Me permitam dar a minha definição de Deus... E que isso fique como uma reflexão metafísica.
Metafísica:
Não tem como ninguém e nem eu saber de fato o que é esse Deus, porque é como descrever forças que estão além do nosso limite de observação do universo ou dizer o que é que deu origem ao Big Bang. No máximo o que se pode fazer é tentar aproximar o entendimento do que é esse Deus baseado nos conhecimentos que temos, seja teológico ou científico. No meu caso eu prefiro uma abordagem mais científica para descrever Deus e a espiritualidade como um todo, porque acontece que acredito mais em um paradigma naturalista da vida, do mundo, e não algo em um sentido mais para o místico. Para mim, tudo o que é considerado místico é de alguma forma natural, mas esse natural pode incluir coisas que estariam além de nosso conhecimento científico atual, fenômenos objetivos ou subjetivos que nossa ciência ainda não parece compreender nem em 10%. O paradigma metafísico que abraço não é nem puramente materialista ou mesmo baseado em superstição, mas algo que me permito me abrir para o desconhecido, para além destes paradigmas que nos limitam de alguma forma, seja o cientificismo ou a própria teologia. Não é tanto questão de fé ou sentimento, mas é mais questão de pura curiosidade mesmo. Mas há algo em mim que diz que há mais coisas do que aquilo que percebemos através dos sentidos, algo como uma intuição ou pressentimento. De fato existem fenômenos que existem e dos quais não percebemos, vide a luz infravermelha e ultravioleta, ou as frequências de sons que não ouvimos ou os odores que os cães sentem e nós não, fora aqueles animais que têm sentido magnético como as aves e nós nem temos ideia de como seria perceber isso.
Deus e as forças elementares imateriais:
Vamos lá, o que é Deus? Deus, para mim, pode ser duas coisas... uma força ou um conjunto de forças naturais e imateriais. A meu entender estaria mais para um conjunto de forças intrínsecas que definem coisas como tempo, espaço, matéria e as constantes universais. É como se Deus fosse esse conjunto de forças que definem essas forças ou constantes universais e elementares que definem o mundo que conhecemos, fora coisas que estariam além daquilo que percebemos como mundo e vida, como a própria espiritualidade e a essência da consciência. Então, a meu entender, Deus é como se fosse um conjunto de forças elementares e primordiais que definem a própria existência em si. É como se Deus fosse uma espécie de motor, engrenagem ou mesmo uma lâmpada que emite a luz. É como se essa essência estivesse presente em todo o universo, como algo que o define e o faz viver, ao invés do contrário.
Mas ao mesmo tempo é a essência da vida, da consciência, da experiência, do sentir, do pensar, do viver, não meramente algo como uma máquina, mas algo em um sentido mais orgânico, vivo de fato. É como se você visse o próprio universo não como uma coisa, mas como um ser, como uma coisa que nasce, vive e morre. Então, a partir desta fonte existencial, que seria esse Deus, é como se ocorressem vários desdobramentos dele mesmo, como se tal coisa estivesse emitindo algo para o infinito vazio, e a medida que essa emanação se espalha, ela preenche o vazio com essa mesma existência, que seria tanto o próprio Deus como o universo que conhecemos. É como se esse Deus estivesse se manifestando através do nosso universo, como se nosso universo fosse apenas uma das várias manifestações desse mesmo Deus através do infinito ou do vazio. Ora, o próprio universo não está se expandindo? Então, essa expansão para o "infinito" seria um exemplo material deste conceito metafísico!
Vocês já devem ter visto uma televisão quando está em um canal sem transmissão. Aparecem aquelas bolinhas ou traços que ficam girando rapidamente, que é o sinal de interferência. Pois bem, eu imagino Deus mais ou menos assim, não só Deus, mas como uma de suas manifestações mais sutis, a consciência (espírito), desta forma, em sua forma mais pura e elementar. Como um conjunto de forças intrínsecas de interdependentes que se manifestam da mesma forma que nossas partículas ou átomos quando vibram e se movimentam. Este movimento mostrado na interferência em uma televisão é como imagino esta vibração funcionando em um sentido espiritual da coisa, não me refiro desta vez aos átomos ou partículas, mas meramente a forças imateriais que definem desde a consciência até a matéria que conhecemos, incluindo o próprio tecido espacial.
