Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

Área destinada à discussão sobre Laicismo e Política e a imparcialidade do tratamento do Estado às pessoas.
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Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Taria o desenvolvimento necessariamente atrelado a modernização como a informatização da maior quantidade de serviços ou a questão sria mais complexa?
Pra dar exmplo: Brasil tem muitos mais serviços informatizados em muitas coisas do que Alemanha, mas esse país é mais desenvolvido que o Brasil em muitas coisas, como qualidade de vida, etc.



Alemães relutam em entrar na era digital


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Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Fax é uma coisa que eu, que já tive um vídeo cassete, nunca vi na vida. Nos últimos anos, tenho evitado comércio que não ceita cartão por preguiça de ir ao banco fazer saque e odeio receber moedinha como troco. Faz tempo que não toco em livro de papel e leio pdf no computador ou tablete. No celular é possível, faz depende muito.


Creio que a motivação para a Alemanha manter o atraso é a falta de necessidade cortar custos e por isso tem mais medo de "arriscar", e como o tempo acabou criando uma cultura de teoria da conspiração com a digitalização. Países mais atrasados tem uma necessidade maior de cortar gastos e muitas vezes pularam várias etapas. A China, por exemplo, pulou o pagamento por cartão e foi direto para o código QR.

A Suíça também está muito atrasada nisso.
Ouvi dizer que no Reino Unido o povo ainda usa SMS, algo que caiu em desuso rápido no Brasil por consumir muito crédito. O Brasil não chegou a ter suporte a enviar fotos por 2G (como fosse foto por SMS).
Tem país lá (Alemanha ou Dinamarca, não sei) que chegou criar leis absurdas para encarecer o Uber, como obrigar gravação das viagens.

A Suécia por outro lado pensa em abolir dinheiro em espécie.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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DenelliSkid
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Mensagem por DenelliSkid »

Tutu escreveu:
Sáb, 19 Dezembro 2020 - 00:34 am
Fax é uma coisa que eu, que já tive um vídeo cassete, nunca vi na vida...
Fax é uma coisa que o IRS dos EUA ainda usa como meio de comunicação oficial e também para recepcionar alguns tipos de Tax Return.

Sério...

Ainda me lembro de falar com uma atendente para rastrear uma declaração de um cliente.
Ela pega e me diz: "me manda cópia do SSN por fax"

O ano era 2019. Tive que me virar para achar um app que emula fax.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

A informatização da rede bancária avançou muito rápido aqui no Brasil devido à inflação disparada de antes do Plano Real.
Não dava para ficar esperando que os cheques fossem remetidos por correio ou malote, que as transferências dependessem de processos demorados.
O dinheiro evaporava de um dia para o outro. Não podia ficar parado.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Fernando Silva escreveu:
Sáb, 19 Dezembro 2020 - 10:13 am
A informatização da rede bancária avançou muito rápido aqui no Brasil devido à inflação disparada de antes do Plano Real.
Não dava para ficar esperando que os cheques fossem remetidos por correio ou malote, que as transferências dependessem de processos demorados.
O dinheiro evaporava de um dia para o outro. Não podia ficar parado.
E talvez também por questões de segurança, tipo assaltos, também não deve estimular o pagamento, pelo menos a feita com dinheiro vivo.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

A pior parte de morar na Itália...


youtu.be/rqfKr2dNZq4

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

"Sou velho, não idiota": petição contra digitalização dos bancos espanhóis
Carlos San Juan, de 78 anos, criou uma petição contra a digitalização dos bancos que deixam muitos idosos para trás

youtu.be/R7n-xRXBQtk

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Bancos como Inter, Nubank e outros bancos digitais tem dificuldades de conquistar o público mais velho.
Bancões como Itaú estão preparados para era digital, mas tem uma massa de clientes que não estão preparados para isso.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Tava vendo umas notícias antigas da Folha, de 1995. Na época eu nem sabia o que era Ludismo e até agora nem imaginava que tivesse um movimento neoludita extremista, no máximo eu sabia que tinha gente que não gostava de tecnologia. E um dos artigos cita o Unabomber, que sabia vagamente uma coisa que ouvia nas notícias e devo ter lido algo na Wikipédia.

