Gorducho escreveu: ↑Ter, 11 Janeiro 2022 - 17:20 pm
Sr. fenrir escreveu: ↑Ter, 11 Janeiro 2022 - 16:03 pm
Então não me surpreende em nada que aqueles que o fizessem se vissem como pessoas especiais, depositárias de um conhecimento arcano ou coisa similar.
Isto é coisa que uma imaginação minimamente romântica faz num estalar de dedos. Até eu percebo isso.
Alguns eram mais românticos que outros, como os hebreus, que chegaram a dar status místico aos caracteres de sua escrita.
Então... e acontece que devemos perguntar então é quais razões empíricas tenham tais místicos pra crer em cada respectiva associação
Es decir: que de fato haja sucessos do mundo físico — e quais, claro

— que legitimem empiricamente cada dessas (associações particulares feitas).
Precisa ter alguma razão empírica?
Como não conheço nada de hebraico nem de cabala, vai que em alguns casos seja pareidolia (forma atual ou antiga da letra**) ou simples atribuição arbitrária de significado
porque calhou desta ou daquela letra ser parte de palavras carregadas de significado místico-religioso, como o YHVH.
** pode ter evoluido de símbolos pictográficos. Isso é bem evidente no Mandarim.
Há que se considerar que letras podem tambem significar numeros (ex: latim, grego antigo). Não sei se é assim em hebraico, mas se for
é piece of cake estabelecer relações do tipo: a letra que se usa como 1 representa o uno, a que representa 2, o multiplo e dai em diante.
Nesses casos, acho eu, o nome/numero vem primeiro e o significado atribuido a letra vem depois.
Simplesmente calhou daquela letra em particular, chamemos x, representar um Y. Poderia bem ter sido uma outra x' representando o mesmo Y.
Então não há nada de necessário, nem de inerentemente místico nessas associações.
Para mim parecem arbitrárias e não mais que meros acidentes por mais significado e relações se atribuam a elas.
Outros bons exemplos fora hebraico e mandarim: runas e a elaborada escrita nahuatl (dos Astecas)
Acho que isto me coloca junto com os "convencionalistas" (não sei o termo exato), como o Hermógenes do diálogo Crátilo, que dizia serem os nomes produto de costume e convenção.
A outra posição sustenta que haveria entre os símbolos e seus significados uma relação intrinseca, alem de mera convenção.
Não consigo ver como seria.. ou talvez consiga: por outro lado, pictogramas metamorfoseando-se em letras por um processo de abstração e simplificação se encaixe nessa segunda visão,
pois não se pode dizer que o desenho de um pássaro seja totalmente convencional já que ele tem que remeter ao pássaro.
Mas a forma final sim, pois que não guarda mais semelhança com a figura que representava originalmente... difícil decidir.
Eis exemplos dessa progressão (tirado da wikipedia):

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Bom, essas razões todas seriam empiricas, não é?