direi como daí nasceram prejuízos acerca do bem e do mal, do mérito e do pecado, do louvor e do vitupério, da ordem e da confusão, da beleza e da fealdade, e outros do mesmo gênero.

Não é este, decerto, o lugar adequado para deduzir tudo isto da natureza da mente humana, bastando agora que eu tome por fundamento o que por ninguém é posto em dúvida, a saber, que toda gente nasce ignorante das causas das coisas e que todos desejam alcançar o que lhes é útil e de que são cônscios.

Com efeito, disso resulta:

Em primeiro lugar, que os seres humanos têm a opinião de que são livres por estarem cônscios das suas volições e das suas apetências, e nem por sonhos lhes passa pela cabeça a ideia das causas que os dispõem a apetecer e a querer, visto que as ignoram.

Resulta em segundo lugar que os homens procedem em todos os seus atos com vista a um fim, a saber, a utilidade, de que têm apetência; daqui o motivo por que sempre se empenham em saber somente as causas finais dos acontecimentos já passados e ficam tranquilos quando as ouvem dizer, certamente por não terem uma causa que os leve a propor dúvidas para além disto. Se não puderem, porém, vir a sabê-las por outrem, nada mais têm a fazer do que voltarem-se para si mesmos e refletirem sobre os fins por que habitualmente se determinam em atos semelhantes, e desta maneira julgam necessariamente a compleição alheia pela sua própria .

Além disso como encontram em si e fora deles bastantes coisas que são meios que contribuem não pouco para que alcancem o que lhes é útil, como, por exemplo, olhos para ver, dentes para mastigar, vegetais e animais para alimentação, sol para iluminar, mar para o sustento de peixes, são levados a considerar todas as coisas da Natureza como meios para a sua utilidade pessoal. E porque sabem que tais meios foram por eles achados e não dispostos, daqui tiraram motivo para acreditar na existência de outrem que os dispôs para que os utilizassem.

Com efeito, depois de haverem considerado as coisas como meios, não podiam acreditar que elas se criassem a si mesmas, e dos meios que costumam dispor para seu uso próprio foram levados a tirar a conclusão de que houve alguém ou alguns regentes da Natureza, dotados como os homens de liberdade, e que cuidaram em tudo que lhes dissesse respeito e para sua utilidade fizeram todas as coisas.

Quanto à compleição180 destes seres, como nunca ouviram nada a tal respeito, também foram levados a julgá-la pela que em si notavam. Daqui haverem estabelecido que os deuses ordenaram tudo o que existe para uso humano, a fim de os homens lhes ficarem cativos e de serem tidos em suma honra; donde o fato de haverem excogitado, conforme a própria compleição, diversas maneiras de se render culto a Deus, para que Deus os estime acima dos outros e dirija a Natureza inteira em proveito da cega apetição e insaciável avareza.

Assim, este prejuízo tornou-se em superstição e lançou profundas raízes nas mentes, dando origem a que cada um aplicasse o máximo esforço no sentido de compreender as causas finais de todas as coisas e de as explicar; mas, conquanto se esforçassem por mostrar que na Natureza nada se produz em vão (isto é, que não seja para proveito humano), parece que não deram a ver mais do que isto: a Natureza e os deuses deliram tal qual os homens.

Repare-se, se me permitem, a que ponto se chegou!

No meio de tantas coisas profícuas da Natureza, não podiam ter deixado de deparar com bastantes que são nocivas, tais como as tempestades, os terremotos, as doenças, etc.., e estabeleceram que tudo isso acontecia porque os deuses se irritavam com ofensas que os homens lhes tivessem feito ou com pecados cometidos no culto divino.

Embora a experiência de cada dia protestasse e patenteasse com exemplos sem conta que os eventos benéficos e maléficos atingiam indistintamente indivíduos devotos e ímpios, nem por isso abandonaram o inveterado prejuízo. Foi-lhes mais fácil colocar isto no número das coisas cuja utilidade desconheciam, e assim se conservarem no estado presente e nativo da ignorância, do que destruir toda esta construtura e pensar numa nova. Daqui assentarem por certo que os juízos dos deuses ultrapassavam muitíssimo a capacidade humana.

(…)

Vem a propósito não deixar sem reparo que os sequazes desta concepção, que ao consignarem fins às coisas quiseram dar mostra do seu engenho, lançaram mão de um novo teor de argumentação, a saber, o da redução à ignorância, que não à redução ao absurdo, o que mostra que esta concepção não tinha nenhum outro recurso probatório.

Com efeito, se, por exemplo, uma pedra cair de um telhado sobre a cabeça de alguém e o matar, demonstrarão da seguinte maneira que a pedra caiu para matar esse indivíduo: se não caísse com tal fim, por vontade de Deus, como é que tantas circunstâncias (pois na verdade é frequente concorrerem muitas simultaneamente) poderiam dar-se encontro naquela queda?

Responder-se-á, talvez, que o acontecido ocorreu porque o vento soprou forte na ocasião e o indivíduo tinha de fazer caminho por esse sítio. Insistirão, porém: por que soprou o vento na ocasião e por que é que o indivíduo tinha de passar por esse sítio nessa ocasião? Se se retorquir que o vento se levantou na ocasião porque no dia precedente, com tempo até então calmo, o mar começara a agitar-se, e o indivíduo havia sido convidado por um amigo, replicarão de novo, dado não haver fim ao perguntar, por que é que o mar se agitou e o indivíduo fora convidado para tal ocasião, não cessando de perguntar as causas das causas até que o interlocutor se refugie na vontade de Deus, isto é, no asilo da ignorância.

Fonte: Ética. São Paulo, Abril Cultural, 1983. (Coleção Os Pensadores)

Re: O Panteísmo é uma forma de ateísmo?

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Fernando Silva
Conselheiro
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Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

Na hora em que as religiões se politizam, sempre em nome de um “Deus” a que só eles têm acesso, que só eles conhecem e interpretam, vale a pena rever o que o filósofo holandês Baruch Spinoza escreveu no século XVII, usando seu racionalismo para falar, também ele, em nome de Deus.

“Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz e te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio, como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?

Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar. Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.

Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro de ti... aí é que estou.”
Leia mais: https://oglobo.globo.com/opiniao/em-nom ... z4iBYr6rUu
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