Por que as pessoas mentem?
POR QUE AS PESSOAS MENTEM
Há alguns dias um de nossos foristas sugeriu que este seria um excelente tema para discussão.
Então, no seu ponto de vista as pessoas mentem com frequência, nas pequenas coisas, ou apenas quando interesses maiores estão em jogo.
É entendimento comum que a mentira, em assuntos de reconhecida gravidade é uma distorção do caráter que avilta a inteligência por mais brilhante seja esta; então precisamos entender com clareza o que seja mentir.
Em debates, declarações ou depoimentos, a omissão consciente de um fato será o mesmo que mentir?
Quem mente, sempre incorre em erro, ou haverá justificativas para o ato de mentir?
O hábito de mentir ou exagerar provém de um desequilíbrio da mente?
Por qual razão alguém adotaria tal procedimento?
É possível alguém mentir sem se dar conta de seu ato?
Há alguns dias um de nossos foristas sugeriu que este seria um excelente tema para discussão.
Então, no seu ponto de vista as pessoas mentem com frequência, nas pequenas coisas, ou apenas quando interesses maiores estão em jogo.
É entendimento comum que a mentira, em assuntos de reconhecida gravidade é uma distorção do caráter que avilta a inteligência por mais brilhante seja esta; então precisamos entender com clareza o que seja mentir.
Em debates, declarações ou depoimentos, a omissão consciente de um fato será o mesmo que mentir?
Quem mente, sempre incorre em erro, ou haverá justificativas para o ato de mentir?
O hábito de mentir ou exagerar provém de um desequilíbrio da mente?
Por qual razão alguém adotaria tal procedimento?
É possível alguém mentir sem se dar conta de seu ato?
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Há pouco tempo perdi uma mochila e havia nela um livro que ainda estava lendo: "Todo Mundo Mente".JungF escreveu: ↑Seg, 11 Janeiro 2021 - 19:50 pmPOR QUE AS PESSOAS MENTEM
Há alguns dias um de nossos foristas sugeriu que este seria um excelente tema para discussão.
Então, no seu ponto de vista as pessoas mentem com frequência, nas pequenas coisas, ou apenas quando interesses maiores estão em jogo.
É entendimento comum que a mentira, em assuntos de reconhecida gravidade é uma distorção do caráter que avilta a inteligência por mais brilhante seja esta; então precisamos entender com clareza o que seja mentir.
Em debates, declarações ou depoimentos, a omissão consciente de um fato será o mesmo que mentir?
Quem mente, sempre incorre em erro, ou haverá justificativas para o ato de mentir?
O hábito de mentir ou exagerar provém de um desequilíbrio da mente?
Por qual razão alguém adotaria tal procedimento?
É possível alguém mentir sem se dar conta de seu ato?
Uma pena... estava começando o livro e parecia interessante.
Apesar do título não é um livro sobre a mentira. É um livro sobre mineração de dados.
O autor é um especialista nesta área e trabalha na Google. Entre outras coisas.
O livro mostra como as pessoas têm a tendência de mentir em pesquisas de opinião. Mesmo respondendo anonimamente a um formulário, as pessoas tềm a tendência psicológica de fornecer a resposta que deveria ser a mais aceitável. E não a resposta verdadeira.
Isso explica, por exemplo, como a eleição do Trump contrariou todas as pesquisas. Muita gente na época tinha vergonha de se declarar trumpista e ainda há nos Estados Unidos muito mais racismo do que as pessoas gostariam de admitir.
A tese que este autor defende é que usando dados disponíveis hoje para serviços como o Google, dados que são coletados diariamente aos zilhões de bilhões de pessoas, é possível saber o que realmente as pessoas pensam, sentem e desejam sobre questões que jamais confesariam conscientemente. Inclusive ele mostra modelos de pesquisa baseados em mineração de dados que previram a vitória de Trump pelas margens que se verificaram. Diferentemente das pesquisas eleitorais clássicas.
