Minha Cosmovisão - Schelling

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Schelling
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A intensidade da minha busca espiritual, intelectual, filosófica e científica levou-me às seguintes teses acerca da nossa realidade:

1. O fundamento (building block) da realidade não é material nem espiritual, mas Informacional:

Não basta haver, do lado de cá (mental), o poder "interpretador" de produzir experiências subjetivas se não houver, do lado de lá (físico), o poder dos dados de se fazerem inteligir, isto é, de se "abrirem" ou "revelarem" para um interpretador. Do contrário, mesmo que tivéssemos mentes, permaneceríamos enclausurados sem possibilidade de ultrapassar nosso ensimesmamento solipsista. Se podemos fazer isso e realizar coisas como comunicacação e ciência, é porque nossa capacidade representacional de fato reflete algo inerente à essência das coisas, não sendo descolada delas, mas sim uma "reconstrução" interior de suas características, o que significa que existe algo de inerentemente "interpretável" na matéria, razão pela qual a concebo como "dados".

2. A relação entre Informação e Interpretação não é dualista, mas Dialética:

Concebo a mente como um circuito integrado e organizado de informações, capaz de realizar uma "engenharia reversa" e decifrar os dados do ambiente exterior. Sem a mente (Interpretação), todos os "dados" do Universo não passariam de uma matéria bruta e cega, sem nenhum significado ou sentido inerente. Do mesmo modo, sem a matéria (Dados), o universo inteiro permaneceria eternamente cego e desconhecido, em quietude imanifesta. Informação e Interpretação trabalham juntos, de maneira interdependente, viabilizando o desabrochar da vida, da experiência, da linguagem e da consciência psicossocial.

3. Nem tudo é material e empírico; existem coisas Transcendentais:

Nosso conceito convencional de existência, aplicado ao mundo empírico acerca que experienciamos intersubjetivamente, descreve entes discretos e particulares situados no tempo e no espaço (objetos, pessoas, bichos, corpos, etc). Mas esse conceito falha quando tentamos falar das coisas que, não sendo "coisas entre coisas", ainda assim são "condições viabilizadoras das coisas", ou seja, se situam num nível transcendental com relação ao nosso mundo empírico. Para ilustrar: "Espaço" é um exemplo de coisa que não é uma "coisa entre coisas" (não é um objeto, corpo ou algo que possa ser discernido). Mas é algo sem o qual não poderia haver nenhuma "coisa" (todos os corpos e objetos só existem no espaço, ainda que o espaço não seja nem corpo nem objeto). Ou seja, o espaço tem uma existência "transcendental" com relação ao mundo fenomênico das coisas e objetos (é uma condição viabilizadora dele, e não algo dentro dele). Mesma coisa pode ser dita do Tempo. Todos os eventos se sucedem no tempo, mas o tempo não é um episódio entre os episódios. Tempo, em si mesmo, não é um momento entre momento, mas é uma condição transcendental viabilizadora de todas as durações, momentos e eventos que se sucedem.

4. Deus nem existe nem inexiste, mas o divino Realiza-se:

Algo sempre existiu. Mas essa coisa não pode ser uma coisa, porque coisas dependem de outras coisas e derivam de outras coisas. Portanto, tem que ter um nível de realidade distinto do nível "empírico" dos múltiplos fenômenos materiais. Tem que ser, portanto, algo Metafísico. Só que não se pode dizer nada acerca do Metafísico: em si mesmo, permanece sempre fora do nosso alcance e inacessível a toda especulação. Quer dizer que não podemos afirmar absolutamente nada sobre Deus? Também não. Um Deus eternamente incognoscível e imanifesto é um Deus inútil e cego, indiscernível do fato bruto de um mecanismo fatal e cego. Contudo, nós conhecemos de maneira imediata e por nós mesmos a existência da Pessoalidade, da Responsabilidade, do Pensamento, da Intenção, da Volição e da Experienciação, bem como a realidade do nosso senso de Agência. Ainda que a Causa Primeira da Existência esteja muito além da nossa compreensão, nossas faculdades e operações - incluindo a própria capacidade de concebê-La - realizam no mundo, no tempo e no universo a possibilidade do Bem, do Amor, das Virtudes, da Benevolência e da Compaixão. Erguendo-nos contra as tendências inferiores da inconsciência e da animalidade, fazemo-nos instrumentos de realização do divino mesmo imersos no tempo e no espaço. Mesmo que Deus em si mesmo seja uma treva obscura para nós, o Divino pode dar-se a conhecer por meio da Beleza em pensamentos, sentimentos, palavras e atos. O Divino realiza-se no esplendor da Natureza, nos atos altruístas, na evolução da inteligência, na expansão da consciência, no progresso civilizacional, entre outros.

