O que te fez abandonar a religião X?

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O que te fez abandonar a religião X?

fenrir
Mensagens: 735
Registrado em: Qui, 19 Março 2020 - 21:59 pm

Mensagem por fenrir »

Começo por mim,

Educado mais ou menos como católico não-praticante (ou cristão de cafeteria) na infancia, mais pela sociedade e escola que pelos pais.
Igreja ia muito raramente, quando tinha casamento e missa de 7o dia. Achava meio entediante.
Apesar disso, fiz 1a comunhão.

Espírita Kardecista na adolescência. Mais participativo que na fase católica: fui a centros com alguma regularidade e li alguns livros espíritas.
Mas nunca li os do Kardek por completo, só uma parte ou outra. Lembro-me de ter lido na íntegra e me impressionado com "o Matuto" e
mais uma meia duzia de livros nesse estilo. Naquela época eu acreditava em reencarnação.

Abandonei o espiritismo mais ou menos no final da adolescência e juntamente com ele, qualquer outra fé.
Nessa época, comecei a ler autores como Sagan e me interessar por ciência e filosofia.
Foi um processo lento e gradual, sem conflitos.

Mesmo depois disso ainda tentei ver se encontrava alguma religião que me apetecesse.
Pesquisei sobre Budismo, Taoismo, Confucionismo, Wicca, Satanismo e religiões (neo)pagãs.
Mas nenhuma delas me conquistou por completo e sigo firme no meu "niilismo religioso".
Editado pela última vez por fenrir em Seg, 01 Novembro 2021 - 12:29 pm, em um total de 1 vez.

Re: O que te fez abandonar a religião X?

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Fernando Silva
Conselheiro
Mensagens: 5118
Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

Nasci e fui criado numa família católica, numa sociedade católica. E estudei em escolas católicas.
Não havia Internet e não tive contacto com ateus ou pensamento crítico.
O que enfiaram na minha cabeça era verdade e pronto.

Mas eu não gostava daquilo, não sentia nenhum prazer em ir à igreja.
Não entendia o pessoal que cantava alto, com entusiasmo, e fazia proselitismo.
Para mim, religião era tipo escovar os dentes: algo desagradável, mas que tinha que ser feito.

Eu tinha dúvidas, mas descartava todas com o "argumento" de que era limitado e incapaz de entender "as coisas de Deus".
Mas veio o Concílio Vaticano II e aquilo que me parecia uma rocha inabalável rachou.
De um lado, os novidadeiros, de outro os tradicionalistas, que não aceitavam as mudanças.
Não sabia o que fazer, portanto fechei os olhos e segui em frente, mas aquilo foi o início.

O golpe final foi a praga dos neopentecostais: fizeram sucesso, roubaram fiéis da ICAR para as igrejecas de crente.
A ICAR reagiu imitando suas técnicas: missas barulhentas, musiquinhas idiotas, padres fazendo teatrinho etc.
Isto me irritou tanto que acordei do meu sono conformado e comecei a reparar no que se dizia na missa.
Descobri um monte de aberrações e babaquices e, aos poucos, fui aceitando minhas dúvidas e descartando coisas até que não sobrou nada.
Tive que admitir para mim mesmo que tinha perdido a fé.

E foi justamente aí que comecei a estudar a Bíblia, o que, ao invés de me levar de volta ao rebanho, só piorou as coisas.
Quanto mais lia, mais absurdos encontrava. Com a Internet, percebi que não era o único e descobri um monte de argumentos novos.

Nunca tive uma dependência emocional da religião. Descobri que era besteira, deixei pra lá, ponto final.
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