Hoje anda tendo um movimento anti-IA, por receio de perda de empregos, etc.
Esse movimento anti-modernização que, a princípio parece querer proteger a humanidade, pode ser um problema por outro lado, pois tem tecnologias médicas que dependem do avanço de outras tecnologias, por exemplo


ÍNDICE

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/ ... index.html


Metade da população norte-americana rejeita idéia de ter computador em casa

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/ ... il/20.html
Spoiler:
Eles não fazem muito barulho com medo de serem acusados de viver na Idade da Pedra. Mas formam uma multidão silenciosa que tem conquistado cada vez mais espaço na mídia dos Estados Unidos.
São os "Americans Unplugged" (americanos desplugados), ou neoluditas, conhecidos pela aversão que têm às novas tecnologias.
A fonte maior de tanta fobia são os computadores, que há tempos deixaram os escritórios fechados e hoje invadem as casas. Deixaram o ambiente de trabalho e chegaram ao lazer nos finais de semana.
Reação violenta
O terrorista Unabomber -que desde 1978 explodiu 16 bombas que mataram três pessoas e feriram outras 23- é o mais famoso dos avessos aos computadores.
Em 19 de setembro passado, as idéias do terrorista ganharam projeção nacional com a publicação na íntegra de seu manifesto contra a "tirania da sociedade tecno-industrial" pelo jornal "The Washington Post".
A procura pelos exemplares do "Post" surpreendeu todo mundo e, em menos de seis horas, não havia uma cópia sequer do jornal nas bancas.
No texto (que ocupou sete páginas inteiras do "Post"), o Unabomber propunha que todos os computadores fossem destruídos e que as pessoas voltassem a viver em pequenas comunidades.
Só assim, segundo ele, o homem teria como se livrar do processo de escravização lenta e gradual imposto pelo governo e por grandes corporações da "sociedade tecno-industrial".
Apesar de ter sido criticado por tentar impor suas idéias através do terror, o Unabomber não está sozinho em seu ódio às máquinas.
Pesquisa
Numa pesquisa realizada em fevereiro de 1995, a revista norte-americana "Newsweek" chegou a um resultado que deixou os próprios organizadores surpresos: 55% da população adulta dos Estados Unidos têm medo ou resiste à entrada de computadores em suas vidas.
Isso significa num batalhão de aproximadamente 130 milhões de pessoas que resistem (por medo ou convicção) à tão declamada revolução tecnológica.
"Tem gente que quer mostrar que nós somos homens pré-históricos, ultrapassados, e que a entrada do computador na vida das pessoas é um processo irreversível. Mas apenas um quarto dos lares dos Estados Unidos tem computador. Isso significa que nós ainda somos maioria", afirmou o jornalista Kirkpatrick Sale, 58, considerado um dos mais importantes intelectuais do neoludismo nos Estados Unidos.
O educador Neil Postman, diretor da Faculdade de Comunicação da New York University, também acredita que o número de pessoas que têm contato diário com a tecnologia avançada ainda é muito pequeno.
"O problema é que está crescendo rápido demais. A única esperança é o fortalecimento dos núcleos de resistência. Sejam eles nas universidades, na mídia ou em grupos comunitários", disse Postman.

Neoludita prevê catástrofe mundial em 2020

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/ ... il/21.html
Spoiler:
O norte-americano Kirpatrick Sale, 58, considerado um dos mais importantes neoluditas dos EUA, trocou há três meses um confortável apartamento no Greenwich Village, em Nova York, por uma casa de madeira na beira do rio Hudson, no norte do Estado.
"Cansei de viver na cidade. Nova York hoje é o melhor exemplo de como a tecnologia atrapalha, em vez de facilitar a vida das pessoas. Aquilo lá é um caos", afirmou Sale em entrevista à Folha.
Se as previsões de Sale se confirmarem, no ano 2020 a maioria dos países do Primeiro Mundo estará em guerra civil, e os países do Terceiro Mundo estarão mais miseráveis do que nunca.
"Se a revolução tecnológica continuar no ritmo que está, em 25 anos estaremos todos à beira de catástrofe econômica e ambiental", alerta Sale.
Quando trocou o caos de Nova York pela tranquilidade de Cold Spring, Sale deixou para trás quase todos os equipamentos eletrônicos que tinha em casa. "Tudo que não era necessário ficou no apartamento". Sale escolheu quatro "males necessários da tecnologia que continuariam a fazer parte de sua vida no meio do mato: um telefone, secretária eletrônica, carro e um rádio de pilha.
"Só uso o carro para ir a Manhattan. Por aqui, só ando de bicicleta. Já disse que não defendo a destruição de todas as máquinas. Sou contra o exagero, essa cultura compulsiva que faz com que a gente fique escravo de coisas sem importância. Como, por exemplo, os computadores."
Leia a seguir os principais trechos da entrevista que Sale concedeu à Folha, por telefone, de sua casa em Cold Spring.