5. Temos uma existência Metafísica:

Mesmo enquanto não havia (empiricamente) vida no universo, a vida e a mentalidade já eram desde sempre possibilidades subjacentes da existência. Uma vez reunidas as causas e condições interdependentes necessárias, pode originar-se, mas mesmo quando não reunidas não deixa de ser um dos potenciais ocultos da realidade, aguardando apenas a situação propícia para sua manifestação. Isso significa que pouco importa (metafisicamente) que não existíssemos contingentemente, ou que deixemos de existir pela morte ou algum desastre, porque os bilhões de anos de evolução cósmica necessários para nossa emergência simplesmente passariam em menos do que um piscar de olhos, já que não existe lentidão nem duração alguma na ausência de experiência subjetiva. Segue-se disso que sempre conheceremos uma realidade em que existimos, e nunca conheceremos uma realidade em que inexistimos, porque essa seria uma não-realidade nunca experienciada por nós; enquanto que, do fato de aqui estarmos (que comprova sermos um potencial inerente ao universo), deriva que existiremos mesmo que leve trilhões de anos e colapsos inteiros de galáxias e universos, porque do fato da vida ser um potencial intrínseco ao real segue-se que haverá de recorrer e recorrer indefinidamente, custe o que custar e leve o tempo que levar.
Editado pela última vez por Schelling em Sex, 05 Janeiro 2024 - 11:29 am, em um total de 9 vezes.
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Re: Minha Cosmovisão

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(Cliquei errado em "Enviar" em vez de "Prever". Peço que aguardem eu editar a publicação anterior antes de responderem).
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Schelling escreveu:
Sex, 05 Janeiro 2024 - 10:51 am
A intensidade da minha busca espiritual, intelectual, filosófica e científica levou-me às seguintes teses acerca da nossa realidade:

1. O fundamento (building block) da realidade não é material nem espiritual, mas Informacional:

Não basta haver, do lado de cá (mental), o poder "interpretador" de produzir experiências subjetivas se não houver, do lado de lá (físico), o poder dos dados de se fazerem inteligir, isto é, de se "abrirem" ou "revelarem" para um interpretador. Do contrário, mesmo que tivéssemos mentes, permaneceríamos enclausurados sem possibilidade de ultrapassar nosso ensimesmamento solipsista. Se podemos fazer isso e realizar coisas como comunicacação e ciência, é porque nossa capacidade representacional de fato reflete algo inerente à essência das coisas, não sendo descolada delas, mas sim uma "reconstrução" interior de suas características, o que significa que existe algo de inerentemente "interpretável" na matéria, razão pela qual a concebo como "dados".

2. A relação entre Informação e Interpretação não é dualista, mas Dialética:

Concebo a mente como um circuito integrado e organizado de informações, capaz de realizar uma "engenharia reversa" e decifrar os dados do ambiente exterior. Sem a mente (Interpretação), todos os "dados" do Universo não passariam de uma matéria bruta e cega, sem nenhum significado ou sentido inerente. Do mesmo modo, sem a matéria (Dados), o universo inteiro permaneceria eternamente cego e desconhecido, em quietude imanifesta. Informação e Interpretação trabalham juntos, de maneira interdependente, viabilizando o desabrochar da vida, da experiência, da linguagem e da consciência psicossocial.

3. Nem tudo é material e empírico; existem coisas Transcendentais:

Nosso conceito convencional de existência, aplicado ao mundo empírico acerca que experienciamos intersubjetivamente, descreve entes discretos e particulares situados no tempo e no espaço (objetos, pessoas, bichos, corpos, etc). Mas esse conceito falha quando tentamos falar das coisas que, não sendo "coisas entre coisas", ainda assim são "condições viabilizadoras das coisas", ou seja, se situam num nível transcendental com relação ao nosso mundo empírico. Para ilustrar: "Espaço" é um exemplo de coisa que não é uma "coisa entre coisas" (não é um objeto, corpo ou algo que possa ser discernido). Mas é algo sem o qual não poderia haver nenhuma "coisa" (todos os corpos e objetos só existem no espaço, ainda que o espaço não seja nem corpo nem objeto). Ou seja, o espaço tem uma existência "transcendental" com relação ao mundo fenomênico das coisas e objetos (é uma condição viabilizadora dele, e não algo dentro dele). Mesma coisa pode ser dita do Tempo. Todos os eventos se sucedem no tempo, mas o tempo não é um episódio entre os episódios. Tempo, em si mesmo, não é um momento entre momento, mas é uma condição transcendental viabilizadora de todas as durações, momentos e eventos que se sucedem.