Isso é também uma alusão às tais cordas, da Teoria das Cordas. Estas cordas elas seriam um exemplo de manifestação elementar, vinda e vinculada diretamente a tal "Deus". Mas ainda acredito que estas mesmas cordas possam ainda ser fruto de algo ainda mais elementar que as definem, e o que estaria por detrás disso seriam esta ou estas forças que ainda não teríamos descoberto. A própria força eletromagnética e a gravidade seriam também frutos desta mesma manifestação comum. Se existem outros universos com princípios ou fenômenos similares aos do nosso, então deve existir algo ainda mais elementar e comum de onde tudo isso surgiria... e seria esse Deus aí. Aqui estou me referindo ao sentido material da coisa, mas acontece que esse "Deus" ele existiria tanto no sentido material (matéria e espaço-tempo) quanto no sentido espiritual (consciência e informação). É simplesmente como se o universo que conhecemos fosse a versão materializada desse "Deus", e esta seria apenas uma de suas muitas manifestações no infinito!
Nosso universo em tal contexto:
Nosso universo de fato seria meramente uma das várias manifestações. Outros universos parecidos ou diferentes do nosso, com outras constantes universais estáveis, poderiam existir. Estes outros universos, assim como a vida alienígena em nosso próprio universo, seria uma das várias manifestações desse mesmo Deus, em uma forma mais densa, grosseira e energética. Como no exemplo da luz que dei, imagine como se cada frequência do espectro eletromagnético, como o ultrassom, ondas de rádio, micro-ondas, infravermelho, luz visível, ultravioleta, raios-x e raios-gama fosse um universo diferente. Imagine como se cada manifestação fosse uma frequência ou banda de frequências específicas. Imagine que nosso universo seria como a luz visível, enquanto um menos denso seria como o ultravioleta e um mais denso seria como o infravermelho. E esse tal "Deus" como se fosse uma lâmpada que emana energia, mantendo todos esses universos existindo ao mesmo tempo, uma espécie de lâmpada em que a luz perde energia (frequência) a medida que se distancia dela. É como se fosse uma lâmpada que bem próxima dela a luz fosse raios-gama, mas a certa distância fosse luz visível e mais distante ainda, ondas de rádio.
Não seria bem a luz como conhecemos, mas seria esse tipo de energia ou força que definiria cada universo, isto é, cada frequência ou conjunto de frequências seria um universo próprio, ou plano material ou espiritual, como queira desejar chamar.
Eu só não sei dizer se universos de matéria menos densa que a que conhecemos seria mais ou menos energético que o nosso. Tipo assim... A matéria de um universo mais sutil seria mais leve, teria menos massa, portanto teria menos energia de acordo com a equação de Einstein (E = mc²), mas tal matéria teria maior valor em sua constante, portanto neste aspecto teria mais energia. Teria mais energia em sua constante, mas teria menos energia na massa. Enquanto uma matéria mais densa teria mais energia em sua massa, mas como sua constante é menor, então teria menos energia neste aspecto. Como não sou físico, então não sei até que ponto esta minha afirmação é verdadeira ou falsa, só tenho certeza que, quanto menos massa, menos energia há (já que massa equivale à energia). Quanto à constante, se aumentar ou diminuir ela... isso eu já não sei. O meu chute é que, se aumentar a constante, você acabará tendo mais energia, se manter a massa. Então se isso for verdadeiro, então universos mais sutis poderiam ter ainda mais energia que os mais densos, quem sabe? Se existem várias manifestações materiais vinda de uma mesma origem de fenômenos comuns, então pode ser que, por exemplo...
Universo mais denso ou grosseiro:
Em outro universo mais denso (infravermelho) se o próton e o elétron fossem mais pesados, tivessem uma carga mais fraca e se deslocassem mais lentamente no vácuo em relação à velocidade da luz, por exemplo, a aproximadamente 150.000,000 km por segundo, um fóton menos energético talvez... Os elementos atômicos teriam propriedades similares aos de nosso universo, mas seriam mais pesados e os sólidos, líquidos e gases seriam diferentes, em temperaturas diferentes. Pode ser que em tal a água, sendo mais pesada, teria que ser mais quente para ser líquida e ainda mais quente para evaporar. Seria um universo em que a vida teria que viver em temperaturas mais altas para a vida como conhecemos existir, e a gravidade em um mundo similar à Terra seria maior, talvez o dobro ou o triplo. Aqui a vida poderia existir em mundos pequenos como Marte e a Lua, pela maior gravidade e massa atmosférica. Mas neste universo a força entre moléculas e átomos seria menor, por exemplo, a ligação entre átomos de carbono seria mais fraca, talvez similar a do silício. Neste caso, a bioquímica seria bem diferente da nossa. E pode ser ainda que, sendo a matéria mais pesada, haveriam menos elementos atômicos estáveis. O urânio talvez fosse instável enquanto o ouro ou o tungstênio fossem radioativos.
