JungF escreveu: ↑Sex, 25 Abril 2025 - 07:41 am
Amigos Cal Kestis e Gorducho. Quando definimos alguma coisa sempre estaremos limitando essa coisa. Mas o oposto também é limitante pois dá margem a divagações improdutivas. Usamos neste tópico, o termo Universo, mas ainda guardamos uma opinião pessoal sobre a abrangência deste termo.
Desde as conceituações básicas da Astronomia se entende o Universo como o resultado da "
grande explosão", o quê, em termos gerais significando matéria e energia.
Quando nos referimos a Deus, o termo se torna mais abrangente, pois, de costume dizemos "Deus criou o Universo, e aqui, incluímos a natureza e a vida, nele estuantes.
Essa a razão pela qual o Panteísmo é limitante, e não abrangente, quando se pensa em um Deus que, ao mesmo tempo, a tudo cria e que a tudo envolve com vontade pp. e propósito.
Inobstante, o caráter progressivo da DE ainda não se havia considerado o fato de que o avanço das Ciências não seria um simples
avanço, mas alteraria radicalmente conceitos consagrados, renovando até mesmo as filosofias.
Eis porque o Panteísmo ainda não explica o fato de que, Deus, sendo o Todo, a tudo penetra, e como diz Kardec em a Gênese¹, "com o fluido divino". É como se a mente divina penetrasse e desse sentido a todas as coisas
permanecendo distinto delas.
¹ Cap II – Deus, item 24
Essa visão está, de fato, mais próxima da doutrina espírita do que a anterior.
No entanto, ainda percebo um traço de panenteísmo na forma como você descreve que Deus "penetra e dá sentido a todas as coisas", mas "permanece distinto delas". Essa ideia sugere uma presença substancial de Deus no universo, o que não corresponde à visão espírita.
Na doutrina, Deus governa e sustenta tudo através de suas leis imutáveis, mas permanece absolutamente separado da criação. Não há mistura, nem fusão.
Aqui está um trecho de um estudo que salvei no meu Notion há alguns anos:
Existem três princípios distintos:
Deus (causa primária);
Espírito (o princípio inteligente da criação);
Matéria (o princípio material da criação).
Esses três não se misturam. Deus não é espírito, nem matéria. Ele criou ambos.
Agora o ponto mais sensível:
Deus atua no universo? Sim. Mas não no sentido de misturar-se a ele.
A doutrina explica que Deus não governa diretamente cada coisa.
Ele estabeleceu leis eternas - as chamadas leis naturais — que governam tudo.
Essas leis são a expressão da vontade divina, mas não são Deus.
Elas são o pensamento de Deus aplicado, mas não confundem Deus com o universo.
Veja esta frase de A Gênese (capítulo II, item 19):
"Deus exerce ação sobre todas as partes da criação, pela intervenção dos agentes fluídicos que são o intermediário da sua vontade."
Ou seja:
Deus é a causa primária;
As leis naturais são o instrumento da sua ação;
Os fluidos (como o fluido cósmico universal) são meios pelos quais a vontade divina se manifesta;
Mas Deus não se mistura com o fluido, nem com a matéria, nem com o espírito.
Deus criou leis perfeitas que regulam o universo de maneira contínua. Sua vontade sustenta essas leis, mas Ele permanece absolutamente fora e acima da criação. Não há mistura, fusão ou identificação entre Deus e o universo.
Então por que se diz que "Deus está em tudo"?
Essa frase significa que Deus governa tudo e que nada escapa à sua ação soberana.
Mas não quer dizer que Deus esteja fisicamente, nem substancialmente nas coisas.
"A ação de Deus é incessante. Se essa ação cessasse, um só instante, o universo mergulharia no nada." Gênese (capítulo II, item 19).
Deus mantém tudo pela sua vontade permanente.
É como uma luz que sustenta a existência das coisas, sem que a luz vire as coisas.
