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Operação do governo Trump vai expor como a USAID foi usada mundialmente — inclusive no Brasil — para a propaganda e a agenda radical da esquerda
Ana Paula Henkel
- 07 fev 2025 a- A+
O fio que foi puxado nesta semana envolvendo a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional — a USAID — já é considerado um dos maiores escândalos de corrupção e desvio de recursos públicos da história dos Estados Unidos. Novas informações não param de ser publicadas pelo governo de Donald Trump, e talvez, quando chegarmos ao final deste artigo, precisaremos de atualizações.
A USAID é a principal agência do governo dos EUA para fornecer ajuda externa e “gerenciar programas em países de baixa renda para vários propósitos, tais como: ajuda em desastres, socorro aos pobres, cooperação técnica em questões globais, incluindo o meio ambiente, interesses bilaterais dos EUA e desenvolvimento socioeconômico”. Pelo menos essa é a descrição oficial do órgão.
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Mas foi apenas agora, em 2025, que o fio da corrupção do órgão foi puxado.
Na primeira semana de mandato, uma das primeiras ordens executivas de Donald Trump foi a criação do Departamento de Eficiência Governamental — DOGE —, liderado por Elon Musk. Em outra ordem executiva assinada por Trump, ele determinou uma suspensão por 90 dias de todas as operações de ajuda externa, para reavaliação e realinhamento pelo departamento de Musk, que mira o gasto desnecessário do governo federal. Trump chegou a afirmar que a USAID era um “ninho de cobras e dirigida por um bando de lunáticos” e que deveria ser fechada.
No momento, a agência encontra-se com suas atividades quase totalmente paralisadas, enquanto os novos controladores do poder em Washington decidem o seu destino. Depois de ficar fora do ar por horas nesta semana, o site da USAID voltou apenas com uma mensagem dizendo que a partir desta sexta-feira, 7 de fevereiro, os funcionários diretamente contratados pelo órgão seriam colocados em licença administrativa em todo o globo, e que apenas os funcionários essenciais para importantes programas seriam mantidos no momento.
A medida considerada radical para muitos tem suas razões. Há quatro dias, a Casa Branca vem publicando uma lista que parece interminável dos mais absurdos desvios de dinheiro dos pagadores de impostos americanos. A cada coletiva de imprensa, a porta-voz do governo Trump, Karoline Leavitt, expõe estupefata para onde foram bilhões de dólares dos cofres públicos nas últimas décadas.
Os democratas estão irritadíssimos. Nos últimos dias, tentaram invadir o prédio da USAID para tentar bloquear as ações da equipe de Elon Musk que trabalha dia e noite e que está dormindo no local. O desespero se deve ao fato de que a operação do governo Trump vai expor como a USAID foi usada mundialmente — inclusive no Brasil — para a propaganda e a agenda radical da esquerda. Nas seis décadas desde que foi estabelecida,
a USAID deixou de lutar contra a pobreza, espalhar ideais americanos e minar a propaganda soviética para se tornar uma operação de propaganda woke que mina ativamente os pilares da civilização ocidental. O órgão parou de exportar democracia para exportar desvios — e agora todos nós podemos ver isso. Tudo será exposto da maneira mais visceral.
A revisão e revelação das doações e despesas da agência são chocantes. A miríade de iniciativas apoiadas pela USAID, e que agora perderão financiamento, passava por
programas LGBTQ na Sérvia por meio de um grupo chamado Grupa Izadji, que significa
“Grupo Saia do Armário”, com US$ 1,5 milhão para “promover a diversidade, a equidade e a inclusão nos locais de trabalho e comunidades empresariais da Sérvia, promovendo o empoderamento econômico e a oportunidade para pessoas
LGBTQI+”, ou projetos que impulsionam a agenda de diversidade, equidade e inclusão (DEI) de um grupo na Irlanda para produzir um musical ao custo de US$ 70 mil.
A lista vai muito além de qualquer compreensão. A patifaria e roubalheira não tiveram limites:
• US$ 2,5 milhões para veículos elétricos no Vietnã.
• US$ 47 mil para uma
ópera transgênero na Colômbia.
• US$ 32 mil para a produção de
“história em quadrinhos transgênero” no Peru.
• US$ 30 milhões para uma ONG que financia mulheres que fazem ponchos na Guatemala.
• US$ 2 milhões para ativistas na Guatemala “para ajudar organizações lideradas por
transexuais a realizar mudanças de sexo no país”.
• US$ 6 milhões para promover infraestrutura no norte do Egito.