O racismo latente na sociedade americana, ainda muito forte e presente, não é detectado em uma pesquisa de opinião convencional. Mas hoje é possível xeretar o que as pessoas estão fazendo espontaneamente sozinhas navegando na internet, e sem que elas saibam. Em momentos em que elas não estão preocupadas com o julgamento dos ouros e até de si próprias.
É muito interessante. Principalmente porque esse tipo de investigação precisa de associações de dados que só algoritmos sofisticados podem realizar. A informação relevante pode vir de correlações insuspeitas, como por exemplo prever a taxa de desemprego relacionando com o acesso a sites de pornografia e jogos de paciência online.
É uma nova era: no século 21 empresas e governos estarão lendo a mente das massas, extraindo destas as verdades inconfessáveis que as pessoas muitas vezes escondem até de si mesmas.
Existem as mentiras reconfortantes. Quando não queremos ser rude ou desacreditar algumas pessoas, então acaba sendo comum darmos razão a estas pessoas mesmo que pensemos o oposto.
Não sei responder a primeira pergunta. Mas algumas razões podem ser para dar mais ênfase à sua narrativa, parecer mais convincente, chamar mais atenção para si, ou mesmo para que o ouvinte desperte mais interesse no que você está dizendo.Jung escreveu:O hábito de mentir ou exagerar provém de um desequilíbrio da mente?
Por qual razão alguém adotaria tal procedimento?
O autoengano pode ocorrer de forma consciente ou inconsciente.Jung escreveu:É possível alguém mentir sem se dar conta de seu ato?
Até mesmo nossas memórias são na maioria das vezes distorcidas. É muito comum nos lembrarmos das coisas ligeiramente diferente do que de fato ocorreram.
Por que criamos memórias do que nunca aconteceu?
Desconfie da sua memória; entenda por que ela muda com o tempo
- Hipatia
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- Localização: 3ª PEDRA ORBITANDO A ESTRELA AMARELA
Essa pergunta parte de uma premissa: TODAS AS PESSOAS MENTEM. Ipso facto, a sua pessoa está incluída.
Indeed...
No meu ponto de vista, ambos, e muitos motivos mais.
Entendimento comum? Distorção de caráter? Não, não...talvez patológico, já diagnosticado - Mitomania.
Omissão de fatos não é o mesmo que mentir, a mim parece chamar de penteado uma careca...
Quem mente sabe porque mente e muitas vezes a manutenção da mentira salvará alguém do desespero, portanto a mentira será justificada na medida do menor dano que possa causar frente à outro muito maior.
Já respondido acima - Mitomania.
A "mentira" pode ser apresentada sob vários disfarces, e na Natureza se chama Mimetismo; diversos espécimes usam a "mentira" como defesa contra predadores ou mesmo para atrair parceiros sexuais. Penso que a "mentira" é um recurso evolutivo que favorece interações ou as repele de maneira eficiente, dependendo do objetivo.
Patologicamente falando? Sim.
AVE ENTROPIA MORITURI TE SALUTANT
- Fernando Silva
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Todo mundo mente praticamente o tempo todo, já que procuramos apresentar ao mundo uma imagem de nós mesmos que sabemos que não é verdadeira.
Em outras palavras, diante dos outros, representamos um personagem fictício.
Às vezes, vários personagens: somos um nas redes sociais, somos outro em casa, outro no trabalho, outro com os amigos etc.
"Persona" vem do etrusco e significa "máscara".
Tratamos bem àqueles que gostaríamos de matar (isto se chama "viver em sociedade").
Fingimos que está tudo bem para evitar encheção de saco, bem intencionada ou não.
Escondemos a verdade para evitar retaliações, merecidas ou não.
Em outras palavras, diante dos outros, representamos um personagem fictício.
Às vezes, vários personagens: somos um nas redes sociais, somos outro em casa, outro no trabalho, outro com os amigos etc.