Seu pensamento anima todas as coisas sem interrupção. Esse pensamento é a força inteligente e permanente que mantém tudo na harmonia. Se esse pensamento deixasse de agir um só instante, o Universo seria como um relógio sem pêndulo regulador.
Deus é exterior e superior ao universo.
Deus age indiretamente no universo pelas suas leis. Deus não exerce ação direta sobre a matéria, Ele encontra agentes em todos os graus da escala dos mundos para isso.
Os Espíritos são apresentados como agentes dedicados de Deus em todos os graus da escala dos mundos
Deus não se mistura com a criação.
A ideia de que "Deus penetra tudo" é uma maneira figurada de dizer que nenhuma parte da criação está fora da sua soberania, mas não significa fusão ou presença física.
Na visão espírita, Deus não interfere diretamente nos acontecimentos como se estivesse "manualmente" ajustando os rumos do universo o tempo todo.
Deus não precisa fazer isso porque:
Estabeleceu leis perfeitas.
Em casos muito especiais - por exemplo, em missões espirituais específicas, ou na vinda de Espíritos superiores à Terra — pode haver o que chamamos de ações extraordinárias da Providência.
Mesmo assim, essas ações respeitam as leis naturais e não violam o livre-arbítrio.
Essas leis abrangem tudo: o movimento dos astros, o surgimento da vida, o progresso dos Espíritos, o uso do livre-arbítrio.
Ou seja: A criação é autônoma dentro do plano divino.
Deus criou leis que governam tudo, inclusive o livre-arbítrio.
O ser humano tem liberdade para agir. A liberdade do ser é real, mas está submetida a consequências naturais, sem necessidade de intervenção direta de Deus a cada momento.
O livre-arbítrio é regulado pelas próprias leis morais e naturais, funcionando como uma Constituição Universal Divina, sem que Deus precise intervir a cada escolha individual. Embora as leis sejam universais e imutáveis, somos nós mesmos que, através de nossas ações, aplicamos essas leis a nossas vidas, assumindo as consequências de nossos atos. O livre-arbítrio se desenvolve com a evolução do Espírito: quanto maior a inteligência e o senso moral, maior a liberdade e, consequentemente, maior a responsabilidade.
Cada ato gera uma consequência natural, segundo a lei de causa e efeito.
Não é Deus quem pune ou recompensa diretamente: são as próprias leis que operam.
A responsabilidade pelo bem ou pelo mal é individual, e a reparação ou o progresso vêm naturalmente como desdobramentos da lei.
Exemplo simples: Se você planta uma árvore, a lei natural da vida vegetal cuida do crescimento.
Se você prejudica alguém, a lei de justiça divina gera as consequências, que podem envolver sofrimento, aprendizado e reparação - mas tudo como fruto da lei, não de uma vontade arbitrária de Deus.
"O Céu e o Inferno", cap. VII: "Deus não exerce uma ação direta sobre cada criatura, mas estabeleceu leis universais que regulam os destinos."
Os fenômenos considerados extraordinários, como as manifestações espíritas, são apresentados como resultado de leis da Natureza até então desconhecidas, e não como sobrenaturais ou milagrosos. O maravilhoso desaparece quando a causa (a lei natural) é conhecida.
Deus não é um ser inativo que apenas estabeleceu leis e deixou o universo funcionar automaticamente. Ele é a inteligência suprema, a causa primária que estabelece as leis. A ordem no universo físico, moral e espiritual é mantida pela execução contínua dessas leis, que são a expressão de Sua vontade. Essa execução é realizada através de agentes (Espíritos), pois Deus não age diretamente sobre a matéria. Portanto, o universo opera por leis divinas, que são constantemente animadas e supervisionadas pelo pensamento e vontade de Deus, com a atuação de Espíritos como Seus ministros. Não é um funcionamento "por si mesmo" sem a intervenção divina, mas uma intervenção que se dá de forma ordenada e contínua através das leis e de Seus agentes, e não necessariamente por derrogações "milagrosas" das leis naturais
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