4. Deus nem existe nem inexiste, mas o divino Realiza-se:

Algo sempre existiu. Mas essa coisa não pode ser uma coisa, porque coisas dependem de outras coisas e derivam de outras coisas. Portanto, tem que ter um nível de realidade distinto do nível "empírico" dos múltiplos fenômenos materiais. Tem que ser, portanto, algo Metafísico. Só que não se pode dizer nada acerca do Metafísico: em si mesmo, permanece sempre fora do nosso alcance e inacessível a toda especulação. Quer dizer que não podemos afirmar absolutamente nada sobre Deus? Também não. Um Deus eternamente incognoscível e imanifesto é um Deus inútil e cego, indiscernível do fato bruto de um mecanismo fatal e cego. Contudo, nós conhecemos de maneira imediata e por nós mesmos a existência da Pessoalidade, da Responsabilidade, do Pensamento, da Intenção, da Volição e da Experienciação, bem como a realidade do nosso senso de Agência. Ainda que a Causa Primeira da Existência esteja muito além da nossa compreensão, nossas faculdades e operações - incluindo a própria capacidade de concebê-La - realizam no mundo, no tempo e no universo a possibilidade do Bem, do Amor, das Virtudes, da Benevolência e da Compaixão. Erguendo-nos contra as tendências inferiores da inconsciência e da animalidade, fazemo-nos instrumentos de realização do divino mesmo imersos no tempo e no espaço. Mesmo que Deus em si mesmo seja uma treva obscura para nós, o Divino pode dar-se a conhecer por meio da Beleza em pensamentos, sentimentos, palavras e atos. O Divino realiza-se no esplendor da Natureza, nos atos altruístas, na evolução da inteligência, na expansão da consciência, no progresso civilizacional, entre outros.

5. Temos uma existência Metafísica:

Mesmo enquanto não havia (empiricamente) vida no universo, a vida e a mentalidade já eram desde sempre possibilidades subjacentes da existência. Uma vez reunidas as causas e condições interdependentes necessárias, pode originar-se, mas mesmo quando não reunidas não deixa de ser um dos potenciais ocultos da realidade, aguardando apenas a situação propícia para sua manifestação. Isso significa que pouco importa (metafisicamente) que não existíssemos contingentemente, ou que deixemos de existir pela morte ou algum desastre, porque os bilhões de anos de evolução cósmica necessários para nossa emergência simplesmente passariam em menos do que um piscar de olhos, já que não existe lentidão nem duração alguma na ausência de experiência subjetiva. Segue-se disso que sempre conheceremos uma realidade em que existimos, e nunca conheceremos uma realidade em que inexistimos, porque essa seria uma não-realidade nunca experienciada por nós; enquanto que, do fato de aqui estarmos (que comprova sermos um potencial inerente ao universo), deriva que existiremos mesmo que leve trilhões de anos e colapsos inteiros de galáxias e universos, porque do fato da vida ser um potencial intrínseco ao real segue-se que haverá de recorrer e recorrer indefinidamente, custe o que custar e leve o tempo que levar.
6. O Universo não está Terminado:

Tanto crentes quanto ateus cometem o erro de nos enxergarem como personagens em um palco fixo e "dado", estático, que seria o Mundo. Mas isso está completamente errado. Quem disse que o Universo alcançou o auge de suas possibilidades? Quem garante que não somos apenas mais uma etapa em um processo de emergentismo de propriedades cada vez mais novas, radicais e complexas? Até mesmo capazes de romper barreiras que acreditamos intransponíveis para nosso estado atual de consciência. Se a tendência do Universo é na direção de cada vez maior complexidade e de novas propriedades emergentes (irredutíveis aos seus blocos constitutivos), então nada impede que tal coisa como um ser supremo venha a emergir, ou campos integrados de informação que transcendam até mesmo tudo o que entendemos por vida, mente, consciência e realidade.
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Re: Minha Cosmovisão - Schelling

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Gabarito
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Mensagem por Gabarito »

Off_topic:


Eu alterei o título do tópico, informando o nome do "dono" da Cosmovisão.
Estava muito ampla a forma anterior, apenas "Minha Cosmovisão".


___________________
Gabarito

Re: Minha Cosmovisão - Schelling

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Texto muito bem redigido. Schelling é um exímio escritor.

Schelling escreveu:
Sex, 05 Janeiro 2024 - 10:51 am
1. O fundamento (building block) da realidade não é material nem espiritual, mas Informacional:

Não basta haver, do lado de cá (mental), o poder "interpretador" de produzir experiências subjetivas se não houver, do lado de lá (físico), o poder dos dados de se fazerem inteligir, isto é, de se "abrirem" ou "revelarem" para um interpretador. Do contrário, mesmo que tivéssemos mentes, permaneceríamos enclausurados sem possibilidade de ultrapassar nosso ensimesmamento solipsista. Se podemos fazer isso e realizar coisas como comunicacação e ciência, é porque nossa capacidade representacional de fato reflete algo inerente à essência das coisas, não sendo descolada delas, mas sim uma "reconstrução" interior de suas características, o que significa que existe algo de inerentemente "interpretável" na matéria, razão pela qual a concebo como "dados".
Penso, logo existo!

