Típicas Justificativas Religiosas
Em qualquer tipo de debate, é mais do que necessário manter a sobriedade nas afirmativas. Cair em falácias é muito fácil, mas nem por isso devemos nos apegar a elas para sustentar o que temos a dizer. Objetividade é a regra e deve-se ter em mente que qualquer proposição deve ter conteúdo lógico e não um amontoado de palavras absurdas. E são absurdos o que mais vemos em debates quando o assunto é religião. Por vezes, as postagens dos religiosos são repetitivas e irritantes. Sempre acabam caindo nas mesmas falácias e desvios de assuntos, o que é irritante em certos casos. Para facilitar os debatedores, fiz uma relação das (pseudo)justificativas mais usadas pelos religiosos (as quais não justificam nada). Apertem os cintos e vamos lá!!! Divirtam-se
ÍNDICE
• 1ª JUSTIFICATIVA: EXTRAPOLAÇÕES
• 2ª JUSTIFICATIVA: ARGUMENTOS DE CONVENIÊNCIA
• 3ª JUSTIFICATIVA: TENTATIVA DE ALEGAR UM CONHECIMENTO SUPERIOR SOBRE A BÍBLIA
• 4ª JUSTIFICATIVA: DESESPERO
• 5ª JUSTIFICATIVA: TÁTICA DE DISTRAÇÃO
• 6ª JUSTIFICATIVA: CRIAR EXPLICAÇÕES ABSURDAS
• 7ª JUSTIFICATIVA: FUGIR DA DISCUSSÃO ALEGANDO SER PARTE DO ANTIGO TESTAMENTO
• 8ª JUSTIFICATIVA: ASSOCIAR LONGEVIDADE COM VERDADE
• 9ª JUSTIFICATIVA: FALEI UMA COISA TÃO IDIOTA QUE NINGUÉM SE DEU AO TRABALHO DE REFUTAR, ENTÃO GANHEI O DEBATE
• 10ª JUSTIFICATIVA: FRASES PRONTAS
• 11ª JUSTIFICATIVA: SOBRE DEUS, NÃO SOBRE A BÍBLIA
• 12ª JUSTIFICATIVA: REFERÊNCIAS ALEATÓRIAS DA BÍBLIA
• 13ª JUSTIFICATIVA: SE FAZER DE VÍTIMA CRISTÃ
• 14ª JUSTIFICATIVA: SE TEM DEFEITO ENTÃO É VERDADE
• 15ª JUSTIFICATIVA: É QUESTÃO DE ÉPOCA
• 16ª JUSTIFICATIVA: PREGAR O AMOR DE DEUS E, APÓS DERROTA, AFIRMAR QUE O CONTESTADOR IRÁ AO INFERNO
• 17ª JUSTIFICATIVA: ERRO DE COPISTA
• 18ª JUSTIFICATIVA: PIEGUICE
• 19ª JUSTIFICATIVA: NÃO RESPONDER
• 20ª JUSTIFICATIVA: SE FAZER DE SURDO
• 21ª JUSTIFICATIVA: PRECISA DE FÉ PARA ENTENDER A BÍBLIA
• 22ª JUSTIFICATIVA: O FIM ESTÁ PRÓXIMO
• 23ª JUSTIFICATIVA: VOCÊ DEVE TER PROBLEMAS
• 24ª JUSTIFICATIVA: SÓ A BÍBLIA INTEIRA
• 25ª JUSTIFICATIVA: PORQUE CRISTO TE INCOMODA?
• 26ª JUSTIFICATIVA: CREIO PELA FÉ
• 27ª JUSTIFICATIVA: A BÍBLIA É POLÊMICA
• 28ª JUSTIFICATIVA: REFERÊNCIAS FURADAS
• 29ª JUSTIFICATIVA: FALOU “MEU DEUS” NA HORA DE APURO
• 30ª JUSTIFICATIVA: HISTORINHAS DA CAROCHINHA
• 31ª JUSTIFICATIVA: TU ÉS ARROGANTE
• 32ª JUSTIFICATIVA: BLEFAR
• 33ª JUSTIFICATIVA: TU ÉS DO MUNDO
• 34ª JUSTIFICATIVA: METÁFORA
• 35ª JUSTIFICATIVA: EU ERA COMO VOCÊ
• 36ª JUSTIFICATIVA: NA DÚVIDA, VALEM OS DOIS
• 37ª JUSTIFICATIVA: FOI ESCRITA POR VÁRIAS PESSOAS
• 38ª JUSTIFICATIVA: FOCO NO MENOS RELEVANTE
• 39ª JUSTIFICATIVA: SÓ DEUS SABE
• 40ª JUSTIFICATIVA: NÃO É UM LIVRO CIENTÍFICO
• 41ª JUSTIFICATIVA: VOCÊ TEM CURIOSIDADE DE DEUS
• 42ª JUSTIFICATIVA: ALUCINAÇÕES
• 43ª JUSTIFICATIVA: AGE COMO EU, MAS DIFERENTE
• 44ª JUSTIFICATIVA: SEM PALAVRA FEIA E DEUS JUNTOS
• 45ª JUSTIFICATIVA: COM DEUS VALE SEM ELE NÃO
• 46ª JUSTIFICATIVA: LIVRE ARBÍTRIO
• 47ª JUSTIFICATIVA: ERROS DE TRADUÇÃO
• 48ª JUSTIFICATIVA: VOCÊ VAI PARA O INFERNO
• 49ª JUSTIFICATIVA: AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIA NÃO É EVIDÊNCIA DE AUSÊNCIA
• 50ª JUSTIFICATIVA: NA DÚVIDA, PREFIRO A LENDA
• 51ª JUSTIFICATIVA: PARA DEUS TUDO É POSSÍVEL
• 52ª JUSTIFICATIVA: O TESTEMUNHO DRAMALHÃO
• 53ª JUSTIFICATIVA: NÃO ELABORAR O QUE DISSE
• 54ª JUSTIFICATIVA: CONCORDO MAS DISCORDO
• 55ª JUSTIFICATIVA: OFENDER SUA INTELIGÊNCIA
• 56ª JUSTIFICATIVA: JÁ RESPONDI ANTES
• 57ª JUSTIFICATIVA: CRITÉRIOS ALEATÓRIOS
• 58ª JUSTIFICATIVA: JAMAIS ADMITIR HOMOFOBIA
• 59ª JUSTIFICATIVA: O QUE É VOCÊ SEM DEUS?
• 60ª JUSTIFICATIVA: LIVRO COM MAIS CÓPIAS NO MUNDO
• 61ª JUSTIFICATIVA: NINGUÉM É FELIZ SEM JESUS
• 62ª JUSTIFICATIVA: EU DIGO AS BESTEIRAS, VOCÊ PROCURA AS FONTES
• 63ª JUSTIFICATIVA: REFLITAM SOBRE ISSO
• 64ª JUSTIFICATIVA: VAMOS RESPEITAR AS LENDAS DOS OUTROS?
• 65ª JUSTIFICATIVA: MILAGRES
• 66ª JUSTIFICATIVA: ESQUIZOFRENIA CRÔNICA
• 67ª JUSTIFICATIVA: OLHA A TRAVE NO SEU OLHO
• 68ª JUSTIFICATIVA: VOCÊS FOGEM DA VERDADE
• 69ª JUSTIFICATIVA: QUEM ÉS PARA COMPREENDER DEUS?
• 70ª JUSTIFICATIVA: POR QUE DEUS NÃO SE MANIFESTA?
• 71ª JUSTIFICATIVA: POR QUE OS ATEUS PENSAM TANTO EM DEUS?
• 72ª JUSTIFICATIVA: DEUS É IMATERIAL?
