LUÍS DE ALMEIDA
luis.dalmeida@clix.pt
Porto (Portugal)
Ainda no tema da Evolução, este é um artigo do Dr. Luís de Almeida, astrofísico, português e completamente envolvido com o movimento espírita europeu.
Cosmologia e O Livro dos Espíritos
Hoje, estamos a obter comprovações bastante importantes por parte de alguns astrofísicos, cosmólogos e físicos modernos na descoberta de uma consciência para lá do mundo das partículas.
Cosmologia & Especulação
A cosmologia é uma ciência única por várias razões. De um ponto de vista formal, a mais importante é que em cosmologia só podem fazer-se observações, e não experiências. Existe apenas um Universo para estudar, do qual, aliás, fazemos parte, e não é portanto possível alterar este ou aquele parâmetro, este ou aquele ingrediente, e registar o que acontece de diferente. Naturalmente isto conduz a alguns problemas sutis. Por exemplo, a questão de "quão especial é o nosso Universo" é de formulação complexa, porque não há um "Universo típico" que possa servir de comparação. Obviamente o simples fato de a nossa espécie existir impõe limitações a possíveis percursos evolutivos ou significado físico. Sob o ponto de vista prático, no entanto, a maior dificuldade está no fato de as escalas características de espaço e tempo em cosmologia serem muito superiores às habituais. Assim a Lua, que se encontra a cerca de 400.000 km, está a cerca de 1,3 segundos-luz. Note-se que ao olhar para a Lua não a vemos tal como ela é agora, mas sim tal como era há 1,3 segundos. O céu noturno é de fato uma "máquina do tempo".
Salientamos ainda que a expansão do Universo é uma expansão do próprio espaço, e não uma expansão das galáxias num espaço que já existe. De fato, o espaço é "criado" à medida que o Universo se expande. Além disso, também não é correto imaginar o começo do Universo como uma explosão em algum ponto do espaço, primeiro porque não existe qualquer ponto privilegiado (o Universo é homogêneo) e segundo porque o conceito de explosão está associado a um gradiente de pressão (e o Universo é isotrópico). Em particular, o Universo pode expandir-se tão depressa quanto quiser: a velocidade de expansão não está limitada pela velocidade da luz, porque não existe qualquer transporte de energia nessa expansão.
Normalmente, designa-se por especulação algo com que não se concorda, pelo que se poderia pensar que a especulação não tem qualquer papel a desempenhar em ciência. Na verdade, dá-se exatamente o contrário. Em física teórica, e especialmente no ramo da cosmologia, passamos a maior parte do tempo a tentar descobrir falhas nas teorias que já existem, bem como a analisar novas teorias especulativas que porventura permitam descrever tão bem ou melhor que as anteriores os dados experimentais. Uma das ferramentas é duvidar de tudo o que outros propuseram antes, para propormos nós próprios alternativas ousadas e para discutirmos interminavelmente entre nós. A tudo isto, chama-se ciência. (10)
Espaço-tempo negativo – O Mundo Espiritual
Nós, astrofísicos, sabemos que 95% da matéria/energia existente no Universo é desconhecida, a chamada “matéria escura”. Dentro do nosso limitado conhecimento, sabemos que uma partícula acelerada à velocidade da luz gasta uma energia exponencialmente maior, até que em certo ponto o aumento de sua velocidade necessita de uma energia astronomicamente grande, quando se inserem números maiores que o da velocidade da luz na equação de Einstein-Lorentz:
O matemático Charles Muses que parte do postulado da sua validade, deu a eles o nome de hipernúmeros.
Os hipernúmeros traduzem efeitos de energias superiores às da luz em velocidade. A partir do seu postulado, Muses elaborou um gráfico onde temos uma imagem em espelho:.....
"não consegui copiar a imagem"
A matéria espaço-tempo positiva só pode existir abaixo da velocidade da luz, ou no universo espaço-tempo físico. A esfera espaço-tempo negativo será composta por partículas que se deslocam a velocidades maiores que a da luz. Essas partículas são denominadas de Taquion.