Schelling escreveu:
Sex, 05 Janeiro 2024 - 10:51 am
3. Nem tudo é material e empírico; existem coisas Transcendentais:

Nosso conceito convencional de existência, aplicado ao mundo empírico acerca que experienciamos intersubjetivamente, descreve entes discretos e particulares situados no tempo e no espaço (objetos, pessoas, bichos, corpos, etc). Mas esse conceito falha quando tentamos falar das coisas que, não sendo "coisas entre coisas", ainda assim são "condições viabilizadoras das coisas", ou seja, se situam num nível transcendental com relação ao nosso mundo empírico. Para ilustrar: "Espaço" é um exemplo de coisa que não é uma "coisa entre coisas" (não é um objeto, corpo ou algo que possa ser discernido). Mas é algo sem o qual não poderia haver nenhuma "coisa" (todos os corpos e objetos só existem no espaço, ainda que o espaço não seja nem corpo nem objeto). Ou seja, o espaço tem uma existência "transcendental" com relação ao mundo fenomênico das coisas e objetos (é uma condição viabilizadora dele, e não algo dentro dele). Mesma coisa pode ser dita do Tempo. Todos os eventos se sucedem no tempo, mas o tempo não é um episódio entre os episódios. Tempo, em si mesmo, não é um momento entre momento, mas é uma condição transcendental viabilizadora de todas as durações, momentos e eventos que se sucedem.
Este item faz refletir sobre o conceito de transcendental.

Muitos dos conceitos usados pelos humanos não existem no mundo material; em invés disso, são construções mentais de interpretações humanas acerca do observável. A temperatura, por exemplo, não existe objetivamente; é um conceito da percepção humana usado para diferenciar graus de agitação das partículas. O mesmo pode ser dito sobre o tempo e o espaço; são percepções individuais que podem assumir redefinições na Física Relativística, unificando ambos.

Talvez o que está descrito como transcendental seja apenas construções mentais para traduzir informações mais complexas e por enquanto mal compreendidas.

Schelling escreveu:
Sex, 05 Janeiro 2024 - 10:51 am
4. Deus nem existe nem inexiste, mas o divino Realiza-se:

Algo sempre existiu. Mas essa coisa não pode ser uma coisa, porque coisas dependem de outras coisas e derivam de outras coisas. Portanto, tem que ter um nível de realidade distinto do nível "empírico" dos múltiplos fenômenos materiais. Tem que ser, portanto, algo Metafísico. Só que não se pode dizer nada acerca do Metafísico: em si mesmo, permanece sempre fora do nosso alcance e inacessível a toda especulação. Quer dizer que não podemos afirmar absolutamente nada sobre Deus? Também não. Um Deus eternamente incognoscível e imanifesto é um Deus inútil e cego, indiscernível do fato bruto de um mecanismo fatal e cego. Contudo, nós conhecemos de maneira imediata e por nós mesmos a existência da Pessoalidade, da Responsabilidade, do Pensamento, da Intenção, da Volição e da Experienciação, bem como a realidade do nosso senso de Agência. Ainda que a Causa Primeira da Existência esteja muito além da nossa compreensão, nossas faculdades e operações - incluindo a própria capacidade de concebê-La - realizam no mundo, no tempo e no universo a possibilidade do Bem, do Amor, das Virtudes, da Benevolência e da Compaixão. Erguendo-nos contra as tendências inferiores da inconsciência e da animalidade, fazemo-nos instrumentos de realização do divino mesmo imersos no tempo e no espaço. Mesmo que Deus em si mesmo seja uma treva obscura para nós, o Divino pode dar-se a conhecer por meio da Beleza em pensamentos, sentimentos, palavras e atos. O Divino realiza-se no esplendor da Natureza, nos atos altruístas, na evolução da inteligência, na expansão da consciência, no progresso civilizacional, entre outros.
Essa parece ser uma variação do Argumento Cosmológico. Talvez uma outra vertente da Causalidade Aristotélica.

Pela descrição, Deus é incognoscível, mas a obra de Deus — o divino — não é.