Folha - O sr. se incomoda de ser chamado de neoludita?
Kirpatrick Sale - De maneira alguma. Não sinto vergonha, tenho orgulho do rótulo.
Folha - O sr. faz uma previsão bastante pessimista para os próximos 25 anos. Não há um pouco de exagero?
Sale - De maneira alguma. Se a revolução tecnológica continuar nesse ritmo, o número de desempregados vai crescer tanto que a estabilidade e até a existência dos países desenvolvidos estarão ameaçadas. Não estou inventando, nem sendo alarmista. Qualquer pessoa de bom senso, que pare para ver o que está acontecendo, perceberá que as tensões estão cada vez mais acirradas. Diria que estamos vivendo o princípio do fim.
Folha - O sr. acha que a revolução tecnológica é um processo irreversível?
Sale - Infelizmente, sim. Duvido que haja um meio de mudar o ritmo dos avanços tecnológicos. Porque a sociedade está vivendo um momento de deslumbramento com todos esses novos meios. É como se fosse uma adolescente deslumbrada, que não consegue achar nenhum defeito no namorado zarolho.
Folha - Para impedir a catástrofe que o sr. previu será necessário abdicar de todas as conquistas tecnológicas conseguidas até agora?
Sale - De preferência sim, mas não necessariamente.
Folha - O sr. trocou a cidade pelo interior, mas continua usando telefone e secretária eletrônica...
Sale - Também tenho carro e rádio de pilha. Mas é só. Veja bem, eu não acho que seja necessário destruir todas as máquinas, embora desencoraje o seu uso. O que considero fundamental neste momento é democratizar as decisões. A sociedade deve ter o direito de escolher que tipo de tecnologia ela quer. Hoje, são as grandes corporações e os governos que impõem os tipos de tecnologia à população.
Folha - Qual a sua opinião sobre o Unabomber?
Sale - Concordo com seus objetivos, mas desaprovo os métodos. Não gostava dele, nem de suas ações, mas acho que a intenção era boa. O problema é que o Unabomber é bastante simplista. Se ele tivesse estudado mais, teria feito um grande favor a nós todos, porque nunca imaginei que ele conseguisse atrair tanta atenção. Outro problema foi a opção pelo terror. Terrorismo nunca deu certo em lugar nenhum. Ele escolheu a estratégia errada. E fez mal, porque seus atentados não chegaram a espalhar terror pelos EUA. O que ele fez não tem nem comparação, por exemplo, com o que os radicais argelinos estão fazendo em Paris. Em todos os sentidos, considero o Unabomber um amador.
Folha - O sr. leu o manifesto em que ele prega a destruição da sociedade tecno-industrial?
Sale - Li mesmo antes de o texto ser publicado, a pedido do FBI. Achei muito mal escrito, apesar de levantar pontos válidos. Gostaria que ele fosse mais claro e persuasivo, porque acho que nunca houve tanta reflexão sobre os males da tecnologia. Perdemos uma boa oportunidade.

Educador critica ataque a computador

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/ ... il/23.html
Spoiler:
O misto de comunicólogo e educador Neil Postman, professor da New York University, não se considera um neoludita, mas afirma ter muito em comum com o resto do grupo.
"Não acho que destruir as máquinas vá adiantar muito. Os males da revolução tecnológica são muito mais complexos e difíceis de combater", disse Postman em entrevista à Folha.
Postman afirmou também que os neoluditas são ingênuos na hora de resolver os problemas, mas suas críticas são pertinentes.
Ao contrário do neoludita Kirpatrick Sale, que afirma ter "adorado" a experiência de destruir um computador, Postman diz que o ato nunca passou por sua cabeça.
"É uma selvageria. Acho que vale como forma de extravasar uma angústia, mas o resultado prático é simplesmente nenhum."
Autor de 15 livros sobre educação, teoria da comunicação e linguística, Postman foi por vários anos editor da revista de semiótica "Etcetera".
Vem daí sua preocupação com os efeitos que a difusão das novas tecnologias tem causado na capacidade dos norte-americanos em usar a língua inglesa.
Para ele, o problema da tirania causada pelas novas tecnologias é que as pessoas não têm a noção de que estão sendo dominadas.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Postman, na qual ele afirma que poderia ser um discípulo de Aldous Huxley e elogia as críticas do autor feitas ao livro "1984".
Folha - O sr. recusa o título de neoludita, mas é um dos maiores críticos da revolução tecnológica.
Neil Postman - Nem todos os que fazem restrição à tecnologia têm de ser necessariamente neoluditas. Não gosto de rótulos, mas se tiver de me chamar de alguma coisa, prefiro que me chamem de Huxleyano (discípulo de Aldous Huxley, autor de "Admirável Mundo Novo").
Folha - O sr. afirmou recentemente que os norte-americanos estão embriagados pela tecnologia. Por que usou esta palavra?
Postman - Porque nós estamos num estado de torpor, não conseguimos colocar as coisas em perspectiva. A sociedade norte-americana está cometendo um erro muito sério ao assumir que os frutos da tecnologia são automaticamente positivos.
Folha - Em "Amusing Ourselves to Death", o sr. cita bastante Aldous Huxley. Qual a importância que ele teve em seu trabalho?
Postman - Ele disse antes de mim coisas que eu gostaria de ter escrito. Como a crítica ao livro "1984", de George Orwell. Como disse Huxley, não será preciso banir os livros porque ninguém vai querer ler um.
Esse é o resultado mais desastroso da revolução tecnológica. É com isso que precisamos nos preocupar. É por isso que insisto que quebrar computadores é perda de tempo e energia.
Folha - O sr. disse que o principal problema da tirania causada pelas novas tecnologias é que as pessoas não terão noção de que estão sendo dominadas.
Postman - Exatamente. Elas aceitarão sem rebeldia a opressão causada pela expansão sem limites da tecnologia porque terão perdido a capacidade de pensar.
Isso forma um círculo vicioso, a tecnologia faz com que as pessoas não raciocinem. Só que, ao pararem de pensar, elas passam a aceitar que a tecnologia continue dominando suas vidas.