• 73ª JUSTIFICATIVA: CONCILIAR AMBIGUIDADES
• 74ª JUSTIFICATIVA: A MORAL OBJETIVA É DEUS
• 75ª JUSTIFICATIVA: DEUS MANDA E DESMANDA, AFINAL CRIOU TUDO
• 76ª JUSTIFICATIVA: USAR A FRASE PRONTA “NÃO DÊ PÉROLAS AOS PORCOS”
• 77ª JUSTIFICATIVA: CAI NA PERDIÇÃO
• 78ª JUSTIFICATIVA: A IGNORÂNCIA VENCE CONHECIMENTO
• 79ª JUSTIFICATIVA: A NASA PROVOU!
• 80ª JUSTIFICATIVA: JESUS DIVIDIU O CALENDÁRIO
1ª JUSTIFICATIVA: EXTRAPOLAÇÕES
Apenas apontando isso que de uma forma geral os religiosos buscam justificar suas crenças, apesar de todas as provas em contrário está em extrapolar o que está escrito na Bíblia, buscando criar justificações que a própria Bíblia nunca alegou em momento algum. Como por exemplo:
• Justificar Adão não ter morrido ao comer a maçã como “morte espiritual”. Nada no texto indica isso;
• Justificar as contradições sobre relatos da morte de Judas como “primeiro ele se enforcou depois Deus o matou”. Nada na Bíblia indica essa ordem;
• Deus criou o mundo em 7 dias explicado como “um dia de Deus equivale a mil anos do homem”. Nada no texto original justifica isso sobre a criação.
2ª JUSTIFICATIVA: ARGUMENTOS DE CONVENIÊNCIA
Essa entra em “quando um argumento justifica a proposição, usa-se; quando não justifica, estranhamente é esquecido”. Por exemplo:
• Um dia para Deus é mil anos para o homem é utilizado para descrever a criação do mundo em 7 dias, a vinda do Apocalipse contudo esse “dia looongo dia de Deus” nunca é citado para justificar profecias divinas que foram cumpridas imediatamente como a destruição de Sodoma e Gomorra, o Dilúvio ou quaisquer outras profecias em que deus haveria afirmado aconteceria “em breve” e, segundo a Bíblia, aconteceram;
• “Não julgueis para não ser julgado” é uma linha que aparece e desaparece da Bíblia de forma extremamente conveniente e muito estranha vinda da pessoa que “estaria vindo julgar toda a Terra no Apocalipse” ou de um Deus que constantemente rogava pragas, caos e destruição quando contrariado no antigo testamento;
3ª JUSTIFICATIVA: TENTATIVA DE ALEGAR UM CONHECIMENTO SUPERIOR SOBRE A BÍBLIA SEM DEMONSTRAR NADA QUE JUSTIFIQUE ISSO
Está basicamente na linha “vocês não compreendem a Bíblia”, quando o religioso se encontra derrotado em termos de argumento racional. É uma forma de evitar engolir o próprio orgulho, se admitir errado e tentar sair por cima. É parte do orgulho religioso de “se eu vou na igreja, devo ser superior não importa prova em contrário. Eu sei mais sobre o assunto que esses ateus/agnósticos e estou certo”. Contudo esse comportamento de negação em geral vem após:
• O religioso não ter demonstrado um conhecimento realmente aprofundado sobre a Bíblia ou capacidade de refutar os argumentos sem utilizar as duas técnicas descritas acima;
• Incapacidade de contra-argumentar com bases puramente lógicas os erros e contradições apontados.
4ª JUSTIFICATIVA: DESESPERO
Muito comum também. Esse entra no religioso que apenas começa a citar orações e linhas aleatórias da Bíblia sem parar, e busca jogar táticas de amedrontar quem o contesta, ameaçando com Inferno ou algo do gênero, como mortes agonizantes e sofrimentos intensos.
Claro que esses argumentos não refutam em nenhum momento o que foi alegado contra a Bíblia, mas religiosos parecem acreditar que sim.
5ª JUSTIFICATIVA: TÁTICA DE DISTRAÇÃO
Também conhecida como falácia do “Olha o aviããããõooo”. Isso ocorre quando os religiosos inventam histórias sobre as várias falhas (que só existem nas cabeças deles) do Evolucionismo, como se isso de alguma forma tornasse o Criacionismo uma teoria menos furada. Se querem defender o Criaburricionismo deveriam buscar provas válidas que o justificassem, mas não poucas vezes eles insistem num constante ataque que não valida a crença deles como melhor de forma alguma. Insistem nas besteiras, vindas de fontes vagas e duvidosas, como “definir a idade de fósseis por radiação não é confiável”. Em que isso torna o Criancionismo algo mais válido? Fossem tentar provar tal besteirol estariam utilizando as mesmas técnicas.
Não raramente essa técnica de distração se compõe de pegar um detalhe mínimo da discussão que o ateu/agnóstico alegou e buscar aumentá-lo fora de proporção para evitar retornar à discussão maior que realmente não tem como refutar.
6ª JUSTIFICATIVA: CRIAR EXPLICAÇÕES ABSURDAS
Isso vem junto com o de fato que para alguém acreditar no que está escrito na Bíblia como fatos históricos exige uma mente que aceita acreditar em fatos sem sentido. Numa discussão sobre a famigerada Arca de Noé, quando se faz perguntinhas simples como: “Como Noé conseguiria o número de árvores suficientes para construir uma arca de madeira gigante no meio do deserto?” ou então “Como Noé e sua família limpariam o esterco de todos os animais da face da Terra na Arca diariamente?”. As respostas costumam ser hilárias, tais como:
– Deus criou árvores no deserto (extrapolação, nada na Bíblia diz isso).
– O esterco dos animais não fedia, porque eles comiam capim (alguém já viu esterco de um boi ou vaca não feder?).
Entre outras (ver os comentários do artigo Dilúvio Desmascarado).
http://ceticismo.wordpress.com/o-diluvio-desmascarado/
7ª JUSTIFICATIVA: FUGIR DA DISCUSSÃO ALEGANDO SER PARTE DO ANTIGO TESTAMENTO
Aparentemente religiosos acreditam que, embora a Bíblia seja um livro perfeito sem erros ou contradições (segundo a opinião deles), ela não tem necessidade de manter coerência entre o Antigo e o Novo Testamento. A desculpa clássica está em “após Jesus, tudo mudou’”. Mas, se é assim então de que valem os dez mandamentos por exemplo? Ou alegar que o homem paga pelo pecado original se Jesus nos salvou?
Mais uma vez a conveniência pois em outras partes o antigo testamento seria usado para comprovar algo mas negado para contrariar alguma afirmação.
E o fato de estar escrito que Jesus (supostamente) ter dito que não veio para abolir as leis dos profetas parece ser ignorado nessa hora.
8ª JUSTIFICATIVA: ASSOCIAR LONGEVIDADE COM VERDADE
Isso entra no argumento característico de “se a Bíblia está por aí há tanto tempo como ela não seria verdade?”. É um argumento falso, obviamente, pois quantos livros estão por aí a tantos mil anos? Todos os livros religiosos estão como os de Confúcio, o Mahabarata, Ramayana, Zend Avesta, Corão etc. Isso sem nem entrar em crenças africanas, sincretismo religioso, e alegar que um seria verdadeiro por sua idade defenderia todos os outros como verdade ao mesmo tempo.
As falhas principais neste pseudoargumento é são:
• Isso é um ponto de vista ocidental, para começo de conversa, a Bíblia não teve tanta relevância no oriente (ou os chineses, japoneses, vietnamitas, mongóis, árabes, persas etc. a têm como livro religioso?);
• Se você alega que um livro se torna real por causa de sua longevidade, você pode usar esse argumento para qualquer religião, indiferente dos valores que ela defenda. Quantas religiões defendem valores sexistas, xenófobos, homofóbicos e racistas (além da Bíblia, é claro)? Alguém deveria segui-los sem questionar? É o argumento do namoro abusivo: sabe que faz mal, mas não conseguiria imaginar a vida sem a pessoa. Patético!
