Para quem não está a par da situação, o youtuber em questão é um soldado da PM do Rio que expôs um comandante da PM por meio de vídeos divulgados em seu canal. Posteriormente, o coronel o denunciou, e o soldado passa por processo de afastamento da instituição por descumprir o regimento interno. O PM Gabriel Monteiro acusa o Coronel de ter contato com a facção criminosa Comando Vermelho.
O curioso nessa história toda, é que a acusação do garoto não foi formalizada, mas é feita meramente via vídeos do youtube, sem apresentar qualquer evidência. O único argumento para a acusação é de que "o comandante frequentou a Maré, coração do Comando Vermelho"
Em seu twitter, Gabriel Monteiro afirma que a "prova" de que o Coronel tem relações com o Comando Vermelho é a publicação de um folder sobre uma palestra sobre segurança pública, em um local que, segundo Gabriel Monteiro, é o "coração do Comando Vermelho".

Porém, quando checamos o endereço divulgado na postagem do rapaz (Rua Sargento Silva Nunes, 1012), percebemos que o local em questão é em uma praça em frente a um Batalhão da Polícia Militar.

Com a repercussão do caso, houveram vários ataques e cobranças à PM do Rio nas redes sociais. A PM chegou a publicar em seu twitter que o soldado em questão, na verdade já respondeu a 70 faltas disciplinares e sua conduta é classificada como baixa, em apenas poucos anos de corporação.

Além disso, não há como a Instituição tomar qualquer atitude pois não há qualquer denúncia à corregedoria da polícia. O garoto apenas "denunciou" o Coronel via youtube, mas sequer abriu um processo legal para que a Instituição pudesse apurar o caso.

Com isso, não é difícil perceber que a acusação do garoto é completamente infundada. E longe de querer defender o Coronel, a quem não faço a mínima ideia de quem seja e até pode ser que tenha mesmo envolvimento com criminosos, afinal de contas estamos falando da polícia do Rio. Porém não há como fazer qualquer tipo de acusação com base em evidências tão frágeis e insustentáveis; isso mostra que o garoto (associado ao MBL por sinal) apenas quis ganhar visibilidade com o caso, e cada um de seus vídeos se vitimizando, geraram quase 2 milhões de visualizações. Todos eles monetizados.
O que mais quero chamar atenção na enorme repercussão e comoção desse caso, na verdade é que trata-se de somente mais um retrato de como uma fake news de alguém mal intencionado pode facilmente projetar esse indivíduo como destaque em pouquíssimo tempo, com pessoas compartilhando o caso e se indignando com a situação.
O policial suspenso, que por sinal é um péssimo exemplo de policial dentro da instituição, acabou sendo tratado como herói na história toda. E com a visibilidade do caso, muito provavelmente vai ter forças para ser eleito em um cargo político.
A frase de Millôr Fernandes, portanto, não poderia calhar melhor agora senão agora: "sempre desconfie de um idealista que lucra com seus ideais".