JungF escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 18:16 pm
Ninguém em sã consciência postula a existência do ser humano, neste mundo, sem sofrimentos, dores, crimes, etc.
Não mesmo, até porque só livre-agentes podem fazer coisas como cometer crimes e traições.
Uma pedra não pode ser má. Uma planta não pode ser perversa. Bosques e rios não se corrompem.
Daí que todo o Bem e Mal que aconteça no mundo provenha exclusivamente de Seres Espirituais.
JungF escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 18:16 pm
Este razoável entendimento perde sua generosa complacência, no entanto, se naquela complexa dinâmica social acrescentarmos a incógnita divina,Deus.
Não. Deus dá a livre-agência. O que os agentes fazem com ela, aí já é responsabilidade deles.
JungF escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 18:16 pm
Aí nos tornamos exigentes e todo o Bem e o Mal deste mundo serão de responsabilidade deste magnânimo, sereníssimo e supremo ser, so to say.
O Bem, sim, pois não é senão bom-uso da própria livre-agência espiritual.
O mal, jamais, pois nada é além do mau-uso que se faz.
Bem e mal não são coisas, objetos, mas ordens ou desordens morais.
Ora, a desordem só existe com relação à ordem de que é negação.
Negando, escancara seu Nada comparado ao Ser a que se opõe.
Logo, disso se segue que apenas o Bem é imputável a Deus.
JungF escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 18:16 pm
um ingente enigma: descobrir onde o Altíssimo terá errado para que tantos males decorra de sua criação.
Os lugares de maior ou menor privação são adequados à mesma natureza dos seres neles exilados.
Note que a Humanidade poderia, agora mesmo, neste instante, dar as mãos e acabar com a fome, miséria;
com toda forma de exploração, opressão, discriminação, e tornar-se uma só comunidade fraterna e justa.
Isso só não acontece porque os próprios seres desta região são os maiores inclinados às paixões e vícios.
A região que nos serve de asilo é a mais apropriada, pelas provações que proporciona, à nossa depuração.
JungF escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 18:16 pm
o Réu Divino seria condenado pois teria concedido o livre arbítrio não somente aos bons e justos, mas também aos loucos e alucinados.
Errado. Não não há bom ou justo antes do livre-arbítrio. Nem louco ou alucinado.
O livre-arbítrio é pré-condição tanto para a Santidade como para a Queda.
Anjo ou Demônio não é um ponto de partida, mas o que você faz de si.
Quando da Prevaricação dos Seres Espirituais,
"Lúcifer" se fez Demônio ao querer exaltar-se acima de todos.
"Miguel" se fez Anjo ao repreendê-lo dizendo "Quem é como Deus?" (
mikha'él).
Caim se fez um homem Decaído ao invejar e assassinar seu irmão.
Ele não era um homem Decaído 'ao qual foi dado livre-arbítrio'.
Ele fez de si um homem Decaído, pelo mau uso que fez de suas faculdades.
Jó não era um Santo a quem foi dado livre-arbítrio.
Ele fez de si um Santo pela castidade com que suportou todas as provas.
Justamente por isso, os mundos são lugares de provações,
pois quem você é, espiritualmente, é consequência de suas ações.
JungF escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 18:16 pm
os próprios habitantes, por seu temperamento, se castigavam uns aos outros.
É exatamente isso.
O Mal só existe porque existem Maus.
Os mundos mais elevados assim o são somente por seus habitantes.
Necessariamente unidos, além disso, pelos laços de simpatia e afinidade.
JungF escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 18:16 pm
Restaria uma questão: e os cataclismos naturais que dizimam milhares de vidas... Seriam eles também criminosos em resgate?
Cataclismos não podem ser classificados como bons nem maus.
Só
Sujeitos podem ser bons ou maus, porque agem com relação a outros Sujeitos.
Cataclismos acontecem quer você esteja ali ou não, não são Agentes, mas meras contingências.
O problema do cataclismo é você estar lá. Se algo é ruim "pra você", e não em si, não pode ser Mau.
Já todos os vícios e paixões, são ruins em si, atormentam a própria do alma do perverso que os nutre.
JungF escreveu: ↑Seg, 12 Outubro 2020 - 18:16 pm
Para que os crimes pudessem ser corrigidos sem que para isto houvesse a necessidade de se criar criminosos/justiceiros, as enfermidades e os cataclismos cobravam as contas ainda não saldadas, a cada um de nós, ao longo dos tempos.