Editor rebate críticas à era da informática

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/ ... il/24.html
Spoiler:
Kevin Kelly, da revista "Wired", explica confronto com neoluditas e diz por que é um otimista tecnológico
Kevin Kelly, editor-executivo da revista "Wired", participou recentemente de dois confrontos com neoluditas na imprensa.
Um deles com Sven Birkerts, autor de "As Elegias de Gutenberg", nas páginas da revista norte-americana "Harper's".
O outro foi nas páginas de sua própria revista, em que chegou a fazer uma aposta de US$ 1.000 com o neoludita radical Kirkpatrick Sale.
Kelly sustentava que o cataclisma previsto por Sale (colapso econômico global, guerra entre ricos e pobres e desastre ambiental) para 2020 não acontecerá.
Kevin Kelly é um dos otimistas tecnológicos e sua revista é o porta-voz de uma geração de profissionais emergentes ligados à computação.
Lançou neste ano o livro "Fora de Controle", em que sustenta que as redes de comunicação têm uma espécie de "inteligência social" que supera a de suas partes. Ou seja, os homens interconectados por redes como a Internet contribuiriam para uma espécie de supercérebro. A seguir, os principais trechos da entrevista com Kevin Kelly. (Maria Ercilia)

Folha - Qual você considera o ponto mais frágil da crítica do neoluditas à tecnologia?
Kevin Kelly -Eles constróem uma separação artificial entre máquinas digitais e outras tecnologias. Não consideram a penicilina uma tecnologia, ou a contabilidade, ou ainda a arquitetura. Há uma frase famosa: tecnologia é tudo que ainda não existia quando você nasceu.
Folha - Sua metáfora da colméia, se tomada ao pé da letra, tem um lado bastante negativo. Se você considera que as redes de comunicação, como a Internet, têm uma "inteligência social", as partes que as compõem estariam abrindo mão de sua inteligência individual?
Kelly -Claro, há um custo para cada nova tecnologia. É como o próprio processo civilizatório, abre mão de algumas liberdades. As cidades, por exemplo, já são colméias hoje. E já restringem nossa liberdade em favor de uma superestrutura. Acho que a tendência é que a cultura literária como a conhecemos perca terreno. Eu diria que as pessoas acabam se tornando mais impressionistas e se torna mais difícil o estabelecimento de critérios absolutos.
Folha - Como você avalia a posição de Kirkpatrick Sale?
Kelly -Sale se diz um neoludita, ele é essencialmente contra toda tecnologia, contra complexos industriais e contra a própria civilização. Ele é um primitivista romântico, que gostaria que a civilização voltasse atrás. Birkerts, por exemplo, focaliza um determinado tipo de tecnologia, a tecnologia da tela. Ele tem restrições a uma tecnologia específica, o que é mais interessante.
Folha - Uma questão central, talvez a única realmente importante deste debate sobre tecnologia, são os empregos. Até mesmo incuráveis otimistas como Alvin Toffler estão prevendo desemprego maciço para as próximas décadas.
Kelly -Acho que é um problema. Concordo com Toffler, que haverá muitos atritos e problemas por causa disso. Mas uma das coisas que me deixam esperançoso é o fato de que as pessoas que estão chegando ao mercado agora não têm nenhuma desvantagem em relação a outras pessoas, porque as habilidades necessárias para os novos empregos são tão novas que ninguém as tem ainda. Haverá muitos empregos extintos, mas acho que mais empregos serão criados.
Se você pensar no número de empregos que há no mundo hoje, cem anos atrás haveria talvez um décimo deles. Acredito que todos esses empregos foram criados pela tecnologia.
Folha - Mas a população aumentou muito...
Kelly -Mesmo assim. Pegue o exemplo de uma revista. Já não há necessidade de pessoas que façam o trabalho de montagem de páginas, layout etc., mas em compensação há cada vez mais revistas e jornais,.
As máquinas nos livram do trabalho chato, das tarefas repetitivas e nos liberam para o trabalho criativo.
Folha - O que você acha da atenção que as idéias do Unabomber têm merecido?
Kelly -O Unabomber não é um romântico como Kirk Sale. Acho que é mais um "nerd".
Na verdade, ele trabalha com tecnologia e rejeita somente alguns aspectos dela. Ele mesmo disse que é difícil argumentar contra telecomunicações e redes.
Folha - Seus debates com Kirk Sale e Birkerts o fizeram reconsiderar alguma de suas idéias?
Kelly -Sim, mas não da forma que você poderia esperar. Conversando com Birkerts, cheguei à conclusão de que a literatura é uma forma daquilo que chamamos de "cyberspace".
Folha - Você virou uma espécie de advogado de defesa da tecnologia...
Kelly - Eu tive uma discussão no rádio justamente ontem com outra pessoa que argumentava contra a tecnologia. O que era interessante era que o apresentador do programa na verdade usava muito mais tecnologia do que eu.
Não tenho nem mesmo TV em casa, não tenho celular, não tenho telefone no carro. Acho que é bom dizer não a algumas formas de tecnologia, avaliá-las e dizer não, se for o caso.
Não concordo com idéias de que devemos rejeitar toda e qualquer tecnologia, mas meu estilo de vida é mais simples do que as pessoas poderiam imaginar.