• A Bíblia FOI comprovada errada inúmeras vezes por diferentes pensadores nas mais diferentes situações possíveis. A questão nunca foi prová-la errada, mas conseguir que essa informação atingisse a maioria da população. Não raramente os meios de comunicação evitam difundir informações ateístas por medo de perder uma audiência, que prefere ouvir “verdades” simplistas que não conduzam ao raciocínio. Enfim, para os meios de comunicação, religiões significam mais dinheiro que ateísmo de uma forma geral.
Contudo, isso não altera a veracidade dos argumentos contra a Bíblia.
9ª JUSTIFICATIVA: FALEI UMA COISA TÃO IDIOTA QUE NINGUÉM SE DEU AO TRABALHO DE REFUTAR, ENTÃO GANHEI O DEBATE
Esse é o mais divertido! Também conhecido por ARGUMENTO DO CANSAÇO, porque enche tanto o saco que o debatedor desiste do debate. Aí o religioso fica com o peito estufado e diz aos quatro ventos: “Você não rebateu meus argumentos (tolos), logo ganhei o debate”.
Parece até que aqueles que presenciaram o debate realmente acreditam naquilo. Enfim…
10ª JUSTIFICATIVA: FRASES PRONTAS
Esse costuma ser repetidamente usado por ser o mais mentalmente preguiçoso. Consiste no religioso ter frases que ele vai apresentar para qualquer situação, indiferente a fazerem sentido com o que está sendo dito ou não.
Os exemplos mais notórios costumam ser:
• “Texto sem contexto é pretexto”: ironicamente essa frase sempre é utilizada fora do contexto da discussão. O religioso também assume que, após ter dito essa frase, ela terminaria a discussão por si própria e ele não precisaria explicar qual o contexto ele acreditaria adequado à referência;
• “Vocês não possuem a compreensão espiritual”: o interessante é que esse contexto que eles alegam possuir não lhes fornece argumentos convincentes. De uma forma geral, essa frase não significa coisa alguma na verdade, porque o religioso após tê-la dito no máximo vai apelar para alguma forma de parágrafo sobre a grandiosidade de deus (qualquer um que seja) e quão minúsculo é o ser humano ou coisa do gênero que, de novo, não teria relação alguma com a discussão;
• “O texto da Bíblia é loucura para os que não creem”: e é tão difícil assim de imaginar o por quê? Isso é referência a uma linha da Bíblia e também nunca auxilia um debate de forma alguma, nem contra nem a favor de nada, serve exclusivamente para lembrar que você está lidando com uma pessoa brega.
A lista de frases prontas deve beirar os milhares. Contudo, todas acabam nessa definição final: Uma pessoa que realmente raciocinasse sobre o que está falando não as utilizaria. Teria raciocinado com suas próprias ideias e as formularia a partir de seu próprio vocabulário coloquial.
Uma piadinha ilustra bem isso: “Como meu avô dizia, quem fica citando repetidamente os outros é idiota”.
11ª JUSTIFICATIVA: SOBRE DEUS, NÃO SOBRE A BÍBLIA
Confusão extremamente comum. O fato de alguém não acreditar na Bíblia não significa de forma alguma que a referida pessoa não acredita em um determinado deus. Ela não consegue ver como um deus utilizaria um livro com contradições tão gritantes com distância de poucas linhas, erros óbvios e cópias decalcadas de outras mitologias.
Ou como um deus não enviaria um livro com uma mensagem coerente e coesa, em que alguém visse um sentido que unisse todas as histórias, ao invés de uma colcha de retalhos de contos que pregam morais completamente opostas, quando não demonstra pura crueldade gratuita, homofobia, sexismo e absurdos em níveis astronômicos.
Como livro divino a Bíblia simplesmente não seria o portfólio que demonstrasse o melhor lado dele como “deus do amor e da misericórdia”.
Normalmente a forma como religioso vai responder quando se aponta isso cai na justificativa típica número 3 (tentativa de alegar um conhecimento superior).
12ª JUSTIFICATIVA: REFERÊNCIAS ALEATÓRIAS DA BÍBLIA
É difícil compreender 100% a motivação, mas às vezes no meio de uma discussão, ao invés do religioso responder ao que você está falando, ele apresenta uma linha qualquer da Bíblia sem relação nenhuma com o assunto.
Aparentemente eles acreditam que a pessoa irá “se deslumbrar com a beleza da escrita” e cessar os argumentos, ou alguma outra estupidez desse gênero. Claro que talvez isso funcionasse se a Bíblia tivesse algum trecho realmente bem escrito; mas, ainda que tivesse, não teria refutado o argumento apresentado. O nome disso é Transtorno de Déficit de Atenção. Isso implica na incapacidade de seguir argumentos mais longos, acarretando que o dito religioso se perca no assunto e busque reagir por reflexo através de uma linha qualquer da Bíblia.
Não passa de outro sintoma de desespero.
13ª JUSTIFICATIVA: SE FAZER DE VÍTIMA CRISTÃ
Quando não conseguem vencer os argumentos, então caem no “estou sendo perseguido como Cristo e os primeiros cristãos foram”. Entre outros blá blá blá.
É a tentativa do apelo e chantagem emocional estilo “se vocês continuarem falando isso, eu vou chorar”. Falácia do apelo à misericórdia, seguida do apelo à multidão.
Normalmente, isso vem quando a pessoa tem de encarar as falhas de seus argumentos (se é que se podem se chamar as palavras sem nexo de “argumentos”) e/ou tem de enfrentar que não possui uma base tão elaborada assim como acreditava anteriormente. Algo chocante, não é mesmo? Dependendo do nível de argumentação, a pessoa vai apelar para isso no começo, meio ou fim da discussão (ou nos 3 tempos, o que é mais provável), dizendo para si própria “estou sofrendo como Cristo sofreu pelo que acredito”. Complexo de martírio cristão.
Mas, como todas as outras justificativas anteriores, também não invalida as falhas que existem no próprio texto da Bíblia.
A verdade é que nada disso invalidará as falhas apontadas, porque elas simplesmente existem e estão lá. Choradeira com certeza não fará com que deixem de existir. Trata-se de um modo do religioso convencer mais a si mesmo que tem razão, do que o cético que o pegou pelo pé em cada tentativa de argumentação religiosa.
A melhor resposta para esse tipo de choradeira (no melhor estilo: mãe, ó o cético feio, ó!) é o famoso: Solo de Violinos, que mostra que o religioso apenas está atuando num melodrama água-com-açúcar, mas não está comovendo ninguém (a não ser outro religioso metido a mártir).
14ª JUSTIFICATIVA: SE TEM DEFEITO ENTÃO É VERDADE
Os religiosos costumam muitas vezes alegar uma hipótese ridícula, dizendo que se a Bíblia se contradiz, então ela não foi forjada. Na verdade é mais uma tentativa de criar explicações quando o erro no texto é inegável. Uma explicação que, no fim das contas, não explica nada.
No caso seria uma tentativa de incorporar um fato que faz sentido – como sustentar mediante provas que a Bíblia possui contradições, muitas vezes por ter tido histórias inseridas de várias mitologias locais – com um que não faz o menor sentido, como por exemplo: “‘por causa disso o que ela está escrito é real”.
O religioso entra, assim, com muitas outras tentativas de alterar o significado literal de palavras ou juntar pensamentos que se opõem apenas para forçar uma conclusão favorável à Bíblia de alguma forma.
A questão é que só se chega a conclusões reais quando você segue a ordem: pergunta, pesquisa e conclusão. E, nesse caso, a ordem seria pervertida para “a conclusão tem de ser que a Bíblia é perfeita”, “não pergunte sobre a hipótese dela não ser” e “pesquise e aceite apenas as fontes favoráveis a essa conclusão” .