Schelling escreveu:
Sex, 05 Janeiro 2024 - 10:51 am
5. Temos uma existência Metafísica:

Mesmo enquanto não havia (empiricamente) vida no universo, a vida e a mentalidade já eram desde sempre possibilidades subjacentes da existência. Uma vez reunidas as causas e condições interdependentes necessárias, pode originar-se, mas mesmo quando não reunidas não deixa de ser um dos potenciais ocultos da realidade, aguardando apenas a situação propícia para sua manifestação. Isso significa que pouco importa (metafisicamente) que não existíssemos contingentemente, ou que deixemos de existir pela morte ou algum desastre, porque os bilhões de anos de evolução cósmica necessários para nossa emergência simplesmente passariam em menos do que um piscar de olhos, já que não existe lentidão nem duração alguma na ausência de experiência subjetiva. Segue-se disso que sempre conheceremos uma realidade em que existimos, e nunca conheceremos uma realidade em que inexistimos, porque essa seria uma não-realidade nunca experienciada por nós; enquanto que, do fato de aqui estarmos (que comprova sermos um potencial inerente ao universo), deriva que existiremos mesmo que leve trilhões de anos e colapsos inteiros de galáxias e universos, porque do fato da vida ser um potencial intrínseco ao real segue-se que haverá de recorrer e recorrer indefinidamente, custe o que custar e leve o tempo que levar.
Schelling escreveu:
Qua, 10 Janeiro 2024 - 02:30 am
6. O Universo não está Terminado:

Tanto crentes quanto ateus cometem o erro de nos enxergarem como personagens em um palco fixo e "dado", estático, que seria o Mundo. Mas isso está completamente errado. Quem disse que o Universo alcançou o auge de suas possibilidades? Quem garante que não somos apenas mais uma etapa em um processo de emergentismo de propriedades cada vez mais novas, radicais e complexas? Até mesmo capazes de romper barreiras que acreditamos intransponíveis para nosso estado atual de consciência. Se a tendência do Universo é na direção de cada vez maior complexidade e de novas propriedades emergentes (irredutíveis aos seus blocos constitutivos), então nada impede que tal coisa como um ser supremo venha a emergir, ou campos integrados de informação que transcendam até mesmo tudo o que entendemos por vida, mente, consciência e realidade.
Reflexões metafísicas são instigantes justamente por serem subjetivas e difíceis de serem concebidas.

Re: Minha Cosmovisão - Schelling

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Cinzu escreveu:
Sex, 02 Agosto 2024 - 13:23 pm
Schelling escreveu:
Sex, 05 Janeiro 2024 - 10:51 am
Mesmo que Deus em si mesmo seja uma treva obscura para nós, o Divino pode dar-se a conhecer por meio da Beleza em pensamentos, sentimentos, palavras e atos. O Divino realiza-se no esplendor da Natureza, nos atos altruístas, na evolução da inteligência, na expansão da consciência, no progresso civilizacional, entre outros.
Em quê ele baseia tais certezas?

E as coisas ruins? Indicam a existência de um Diabo?

"Esplendor da Natureza" é apenas uma opinião, um conceito humano do que é bonito. Para uma lombriga, bonito é um intestino fedorento. Para um verme, bonito é um cadáver podre. Etc.

Re: Minha Cosmovisão

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Schelling escreveu:
Qua, 10 Janeiro 2024 - 02:30 am
6. O Universo não está Terminado:

Tanto crentes quanto ateus cometem o erro de nos enxergarem como personagens em um palco fixo e "dado", estático, que seria o Mundo. Mas isso está completamente errado. Quem disse que o Universo alcançou o auge de suas possibilidades? Quem garante que não somos apenas mais uma etapa em um processo de emergentismo de propriedades cada vez mais novas, radicais e complexas? Até mesmo capazes de romper barreiras que acreditamos intransponíveis para nosso estado atual de consciência. Se a tendência do Universo é na direção de cada vez maior complexidade e de novas propriedades emergentes (irredutíveis aos seus blocos constitutivos), então nada impede que tal coisa como um ser supremo venha a emergir, ou campos integrados de informação que transcendam até mesmo tudo o que entendemos por vida, mente, consciência e realidade.
Quem disse que ateus pensam assim?
Quem disse que ser ateu implica em pensar assim?

Se um "ser supremo" vier a emergir, ele seria um deus? Ou apenas uma criatura como nós?

Re: Minha Cosmovisão

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Gabarito
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Mensagem por Gabarito »

Fernando Silva escreveu:
Sáb, 03 Agosto 2024 - 10:08 am
Schelling escreveu:
Qua, 10 Janeiro 2024 - 02:30 am
6. O Universo não está Terminado:

Tanto crentes quanto ateus cometem o erro de nos enxergarem como personagens em um palco fixo e "dado", estático, que seria o Mundo. Mas isso está completamente errado. Quem disse que o Universo alcançou o auge de suas possibilidades? Quem garante que não somos apenas mais uma etapa em um processo de emergentismo de propriedades cada vez mais novas, radicais e complexas? Até mesmo capazes de romper barreiras que acreditamos intransponíveis para nosso estado atual de consciência. Se a tendência do Universo é na direção de cada vez maior complexidade e de novas propriedades emergentes (irredutíveis aos seus blocos constitutivos), então nada impede que tal coisa como um ser supremo venha a emergir, ou campos integrados de informação que transcendam até mesmo tudo o que entendemos por vida, mente, consciência e realidade.
Quem disse que ateus pensam assim?
Quem disse que ser ateu implica em pensar assim?

