Se não é o que está escrito e sim aquilo que cada um acha que aquilo significa, podemos jogar fora os textos e ficar com o que pensamos, cada um de nós.
Definiu precisamente o que você está fazendo.
Você não está nem aí para o texto:
você fica com o que você mesmo pensa dele.
E o seu pensamento dele,
limitado pelos pressupostos equivocados,
resulta, por isso mesmo, errado e limitado.
E, esse mesmo resultado assim desviado
é por ti tomado como sendo o texto mesmo,
e não como fruto do desleixo que parte de ti.
Qual a sua interpretação "espiritual" para "Jesus ficou com raiva de uma figueira que não tinha frutos fora de época e a destruiu" ?
Meu Deus.
É mais grave que eu imaginava.
Você está lendo um livro sobre um Deus que,
vindo entre os homens, ensina coisas espirituais,
e interpretando de um modo totalmente não-espiritual.
É como achar que uma partitura é um desenho,
que as figuras estão ali para serem vistas,
e não apontando para uma realidade transcendente.
Você precisa esquecer tudo que pensa saber sobre a Bíblia.
Absolutamente tudo. Sem exceção.
Então, precisa voltar do zero com o seguinte pressuposto
- não precisa imediatamente crer nele, apenas partir dele -,
'não sou apenas matéria, não sou apenas um corpo,
sou um ser simultaneamente físico e espiritual,
este livro não é um livro sobre coisas físicas,
mas usa delas para ensinar alegorias espirituais,
ele revela o caminho para a salvação espiritual,
e tudo nele deve ser lido à luz desta boa-nova'.
Além disso tudo, é bom ter uma Bíblia de Estudo,
como a Bíblia de Jerusalém, com notas de rodapé.
Com isso em mente, leia o Evangelho de Mateus.
Depois disso, toda e qualquer profecia e alegoria,
leia à luz do que viu no Evangelho de Mateus.
E, o que viu no Evangelho de Mateus,
leia à luz da alma, como figuras das coisas espirituais.
Sobre o caso da figueira - não é diferente de todos os outros:
é figueira que não produz frutos,
é dinheiro que não produz lucros,
é trabalhador que não trabalhou,
é semente que não germinou etc etc.
Consegue perceber a semelhança analógica entre todos esses casos?
A semelhança é na analogia, não nas figuras e situações em si.
Sem a analogia com as coisas espirituais, cada um deles fica opaco e absurdo.
E eu sempre me assusto e surpreendo por ser essa a exata interpretação de vocês.
Agora, levando em consideração as coisas espirituais,
pense no mau-uso que é feito dos dons do espírito,
no sentido de não tê-los feito servir, compartilhar.
Entendeu agora?
A figueira, o dinheiro, o trabalhador, a semente, são uma única coisa: almas.
Os frutos, os lucros, o trabalho e a germinação são uma única coisa: dons.
Os textos estão te exortando a doar o que tem de si,
a servir, compartilhar, multiplicar o bem e a caridade.
Em suma, a bem-usar aquilo que te foi condedido.
Se é a palavra de um deus, se é aquilo que ele quer que façamos senão queimaremos no inferno, então o texto tem que ser claríssimo e fazer sentido para todos em todas as épocas.
Não passa pela sua cabeça que fomos nós que,
nos materializando e limitando, tornamo-nos
menos e menos capazes de compreender?
E não que o texto seja, ele mesmo, obscuro?
O Reparador resumiu com suas próprias palavras:
amar o próximo como a ti mesmo, e a Deus sobre todas as coisas.
Ponto. É o fim. Está claro, preciso, abrangente e universal.
O resto é tudo complicação nossa.
E esse reino tem um rei que diz "Tragam-nos aqui e os matem"?
Olha aí, de novo, o mesmo sintoma que falo desde o início.
Ler como material o que é de natureza espiritual.
Quem são os inimigos do Reino de Deus?
ver - Efésios 6:12
Conclusão sua. Quem vai para o inferno são simples humanos.
Se o seu entendimento das escrituras já é tão caricatural,
não me assusta quão pior deva ser sobre o inferno e outras coisas.
Fico imaginando, para alguém materialista, o que pensa ser o inferno.
Deve pensar que é um lugaréu com fogo, onde corpos ficam queimando.
E, claro, o absurdo dessa projeção será por ti mesmo negada, por obviedade.
E pensará, com isso, que negou uma coisa externa, e não a própria projeção que faz.
E assim procede o ateu-materialista com todas essas coisas. Nega seus próprios fantasmas.
Mas quem queimará no inferno serão os supostos pecadores, não apenas os inimigos espirituais.
Você sabe que ninguém 'queima' no inferno, né? Só vai para o inferno quem quer ir.
Fogo é uma reação química, reações químicas só são possíveis no mundo material.
Não existe fogo no inferno. O que é o inferno? A separação da alma do Sumo Bem.
Quem vai para o inferno? Quem quer. Quem não se arrepende, rejeita o Sumo Bem.
Quem não se arrepende, não se arrepende porque não quer.
Você acha que tem o quê? Alguém anotando num caderninho o que você faz de ruim?
Para depois listar e executar uma sentença? Olha que visão supersticiosa, caricata.
A única coisa que você precisa fazer é considerar a independência da alma com relação ao corpo.
Quando você entender que a alma não é uma coisa entre coisas, todo o resto se esclarecerá.
Partituras são apenas criações humanas e podem ser executadas conforme o bel prazer de cada músico, sem maiores consequências.
Sim, as partituras são escritas por mãos humanas. Mas o que quis apontar foi:
a partitura aponta para uma coisa que lhe é transcendente (a própria Música).
Ela não existe para você ficar encarando as figurazinhas, e reclamando do pé ou da bolinha.
Ela existe para conduzir à execução de uma atividade que é transcendente com relação a si.
E, a execução dessa atividade, é independente com relação à partitura, no sentido de que
é ela que confere valor à partitura, e não o contrário.
A partitura serve porque permite tocar música, não é a música que serve para escrever partituras.
E o ateu, como desconsidera a Música (na analogia, Música é a Realidade Transcendente),
fica ali, embasbacado a olhar as figurinhas da partitura, comparando e discutindo bolinhas.
Como ele parte do pressuposto de que Música não é real,
a partitura se torna, por isso mesmo, algo opaco e estúpido,
e essa coisa opaca e estúpida o ateu toma em mãos e pensa,
com ela, e com sua interpretação igualmente opaca, negar a Música.
...e no entanto, a "revelação" que nos foi oferecida é confusa, ambigua e aberta a multiplas interpretações.
Ame o seu próximo como a si mesmo e a Deus sobre todas as coisas. Pronto.
Parece um tiro dado no próprio pé, alem de ser um atestado de incompetência da tal divindade fonte da dita revelação.
A incompetência parte do olho material e materializante que parte do pressuposto do espírito ser um engano.
Como disse anteriormente, descartando-se a realidade da Música, partituras são toscas e incoerentes.