Neoludismo é moda nos EUA

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/ ... il/25.html
Spoiler:
Os neoluditas já viraram modismo. Encontram público fácil entre os americanos preocupados com a redução do número de empregos e cansados dos exageros de marketing da indústria de informática.
Entre as associações antitecnológicas que estão surgindo nos EUA está o Clube do Lápis, cujos membros defendem a escrita a mão.
A revista "Plain", uma pequena publicação dedicada a um estilo de vida simplificado, com um mínimo de interferência tecnológica, chegou ao extremo de pedir a leitores que tivessem endereço eletrônico que não comentassem sobre ela na Internet. "Só queremos ser deixados em paz", afirmou o editor da revista.
Revistas conservadoras como a "The Nation" e a "The New Republic" também partiram para o ataque à mania de computador.
"O Culto da Informação" é mais um dos livros da safra neoludita. O historiador Theodore Roszak concentra-se no efeito da informação eletrônica no sistema financeiro internacional. Paralelamente, Roszak faz uma análise do efeito dos videogames na capacidade de leitura das crianças.
Só que os "inimigos" -os profissionais ligados à computação e à tecnologia- adotaram o termo com entusiasmo, como uma espécie de gíria.
Na Internet, por exemplo, há um dicionário dos luditas (com definições como "binário", divisão entre ricos e pobres) e uma ópera sobre a Revolução Industrial, "A Balada de Ned Ludd".

CONHEÇA O GUIA DO LUDITA MODERNO

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/ ... il/26.html
Spoiler:
Os livros
.Technopoly - a rendição da cultura à tecnologia, de Neil Postman. Vintage, 1992
.1939, de David Gelernter. Free Press, 1995
.Rebeldes contra o futuro - os luditas e sua guerra contra a Revolução Industrial: lições para a era da máquina, de Kirkpatrick Sale. Addison Wesley, 1995
.O Culto da Informação - um tratado neoludita sobre o high-tech, de Theodore Roszak. Yale Press, 1995
.As Elegias de Gutenberg - o destino da leitura na era da informação, de Sven Birkerts. Faber, 1995
.Silicon Snake Oil - segundas reflexões sobre a super-rodovia da informação, de Clifford Stoll. Bantam Doubleday, 1995

As revistas
"The Nation"
"The New Republic"
"Utne Reader"
"Plain"

A ópera
"The Ballad of Ned Ludd", projeto de ópera sobre o lendário herói dos luditas cujo texto pode ser encontrado na Internet (http://town.hall.org/places/ludd-land/index.html)

Stoll é tecnófilo arrependido

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/ ... il/27.html
Spoiler:
Clifford Stoll é astrônomo e especialista em segurança de dados. Seu primeiro livro, "The Cuckoo's Egg", narra a história verídica de como ele localizou e desmantelou uma rede de espionagem alemã que operava via Internet.
Stoll é um tecnófilo arrependido. Lançou este ano "Silicon Snake Oil" (snake oil, óleo de serpente, é sinônimo de charlatanismo) em que critica a obsessão norte-americana por máquinas digitais e informação veloz.
Em "Snake Oil", Stoll diz ter perdido muito tempo diante de computadores. Ele difere de outros autores que rejeitam a tecnologia por ter um background em computação e ser muito ligado à Internet.
"Mesmo com toda esta comunicação, pouco da informação é genuinamente útil. O computador absorve toda a atenção, mas seja pelo conteúdo ou formato, a rede não parece me satisfazer", afirma.