Se um "ser supremo" vier a emergir, ele seria um deus? Ou apenas uma criatura como nós?

E, caso haja mesmo o surgimento do ser supremo, ele estará sujeito às Leis Naturais?
Às Leis da Física?
Será composto por átomos, como tudo que nos cerca?
Poderá aparecer e desaparecer num piscar de olhos, desobedecendo a Termodinâmica?

Enfim, estará dentro do universo e, como tal, sujeito às Leis que governam o universo? Ou estará fora do universos, sob leis própria e diferentes das que sempre existiram e regeram tudo desde sempre?

E o Tempo?
Poderá reverter a direção do Tempo?
Poderá parar o Tempo?
Poderá explicar o que havia antes do Tempo (Big Bang)?
Saberá dizer o que virá depois do Tempo (Big Rip)? Quando o universo esfriar completamente?

Tudo isso aos nossos olhos, assistindo tudo?

Estou curioso em ver o surgimento desse ser supremo.
🤔 🧐 Imagem

Re: Minha Cosmovisão - Schelling

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

O Galactus pode ser considerado um deus?

Re: Minha Cosmovisão - Schelling

fenrir
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Mensagem por fenrir »

"Any sufficiently advanced technology is indistinguishable from magic"
Foi o Arthur Clarke quem disse isso.
Seres de civilizacaoes suficientememte adiantadas pareceriam deuses a nós (disso nao se conclui nada que seja favoravel ao besteirol pseudo-arqueologico do daniken).
Sua tecnologia seria como magica (= milagre) logo remeteria pontamente a coisas divinas nas mentes de nós, pobres-diabos, que nao entenderiam lhufas do que se passa. Apesar disso, nao acreditaria haver nada sobrenatural ou transcendente neles.
Do fato de um foguete parecer magico a um membro de povos caçadores-coletores nao segue que o foguete seja divino.

Re: Minha Cosmovisão

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Gabarito escreveu:
Sáb, 03 Agosto 2024 - 18:40 pm
caso haja mesmo o surgimento do ser supremo, ele estará sujeito às Leis Naturais?

Enfim, estará dentro do universo e, como tal, sujeito às Leis que governam o universo? Ou estará fora do universos, sob leis própria e diferentes das que sempre existiram e regeram tudo desde sempre?
Não sei dizer se isso é consenso na teologia, mas uma explicação que vi outro dia de um teólogo é que as leis da física como a conhecemos estão incompletas. Assim como a relatividade mostrou uma camada maior para a gravidade, Deus é uma camada maior e mais complexa para todas as leis. E nessa ótica, Deus pode fazer absolutamente tudo sem contrariar nenhuma Lei da Natureza.

Essa resposta surgiu como justificativa aos milagres operados por Deus, que segundo a teologia, não possuem nada de sobrenatural, mas são apenas manifestações ainda não compreendidas do mundo físico.
Off_topic:
Gabarito escreveu:Saberá dizer o que virá depois do Tempo (Big Rip)? Quando o universo esfriar completamente?
Considere um detalhe de menor importância, mas para não passar batido:

Big Rip é a hipótese de colapso do universo. A hipótese do congelamento é o Big Freeze.

Ainda pretendo criar um tópico sobre os principais modelos de criação/destruição do universo

Re: Minha Cosmovisão

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Gabarito
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Mensagem por Gabarito »

Cinzu escreveu:
Qua, 14 Agosto 2024 - 06:12 am
Gabarito escreveu:
Sáb, 03 Agosto 2024 - 18:40 pm
caso haja mesmo o surgimento do ser supremo, ele estará sujeito às Leis Naturais?

Enfim, estará dentro do universo e, como tal, sujeito às Leis que governam o universo? Ou estará fora do universos, sob leis própria e diferentes das que sempre existiram e regeram tudo desde sempre?
Não sei dizer se isso é consenso na teologia, mas uma explicação que vi outro dia de um teólogo é que as leis da física como a conhecemos estão incompletas. Assim como a relatividade mostrou uma camada maior para a gravidade, Deus é uma camada maior e mais complexa para todas as leis. E nessa ótica, Deus pode fazer absolutamente tudo sem contrariar nenhuma Lei da Natureza.

Essa resposta surgiu como justificativa aos milagres operados por Deus, que segundo a teologia, não possuem nada de sobrenatural, mas são apenas manifestações ainda não compreendidas do mundo físico.
É uma excelente saída para o Dragão na Garagem.
E vai encurralar todos nós céticos com ela.
Sempre se poderá dizer que a Ciência ainda não descobriu tudo e, lá na frente, estará Deus nos esperando.