Poderíamos imaginar um mundo em que teríamos oceanos de água a 150ºC e para a vida lá isso seria confortável. Os aminoácidos e enzimas por serem mais pesados teriam que precisar de temperaturas mais altas para funcionarem de forma adequada nos organismos, da mesma forma como ocorre à temperatura ambiente. Lá, temperaturas tropicais de 35°C seriam insuportavelmente frias e gélidas a tais organismos e a água seria como nosso gelo. A "Terra" de lá teria que ser menor, com cerca de metade do tamanho da nossa, mais ou menos tendo metade do tamanho do manto terrestre ou tão grande quanto Marte. Como o hidrogênio seria mais pesado, a temperatura mínima para haver fusão nuclear nas estrelas teria que ser maior, sendo assim nosso Sol, se tivesse mesma massa em tal universo mais denso, seria mais frio, denso e menor em tamanho e a gravidade, claro, seria maior. O nosso Sol lá poderia durar tanto ou quase tanto quanto uma anã vermelha. Já o contrário seria para universos de matéria mais leve ou sutil... Uma mesma estrela similar ao Sol teria menor massa, seria maior em tamanho e duraria cerca de metade do tempo que nossa estrela duraria, ou menos. Então a vida neste caso seria mais plausível em estrelas de menor massa, que não seriam anãs vermelhas, mas amareladas ou azuladas lá.
Em um universo de matéria ainda mais densa, o ferro seria radioativo e a vida seria praticamente impossível de ocorrer, com tão poucos elementos estáveis e disponíveis.
Universo mais leve ou sutil:
Por outro lado, em um universo em que a matéria fosse menos densa (ultravioleta), o próton e o elétron fossem mais leves, tivessem uma carga mais forte e se deslocassem mais rapidamente no vácuo em relação à velocidade da luz, por exemplo, a aproximadamente 600.000.000 km por segundo, um fóton mais energético talvez... Os elementos atômicos teriam propriedades similares aos de nosso universo, mas seriam mais leves e os sólidos, líquidos e gases seriam diferentes. Ao contrário do outro, neste universo a água, sendo mais leve (volátil), teria que ser mais fria para evaporar e ser ainda mais fria para ser líquida. Mas como neste caso a força entre átomos e moléculas seria mais forte, mesmo a baixa temperatura a água ainda teria uma ampla faixa de temperatura entre seu ponto de ebulição e fusão. É como se nesse universo a água estivesse que estar à faixa de temperatura do ácido fluorídrico ou da amônia para estar líquida. E mesmo a temperaturas mais frias, como a matéria seria mais energética, as reações químicas seriam mais rápidas. A vida próxima como a que conhecemos teria que viver em baixas temperaturas, não necessariamente a temperaturas criogênicas, mas algo até em torno de -100°C, para que a "água" de lá esteja líquida. Vamos chamar de "H2O sutil".
A força entre átomos de carbono e silício seria maior, o que permitiria maior número de elementos que permitissem a vida, fora que haveria uma quantidade muito maior de elementos disponíveis, o urânio seria estável como o chumbo e um átomo bem mais pesado é que seria mais similar ao urânio em radioatividade. Ou seja, a vida seria melhor, porque teríamos um universo com maior quantidade de elementos estáveis. Claro que a bioquímica também seria diferente daqui, e a vida poderia usar maior quantidade de elementos ou elaborar mais tipos de "aminoácidos". Quanto aos mundos, planetas maiores que a Terra teriam gravidade similar ao nosso planeta e os seres seriam mais leves. Um planeta como a Terra poderia ter gravidade similar a de Marte e uma atmosfera rarefeita. Ou seja, em universos de matéria menos densa, a vida se desenvolveria melhor nas chamadas superterras, com massa em pelo menos 3 vezes superior a da Terra até 10 vezes a massa. Nosso Lar, de André Luiz, descreve uma cidade espiritual que fica em uma "Terra" maior em diâmetro que a nossa, cuja superfície estaria no alto de nossa atmosfera. A matéria desta outra "Terra" sobreposta à nossa é mais leve e tem propriedades distintas, apesar de existirem átomos lá como aqui.
Em um universo de matéria ainda mais leve, poderiam existir centenas de elementos atômicos estáveis e a vida seria completamente diferente em quase todos os sentidos.
Paranormalidade:
A intensidade e frequência de fenômenos paranormais também estaria relacionada às propriedades de cada universo. Universos mais grosseiros, de matéria mais pesada, dificultariam tal tipo de fenômeno, pois aqui a matéria teria uma prevalência ainda maior sobre a consciência ou o tal "espírito". A paranormalidade seria algo extremamente raro e em maior parte teria que se recorrer à tecnologia para isso, com grande uso e gasto de energia. Nos mundos mais densos, a vida seria ainda mais primitiva e a ocorrência de civilizações inteligentes seria ainda mais rara e difícil, fora que com menos elementos naturais existentes, a tecnologia tenderia a ser mais limitada. Já em universos mais sutis, de matéria mais leve, a paranormalidade seria uma ocorrência mais frequente e natural até em animais. Lá a vida animal poderia se beneficiar com tal fenômeno e usá-lo para a sobrevivência, como os animais aqui recorrem aos sentidos materiais, e ainda teriam tais sentidos. Sendo a matéria mais leve, a consciência ou "espírito" teria maior influência sobre ela, permitindo uma paranormalidade mais acentuada e a mediunidade seria algo tão comum quanto é a visão ou audição para nós. A vida, tendo mais recursos e elementos disponíveis, seria mais vasta e haveria maior número de civilizações inteligentes. A tecnologia seria mais avançada, pois haveriam mais recursos, ou seja, mais elementos atômicos e seus vários compostos para o uso na tecnologia. Tais substâncias se tornariam instáveis se fossem transportadas para nosso universo e desapareceriam, como os elementos transurânicos.
Em Nosso Lar e outras obras espíritas, se fala que as cidades no que chamamos de "Umbral Fino" são tecnologicamente mais avançadas que as do mundo dos encarnados. Seria isso mera coincidência?
Vida espiritual e vida biológica:
Em qualquer universo que seja, independente da energia ou densidade que tal possui, cada um deles teriam duas partes, uma física e uma virtual. A física é onde a matéria tal como concebemos se manifesta e a virtual é onde existe a tal matéria astral da qual a espiritualidade se manifesta, sendo esta matéria astral uma versão mais leve da matéria física em um mesmo plano. Ou seja, a matéria astral, no plano universal em que vivemos, teria propriedades bastante similares à nossa e o comportamento dela no meio seria similar ao da física, com a diferença que a matéria astral ela seria mais acelerada e por isso atravessa a da qual somos feitos. Mas um corpo feito de matéria astral encostaria em outro feito de mesma matéria, em mesmo plano universal. Teria mesma carga, mesma estrutura, só seria bem mais acelerada em seu estado natural, talvez com certas diferenças em relação à de nossos corpos, mas essa diferença seria pequena se comparada com a matéria de outros universos ou planos universais. Então, cada universo teria tanto a vida biológica quanto a astral, cada uma em sua devida parte. O espaço da matéria física e astral seria o mesmo, o que diferencia apenas a física da astral seria a velocidade em que ambas se manifestam. Só não tenho certeza se a massa de ambas matérias seriam iguais ou distintas. Acho que são distintas. A física da vida entre os universos é a mesma, o que muda são somente as constantes universais que diferenciariam tais universos e a experiência neles.
Conclusão:
A ideia que quero mostrar aqui é que se esse "Deus" existe, ele deve ter algum vínculo comum com a física como conhecemos, deve ter algo a ver tanto com a matéria quanto com a consciência e o espaço em que estamos. É uma ideia bem diferente da tradicional de um deus que simplesmente existe para premiar ou punir pessoas. É uma ideia que leva em consideração a própria natureza e um possível vínculo existencial com ela, mas sem reduzir tudo a um materialismo cientificista como costuma ocorrer no meio acadêmico científico (ateu) ou a um religiosismo teológico (crente). Estas coisas que disse é resultado de anos refletindo sobre a natureza das coisas sem cair em determinado paradigma absoluto (materialismo ateu ou espiritualismo místico). Para mim, de fato, sempre fez mais sentido fazer esse tipo de ligação entre o que pode ser a espiritualidade e em como é o mundo material. Pelo menos se caso eu morrer e vir a "acordar" do outro lado, ao menos poderei ter a certeza de que de alguma forma estava certo a respeito disso. E se caso eu morrer e a minha consciência desaparecer, bem... então não haverá nada com o que me preocupar de qualquer forma se estiver errado, porque não vou ter uma consciência para pensar em primeiro lugar mesmo!!!