Para quem leu a obra 1984 de George Orwell, esse tipo de pensamento cai na definição de Novilíngua, onde infere que se deve conciliar ideias opostas como “guerra é paz”, “liberdade é escravidão” e “amor é ódio”. Em termos mais recentes, foi desenvolvido como base nos anos 70 para desenvolver a ideia do Intelligent Design através do que a mídia americana denominou “conhecimento seletivo”; conhecimento que ignora quaisquer provas ao contrário consequentemente contrário aos princípios básicos da pesquisa científica.
15ª JUSTIFICATIVA: É QUESTÃO DE ÉPOCA
Argumento usado principalmente quando é mencionada as crueldades de Jeová no Antigo Testamento. Aí entra em cena o lenga-lenga de “é porque naquela época eles eram isso ou aquilo, faziam isso ou aquilo”. Muito conveniente.
A pessoa que diz isso não se toca que só porque uma atitude era comum naquela época, não significa que era correta. Ou seja, era comum ter escravos, então Jeová (também conhecido como o Senhor dos Anéis Bíblico) permitia a escravidão. Era comum matar bebês de colo e rasgar barrigas de mulheres grávidas, então Jeová mandava fazer isso. Era comum vender mulheres como se fossem objetos, então Jeová permitia vender mulheres. E por aí vai.
Quem defende tal argumento não percebe o absurdo que está dizendo. Deus nesse caso não tem voz ativa. Quem escolhe o que é certo e o que é errado são os homens, através do seu “costume de época”. Se Deus simplesmente permite tais absurdos, ele jamais pode ser um Deus de amor, que se importa com os seres humanos.
Deus está permitindo, colaborando, aprovando e ordenando atitudes repugnantes, que jamais deveriam ser aceitas por um “Deus de amor”. Se ele não perpetrou a ação, pelo menos foi conivente abstendo-se.
16ª JUSTIFICATIVA: PREGAR O AMOR DE DEUS E, APÓS DERROTA, AFIRMAR QUE O CONTESTADOR IRÁ AO INFERNO
Um híbrido da 4ª justificativa (desespero) com a 11ª justificativa (sobre Deus e não sobre a Bíblia).
Após tentar convencer que Deus nos ama e sentir-se frustrado com o fracasso o religioso começa a lançar maldições e a tentar convencer que o mesmo Deus de amor é capaz de condená-lo ao inferno.
Pena que ateus e agnósticos não acreditam em inferno, e essa baboseira toda só serve para causar diversão destes últimos.
17ª JUSTIFICATIVA: ERRO DE COPISTA
Esse argumento é muito pouco usado, e somente por cristãos mais sensatos, que admitem que a contradição é irrefutável, mas que não passa de um “mero erro de copista”. Isto é, o tradutor se confundiu e escreveu besteiras, mas que isso não invalida a “beleza” do texto.
Com isso, eles dão a entender que um errinho de cópia não é nada grave, que não interfere em nada na sua fé, e que não interessa se Acazias tinha 22 ou 42 anos quando começou a reinar, ou se ele começou a reinar no ano 12º ou 11º de Jorão.
Bem, esse é um raciocínio que vale tanto quanto os outros, ou seja, NADA!!
Primeiro, porque não existem mais os originais para se comparar se realmente foi apenas um erro de copista. Eles dizem isso para si mesmos, apenas para se convencerem (como tantas vezes) de que não foi Deus quem errou, e sim o homem. Porém não há evidências disso. Quem me garante que no original também não estava o erro? Se é que houve um original e não foi tudo invenção desde o início.
Segundo, esse tipo de contradição foi evidenciada somente porque ela aparece em passagens diferentes que deveriam contar a mesma história. Porém, quantas passagens da Bíblia não podem ser comparadas? Se é permitido o copista errar, então quem me garante que ele não errou em vários outros lugares, e sequer podemos descobrir?
Terceiro, quem garante que os copistas erraram apenas em números e datas? Por que não em fatos importantes do cristianismo? Está claro que Deus não impediu que eles errassem para pequenas coisas, por que não para grandes?
Quarto, erros de copista são ainda mais evidentes se analisados os manuscritos que ainda existem. Manuscritos esses que sequer concordam entre si. Que dependendo da região que eles provêm, por exemplo, Alexandria ou Esparta, diferem muito entre si. Ou então, da data em que foram escritos.
Repare nas notas de rodapé da Bíblias modernas, e veja que há muitos erros de copistas, bem mais do que imaginam. Qual é o certo? Por exemplo, um manuscrito antigo, porém rasurado, ou um sem tantas rasuras, porém mais novo?
Erros de cópia abalam sim (e muito!) a credibilidade da Bíblia.
18ª JUSTIFICATIVA: PIEGUICE
Essa é uma das táticas que me causaria mais pena sobre quem a utiliza se eu fosse capaz de ter piedade por idiotas. Quando a pessoa não consegue te convencer intelectualmente eles buscam te convencer emocionalmente, utilizando o que eles consideram “frases bonitas e conceitos que apenas quem é religioso compreenderia”.
Tudo fajuto: a frase não é nada bonita, mas uma extensão ou derivado de alguma música sertaneja ou novela sobre amor e a idéia que só religiosos compreenderiam, no máximo alguma referência a algo que o pastor falou durante a missa, que nem era tão profundo e muito menos impressionante. Se eles apresentam uma idéia que tenha mais um nível de compreensão para eles é um feito de iluminação divina e a coisa mais bonita que existe.
A piedade que se sente, de certa forma, é a de que eles estão buscando descrever algo profundo utilizando a cultura de alguém que só faz ir em missas (ou outros cultos semelhantes), lê a Bíblia de qualquer jeito, aceitando aquilo como uma verdade incontestável e consumir “culturalmente” novelas e músicas que só falam sobre amor de corno. Isso nunca fez (nem nunca fará) ninguém capaz de escrever algo como:
Eu, ansioso pelo Sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora,
E que ninguém chamará mais.
E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
(O Corvo -Edgar Allan Poe - tradução: Machado de Assis)
19ª JUSTIFICATIVA: NÃO RESPONDER
Essa deve ser, com certeza absoluta, a mais irritante. Quando ao invés de contra-argumentar de alguma forma sobre o erro apontado, o religioso apenas alega “Jesus te ama”, “porque você não aceita Deus” ou variações do gênero.
Basicamente, é algo tão sem sentido, que mal compensa se direcionar muitas vezes e difícil compreender se você e o religioso estão falando sobre a mesma coisa. É o equivalente a alguém estar perguntando pelo almoço de domingo e a pessoa responde sobre a invasão do Iraque.
O fato de alguém acreditar ou não em um deus qualquer (ou de “aceitar” ou não a Cristo) não significa de forma alguma que a pessoa não deveria ler a Bíblia sob um ponto de vista crítico, inclusive para compreender melhor o texto. Consequentemente, se alguém observa uma contradição e a traz para discussão, por diferentes motivos, deveria muito mais reafirmar seu interesse sobre o livro do se que ela apenas aceitasse qualquer coisa escrita sem questionamento. Ao menos, em princípio a pessoa estaria questionando e estudando para aprofundar sua compreensão do texto.
Religiosos, contudo, aparentam considerar que qualquer interpretação que não termine dizendo “a Bíblia é um livro maravilhoso e sem erros de nenhuma espécie” significa que a pessoa deve odiar a Deus, Jesus, o Espírito Santo, todas as igrejas e que vai queimar no inferno por toda a eternidade, junto com os homossexuais, drogados, assassinos, pedófilos e outros párias.
