O Universo existe, ponto final.
Mais ou menos, não é tão simples assim não.
Por exemplo: o universo tal como conhecemos, que aparece para os nossos sentidos,
não é O Universo enquanto coisa-em-si, mas tal como se apresenta quando traduzido pela mente humana.
Ou seja, nós conhecemos os fenômenos que exteriorizam o Ser de um modo diferenciado, linear & temporal,
mas não o que ele é em Si mesmo. O mais próximo que temos da experiência do Si-mesmo é a experiência que temos de nós mesmos.
E como experimentamos nós mesmos? Como volição, agência e intelecção. Como experiência consciente, pessoal e subjetiva.
Consciência sem a qual o universo inteiro permaneceria absoluta e completamente desconhecido, incognoscível, um nada.
Essa posição: de que o Universo existe tal como se apresenta aos sentidos, independentemente de nós,
é chamada, na Filosofia, de "realismo ingênuo". O responsável por virá-la do avesso foi Kant.
Não acho nada até que se prove que a realidade foi criada por uma inteligência.
Mas essa prova não é possível dentro da Representação (fenomênico), que é o que conhecemos empiricamente.
O que está para além do fenomênico não se apresenta de modo representável, exterior, sensório.
A natureza experimentada desse modo que conhecemos, espacial, temporal, etc.,
é a natureza naturada, exterior, e não a natureza naturante que a fundamenta.
Em outras palaras, não é a raiz da árvore, mas somente do tronco para cima.
Porém, o que sustenta o tronco são as raízes ocultas e subjacentes.
Por sua própria natureza (por serem raízes), não vem à superfície.
O que chega à superfície é somente o Causado (e não Causa).
Por isso, o fundamento do mundo fenomênico,
não pode ser encontrado dentre os fenômenos.
Dizer "Não sei" às vezes é a única resposta honesta.
Sem dúvida é uma das posturas mais respeitáveis e incondicionalmente superior à do determinismo materialista.
Essa Lei Moral foi definida por uma entidade ou existe externamente a ela?
A materialidade foi definida por um corpo material ou existe externamente a ele?
A materialidade não é, ela mesma, um corpo material, mas só existem corpos materiais porque ela existe.
Do mesmo modo, o Logos não é, ele mesmo, uma lei entre leis, mas é necessário para que haja todas as leis.
O Logos é tão intuitivamente abraçado por nós que, até argumentando, recorremos à Razão, à lógica, à intelecção.
Nós sempre admitimos, direta ou indiretamente, que a Razão Universal é soberana sobre todas as questões.
Se não admitíssemos o império da Intelecção, da Causalidade, sequer esta discussão faria algum sentido.
Ela é a vontade dessa entidade ou essa entidade tem que obedecer a ela?
Se fosse vontade, seria um capricho subjetivo e sem fundamento.
Uma coisa não é pecado porque "Deus desgosta" caprichosamente,
Deus desgosta porque a coisa é ruim para a sua alma, como uma doença.
Ciúme, inveja, vingança e cobiça são como doenças, porque envenenam sua alma.
Essas coisas são pecados em consequência do dano que perpetram.
Elas não perpetram dano porque foram caprichosamente desgostadas.
Quanto mais se estuda, mais complica inteligibilidade e ordenação.
De um paradigma limitado e limitador,
daí as rupturas dos paradigmas científicos,
muito bem estudados por Thomas Kuhn.