• US$ 20 milhões para um show no estilo Vila Sésamo no Iraque.
• US$ 2 milhões para promover cerâmica no Marrocos.
• US$ 15 milhões para preservativos e anticoncepcionais no Afeganistão controlado pelo Talibã.
• US$ 5 milhões para o grupo envolvido em escândalos que
financiava pesquisas em um laboratório chinês em Wuhan e suspeito de ser a origem da covid-19.
• US$ 56 milhões para impulsionar o turismo na Indonésia e no Egito.
• US$ 40 milhões para construir escolas na Jordânia.
• US$ 11 milhões para que o povo do Vietnã pare de queimar lixo.
• US$ 2 milhões para fortalecer ONGs que fornecem assistência médica de
afirmação de gênero.
• US$ 45 milhões para programas DEI na Birmânia.
• US$ 520 milhões para investimentos ESG na África.
• US$ 6,7 milhões para proteger a biodiversidade de crimes contra a vida selvagem no sul da África.
• US$ 7,4 milhões para melhorar a
governança inclusiva e eficiente na Síria.
• US$ 10 milhões em
refeições para terroristas ligados à Al-Qaeda.
• US$ 40 milhões para construir escolas na Jordânia.
• US$ 45 milhões para
bolsas DEI na Birmânia.
• US$ 2 milhões para um ambiente de apoio às pessoas
LGBTQ na Macedônia do Norte.
• US$ 1,9 milhão para os direitos humanos das pessoas
LGBT nos Bálcãs Ocidentais.
• US$ 59 milhões para mulheres agricultoras na Ucrânia.
• US$ 420 mil para atividade solar piloto em Djibuti.
• US$ 3,3 milhões para um programa chamado “
Ser LGBT” no Caribe.
• US$ 20 mil para assistência à comunidade
LGBT nas eleições de 2021 em Honduras.
• US$ 11 milhões para um acordo de cooperação para a parceria EUA-China sobre energia limpa e clima.
• US$ 750 mil para Princeton coletar informações sobre
desigualdade e diversidade no Oriente Médio e no Norte da África.
• US$ 10 milhões para criar empregos no setor de carpetes e joias para mulheres no Afeganistão.
• US$ 30 milhões para implementar crescimento econômico sustentável e mitigação das mudanças climáticas globais em Honduras.
• US$ 110 milhões para a Deloitte Consulting apoiar o programa Power Africa na Nigéria.
• US$ 100 milhões para melhorar as condições de famílias rurais afetadas por conflitos na Colômbia.
• US$ 66 milhões para o programa de acesso à Justiça no Iraque.
• US$ 27 milhões para apoiar projetos comunitários para responder às mudanças climáticas na África.
• US$ 53 milhões para a biodiversidade e as mudanças climáticas na África Ocidental.
• US$ 12 milhões para a resistência na Ásia Africana, Latino-Americana e à mudança climática.
• US$ 40 milhões para “galvanizar a Comunidade Internacional” para se unir para evitar o colapso do sistema educacional no Afeganistão.
• US$ 7 milhões para salvaguardar os direitos cívicos e as liberdades da mídia no Afeganistão.
• US$ 4,9 milhões para empreendedores da Guatemala que estão trabalhando na resistência climática.
• US$ 38 milhões para uma entidade nacional não revelada para um projeto de segurança cibernética na Ucrânia.
Isso não é um décimo do que já foi publicado pela Casa Branca de Trump. A lista aumenta significativamente a cada coletiva de imprensa ou atualização do site.
E o Brasil?
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Qual é a extensão dos tentáculos da USAID na combalida democracia brasileira? Uma investigação séria é mais do que urgente e necessária.
Enquanto finalizo este artigo, manifestantes pró-USAID, incitados por políticos democratas, estão em Washington para exigir a prisão de Elon Musk e o fechamento do Senado. Milhares de organizações dentro e fora dos Estados Unidos são totalmente ou quase totalmente financiadas por meio de subsídios da USAID, o que equivale a uma enorme fraude contínua. Para eles, perder esses fundos significa que suas ONGs simplesmente vão falir.
E elas devem falir. O que começou como uma agência do Departamento de Estado para promover liberdade e estabilidade no exterior durante a guerra fria se transformou, como talvez fosse inevitável, em um golpe que rouba dos pagadores de impostos americanos e usa seu dinheiro para promover hoje a dissolução da liberdade de expressão e a destruição dos ideais da América.
E os patifes ao redor do mundo não estão em desespero por causa do dinheiro que não terão mais — eles estão exaltados porque foram pegos.