"Persona" vem do etrusco e significa "máscara".
Tratamos bem àqueles que gostaríamos de matar (isto se chama "viver em sociedade").
Fingimos que está tudo bem para evitar encheção de saco, bem intencionada ou não.
Escondemos a verdade para evitar retaliações, merecidas ou não.
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Trecho de um livro espírita sobre esse assunto:
~As dores da alma - Francisco E.S Neto.Diversas matrizes do medo se fixaram na vida infantil. Os pais autoritários e rudes que estabeleceram um regime educacional duro e implacável, impondo normas ameaçadoras e punitivas, criaram na mente das crianças a necessidade de mentir e fantasiar constantemente. Dessa maneira, elas passaram a viver de forma que agradassem a todos numa enorme necessidade de aprovação e numa atmosfera de insegurança. Tais crianças poderão desenvolver no futuro fobias, cujas causas são a doentia preocupação com o desempenho sexual, o exagerado cumprimento de obrigações impostas pela sociedade, uma megalomaníaca atuação profissional, a fanática observância a crenças religiosas perfeccionistas e o procedimento extremista de estar sempre correto em tudo que fala e faz.
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Gosto mesmo de suas opiniões. Realmente ocorre isso mesmo.Fernando Silva escreveu: ↑Qua, 13 Janeiro 2021 - 08:31 amTodo mundo mente praticamente o tempo todo, já que procuramos apresentar ao mundo uma imagem de nós mesmos que sabemos que não é verdadeira.
Em outras palavras, diante dos outros, representamos um personagem fictício.
Às vezes, vários personagens: somos um nas redes sociais, somos outro em casa, outro no trabalho, outro com os amigos etc.
"Persona" vem do etrusco e significa "máscara".
Tratamos bem àqueles que gostaríamos de matar (isto se chama "viver em sociedade").
Fingimos que está tudo bem para evitar encheção de saco, bem intencionada ou não.
Escondemos a verdade para evitar retaliações, merecidas ou não.
Quando alguém pergunta: olá, tudo bem, como vai? mais de 90% responde rapidamente que está tudo bem.
Quando perguntam como passou o Natal ? Resposta: reuni os familiares etc... Dificilmente alguém responde que não comemorou ou que não significada nada pra ele...
Em religiões há muitas mentiras em livros (aqui coloco contradições, mentiras mesmo, desacordo com ciência, Fenomenos esquisitos (considero mentira, pois não se repetem : jonas dentro de uma baleia, jesus andando sobre aguas, ), Hipocrisia extrema (vide “João de Deus”) etc.
- Fernando Silva
- Conselheiro
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Crianças fantasiam o tempo todo e, muitas vezes, não distinguem fantasia de realidade. Isto não é resultado de traumas.Cal Kestis escreveu: ↑Sex, 15 Janeiro 2021 - 10:16 amTrecho de um livro espírita sobre esse assunto:
~As dores da alma - Francisco E.S Neto.Diversas matrizes do medo se fixaram na vida infantil. Os pais autoritários e rudes que estabeleceram um regime educacional duro e implacável, impondo normas ameaçadoras e punitivas, criaram na mente das crianças a necessidade de mentir e fantasiar constantemente. Dessa maneira, elas passaram a viver de forma que agradassem a todos numa enorme necessidade de aprovação e numa atmosfera de insegurança. Tais crianças poderão desenvolver no futuro fobias, cujas causas são a doentia preocupação com o desempenho sexual, o exagerado cumprimento de obrigações impostas pela sociedade, uma megalomaníaca atuação profissional, a fanática observância a crenças religiosas perfeccionistas e o procedimento extremista de estar sempre correto em tudo que fala e faz.
Ao crescerem, separam melhor as coisas. Suponho que, sim, traumas possam atrasar ou impedir este processo.
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- Registrado em: Seg, 06 Abril 2020 - 16:13 pm
esse livro é um dos muitos blá blá blá espiritóide que tem por aí....Fernando Silva escreveu: ↑Sex, 15 Janeiro 2021 - 11:17 amCrianças fantasiam o tempo todo e, muitas vezes, não distinguem fantasia de realidade. Isto não é resultado de traumas.Cal Kestis escreveu: ↑Sex, 15 Janeiro 2021 - 10:16 amTrecho de um livro espírita sobre esse assunto:
~As dores da alma - Francisco E.S Neto.Diversas matrizes do medo se fixaram na vida infantil. Os pais autoritários e rudes que estabeleceram um regime educacional duro e implacável, impondo normas ameaçadoras e punitivas, criaram na mente das crianças a necessidade de mentir e fantasiar constantemente. Dessa maneira, elas passaram a viver de forma que agradassem a todos numa enorme necessidade de aprovação e numa atmosfera de insegurança. Tais crianças poderão desenvolver no futuro fobias, cujas causas são a doentia preocupação com o desempenho sexual, o exagerado cumprimento de obrigações impostas pela sociedade, uma megalomaníaca atuação profissional, a fanática observância a crenças religiosas perfeccionistas e o procedimento extremista de estar sempre correto em tudo que fala e faz.
Ao crescerem, separam melhor as coisas. Suponho que, sim, traumas possam atrasar ou impedir este processo.
Tenho 2 filhas e sei o que estou falando, não traumatizei nenhuma delas e elas mentem sim! Não tenho vergonha de dizer.
1 tem 2 aninhos e tem suas mentirinhas e fantasias.
E não é por causa de regimes duros e implacáveis.
Enfim , Deus é maravilhoso, sua obra é perfeita.
Já caminhamos um pouco no tema, então:
Hipoteticamente as pessoas mentem porque são crianças, ainda.
Depois de adultas, algum trauma de infância?
Quando alguém mente visa um objetivo qualquer... é uma regra?
Hipoteticamente as pessoas mentem porque são crianças, ainda.
Depois de adultas, algum trauma de infância?
Quando alguém mente visa um objetivo qualquer... é uma regra?
O quadro resume o motivo das mentiras. Independe da idade, do sexo, classe social ou educação.
https://www.paulekman.com/blog/why-do-p ... e-motives/
Poderia acrescentar a situação do mentiroso sistemático que mente para manter alguma forma de controle, ou aquele que mente para si mesmo distorcendo a realidade para ajusta-la às suas crenças num processo contínuo e tenebroso de autoengano; como acontece com aqueles que acreditam em fantasmas ou coisas do gênero, normalmente "coisas" travestidas como verdades que ninguém consegue provar.
https://www.paulekman.com/blog/why-do-p ... e-motives/
Poderia acrescentar a situação do mentiroso sistemático que mente para manter alguma forma de controle, ou aquele que mente para si mesmo distorcendo a realidade para ajusta-la às suas crenças num processo contínuo e tenebroso de autoengano; como acontece com aqueles que acreditam em fantasmas ou coisas do gênero, normalmente "coisas" travestidas como verdades que ninguém consegue provar.
- Amor, você acha que eu engordei?
- Não, querida! Você está ótima!
- Não, querida! Você está ótima!
Estamos nos aproximando de questões mais profundas e interessantes buscando compreender por quê as pessoas mentem.
Principalmente já sabemos que o ato de mentir envolve processos mentais de alguma complexidade e variada polissemia. Por exemplo, mentir pode significar enganar, mas uma pessoa pode estar enganada a respeito de algo e não estar mentindo.
Poderia uma pessoa mentir para si mesma? Em quais circunstâncias isso ocorreria? Como ela poderia se certificar de que comete auto engano?
Principalmente já sabemos que o ato de mentir envolve processos mentais de alguma complexidade e variada polissemia. Por exemplo, mentir pode significar enganar, mas uma pessoa pode estar enganada a respeito de algo e não estar mentindo.