O saldo da conta, positivo ou negativo, é só o que seu espírito tornou-se como resultado de suas ações.
O que acontece de bom ou mau para os seres, no mundo, é apenas a consequência de sua coexistência.
Você está tendo uma visão demasiadamente material das coisas espirituais.
Enquanto um perverso e um santo estão neste mundo, o perverso pode ferir e até assassinar o santo.
Podem também ambos serem atingidos por um catástrofe ou qualquer outra contingência.
Se pensares materialmente, quererá que bons desfrutem benesses e maus comam o pão que o diabo amassou.
Basta consultar as páginas da história para ver o oposto: o quanto santos e mártires foram trucidados,
e que muitas vezes perversos reinaram impunemente, nadando em luxúria.
A razão disso é que coisas materiais são só... coisas. São neutras, indiferentes, nem boas nem más.
O próprio corpo é desta mesma natureza. Por isso que só é bom ou mau o que se faz com ele,
ou seja, a intenção que move o material, e nunca nada de material em si.
Riqueza, pobreza, beleza, feiura, sorte, azar, nada possuem de espiritual.
Gigaview escreveu: ↑Sáb, 17 Outubro 2020 - 21:46 pm
Atribuir uma função de resgate de dívidas cármicas a um terremoto é tão ingênuo quanto infantil e irresponsável porque ignora a verdadeira natureza do fenômeno com um raciocínio simplista que também desrespeita a memória de todos que perderam suas vidas, atribuindo a eles uma culpa genérica e injustificada. O mesmo vale para as epidemias e demais resgates coletivos.
Justo e Perfeito.
Fernando Silva escreveu: ↑Dom, 18 Outubro 2020 - 10:22 am
Se existe um criador, foi ele que criou o Mal e criaturas destinadas a praticá-lo.
Você já segurou "O Mal"? Consegue apalpá-lo, medí-lo, pesá-lo?
O que você disse é uma contradição absurda, inerente,
pelo simples fato de que o Mal não é uma coisa criada.
Onde está esse tal de "O Mal"? Simples - no coração dos maus.
E, claro, nas ações contaminadas pelas intenções perversas deles.
Do mesmo modo que só pode haver "alguém feliz" se há um "alguém"
- não havendo, portanto, "felicidade" sem o "alguém que a sinta" -,
da mesma maneira, O Mal só existe porque existem Sujeitos Maus.
Se todos os Sujeitos decidissem fechar pro Mal as portas de seus corações,
imediatamente ele deixaria de ter qualquer via para manifestar-se no mundo.
Fernando Silva escreveu: ↑Dom, 18 Outubro 2020 - 10:22 am
Foi ele que criou o mundo deste jeito, já sabendo de tudo o que aconteceria nele, quando poderia tê-lo criado de infinitas outras maneiras.
O mundo não tem agência moral, não tem nenhuma parcela de culpa nas bobagens que os seres decidem fazer por conta própria.
Fernando Silva escreveu: ↑Dom, 18 Outubro 2020 - 10:22 am
Quem foi criado imperfeito cometerá atos imperfeitos. A culpa é de quem o criou imperfeito.
É impossível ser criado mau, pelo simples fato (necessário e lógico) que só se é mau tornando-se.
Do mesmo modo, é impossível ser criado perfeito, porque também só se pode fazer-se perfeito.
E, a pré-condição para, quer um, quer outro, é que o ser seja criado livre e responsável.
Você está invertendo, colocando como se o ato imperfeito emanasse de um ente imperfeito,
quando na verdade o ente só se torna imperfeito pelo intenção imperfeita à qual aderiu.
O que ele é - anjo ou demônio, santo ou decaído - é a consequência do que fez de si.
E, para fazer qualquer coisa de si, é necessário ser criado Responsável por si.
Responsável, acima de tudo, pela própria essência espiritual.
Ser criado perfeito ou ser criado mau seriam obstáculos.
Porque seria deixar de ser responsável por quem se é.
Fernando Silva escreveu: ↑Dom, 18 Outubro 2020 - 10:22 am
Criaturas perfeitas não praticam o mal e sequer pensam em fazê-lo.
Até que acertou no "criaturas perfeitas não praticam o mal".
Note que isso implica que, a fim de ser perfeito, há de se rechaçar o mal.
E isso é certo e muito verdadeiro!
Veja, contudo, que o "ser-perfeito" sucede (e não antecede) a abstenção do mal.
Jó não se absteve do mal porque era perfeito, fez-se perfeito pois se absteu.
Poderia, a qualquer momento, corromper-se,
assim como pode o pior criminoso arrepender-se.
Os Santos não rechaçam o mal por serem santos - eles só o São porque o rechaçaram.
Logo, cada um é, desde já, responsável por sua própria perfeição ou imperfeição.
Gigaview escreveu: ↑Dom, 18 Outubro 2020 - 11:16 am
As criaturas não decidem praticar o bem ou o mal, elas estão destinadas a cumprir o que o criador designou a elas.
As designou para a Perfeição. Porém, não existe perfeição sem Liberdade.
Um ser livre pode não ser perfeito, mas um ser perfeito tem de ser livre.
Só que liberdade permite até mesmo a negação e esquiva da perfeição.
Pois é mais fundamental que esta.
Até porque, um "Ser" perfeito precisa, antes de tudo, ser um "Ser".
Ser um Ser implica ter Agência, ser um Sujeito e Responsável.
Uma pedra não tem agência nem responsabilidade.
Uma planta ou jardim também não os possuem.
Liberdade é condição para a subjetividade,
e a subjetividade é condição para "Ser Perfeito", "Ser Feliz", "Ser Bom" etc.
ser bom implica ser + ser livre + ser um sujeito bom.
Não dá para ser um sujeito bom sem ser nem ser livre.
Também não dá para ser livre sem ser,
pois a qualidade da liberdade não teria a quem pertencer.
Logo, é preciso, antes de tudo, Ser;
em seguida, Ser um Sujeito (Agente/Responsável);
em terceiro, fazer bom-uso dessa livre-agência.
Daí entraria, em quarto, a Perfeição.
Gigaview escreveu: ↑Dom, 18 Outubro 2020 - 11:50 am
(2) Por que esse criador não criou os seres perfeitos?
Pelas proposições demonstradas acima.
Gigaview escreveu: ↑Dom, 18 Outubro 2020 - 11:50 am
(4) De onde vem a moralidade pré-criativa que estabelece o que é erro e o que é acerto que orienta esse "desenvolvimento" inútil?
do Fundamento de toda a Subjetividade - DEUS;
OBS: ele mesmo não é um entre os seres,
mas a "fundação", "condição" do ser deles.
A analogia mais próxima que podemos fazer é entre a Extensão e os Corpos.
A extensão não é, ela mesma, um corpo, mas a condição dos corpos extensos.
Os corpos extensos só o são na medida em que participam dela.
Ela simultaneamente está em toda parte, sendo condição para a existência dos corpos e,
ao mesmo tempo, não pode ser encontrada em parte alguma no meio deles.
Fernando Silva escreveu: ↑Seg, 19 Outubro 2020 - 08:02 am
Ora, já apresentamos provas suficientes de que os espíritos foram omissos e até, em pelo menos um caso, confirmaram o racismo.
Nada impede um espírito de dizer inverdades, de ser limitado por seu tempo ou de simplesmente não saber a Verdade.
Lembrando que nós mesmos somos espíritos e, mesmo com toda a Filosofia e Ciência que temos, não sabemos.
UM espírito pode ser racista, moralista, ladrão, intolerante, dogmático, fanático e qualquer coisa assim.
Não está cheio de espíritos assim, só que encarnados, ao nosso redor? Imagine por lá, o quão pior!
Fernando Silva escreveu: ↑Seg, 19 Outubro 2020 - 08:02 am
Se não são perfeitos, não podem ser punidos por cometerem erros. Estão fazendo aquilo para que foram criados. Roboticamente.
Só se pode ser imperfeito fazendo-se imperfeito por suas próprias intenções, decisões e ações.
Daí que por suas próprias imperfeições punem os homens uns aos outros e a si mesmos
JungF escreveu: ↑Ter, 06 Abril 2021 - 12:43 pm
De início, também achei que o Criador deveria tornar mais fácil a comunicação com os espíritos... a existência dos espíritos seria coisa óbvia.
A existência dos espíritos é uma coisa óbvia, porque sem espíritos sequer haveria qualquer experiência possível.
Se as impressões chegam dos sentidos, só podem chegar se houver algo de outra natureza a que se podem comunicar:
há, ao fundo, um Sujeito-Observador, experienciador. Subjetividade sem a qual a Objetividade seria um nada em quietude eterna.
Arranque do Universo a Subjetividade e sumirão, com o Tempo os Sentidos, todas as experiências possíveis.