Vítima de bomba nutre pessimismo

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/ ... il/28.html
Spoiler:
No dia 24 de junho de 1993, o cientista David Gelernter foi vítima de uma das cartas-bomba do Unabomber. Sofreu ferimentos seríssimos e perdeu a mão direita.
Gelernter atraiu a atenção do Unabomber quando publicou o livro "Mirror Worlds", sobre ambientes controlados por computador.
Ironicamente, Gelernter é um professor de computação com uma visão bastante pessimista da tecnologia.
Publicou um livro este ano intitulado "1939", em que olha com saudade para o ano da Feira Mundial nos EUA, em que, segundo ele, ainda era possível ter uma visão otimista do futuro.
"A supervia da informação vai ser construída por um bando de desenhistas de software muito produtivos, mas suspeito deles como grupo", declarou ele ao "The New York Times".

"Evolução está muito rápida"

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/ ... il/29.html
Spoiler:
Mark Slouka, da Universidade da Califórnia, acredita que a revolução digital e as novas tecnologias em geral são parte de um culto ao "anti-humanismo".
Segundo ele, o resultado da revolução tecnológica será o fim dos direitos individuais.
"A evolução do homem será conduzida de uma forma tirânica. Isso é inevitável, mas só deveria acontecer daqui a uns 10 mil anos. O problema é que tudo está acontecendo muito rápido."
Slouka critica os defensores da expansão das tecnologias emergentes porque eles não estão interessados em analisar se elas são boas ou ruins para a sociedade.
"A única maneira de escaparmos desse futuro sombrio é saber escolher quais tipos de tecnologia queremos que façam parte de nossas vidas. O problema atual é que não é feita nenhuma escolha. Tudo é imposto sem questionamentos."

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Não gosto do uso de IA para produção de conteúdo, por causa das alucinações e distorções.

Professor sendo IA leva ao destino da Fundação prevista por Asimov. Falta de professor de verdade significa pessoas ignorantes vivendo num mundo repleto de conhecimento sem ter o conhecimento.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Tutu escreveu:
Dom, 30 Junho 2024 - 10:37 am
Não gosto do uso de IA para produção de conteúdo, por causa das alucinações e distorções.

Professor sendo IA leva ao destino da Fundação prevista por Asimov. Falta de professor de verdade significa pessoas ignorantes vivendo num mundo repleto de conhecimento sem ter o conhecimento.
Se for pra IA fazer tudo só, é um problema, mas se for como auxiliar, pode ser vantagem. O Bing deve ter esse o Copilot (que faz muito sentido em ter esse nome, pois é um copiloto, e não piloto, pois não faz tudo sozinho).

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

O organoléptico
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Mensagem por O organoléptico »

A correlação do desenvolvimento com a modernização começa no momento da causalidade da modernização ser demandada do desenvolvimento. Um exemplo é o desenvolvimento de uma plantação de grão de bico. No processo, há a atração da terra, depois, o plantio, depois uma eventual manutenção do processo, como capinas, podas, conttole de pragas, etc., , depois, a colheita. A modernização ocorre por demanda, para otimizar ou ao menos azeitar tudo.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Sobre a Internet morta.

Tráfego de robôs na internet vai superar o de humanos em 2024

youtu.be/pIAplL7c-TQ

São robôs ilícitos que não contribuem em nada para a sociedade.

Existe também o problema do conteúdo feito gerado por IA sendo apresentado sem revisão humana como algo feito por humanos.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Tutu escreveu:
Qua, 03 Julho 2024 - 13:13 pm
Sobre a Internet morta.

Tráfego de robôs na internet vai superar o de humanos em 2024

youtu.be/pIAplL7c-TQ

São robôs ilícitos que não contribuem em nada para a sociedade.

Existe também o problema do conteúdo feito gerado por IA sendo apresentado sem revisão humana como algo feito por humanos.
Como se humanos não fossem capazes criar e repassar informações falsas com a inteligência natural.
A IA precisa de acesso a obtenção de informações de forma direta e ser mais treinada em fazer fact-check (o que não eliminaria erro de revisão, mas isso é um problema que há entre humanos faz tempo).

