criso escreveu: ↑Qui, 03 Dezembro 2020 - 09:45 am
Por mais que objetivamente analisando não tenha nexo nem fundamento algum,
é estranho o quanto essas coisas estão entranhadas na realidade prática popular.
Não é raro saber de alguém que caiu em depressão, drogas ou definhou
e depois descobrirem que "fizeram um trabalho" para ele ou algo assim.
Muitos ateus deste fórum tremeriam na base ao encontrar um despacho de macumba em frente à casa.
E por mais que não haja comprovação científica, tudo isso é uma realidade para tantas pessoas.
Como pode? Pura estupidez humana? Fatores que desconhecemos?
Na minha família correm duas histórias assim.
Pura evidência anedótica, eu mesmo não tenho como saber se é verdade.
A primeira é a história do "bicho que mordia". As pessoas que contavam (no caso minha avó) eram acima de qualquer suspeita.
Mas, por outro lado, eu já vi até uma história bem parecida em um filme nacional (o filme é posterior aos relatos da minha avó) então é esquisito isso. Parece meio que coisa que faz parte do cancioneiro popular. Mas no momento não estou com os detalhes dessa história frescos na minha cabeça. Eu vou ver se alguém me reconta isso e depois atualizo aqui. Se eu conseguir.
A outra eu lembro bem. Quem contou foi minha mãe, mas minha mãe é menos insuspeita que minha avó. Pra essas coisas eu confiaria mais na minha avó que na minha mãe.
É também sobre uma mulher.
Essa mulher minha mãe conheceu na pracinha em frente ao prédio onde morávamos. Nessa pracinha as mães levavam seus filhos pequenos pra brincar e ficavam conversando.
Um dia essa moça começou a ficar doente, definhar, perder as forças. E ninguém descobria a causa da doença. A mulher já estava desenganada quando alguém (essa parte não lembro exatamente) revelou que haviam feito um trabalho e ela encontraria uma espinha de peixe enterrada em um determinado vaso de planta.
Dito e feito. Lá estava a espinha de peixe e foi feito alguma coisa para desmanchar o tal trabalho e a moça se recuperou.
A amante do marido teria sido a mandante do trabalho.
E tem essa outra que eu sei que é verdade.
Quando eu era criança, um dia eu e um amigo achamos um bolo de cartas antigas jogadas fora em um terreno baldio que era vizinho à casa de um outro coleguinha nosso. Por curiosidade pegamos várias daquelas cartas e levamos pra ler. Pra bisbilhotar a vida alheia mesmo, porque a gente viu que as cartas eram endereçadas à irmã do meio desse nosso amigo. (Eram duas meninas e dois meninos mais novos)
Em um tempo pré-internet existia um hobby que a geração atual estranharia muito: os clubes de correspondência.
De alguma forma a pessoa se filiava a um destes clubes e passava a se corresponder com estranhos em qualquer lugar do país e até do mundo.
As duas irmãs mais velhas desse colega haviam cultivado esse hobby uns anos antes, mas agora, aparentemente, não tinham mais interesse nisso e uma delas havia jogado fora antigas cartas que tinha recebido. Foram estas cartas que a gente encontrou.
Só tinha perfumaria, bobagem nas cartas, e eu nem lembro de nada mas a única coisa que a gente guardou na memória é que todas as cartas eram para a irmã do meio, e muitas se referiam ao estado de saúde da irmã mais velha, diziam estar rezando por ela... coisas assim...
Enfim, parecia que nesse período a irmã mais velha havia ficado doente. Aparentemente algo sério.
Evidentemente nunca comentamos com o colega que tínhamos pego as cartas da irmã e isso foi esquecido...
Ok, das tais cartas eu só lembrava disso quando, muitos anos depois, já na adolescência, esse amigo acabou me contando uma história que encaixava certinho com o que tínhamos lido naquelas cartas. Era algo sobre o qual eles eram muito discretos, um assunto no qual evitavam tocar.
A irmã mais velha foi diagnosticada com leucemia. A família fez de tudo, gastou o que tinha e o que não tinha, mas era sem solução, não havia mais o que fazer.
Só que durante todo esse tempo havia alguém (não me lembro se uma empregada, aí já não lembro... ) que insistia pra levar a menina a um macumbeiro lá que ela conhecia. Mas pra essa família, católica, era fora de cogitação.
Só que no fim o pai desesperado - e contrariando até a mãe - acabou levando mesmo a filha ao tal lugar.
Fez o trabalho, fez as macumbarias lá... e a garota se recuperou!!!!!
Quando eu perdi contato com eles, essa moça já tinha quase uns 30 anos. Estava casada e morando fora do Brasil.
Nunca mais teve nada.