Confesso que fiquei desarmado. Ainda não tinha pensado nisso.

Off_topic:
Cinzu escreveu:
Qua, 14 Agosto 2024 - 06:12 am
Gabarito escreveu:Saberá dizer o que virá depois do Tempo (Big Rip)? Quando o universo esfriar completamente?
Considere um detalhe de menor importância, mas para não passar batido:

Big Rip é a hipótese de colapso do universo. A hipótese do congelamento é o Big Freeze.

Ainda pretendo criar um tópico sobre os principais modelos de criação/destruição do universo

Eu tirei o conceito dessa explicação:

Imagem
Descubra 3 fins possíveis para o universo!

1- Big Rip, ou a Grande Ruptura

Nós sabemos que nosso universo está desde o seu nascimento se expandindo, afastando corpos celestes, como galáxias, uns dos outros. Isso acontece por conta de uma energia ainda misteriosa chamada de energia escura, que faz esse crescimento acelerar cada vez mais. Mas, por enquanto, a força gravitacional dos corpos celestes como galáxias e planetas é mais forte do que a expansão do universo e mantém todas essas estruturas unidas.

Mas, hipoteticamente, no futuro, se houver mais energia escura no espaço do que se espera, um dia ela vencerá a gravidade. As primeiras coisas que irão se desfazer serão as galáxias. Os planetas, estrelas e buracos negros vagarão solitários pelo espaço, e depois esse crescimento vai ser tão poderoso a ponto de desintegrar suas estruturas físicas, afastando suas moléculas.

As forças intermoleculares que preservam essas moléculas serão vencidas pela força da energia escura e tudo que existiu será desfeito. O universo se transformará em uma sopa diluída de partículas fundamentais que nunca mais interagirão entre si, pois estão muito distantes para isso. E logo, mesmo os tecidos mais primordiais do universo serão esticados e desfeitos, restando apenas um grande vazio.


2- Big Crunch, ou o Grande Colapso
Agora, caso as análises dos astrônomos a respeito da energia escura e de seu funcionamento no universo estejam errados e , na realidade, haja uma quantidade menor de energia escura do que se espera no universo, um dia a expansão alcançará seu limite pois toda a matéria existente servirá como um freio, através da força gravitacional. Então, nesse momento, por conta da gravidade, seria iniciada uma reversão.

O espaço começaria a se comprimir em si mesmo.

Galáxias antes muito distantes se aproximariam e, como já explicado no texto “O Ballet de Duas Galáxias”, se fundiriam em novas galáxias, cada vez maiores. Essa aproximação tornaria o espaço mais uma vez extremamente quente e denso, até o ponto de contrair a um estado onde todas as galáxias se fundiriam e seriam engolidas por um único e definitivo buraco-negro, que consumiria toda a matéria do universo em um grande evento de singularidade. No limiar dessa grande fusão, a matéria voltaria, no entanto, a se expandir, em um novo Big Bang, dando origem a um novo universo.
O que essa teoria nos diz, nas entrelinhas, é que esse ciclo de expansão e colapso universal já aconteceu antes, sendo o nosso universo apenas mais uma etapa dessa grande cadeia cósmica de destruição e construção. Caso, contrariando as evidências da quantidade de energia escura, essa hipótese esteja correta, podemos imaginar quantos universos diferentes do nosso já existiram e quantos novos, com tantos segredos, ainda existirão.


3- Big Freeze, ou o Grande Congelamento

Agora, digamos que a expansão do universo não tenha freios, mas digamos também que esse crescimento acelerado não seja nunca capaz de vencer a força gravitacional dos corpos. Essa é a premissa da teoria mais melancólica de todas as três.

À medida que o espaço cresce, a distância entre as galáxias aumenta, o que aumenta também o percurso que sua luz deve trilhar para alcançar o céu noturno de outros planetas. Com o passar das eras, as distâncias serão tão colossais, que nem mesmo a luz de uma galáxia alcançará as outras.

Imagine o céu de uma civilização que, como nós, observa as estrelas. Após milênios de observações, esse céu se tornará cada vez mais escuro, cada vez mais vazio e solitário, pois toda a luz que existe, estará longe demais para ser vista. Essa civilização estará sozinha no escuro.

Bilhões de anos passarão e com o aumento da distância entre as estrelas, o universo vai ficando cada vez mais frio. Podemos dizer que o universo e todas as suas transformações, seus grandes eventos, seus espetáculos luminosos, estão se cansando e em algum momento, a energia do universo vai se extinguir. O resultado desse cansaço será uma morte térmica.