Sempre acabam “fazendo um favor” terminando com uma dessas frases estúpidas depois de um texto sem nexo:
– Vou orar por você! Ou: Estou orando por você! (como coisa que isso signifique algo a quem não se interessa por isso)
– Jesus te ama! (para quem acredita cegamente que ele existiu, vale muito. Já para os que não creem…)
– Como você pode odiar a Bíblia e Deus? (O que tem uma coisa a ver com outra? Será que precisa se acreditar na Bíblia para se crer em deus? Então judeus, muçulmanos, hindus etc. são ateus, né?)
– Eu acredito na Bíblia e sou feliz. E você? (Para ser feliz é preciso acreditar nas baboseiras da Bíblia? Isso que eu chamo de fé…)
– A Bíblia fez muitos milagres na minha vida. Conheço um caso (normalmente fictício) de alguém que se curou depois que acreditou na Bíblia. (Tão tolo que sequer merece comentários. Mostrar os laudos médicos que é bom, nem pensar)
20ª JUSTIFICATIVA: SE FAZER DE SURDO
Também conhecido como Tautologia, insistência em argumentos comprovadamente errados, e uma tentativa do religioso de enlouquecer a pessoa com quem ele conversa. Configura quando você já provou de todas as formas possíveis que tais argumentos são furados, sem sentido, contraditórios, pouco inteligentes e sem sentido nenhum e, mesmo assim, o religioso insiste em repetir as mesmas linhas do começo do diálogo.
É o equivalente ao comportamento Homer Simpson de “não importa o que você argumente, de todas as formas ele vai insistir nos mesmos pontos já amplamente demonstrados errôneos”. Cai num conflito básico com a mentalidade de fé cega, que aparenta não precisar de uma base inteligente para suas afirmações e recusa-se ouvir ou debater num nível realmente embasado.
No caso de se perder durante a discussão ou não conseguir refutar ele apenas retorna ao argumento inicial achando que isso daria reset e invalidaria tudo que foi dito.
21ª JUSTIFICATIVA: PRECISA DE FÉ PARA ENTENDER A BÍBLIA
Esse é mais um caso particular da 3ª justificativa (tentativa de alegar um conhecimento superior).
Um dos mais irritantes de todos, pois eles se julgam dotados de uma espécie de “conhecimento divino”, e que Deus lhes deu iluminação para conseguir entender coisas que nós, descrentes, achamos absurdas.
Para eles, se somos incapazes de entender é porque não temos fé. Isso não faz nenhum sentido, pois Deus supostamente não deveria fazer acepção de pessoas (como a própria Bíblia diz), e todos deveriam ser capazes de entender a Bíblia completamente, e aí sim serem capazes de tomar a melhor decisão para a vida delas.
Se só os que têm fé podem entender a Bíblia, então ela se torna inútil para a salvação das pessoas, pois ela não é capaz de “dar fé” a ninguém. Os religiosos muitas vezes recaem em uma lógica circular: “Você precisa entendê-la para ter fé, mas precisa de fé para entendê-la”.
Além do mais, é fácil ver por que os que têm fé dizem que entendem a Bíblia. É fácil ver que se Deus mandou matar bebês de colo, um religioso vai simplesmente dizer: “Eu tenho fé que Deus tomou a melhor decisão”. Pronto, a questão está respondida, na opinião do religioso, e quem não tem fé é incapaz de ver dessa forma. Isso acarreta numa irresponsabilidade. Joga-se tudo nas costas de Deus e fim.
22ª JUSTIFICATIVA: O FIM ESTÁ PRÓXIMO
Esse também faz parte da justificativa nº 4 (desespero), contudo nem sempre utilizada de forma afobada, vez por outra inclusive acreditando de forma arrogante como “vocês vão se ferrar por causa disso e eu vou me dar bem. Buahahuahaahahaa”.
Como todas as outras justificativas, evita se dirigir diretamente ao problema apresentado com uma resposta objetiva e busca desviar para um tática de medo. Inclui-se nessa justificativa alegar fatos aleatórios de desastres que estariam descritos nas escrituras. Como nunca houve consenso algum sobre quais desastres específicos seriam esses usando o mesmo argumento, um religioso vai alegar que a bomba de Hiroshima, a invenção do telefone, a guerra do Iraque, o Tsunami, o Lula ter sido eleito, o divórcio da Britney Spears, os cartões de crédito estarem inserindo o número da besta nas testas das pessoas entre outras besteiras, como provas definitivas de que o fim está próximo e quem insistir em apontar erros evidentes e óbvios no texto bíblico vai pagar o preço por não aceitar mentir como todo o resto dos religiosos que a Bíblia é inerrante.
23ª JUSTIFICATIVA: VOCÊ DEVE TER PROBLEMAS
Mais um no estilo: “Ao invés de responder diretamente ao que você demonstrou, vou tentar usar de apelo/chantagem emocional”.
Isso acontece quando o religioso simplesmente recusa-se completamente a se dirigir à questão apresentada e passa a buscar “suas motivações emocionais”. Estupidez galopante sem sombra de dúvidas, uma pessoa poderia ter acabado de ganhar o prêmio Nobel da literatura ou internado num asilo mas, indiferente a qual das opções se encontrasse, ela dissesse “não caberia todos os animais do mundo na Arca de Noé” os animais simplesmente não caberiam, pois é fato.
Em geral o religioso vai tentar usar frases do gênero “pode nos falar qual é o seu problema?”, “por que você não aceita a deus?” ou algo idiota do gênero, enquanto busca fazer suas melhores expressões de sobrancelhas caídas para os cantos e olhares de “pode falar”.
Claro que uma pessoa lúcida e inteligente apenas sentirá vontade de falar “estou conversando com um asno”. Isso entra na mitologia religioso que “as pessoas apenas se sentem felizes se estiverem indo na igreja como eu”. A necessidade religioso de autoafirmação, se convencendo de estar fazendo a única coisa que poderia fazer uma pessoa feliz: não se aprofundar intelectualmente sobre nada e fugir de responder intelectualmente quando alguma falha é apontada.
Claro que essa necessidade de autoafirmação também traz outras coisas, como a semiconsciência de não estar se aprofundando racionalmente em lidar com problemas não costuma levar as pessoas muito longe, a infantilidade intelectual de buscar compreender todas as diferenças de ideias em outras pessoas como consequência de crises emocionais, evitar lidar com a questão “mas eu sou realmente tão mais feliz assim?”
A realidade é que felicidade de verdade tem mais a ver com suprir necessidades emocionais através de autoconhecimento e NÃO de evitar confrontá-las, jogando-as para algum ponto do fundo de seu inconsciente, como uma faxineira relapsa varrendo o lixo pra debaixo do tapete.
Pouco importa! Podem acreditar no que quiserem sobre a vida pessoal da pessoa, mas as contradições estarão na Bíblia de qualquer forma. Queiram ou não.
24ª JUSTIFICATIVA: SÓ A BÍBLIA INTEIRA
É comum escutarmos essa asneira, ao criticarmos qualquer coisa na Bíblia. A resposta típica é: “Por acaso você já leu a Bíblia inteira para saber do que se trata?”
Essa desculpa furada é, no mínimo, irônica, já que a maioria das pessoas que a proferem jamais leram a Bíblia inteira. Ou seja, partem do pressuposto que para elogiar a Bíblia, basta ler um versículo só que seja, mas para criticá-la, tem que lê-la toda.
Além do mais, qualquer um que realmente leu a Bíblia toda, nunca vai dizer tal coisa, pois sabe que não é necessário ler a Bíblia toda para comentar alguma passagem, basta usar uma simples Bíblia com referências e pronto.
Em suma: Para não acreditar na Bíblia, basta lê-la inteirinha.
25ª JUSTIFICATIVA: PORQUE CRISTO TE INCOMODA?
E lá vamos nós de novo. Mais uma justificativa que não se dirige às contradições apontadas buscando desviar para alguma pieguice emocional, essa ainda mais pobremente miserável: a idéia que a pessoa não está apresentando as falhas da Bíblia por elas simplesmente existirem mas por “estar resistindo à presença de Cristo”.