Poderia uma pessoa mentir para si mesma? Em quais circunstâncias isso ocorreria? Como ela poderia se certificar de que comete auto engano?
O livro do Eduardo Giannetti é excelente. Ajuda a entender porque algumas pessoas se iludem com besteiras.JungF escreveu: ↑Sáb, 16 Janeiro 2021 - 11:20 amEstamos nos aproximando de questões mais profundas e interessantes buscando compreender por quê as pessoas mentem.
Principalmente já sabemos que o ato de mentir envolve processos mentais de alguma complexidade e variada polissemia. Por exemplo, mentir pode significar enganar, mas uma pessoa pode estar enganada a respeito de algo e não estar mentindo.
Poderia uma pessoa mentir para si mesma? Em quais circunstâncias isso ocorreria? Como ela poderia se certificar de que comete auto engano?
https://www.amazon.com.br/Auto-engano-E ... 8535907424
O primeiro destes dois eu conhecia ligeiramente mas não me lembrava de seus argumentos. No You Tube há alguns vídeos com palestras do autor sobre o auto engano, então fui me atualizar.
Ele diz proverbialmente, citando um filósofo, que a maior mentira é aquela que dizemos a nós mesmos... ou, que somente conseguiremos, eficazmente, enganar a alguém se estivermos por nossa vez convictamente enganados.
Em fim, ele dá alguns exemplos seguindo a mesma linha, reforçando a impressão de que há um enfático desvio (desequilíbrio) da mente de alguém que, enganado, tenta enganar a outrem.
No livro A Ilusão da Alma ele suscita uma polêmica, de 2500 anos, em que se discute se o cérebro produz as impressões e sensações ou se há independência da atividade mental e o cérebro. Depois de citar experiências da moderna Neurociência conclui afirmando que a Ciência não tem autoridade para penetrar nos terrenos da Religião e que, por outro lado, se escandaliza ante a tentativa de algumas religiões oferecer as próprias explicações sobre fatos da ciência. Talvez ele estivesse se referindo ao Espiritismo; isso não ficou claro.
Em outra de suas palestras ele sugere a possibilidade de que o avanço da Neurociência com suas modernas técnicas poderá, com intervenções pontuais, modificar gostos pessoais, preferências e tendências que moldam a personalidade. Pareceu-me que estava retornando ao passado em vez de avançar, pois deu ligeiramente a ideia de uma lobotomia sem intervenção cirúrgica.
Por minha vez cheguei a conclusão de que auto engano não existe em mentes saudáveis, mas enganadores pululam.
Ele diz proverbialmente, citando um filósofo, que a maior mentira é aquela que dizemos a nós mesmos... ou, que somente conseguiremos, eficazmente, enganar a alguém se estivermos por nossa vez convictamente enganados.
Em fim, ele dá alguns exemplos seguindo a mesma linha, reforçando a impressão de que há um enfático desvio (desequilíbrio) da mente de alguém que, enganado, tenta enganar a outrem.
No livro A Ilusão da Alma ele suscita uma polêmica, de 2500 anos, em que se discute se o cérebro produz as impressões e sensações ou se há independência da atividade mental e o cérebro. Depois de citar experiências da moderna Neurociência conclui afirmando que a Ciência não tem autoridade para penetrar nos terrenos da Religião e que, por outro lado, se escandaliza ante a tentativa de algumas religiões oferecer as próprias explicações sobre fatos da ciência. Talvez ele estivesse se referindo ao Espiritismo; isso não ficou claro.
Em outra de suas palestras ele sugere a possibilidade de que o avanço da Neurociência com suas modernas técnicas poderá, com intervenções pontuais, modificar gostos pessoais, preferências e tendências que moldam a personalidade. Pareceu-me que estava retornando ao passado em vez de avançar, pois deu ligeiramente a ideia de uma lobotomia sem intervenção cirúrgica.
Por minha vez cheguei a conclusão de que auto engano não existe em mentes saudáveis, mas enganadores pululam.