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Agnoscetico escreveu:
Sáb, 06 Julho 2024 - 13:18 pm

Como se humanos não fossem capazes criar e repassar informações falsas com a inteligência natural.
A IA precisa de acesso a obtenção de informações de forma direta e ser mais treinada em fazer fact-check (o que não eliminaria erro de revisão, mas isso é um problema que há entre humanos faz tempo).
O problema não é informações deliberadamente falsas e sim alucinações inesperadas da IA.

Vídeo sobre o problema das alucinações na educação:
https://www.youtube.com/watch?v=C9S7Ycx546c

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

O organoléptico
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Mensagem por O organoléptico »

A lei dos robôs do Asimov vai ser um problema complicado se adotada no desenvolvimento de IAs. Isso por si só enviesa a operacionalidade de uma IA.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Tutu escreveu:
Sáb, 06 Julho 2024 - 14:56 pm
Agnoscetico escreveu:
Sáb, 06 Julho 2024 - 13:18 pm

Como se humanos não fossem capazes criar e repassar informações falsas com a inteligência natural.
A IA precisa de acesso a obtenção de informações de forma direta e ser mais treinada em fazer fact-check (o que não eliminaria erro de revisão, mas isso é um problema que há entre humanos faz tempo).
O problema não é informações deliberadamente falsas e sim alucinações inesperadas da IA.

Vídeo sobre o problema das alucinações na educação:
https://youtu.be/C9S7Ycx546c
Por isso não se deve por fé em IA. Ela serve pra auxiliar, e, mesmo assim, precisa de checagem.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Cinzu
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Mensagem por Cinzu »

O Japão é considerado um país altamente industrializado e modernizado, mas ainda é comum ver imagens como esta abaixo nas lojas:

Imagem


Até hoje, ainda é comum o uso do Fax no país. E acabei de descobrir que só agora os japoneses estão deixando de usar disquetes:
Por que o Japão só vai parar de usar disquetes em 2024

Demorou, mas o Japão finalmente disse adeus aos disquetes.

Até o mês passado, ainda se exigia que pessoas enviassem documentos ao governo usando dispositivos de armazenamento ultrapassados, com mais de mil regulamentações exigindo seu uso.

Mas estas regras foram finalmente eliminadas, segundo o ministro de Assuntos Digitais, Taro Kono.

Em 2021, Kono "declarou guerra" aos disquetes. E, na quarta-feira (3/7), quase três anos depois, ele anunciou: "Vencemos a guerra contra os disquetes!"

Kano estabeleceu como meta eliminar a tecnologia obsoleta desde que foi nomeado para o cargo. Ele também havia dito anteriormente que iria "se livrar do aparelho de fax".

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Fernando Silva
Conselheiro
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Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

Cinzu escreveu:
Sáb, 06 Julho 2024 - 21:18 pm
O Japão é considerado um país altamente industrializado e modernizado, mas ainda é comum ver imagens como esta abaixo nas lojas:

Até hoje, ainda é comum o uso do Fax no país. E acabei de descobrir que só agora os japoneses estão deixando de usar disquetes:
Os japoneses criaram o fax doméstico (antes só era usado por jornais para transmitir fotos) por causa de sua escrita complicada.

Talvez ainda se apeguem a ele pelo mesmo motivo, apesar de já haver teclados japoneses.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Fernando Silva
Conselheiro
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Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

Na Alemanha, também.
Museu em Berlim escancara burocracia em excesso e lenta digitalização da Alemanha, onde repartições públicas até hoje usam fax

Apesar da pujança econômica, país tem legislação extensa, exigências abundantes e é dependente do uso de documentos em papel

Por Kathlen Barbosa — Berlim 08/07/2024


Imagem
Instalação no Museu da Burocracia em Berlim — Foto: Douglas Silva do Nascimento

Uma exposição temporária em Berlim se define como o “museu mais alemão da Alemanha”. Com elevadas doses de humor e metáforas sarcásticas, o Museu da Burocracia aborda um dos temas centrais do país: a burocracia excessiva e o atraso na digitalização da terceira maior economia do mundo, com impactos inclusive em transações bancárias. As obras ilustram a enorme quantidade de artigos existentes na legislação alemã, longas filas de espera em departamentos e sistemas do Estado e excesso de papel gasto nas repartições públicas — que até hoje usam fax.

O objetivo da exposição é justamente evidenciar atrasos tecnológicos na administração pública alemã e encorajar políticos e tomadores de decisão a lutarem contra a estrutura atrasada. Dois meses após sua abertura, o museu já recebeu milhares de visitantes, entre eles políticos dos principais partidos do país.

[...]