Esse pseudoargumento (assim como a justificativa nº 23) tende a tirar proveito se a pessoa realmente possuir algum problema emocional que não consiga resolver por si própria. É baseado em “nós sabemos que as contradições existem, mas vamos negar, você vai estar aí sozinho falando essa verdade mas você vai estar sozinho. Mas se você passar a mentir e negar como nós estamos fazendo você terá um grupo de suporte ao seu problema”.
Isso acaba gerando a famosa conversão de “perdidos para fanáticos religiosos”. Em linhas gerais é uma forma de comprar a colaboração da pessoa baseada em suas fragilidades emocionais; uma vez dentro e apegada a esse grupo de suporte, a pessoa vai defender qualquer fanatismo possível relacionado. As igrejas se baseiam excessivamente em explorar esse tipo de fiel como “exemplar”. Contudo isso gera duas coisas:
• Primeira que os erros e as contradições da Bíblia continuam lá, não mudou nada nesse sentido;
• Segundo que os problemas emocionais com que a pessoa lidava também continuam lá. Ela apenas partiu para uma forma radical de fugir deles se escondendo no meio de um grupo de suporte e o mais que esses problemas o incomodarem o mais fanática a pessoa se torna. Nisso entra os religiosos com tendência gay que se tornam homofóbicos, temor da sexualidade feminina levando a buscar reduzir direitos da mulher, e qualquer busca por extensão de exercer o controle em outras pessoas para nunca precisar ver o que sente medo em si mesmo incluindo o fato de que algumas pessoas não apenas não se “incomodam com Cristo” como não sentem necessidade nenhuma dele.
Obviamente, com pessoas mentalmente equilibradas, este artifício não resulta em nada.
26ª JUSTIFICATIVA: CREIO PELA FÉ
Confusão amplamente espalhada e explorada entre comunidades religiosas. A idéia que se alguém aponta erros no texto da Bíblia, essa pessoa estará recusando a Deus. Diante desse conceito, supõe-se que pessoas que se tornem emocionalmente dependente do grupo religioso para convivência social, suporte ou família não aceitam/admitem ou assumem erros no texto da Bíblia não importa quão óbvio eles sejam. A linha normalmente utilizada nesse sentido é “creio pela fé”, a qual simplesmente tem qualidade nula como resposta a uma pergunta como “como as plantas poderiam sobreviver se foram criadas antes do Sol, segundo Gênesis?”
Isso em geral seria melhor descrito como “se disser que não creio, vou perder status“, porque na verdade a pergunta não tem relação qualquer com crença. É apenas uma pergunta pertinente ao tema. Uma crença aprofundada não negaria raciocínio e questionamentos mas os estimularia; mas, ao invés disso temos uma cultura da necessidade de negação onde qualquer pessoa que apontar uma opinião divergente, será “alguém que não acredita” e estará fadada a ir pro Inferno.
Em geral esse argumento tende ao religioso justificar sua fé através dos benefícios sociais que a comunidade religiosa lhe ofereceu, contudo não responde à questão apresentada.
Afinal de contas :“Não me importa se antes você bebia sem parar, usava drogas, se prostituía em bar gay, teve pai com câncer ou o que seja. Apenas responda como plantas iam sobreviver se o Sol foi criado no dia seguinte!”
27ª JUSTIFICATIVA: A BÍBLIA É POLÊMICA
No caso de não haver como refutar argumentos contrários, a tentativa de salvar a Bíblia de parecer meramente mal escrita está em dizer “ela ser polêmica”. Polêmica eles tentam alegar como “provoca questões que nos fazem pensar”, para evitar assumir “só eu acho que ela diz algo relevante”.
Algo seria polêmico se causasse choque, a Bíblia não causa isso, causa apenas indignação e irritabilidade em ver pessoas negando de toda forma assumir erros evidentes e contradições ululantes.
28ª JUSTIFICATIVA: REFERÊNCIAS FURADAS
Extremamente comum. Isso se configura quando durante tal discussão o religioso vai apresentar suas referências para embasar seus argumentos e demonstra fontes, para dizer o mínimo, questionáveis e amplamente tendenciosas. Normalmente isso acontece muito durante debates sobre a Arca de Noé e o dilúvio com fontes como “cristoévida.com”, “livro a santíssima trindade de acordo com as irmãs carmelitas” ou alguma outra fonte risível do texto.
Raramente alguém vai encontrar uma referência de uma fonte internacionalmente reconhecida e imparcial favorável a algum absurdo bíblico, pois atentaria contra a seriedade da própria instituição; ainda mais comum quando algum religioso encontra alguma referência de alguma instituição mais reconhecida, ele extrapola o que foi alegado em prol de seu argumento.
Um exemplo típico está em discussões sobre a possibilidade do dilúvio mencionado na Bíblia, Gilgamesh e outras lendas locais fossem referentes a um possível Dilúvio que teria criado o Mar Negro. O religioso vai tentar descrever isso como “prova que o dilúvio aconteceu como descrito na Bíblia e foi global” (dependendo do grau de sanidade do defensor), evitando tocar no assunto de que nada no texto alegaria ter sido causado por uma chuva de 40 dias ou ser mundial. Ou que as lendas sobre o dilúvio são gritantemente diferentes.
Não raro são citados quaisquer livros de quaisquer autores que seja, conhecidos ou não, sério ou piada da comunidade científica, contanto que ele suporte o que a Bíblia diz e busca-se reduzir a relevância de escritores muito mais sérios e proeminentes sobre o assunto, como Darwin ou Stephen Jay Gould, por exemplo.
Inventar livros imaginários e autores que sequer existem, como o tal Russel Norman Champlin, de quem nem a editora dele no Brasil (Hagnos) conhece, é muito comum também. Vale tudo para impor uma opinião. Até mesmo o mau-caratismo intelectual.
Mas, quando usamos a própria Bíblia deles para mostrar que alguns de seus próprios dogmas são insustentáveis pelo próprio livro que eles têm como “sagrado” (ver Santíssima Trindade Desmascarada), os religiosos também não aceitam. Logo, não é questão de se usar uma fonte religiosa ou não. É questão da conveniência de usar o que sustenta as proposições deles, por mais absurdas que possam parecer.
http://ceticismo.wordpress.com/religiao ... mascarada/
29ª JUSTIFICATIVA: FALOU “MEU DEUS” NA HORA DE APURO
O típico argumento tão obviamente falso quanto comum entre religiosos.
Existe essa lenda entre religiosos que se uma pessoa utilizar a expressão “meu deus” em alguma situação, essa pessoa necessariamente estaria admitindo alguma crença teísta, inclusive apesar do número quase infinito de crenças teístas pelo mundo afora, essa expressão estaria sendo utilizada exclusivamente em relação ao deus cristão.
E se alguém falasse “puta merda” ou “fodeu” isso seria confissão de adorar um monte de esterco ou um ato sexual santificado? E se a pessoa dissesse “diabo!” então ele seria satanista, embora houvesse praticado cristianismo sua vida inteira? Isso sem falar no uso das diversas expressões referentes aos órgãos sexuais.
A questão é que essas são simplesmente expressões cotidianas utilizadas inconscientemente e, para tristeza dos religiosos que odeiam admitir isso, o que uma pessoa realmente acredita é demonstrado em seu comportamento cotidiano e na direção que dá à sua vida, e não a uma expressão genérica qualquer, utilizada em alguma situação extrema. Caso fosse essa expressão o que definisse a crença então as outras expressões estariam igualmente validadas como provas de crença teísta em esterco, atos sexuais, satanismo, parto de prostitutas, esfíncter, bastardos, virgindade, negação, etc.
30ª JUSTIFICATIVA: HISTORINHAS DA CAROCHINHA
Vez por outra você vai ouvir isso de algum religioso. No meio de um debate ele vai interromper tudo para aparecer com uma história genérica do estilo:
Um ateu estava numa palestra e um cara humilde comeu metade de uma laranja e perguntou para o ateu se ele sabia se a outra metade estava boa. O ateu respondeu “não sei” e o religioso disse “e como você vai saber sobre o que você não experimentou então?”
No meio religioso esse tipo de coisa é inexplicavelmente visto como sabedoria ou profundidade; sabe-se lá porque. Deve-se por falta de algo inteligente a dizer.
A verdade é que, em geral, todas essas historinhas são tão furadas que poderiam facilmente ser invertidas contra o próprio religioso. Usando a mesma história um ateu poderia alegar “e você nunca experimentou não acreditar em deus”. Dificilmente alguma dessas histórias não seria facilmente reversível para qualquer coisa que a pessoa que a utilizando escolhesse. Por isso que essas histórias são designadas genéricas e não servem como base real de argumento nenhum.
31ª JUSTIFICATIVA: TU ÉS ARROGANTE
Fatalmente se o religioso ver que não vai conseguir te converter de forma alguma, ele vai partir a lhe imputar alguma forma caricata de defeito pessoal que te “impede de ver a glória do senhor”. O mais normal costuma ser qualificar a pessoa como arrogante e sem “a qualidade cristã da humildade”. Convém apontar que a qualidade cristã da humildade inclui tentar converter todo mundo à sua crença, como quem pensasse diferente estivesse errado ou perdido.
A questão é que o fato de uma pessoa ter uma opinião diferente não a qualifica como arrogante; e se ela tiver um conhecimento mais embasado sobre o que acredita realmente, não vai existir motivo algum para ela mudar de opinião se não forem apresentados argumentos à mesma altura e com o mesmo nível de profundidade. Isso não é arrogância, é apenas ser seguro de si, não implica a pessoa desrespeitar crenças diferentes ou ser incapaz de se importar com outros seres humanos. Qual sentido teria uma pessoa que estuda a vida toda mudar de ideia baseado em um argumento falho? Existe uma beleza e poesia na simplicidade, verdade, contudo essa simplicidade necessita ter profundidade não ser simples pelo mero fato de pobreza de ideias.
Em geral isso acaba consolidando um conflito cultural entre pessoas cultas e pessoas desinformadas, e como cada um vai ter de definir um ao outro através de suas perspectivas pessoais para justificar a si próprios seus estilos de vida diferentes. Talvez ambos estivessem vivendo no mesmo ambiente cultural seriam bons amigos, mas nessa situação a comunicação mútua se torna completamente truncada e incompreendida.
32ª JUSTIFICATIVA: BLEFAR
Esse se baseia quando o religioso responde com termos vagos, tentando reduzir as alegações, sem apresentar nenhum argumento efetivo. Normalmente envolve frases como “não vou nem responder sobre isso”, “ah, você acredita em qualquer coisa que te dizem” (o fato deles acreditarem unicamente porque o pastor disse é esquecido nesse momento), “existem provas irrefutáveis sobre o assunto” (sem apresentar as provas, como sempre), “se você duvida, procure ver se minhas afirmações são corretas” (inversão do ônus da prova) e quaisquer outras linhas nesse estilo que buscam apenas reduzir a relevância do que foi apresentado sem apresentar nenhuma prova efetiva que o refute.
A razão dessa tática é simples: ele não tem provas que refutem. Logo ele vai tentar fazer o que foi dito não ser tomado como sério o que qualifica tal tática como blefe e “jogar sujo”.
A melhor forma de resposta à isso é pressionar para que o religioso apresente as provas relativas ao que alega, quanto mais que ele se mantiver nesse jogo buscando se esquivar, mais evidente se torna que ele não tem argumento contrário nenhum. Fatalmente o argumento apresentado vence o blefe do religioso por falta de ter sido realmente refutado com evidências. O único resultado disso é ver o religioso passar vergonha por ficar fugindo desabadamente; o que é deveras engraçado.
33ª JUSTIFICATIVA: TU ÉS DO MUNDO
Semelhante às justificativas anteriores sobre “necessita ser fiel para compreender a Bíblia”, essa contudo parte de uma premissa mais separatista e radical. A de que assume que religiosos e infiéis não fazem parte do mesmo grupo de forma alguma e deveriam ser mantidos separados.
Talvez esse conceito funcionasse se eles todos se isolassem para viver numa ilha e não fôssemos obrigados a conviver uns com os outros, votar em políticos, decidir juntos quem vai ser o presidente do país, enfim não houvesse as questões comuns à sociedade que devem ser discutidas entre todas as pessoas em termos de igualdade e busca de interesses comuns. E dar dinheiro público para igreja não vai ser nenhum interesse comum.
Tal conceito também seria ainda mais funcional se eles não seguissem uma cultura de “vamos converter e espalhar a palavra de Cristo, mesmo contra a vontade”, ainda que as outras pessoas não tenham interesse nenhum sobre o assunto. Então baseado no “se você queimar minha casa eu queimo a sua” eles buscarem invadir fóruns de discussão e blogs para pregar, berrarem frases da Bíblia no meio das ruas, fazerem movimentos em prol da censura, moral e bons costumes ou qualquer outra tentativa de invadir e impor sua visão sobre a vida de pessoas de crenças diferentes. Eles não estão cumprindo sua proposta divisiva. Fatalmente o tanto que eles invadem para pregar a palavra abre margem para pessoas com interesses contrários fazerem o mesmo. Só que eles não aceitam. E acabam partindo para os xingamentos e ameaças logo de saída.
Se religiosos querem acreditar que as pessoas fora de sua igreja são completamente diferentes e perdidos, porque então eles não os deixam em paz? Deveriam esquecer que existem e viver sua vida na igrejas sem incomodar ninguém. Afinal, a bem dizer essas “pessoas do mundo” também acham que eles estão desperdiçando suas vidas com castidade excessiva, falta de experiência sexual, arrogância moralista, ignorância cavalar, preconceitos generalizados contra “drogados e gays”, homofobia e tantas outras coisas e não estão pagando para uma parada de gogo girls invada sua igreja dançando seminuas enquanto bandas tocam trash metal.
34ª JUSTIFICATIVA: METÁFORA
Uma desculpa clássica e extremamente utilizada.
Para uma definição de verdade sobre o que é metáfora, podemos encontrar AQUI
A justificativa preferida dos religiosos, a que pode solucionar todas as perguntas e resolver todos os problemas sem responder absolutamente nada.
• Se algo for literalmente ridículo a resposta seria: metáfora;
• Se for absurdo: metáfora;
• Sem sentido: metáfora;
• Idiota, tolo e esquisito: metáfora;
• Se for literal: metáfora também, só por via das dúvidas.
O termo é utilizado de forma tão amplamente abusiva e mecânica como estivessem apenas apertando o botão “resposta para que eu não precise pensar sobre o assunto”.
A primeira coisa a ser notada:
Alegar algo como sendo “metáfora” per se não é uma resposta. Se alguém alega tal pseudo-resposta, se coloca na posição de ter de esclarecer em que sentido isso seria uma metáfora e seu significado invés de literal, ainda mais se o texto não indicar isso de forma alguma.
Ironicamente a maioria das pessoas que usam esse termo mal tem noção do que ele realmente se trata e não seriam capaz de fornecer tal especificação;
O principal ponto nesse tipo de argumento é nunca estabelecer de forma clara e objetiva o que e por que seria metáfora ou literal para o religioso poder sempre caminhar por uma linha turva de argumentos que nunca se definem concretamente, assim ele pode alegar algo ser metafórico ou literal de acordo com sua conveniência. Dificilmente se conseguirá que o religioso que usa essa muleta de argumento defina como se reconhece algo ser metafórico ou literal;
Se alegar algo ser metafórico, nunca define o que a metáfora significa e parta para termos ainda mais vagos como “não se compreende a sabedoria divina”, “isso é muito profundo”, “os desígnios de Deus são misteriosos”; mas nunca esclareça.