A mentira e o autoengano são atividades da mente consciente de todas as pessoas e acontece diariamente, portanto é absolutamente normal, e não exclusivas da espécie humana. O percevejo africano, Acantbaspis petax, por exemplo, é capaz de se infiltrar em um formigueiro para se alimentar usando carcaças de formigas.JungF escreveu:Por minha vez cheguei a conclusão de que auto engano não existe em mentes saudáveis, mas enganadores pululam.
Os tratadores do zoológico de Arnhem, na Holanda, enterraram frutas, para serem encontradas pelos chimpanzés. Um chimpanzé chamado Dandy passou pelo local, onde as frutas estavam enterradas, sem demonstrar nenhum interesse especial, quando ele estava na presença dos outros membros do grupo, os quais não sabiam das frutas enterradas. Depois, quando estava sozinho, ele desenterrou as frutas e as comeu sozinho. A interpretação foi que os chimpanzés são capazes de enganar uns aos outros (de Waal, 2007, p. 63).
A mulher que usa salto para parecer mais alta e o homem que cuida da barba para impor respeito são exemplos simples de autoengano, mas existem milhares que fazem parte do nosso cotidiano, muitos dos quais somos protagonistas sem estarmos conscientes. O efeito placebo também é um efeito do autoengano apesar de desconhecermos os seu mecanismo de ação. Portanto, dizer que o autoengano não existe em mentes saudáveis e acreditar nisso é uma forma equivocada de perceber a realidade e também é autoengano.
O processo de memorização também seria outro mecanismo envolvido na construção do autoengano, porque pode ser tendencioso, para produzir resultados agradáveis. Os seres humanos se recordam mais fácil de informações positivas do que negativas. As negativas, dependendo da intensidade, pode até ser suprimidas, ou atenuadas para se tornarem neutras ou até mesmo positivas. A memória não seria, dessa forma, uma foto que vai se apagando com o tempo, ela é ao mesmo tempo reconstrutiva e facilmente manipulável (Trivers, 2011, p. 143). As pessoas, assim, constantemente recriariam suas memórias, para servirem aos seus próprios fins, como no caso de se lembrarem de forma melhor de seus comportamentos considerados bons socialmente, dos que não são assim considerados (Trivers, 2011, p. 144).
Leia: https://www.faculdadevicentina.com.br/i ... os-valores
Os exemplos acima foram citados nessa fonte.
Exatamente! Minha convicção de que auto engano não existe vem dos exemplos que ele deu em suas palestras e que vc apresentou acima. Se eu uso salto alto para aumentar minha estatura aos olhos do grupo, não estou me enganando, mas tentando vender uma imagem falsa a outrem. É o que tenho afirmado e que os exemplos citados demonstram.
Você está se auto enganando, acreditando no auto engano?
Não se consegue conceituar auto engano, sem citar exemplos que na verdade apontam noutra direção.
O macaco, das frutas enterradas, ele enganou o grupo fingindo desinteresse, para comê-las a sós. Ele não se engana mas engana aos demais. Isto é tão claro e eu não entendo como vc não vê.
Você está se auto enganando, acreditando no auto engano?
Não se consegue conceituar auto engano, sem citar exemplos que na verdade apontam noutra direção.
O macaco, das frutas enterradas, ele enganou o grupo fingindo desinteresse, para comê-las a sós. Ele não se engana mas engana aos demais. Isto é tão claro e eu não entendo como vc não vê.
Você ainda não entendeu a diferença entre enganar os outros e enganar a si mesmo. Uma coisa é influenciar a percepção que os outros fazem da realidade e tirar proveito disso, outra é distorcer a própria percepção da realidade para que ela se ajuste às suas conveniências.JungF escreveu: ↑Dom, 17 Janeiro 2021 - 13:15 pmExatamente! Minha convicção de que auto engano não existe vem dos exemplos que ele deu em suas palestras e que vc apresentou acima. Se eu uso salto alto para aumentar minha estatura aos olhos do grupo, não estou me enganando, mas tentando vender uma imagem falsa a outrem. É o que tenho afirmado e que os exemplos citados demonstram.