Nela, todas as estrelas do universo se apagarão e não haverá energia suficiente para a formação de novas, tornando o universo um grande espaço escuro e gelado. Junto da escuridão, virá um decaimento generalizado da matéria, quando tudo que existe será decomposto para seu estado mais básico, sobrando apenas restos moleculares espalhados e diluídos pelo espaço graças à sua expansão. Nesse provável futuro, mesmo a mais brilhante das estrelas um dia se apagará e o maior e terrível dos buracos negros vai se dissolver. Após cada estrela no céu perder seu brilho, a única luz de todo o universo virá de poucas partículas luminosas e amontoados parcos de gás, até o instante fatídico em que essas últimas lembranças de brilho se perderão no escuro, decretando a morte gelada, tranquila e solitária do universo.

Posso ter feito alguma confusão com os conceitos apresentados.

Re: Minha Cosmovisão

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Gorducho
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Mensagem por Gorducho »

Sr. Gabarito escreveu:
Qua, 14 Agosto 2024 - 10:02 am
Sempre se poderá dizer que a Ciência ainda não descobriu tudo e, lá na frente, estará Deus nos esperando.

Confesso que fiquei desarmado. Ainda não tinha pensado nisso.
Não é BEM assim...
Milagre é intervenção Por ou Autorizada Por Deus sobre a so to speak ordem natural das coisas (= "Leis"). Tentando fazer 1 analogia imaginemos
  1. Natureza modelizada por jogos de xadrez e as "Leis da Natureza" (claro) as regras desse jogo;
  2. n'1 certa partida o Ditador do Lugar tá acompanhando e muda 1 peça e manda seguirem jogando – mas por 2 bispos em diagonais de mesma cor ele não pode; nem por outra dama se tiverem ainda os 8 peões do favorecido ou se a configuração da e pra 8ª coluna não comportar algum peão ter atingido ela :!:
Então, sim
não possuem nada de sobrenatural,
mas nunca vai ser "descoberto" pela Ciência.
Editado pela última vez por Gorducho em Qua, 14 Agosto 2024 - 19:10 pm, em um total de 1 vez.

Re: Minha Cosmovisão - Schelling

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

Gabarito escreveu:
Qua, 14 Agosto 2024 - 10:02 am
Sempre se poderá dizer que a Ciência ainda não descobriu tudo e, lá na frente, estará Deus nos esperando.
Acho que a ideia do Deus das lacunas é justamente essa.

Gorducho escreveu:
Qua, 14 Agosto 2024 - 10:36 am
mas nunca vai ser "descoberto" pela Ciência.
Não pode ser "descoberto" pela ciência, mas pode ser descoberto pela razão? :think:
Os famosos argumentos cosmológicos, Design Inteligente, causa primária e derivados...

Gabarito escreveu:
Qua, 14 Agosto 2024 - 10:02 am
Posso ter feito alguma confusão com os conceitos apresentados.
Acho que você já encontrou um bom resumo.

O Big Crunch, caso se trate de infinitos ciclos de criação e destruição, explicaria essa tal "perfeição" ou "ordem" dessa realidade, que os religiosos apontam.

Se bem que a tal "ordem" é mais caótica do que aparenta.

Re: Minha Cosmovisão - Schelling

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Gorducho
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Mensagem por Gorducho »

Sr. Cinzu escreveu:
Qua, 14 Agosto 2024 - 11:33 am
Não pode ser "descoberto" pela ciência, mas pode ser descoberto pela razão? :think:
Note que eu segui o termo usado pelo Sr. Gabarito. Então: claro que não pode ser “descoberto” pela Ciência porque não é científico. Ciência são modelos e Milagres acontecem fora/acima da ordem natural das coisas [1] – que é o representável por modelos científicos (= “Ciência”).
Pela razão sim porque o Milagre é observado – fato empírico.
____________________________________________________________
[1] Veja e.g. o verbete no Dicionário de Teologia Dogmática dos Msgrs. Pietro Parente, Antonio Piolanti e Salvatore Garofalo.

Re: Minha Cosmovisão - Schelling

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Milagre não é algo que contraria as leis da natureza.
Milagre é apenas algo que contraria aquilo que sabemos das leis da natureza.

Pode ser até que, por hipótese, haja um deus, mas não temos como saber se ele fica interferindo nos acontecimentos ou apenas deixa rolar.
Afinal, pelo que podemos observar, a ação desse tal de Deus não se diferencia em nada da ação do acaso (por mais que os crentelhos apelem para ad hocs para justificar isto).

Re: Minha Cosmovisão - Schelling

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

O que Deus fazia antes de criar o universo? Estava sozinho no meio da inexistência? Estava ocupado com outros universos? Ou a ideia de tempo, de antes e depois, não faz sentido na ausência de matéria?

O que outras religiões e filósofos disseram a respeito da criação a partir do caos (ou algo preexistente) ou do nada:

https://medium.com/atlaswept/on-god-and ... a2398e8efb
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