Podemos especular que esse universo espaço-tempo negativo poderá ser o universo do plano espiritual; de massa negativa e entropia negativa, onde o grau de desorganização tende a zero, por outras palavras, tende a ser “imutável” ou “eterno”.
Socorramo-nos d’O Livro dos Espíritos (6):
84. Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?
“Sim, o mundo dos Espíritos, ou das inteligências incorpóreas.”
85. Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal, na ordem das coisas?
“O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo.”
86. O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita?
“Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem.”
Na “Introdução” do mesmo livro no Cap. VI lê-se Allan Kardec:
«Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram, a fim de mais facilmente respondermos a certas objeções.
“Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.”
“O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.”
“O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.”
A Física Moderna leva-nos ao encontro do Espírito e de Deus
Vários físicos teóricos afirmam que a mecânica quântica pode constituir uma ponte entre a ciência e o mundo espiritual, pois, segundo ela, pode–se “reduzir” a matéria, de forma subjetiva e no domínio do abstrato, até à consciência – causa da “intelectualidade” da matéria. A consciência transforma as possibilidades da matéria em realidade, transformando as possibilidades quânticas em fatos reais. Essa consciência deve apresentar uma unidade e transcender o tempo, espaço e matéria. Não é algo material, na realidade, é a base de todos os seres.
Vejamos o que nos diz o professor de Lyon n’O Livro dos Espíritos (6):
23. Que é o Espírito?
“O princípio inteligente do Universo.”
a) Qual a natureza íntima do Espírito?
“Não é fácil analisar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa.”
Tanto é assim, que os físicos teóricos e astrofísicos postulam a existência de uma “partícula”, que seria a partícula “fundamental”, que ainda não foi encontrada, mas a qual o Prêmio Nobel da Física Leon Lederman denomina a “partícula divina”. Partícula essa decisiva, pois é ela que determina a massa das restantes, bem como a coesão dada pela gravidade dos 95% do Universo ainda desconhecido.
Socorramo-nos novamente de Allan Kardec n’O Livro dos Espíritos (6):
25. O Espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?
“São distintos uma do outro; mas a união do Espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.”
26. Poder-se-á conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito?
“Pode-se, é fora de dúvida, pelo pensamento.”
Cabe lembrar que os físicos, a partir das pesquisas do norte-americano Murray Gel-Mann, Prêmio Nobel em 1969, nos aceleradores de partícula, já admitem a existência de um domínio externo ao mundo cósmico dito material onde existem agentes ativos também chamados frameworkers, capazes de atuar sobre a energia do Universo, modulando-a e dando-lhe formas de partícula atômica, ou seja, por outras palavras – o espírito, chamado também “Agente Estruturador”.
Retornemos novamente ao mestre lionês n’O Livro dos Espíritos (6):
76. Que definição se pode dar dos Espíritos?
“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.”
536. São devidos a causas fortuitas, ou, ao contrário, têm todos um fim providencial os grandes fenômenos da Natureza, os que se consideram como perturbação dos elementos?
“Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus.”
b) Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primária, nisto como em tudo; porém, sabendo que os Espíritos exercem ação sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus, perguntamos se alguns dentre eles não exercerão certa influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?
“Mas evidentemente. Nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos.”
O Livro dos Espíritos: uma obra atual e de referência
A Física continua a dar ao Espiritismo uma contribuição gigantesca na confirmação dos postulados espíritas, que de maneira nenhuma nós, os espíritas, poderemos subestimar. Existe uma ciência espírita, com uma metodologia de ciência, assentada nas questões espirituais, mais do que possamos imaginar, e a prova disso é O Livro dos Espíritos – uma obra atual –, um manancial para a Física Moderna, trazendo-nos um novo conceito básico sobre a visão macro e microcósmica de Deus (ao defini-Lo como “a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”), do Espírito e da Matéria propriamente dita.