Você está se auto enganando, acreditando no auto engano?
Não se consegue conceituar auto engano, sem citar exemplos que na verdade apontam noutra direção.
O macaco, das frutas enterradas, ele enganou o grupo fingindo desinteresse, para comê-las a sós. Ele não se engana mas engana aos demais. Isto é tão claro e eu não entendo como vc não vê.
Se você vende uma imagem falsa você engana, mas não necessariamente você está se autoenganando pois são coisas diferentes. O macaco engana mas talvez seja incapaz de se auto enganar. Se você acredita que cresceu porque utilizou salto alto você se autoenganou, como no caso dos saltos ocultos que as pessoas usam no interior do sapato e que guardam isso como segredo; mas não é o mesmo caso da moça que usa salto alto para se sentir elegante e não tem problema algum com sua altura.
Os exemplos citados, do PaulEkmanGroup, é uma boa síntese das razões pelas quais uma pessoa mente. Observamos que ele não apresenta o auto engano como uma razão, pois aí não existe mentira consciente.
Existe na psiquiatria clínica casos de mulheres (principalmente) que diante de um espelho se enxergam feias, gordas, ou algum tipo de deformação física, por isso necessitando tratamento e acompanhamento psicológico. Seria um clássico do auto engano embora o problema mental seja evidente, o que reforça minha ideia de que o auto engano, em si, já demonstra fragilidade psicológica.
A menos que outros companheiros pensem diferentemente ou queiram trazer suas opiniões, acredito que o objetivo do tópico, principalmente com as ilustrações trazidas por Gigaview, foram alcançadas plenamente.
Existe na psiquiatria clínica casos de mulheres (principalmente) que diante de um espelho se enxergam feias, gordas, ou algum tipo de deformação física, por isso necessitando tratamento e acompanhamento psicológico. Seria um clássico do auto engano embora o problema mental seja evidente, o que reforça minha ideia de que o auto engano, em si, já demonstra fragilidade psicológica.
A menos que outros companheiros pensem diferentemente ou queiram trazer suas opiniões, acredito que o objetivo do tópico, principalmente com as ilustrações trazidas por Gigaview, foram alcançadas plenamente.
Veja o caso da fé...JungF escreveu: ↑Ter, 19 Janeiro 2021 - 08:37 amOs exemplos citados, do PaulEkmanGroup, é uma boa síntese das razões pelas quais uma pessoa mente. Observamos que ele não apresenta o auto engano como uma razão, pois aí não existe mentira consciente.
Existe na psiquiatria clínica casos de mulheres (principalmente) que diante de um espelho se enxergam feias, gordas, ou algum tipo de deformação física, por isso necessitando tratamento e acompanhamento psicológico. Seria um clássico do auto engano embora o problema mental seja evidente, o que reforça minha ideia de que o auto engano, em si, já demonstra fragilidade psicológica.
A menos que outros companheiros pensem diferentemente ou queiram trazer suas opiniões, acredito que o objetivo do tópico, principalmente com as ilustrações trazidas por Gigaview, foram alcançadas plenamente.
Quem tem fé em alguma coisa assume essa coisa como verdade que é imaginária independentemente, por exemplo, da realidade tangível e de evidências verificáveis que poderiam compromete-la. Em outras palavras, constrói uma nova realidade, ou um mindset simples ou complexo, para se abrigar e desenvolver sua visão do mundo.Fé (do Latim fide) é a adesão de forma incondicional a uma hipótese que a pessoa passa a considerar como sendo uma verdade. (wiki)
Fé, portanto é autoengano. A fé religiosa é apenas um exemplo, mas existem outros mais simples e discretos manifestados pelo pensamento desejoso que estão presentes em situações do nosso cotidiano e que nem percebemos. A fé de que o nosso time de futebol é o melhor justifica a torcida seguida pela comemoração e alegria ou desapontamento e tristeza. A "esperança" de que a febre vai baixar e que vai ficar tudo bem. A "confiança" que o pneu furado do automóvel vai aguentar até encontrar uma borracharia. Exemplos não faltam.