Uma das principais esculturas da exposição, o “Behörden-Mühle” faz um jogo de palavras com uma expressão alemã que em português significa “moinho de repartições públicas”. O termo faz referência a processos muito burocráticos que cidadãos e empresas enfrentam cotidianamente no país. A obra é formada por 64 pastas de arquivos, uma média da quantidade de documentos necessária para reunir as cerca de 150 licenças que uma empresa precisa ter para instalar uma turbina eólica na Alemanha. Cada uma dessas permissões pode ter dezenas de páginas.

Compras em espécie

Algumas esculturas retratam, além do excesso de burocracia, o atraso no processo de digitalização do país. Na entrada do corredor principal há uma sequoia gigante por onde os visitantes precisam atravessar. O buraco no pedaço de árvore representa o quanto esses dois problemas consomem não só tempo, mas também papel. Dados da exposição garantem que, somente em 2023, o governo federal consumiu o equivalente à madeira de 19.150 árvores. Isso significa que, em média, 52 árvores são derrubadas todos os dias apenas para a burocracia dos ministérios federais alemães.

Há ainda a escultura de um homem, em referência ao Pensador, do artista francês Auguste Rodin, que mira uma pilha de máquinas de fax. O artefato, que pode soar antigo para os brasileiros, e até completamente desconhecido para a geração que completa 20 anos, ainda é usado por órgãos públicos na Alemanha.

Enquanto o brasileiro já se acostumou a fazer compras, receber dinheiro e pagar contas instantaneamente via aplicativos bancários, na Alemanha essas atividades não são tão rápidas como fazer um pix. Uma compra realizada no supermercado com o cartão de débito pode demorar dias para constar no extrato bancário. Transferir dinheiro para um amigo ou familiar também requer planejamento, já que muitas vezes o valor não é creditado no mesmo dia. Se a transferência for realizada no sábado, por exemplo, o favorecido pode ter que esperar até segunda ou terça-feira.

Um outro detalhe que chama a atenção de quem visita o país pela primeira vez é a dificuldade para fazer compras com o cartão. Lojas grandes e supermercados já aderiram ao pagamento digital, mas muitos bares e restaurantes, inclusive nas grandes cidades, só aceitam pagamento em espécie. De acordo com um relatório global de pagamentos da Worldpay, empresa do setor de tecnologia e soluções de pagamentos, em 2023, 36% dos pagamentos no varejo na Alemanha foram feitos em dinheiro. Para efeito de comparação, no Brasil, esse número representa 22% das transações. Em países como Austrália, Canadá, China, Holanda e Noruega, é inferior a 10%.

Além do apego ao papel, a Alemanha também enfrenta uma corrida contra a má cobertura de internet de alta velocidade no país. Segundo um levantamento de 2021 do Instituto Ifo, apenas um terço (33%) das residências alemãs tem a opção de usar uma conexão de um gigabyte. Neste ranking, o país aparece entre os últimos da Europa e está mais de dez pontos percentuais atrás da França e da média da União Europeia. Para os autores do estudo, a Alemanha não tem um problema de oferta, mas de demanda: onde a internet rápida está disponível, a capacidade total geralmente não é usada.

Dados de 2020 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que apenas 5% das conexões de internet usadas na Alemanha são de fibra ótica. Em uma comparação internacional, a Alemanha ocupa o 19º lugar entre 23 países da OCDE e economias parceiras. O primeiro colocado é a Suécia, onde as conexões de fibra óptica representam 25% do total.

[...]
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/ ... anha.ghtml

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Tutu
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Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

O fim da realidade nas redes

youtu.be/la5W4Y8JZ4E

A IA é um problema quando gera conteúdo no qual não podemos dizer se é real ou não.
Isso acaba com a credibilidade da rede e pode até destruir a educação e o conhecimento.
Pessoas podem postar imagens em redes sociais delas mesmas em lugares onde nunca estiveram fisicamente.
IA pode criar sites de eventos que não ocorrerão fazendo muita gente aparecer e achar nada.
Slop é o lixo criado por IA e contamina o conjunto de conteúdo real.
Para eles o importante é que o conteúdo seja consumido por pessoas reais e não se o conteúdo é real. Com IA, economiza o tempo dos produtores ou nem precisa de produtores monetizados.

Re: Desenvolvimento e Modernização: Até onde vai a correlação?

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Fernando Silva
Conselheiro
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Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

Tutu escreveu:
Sex, 31 Janeiro 2025 - 12:51 pm
Slop é o lixo criado por IA e contamina o conjunto de conteúdo real.
Para eles o importante é que o conteúdo seja consumido por pessoas reais e não se o conteúdo é real. Com IA, economiza o tempo dos produtores ou nem precisa de produtores monetizados.
Para piorar, as IA estão usando como base o lixo produzido por outras IA.
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