Normalmente, quando indagados, o “manual religioso de fugas” ensina o seguinte:
“Se alguém lhe apontar a definição de metáfora alegue que você OBVIAMENTE sabe o que é metáfora e nunca utilizaria o termo sem conhecê-lo. Se pedirem que dê exemplos literários de metáforas para compreender sua definição, fuja do assunto.”
Bom, se um religioso alega algo ser puramente metafórico, ao mesmo tempo ele está definindo sua interpretação literal como errônea, algo muito esquecido. Por isso, uma frase como “a criação do mundo em Gênesis é metafórica” nunca fará sentido nenhum quando dita por um criacionista. A principal forma de derrubar esse argumento é apontar isso, pois força o religioso a definir sua posição sobre o texto, não poucas vezes, como no exemplo de criacionistas, ele vai ter de encarar entre escolher uma coisa e negar outra em prol do argumento. E escolher uma definição é o que ele evitou desde o começo e o motivo de ter usado essa desculpa furada.
Os religiosos se esquecem que, a partir do momento em que você abandona aquilo que está escrito, preto no branco, e partem para outras explicações, eles próprios acabam se tornando parte da “inspiração divina”. Isso lhes dá o direito de adivinhar o que Deus pensa, o que Deus quis dizer, e o que Deus quer. Logo, surgem inúmeras interpretações diferentes para um mesmo texto. E qualquer justificativa é válida, desde que não seja a mais simples, aquilo que está escrito ali, no papel.
Por quê? Simplesmente porque se for aceitar aquilo como está escrito, literalmente, a crença irá por água abaixo.
35ª JUSTIFICATIVA: EU ERA COMO VOCÊ
Vez por outra nós vamos acabar nos deparando com as vítimas de casos como os descritos na justificativa nº 25 (perdidos que se salvaram) que partirão de frases como essa.
Isso é uma completa presunção, pois enquanto crenças institucionalizadas como as cristãs pregam uma forma de cultura e pensamento comum (contra camisinha, contra sexo antes do casamento, contra gays, etc), ateus e agnósticos não possuem uma instituição-núcleo que direcione seus modos de pensar. Ateus e agnósticos são em grande maioria movidos por pensamento independente. Não têm largas reuniões toda semana discutindo a inexistência desse ou daquele deus. Em boa parte que eu me lembre os agnósticos e ateus estão mais preocupados em cuidar de suas próprias vidas que se preocupar com o que um deus que poderia existir ou não pensaria sobre o assunto. E ainda assim isso não é algo que poderia ser aplicado a todos, porque a diversidade de ideias se torna muito maior quando as pessoas acreditam em algo baseados em suas experiências pessoais, ao contrário de igrejas que apelam ao apego emocional generalizado.
Enfim, não se sabe porque tal religioso era ateu e deixou de ser, só se sabe que ateus e agnósticos não têm nada a ver com isso. Se alguém era ateu apenas porque teve problema de mulher que o deixou e ficou com “raivinha de deus” até que a raiva passou (típico “ateu de fim-de-semana”), isso seria completamente diferente da perspectiva de um ateu convicto, além de ser arrogante e presunçoso esperar que alguém que você nunca viu na vida, e nem sabe nada sobre, seria ateu ou agnóstico pelos mesmo motivos que você foi um dia.
E, pelo argumento inverso, que religiosos adoram esquecer, um ateu poderia igualmente dizer “eu já fui religioso um dia como você”. E daí? Ele deveria assumir que o religioso um dia vai ver a sabedoria e voltar à luz da razão do ateísmo?
36ª JUSTIFICATIVA: NA DÚVIDA, VALEM OS DOIS
Muito usada em conjunto com a justificativa nº 34 (metáfora), essa desculpa é mais usada em contradições, de forma a se acreditar que ambas as passagens são verdade. Por exemplo, Judas se enforcou ou se atirou de um precipício? Resposta: Os dois. Ele se enforcou em uma árvore na beira de um precipício, o galho quebrou e ele caiu.
Foi Judas ou os sacerdotes que compraram o campo do oleiro? Os dois. O dinheiro era de Judas, mas os sacerdotes compraram.
Essa justificativa pode chegar a absurdos imensos, a ponto de requerer um grande esforço mental para compreender como passagens diferentes podem significar a mesma coisa.
Foi Deus ou Satanás quem tentou Davi a numerar o povo? Os dois. Satanás o tentou, e Deus o permitiu. Ou seja, usa a tática da negação para “justificar” (apenas na mente do religioso, é claro) qualquer contradição.
Admitem na cabeça deles que não há contradição nenhuma, apenas uma história mal contada. Só que não explicam por que a palavra de Deus tem tantas histórias mal contadas. Não explicam como é possível tantas pessoas divergirem tanto sobre assuntos tão simples. Pois se ambas as hipóteses ocorreram, o que impediria de ambos os autores contarem a mesma coisa? Ainda mais com “inspiração divina”?
Isso mais parece uma daquelas mentiras mal contadas, e quando a pessoa é pega em um deslize, contradizendo-se, nega a todo custo que tudo era mentira, e tenta “remendar” a história para parecer verídica. É exatamente esse o caso com a Bíblia.
37ª JUSTIFICATIVA: FOI ESCRITA POR VÁRIAS PESSOAS
Semelhante à justificativa nº 15 (questão de época), porém invés de embasada na desculpa de costumes está baseada em pessoas diferentes. Esse argumento poderia justificar algo se não alegassem a Bíblia ser um livro perfeito inspirado por Deus. Para justificar essa afirmação então não pode ter desculpas como essa: o livro TEM que ser perfeito ou a afirmação está invalidada.
O principal problema desse argumento é que admite a contradição mas não a Bíblia ser inerrante, também assume um ponto secundário: A Bíblia não ser coerente em si por ter sido escrita por pessoas sem relação alguma de cultura, época, costumes e compreensão.
Esse argumento inconscientemente admite a Bíblia como uma colcha de retalhos de várias histórias colocadas juntas sem muita relação além de uma frase geral sobre um único deus. Então teremos os trechos sobre esse deus ser bondoso, ou ele exigir sacrifícios, ou destruir a terra porque de repente se decepcionou, pregar leis e mandar desobedecê-las em seguida e por aí vai.
Inevitavelmente, sob um ponto de vista coerente, esse argumento funciona mais contra a Bíblia ser um livro perfeito que a favor.
38ª JUSTIFICATIVA: FOCO NO MENOS RELEVANTE
Isso é comum, não apenas em discussões com religiosos, mas em discussões com qualquer pessoa que não consegue compreender o tema geral que está sendo discutido (resumindo: idiotas), e busca se apegar aos detalhes que apreende dentro de seu campo de compreensão. Em geral os menos relevantes; é o paralelo a uma pessoa que não compreende nada de ciência ouvindo alguém explicar sobre física quântica e se o cientista citar a palavra “galinha” no meio do debate a pessoa começa a tentar falar sobre a granja que visitou.
Com religiosos funciona da seguinte forma: Você apresenta um monte de argumentos que apontam para fatos inquestionáveis de erros da Bíblia, de repente eles vão focar em algum exemplo mínimo que você disse, sem refutar o argumento principal. Por exemplo “como você pode falar tal coisa se você foi numa festa de natal?”
Normalmente costuma ser um argumento facilmente rebatido pois já é baseado no religioso não ter compreendido completamente o que foi dito, mas se eles tiverem a oportunidade, eles estenderiam toda a discussão a um tema paralelo completamente irrelevante e fugiria da contradição apontada.