Relacionar autoengano com problema mental é uma abordagem totalmente equivocada. O autoengano, acredito, é uma forma natural de lidar com riscos e com a angústia diante daquilo que não se conhece.
- Fernando Silva
- Conselheiro
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- Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am
"Nossa fé numa coisa é tanto mais forte quanto menos sabemos sobre essa coisa" - Michel de Montaigne, escritor da Renascença, em "Ensaios - Livro 1".
A fé religiosa é um bom exemplo para se esclarecer a questão do auto engano.
O crente, desde o gênio ao imbecil, pode ser encontrado no templo de sua fé, numa bela manhã de domingo.
Os motivos para alguém abraçar uma fé religiosa já foi bastante discutido por aqui, e no meu ponto de vista não se chegou a lugar algum, principalmente quando o melhor argumento é algo do tipo wishful thinking. Mesmo porque o próprio wishful thinking se enquadra no mesmo questionamento da fé religiosa: por que se é crente (WT+), ou se é ateu (WT-)?
O falacioso argumento de que incorre em erro, o crente, porque não pode provar a existência do objeto de sua fé serve para desqualificar o argumento ateu, que por sua vez não pode provar o contrário.
No entanto sendo bastante honesto, devemos reconhecer que provar que algo não existe é bem mais difícil - para não dizer, impossível - que o contrário.
Mas, eu disse, falacioso argumento?
Sim, porque existe enorme diferença entre prova e evidência.
Provas não admitem contestação, mas evidências, mesmo que supostamente se tratasse de uma verdade, pode não ser aceita por não ser conclusiva.
Um bom exemplo do que seja prova e do que seja evidência lembro o paradoxo Fermi/Hart. Embora não exista prova da existência de vida inteligente além de nossa pequena Terra, ninguém nega essa possibilidade porque a razão nos induz a nisto crer, dado o fator de escala apresentado no mencionado paradoxo. No universo visível temos entre 200 e 400 bilhões de galáxias, com 70 sextilhões de estrelas... só a Terra?
Os números apontam para evidências, mas não há provas.
O crente, desde o gênio ao imbecil, pode ser encontrado no templo de sua fé, numa bela manhã de domingo.
Os motivos para alguém abraçar uma fé religiosa já foi bastante discutido por aqui, e no meu ponto de vista não se chegou a lugar algum, principalmente quando o melhor argumento é algo do tipo wishful thinking. Mesmo porque o próprio wishful thinking se enquadra no mesmo questionamento da fé religiosa: por que se é crente (WT+), ou se é ateu (WT-)?
O falacioso argumento de que incorre em erro, o crente, porque não pode provar a existência do objeto de sua fé serve para desqualificar o argumento ateu, que por sua vez não pode provar o contrário.
No entanto sendo bastante honesto, devemos reconhecer que provar que algo não existe é bem mais difícil - para não dizer, impossível - que o contrário.
Mas, eu disse, falacioso argumento?
Sim, porque existe enorme diferença entre prova e evidência.
Provas não admitem contestação, mas evidências, mesmo que supostamente se tratasse de uma verdade, pode não ser aceita por não ser conclusiva.
Um bom exemplo do que seja prova e do que seja evidência lembro o paradoxo Fermi/Hart. Embora não exista prova da existência de vida inteligente além de nossa pequena Terra, ninguém nega essa possibilidade porque a razão nos induz a nisto crer, dado o fator de escala apresentado no mencionado paradoxo. No universo visível temos entre 200 e 400 bilhões de galáxias, com 70 sextilhões de estrelas... só a Terra?
Os números apontam para evidências, mas não há provas.