JungF escreveu: ↑Sáb, 19 Abril 2025 - 21:13 pm
Então, assim pode-se compreender porque se diz que tudo sempre esteve e está em Deus pois Ele é TUDO.
Deus é imaterial, JungF. Na Doutrina Espírita, o conceito de Deus não se aplica da mesma forma que aplicamos aos objetos do mundo físico. Deus, sendo imaterial, não ocupa espaço como a matéria.
Sua presença está em toda parte, governa o Universo, mas isso não significa que Ele esteja unido ou confundido com o universo. Deus abrange tudo pela sua ação e vontade, mas não é a matéria, nem está contido nela. Há uma distinção clara e fundamental entre o Criador e a criação.
Quando dizemos que Deus está em todo lugar, nos referimos à Sua onipresença - a capacidade de estar presente em toda a criação, sem estar limitado por tempo ou espaço. Deus sustenta e rege o universo, mas está acima dele, sem se confundir com ele.
O Espiritismo afirma que Deus não ocupa espaço no sentido físico. Ele é a causa primária de todas as coisas, presente em tudo de forma transcendental, sem estar sujeito às leis que regem o mundo material.
Sobre a referência à obra Evolução em Dois Mundos, é sempre bom lembrar que ela foi psicografada em parceria com Waldo Vieira, que mais tarde se afastou do espiritismo e fundou uma linha própria - a Conscienciologia - recheada de conceitos esotéricos e teorias pessoais sem base na codificação. Embora a obra de André Luiz traga contribuições importantes, ela deve ser lida como complementar, nunca como fundamento para redefinir conceitos centrais como a ideia de Deus.
Aliás, é importante observar que as ideias esotéricas que mais tarde apareceriam sistematizadas na Conscienciologia já estavam presentes, de forma embrionária, nas obras de André Luiz. A influência de Waldo Vieira, mesmo antes do rompimento com o Espiritismo, já imprimia nessas obras certos conceitos estranhos à codificação. Por isso, é preciso cuidado redobrado ao tomar essas mensagens como base doutrinária.
Livro dos Espíritos:
14. Deus é um ser distinto, ou será, como opinam alguns, a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?
“Se fosse assim, Deus não existiria, porquanto seria efeito e não causa. Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa.
15. Que se deve pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade, ou, por outra, que se deve pensar da doutrina panteísta?
“Não podendo fazer-se Deus, o homem quer ao menos ser uma parte de Deus.”
16. Pretendem os que professam esta doutrina achar nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus: sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este raciocínio?
“A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo.”
Esta doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema inteligência, seria em ponto grande o que somos em ponto pequeno. Ora, transformando-se a matéria incessantemente, Deus, se fosse assim, nenhuma estabilidade teria; achar-se-ia sujeito a todas as vicissitudes, mesmo a todas as necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade. Não se podem aliar as propriedades da matéria à idéia de Deus, sem que ele fique rebaixado ante o nosso pensamento, e não haverá sutilezas de sofismas que cheguem a resolver o problema da sua natureza íntima. Não sabemos tudo o que ele é, mas sabemos o que ele não pode deixar de ser, e o sistema de que tratamos está em contradição com as suas mais essenciais propriedades. Ele confunde o Criador com a criatura, exatamente como o faria quem pretendesse que engenhosa máquina fosse parte integrante do mecânico que a concebeu.
A inteligência de Deus se revela em suas obras como a de um pintor no seu quadro; mas, as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou.