Milícias no Brasil

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Milícia (criminalidade no Brasil)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


No contexto da criminalidade brasileira, a partir da década de 2000 e de início no Rio de Janeiro, milícia designa um modus operandi de organizações criminosas formadas em comunidades urbanas de baixa renda, como conjuntos habitacionais e favelas, inicialmente, e que a princípio efetuam práticas ilegais sob a alegação de combater o crime do narcotráfico. Tais grupos se mantêm com os recursos financeiros provenientes da extorsão da população e da exploração clandestina de gás, televisão a cabo, máquinas caça-níqueis, agiotagem, ágio sobre venda de imóveis, etc.[1]

São formadas por policiais, bombeiros, guardas municipais, vigilantes, agentes penitenciários e militares, fora de serviço ou na ativa.[2] Muitos milicianos são moradores das comunidades e contam com respaldo de políticos e lideranças comunitárias locais.[3][4][5]

A princípio com a intenção de garantir a segurança contra traficantes, os milicianos passaram a intimidar e extorquir moradores e comerciantes, cobrando taxa de proteção.[6][7] Através do controle armado, esses grupos também controlam o fornecimento de muitos serviços aos moradores.[8] São atividades como o transporte alternativo (que serve aos bairros da periferia), a distribuição de gás e a instalação de ligações clandestinas de TV a cabo.[9]

Segundo o Núcleo de Pesquisas das Violências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, até a operação no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, no final de novembro de 2010, as milícias dominavam 41,5% das 1 006 favelas do Rio de Janeiro (contra 55,9% por traficantes, e 2,6% pelas Unidades de Polícia Pacificadora).[9]

[...]


https://pt.wikipedia.org/wiki/Mil%C3%AD ... %A7%C3%A3o
Editado pela última vez por JJ_JJ em Ter, 30 Junho 2020 - 11:16 am, em um total de 2 vezes.

Re: Milícias no Brasil

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

O NASCIMENTO DA MÍLICIA EM RIO DAS PEDRAS, PELA VISÃO DE UM MORADOR


Relato conta como o medo transformou a vida da antes pacata comunidade

Depoimento feito a Arthur Leal

25/07/2019 - 07:00 / Atualizado em 16/09/2019 - 13:19


Meu nome não é Alberto, mas você pode me chamar assim. Cheguei com minha família a Rio das Pedras no ano de 1968. Éramos todos muito pobres e deixamos nossa casa em Campinas, no interior de São Paulo, em busca do sonho de dias melhores. Vimos naquela região, em plena expansão, próxima a Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, uma oportunidade ou, como meus pais diziam à época, uma promessa de emprego. Naquele tempo, era tudo muito precário. O bairro acabara de nascer. Para ter uma ideia, o relógio de luz da comunidade era dividido por várias famílias, ou seja, nem sequer podíamos deixar a geladeira ligada, senão todos ficariam sem energia.

De lá para cá, Rio das Pedras cresceu. Mas cresceu tanto que acabou ficando pequeno perto de tanta atividade ilegal. Invasão de espaços públicos, construções irregulares, transporte pirata, cobranças de taxa, ameaças e todo tipo de ilegalidade capitaneada pela milícia... Mas a situação não foi sempre assim. Lembro que, por volta dos anos 70, um homem muito influente e respeitado na época, que conhecíamos como seu Osório, figura muito amiga do então presidente da Light, conseguiu fazer com que mais relógios de luz fossem instalados em Rio das Pedras. Ele tinha uma atenção especial com a comunidade, não sei explicar bem o porquê. A partir daí, as condições começaram a melhorar para todos. Foi o ponto de partida para que tivéssemos uma melhora em outras questões, como esgoto e saneamento. Era tudo bem diferente.

A partir desse período, a comunidade começou a ser liderada por um casal, que instalou o que era conhecido como Polícia Mineira. Eles se chamavam Otacílio e Dinda. Eles e seus seguidores usavam o mesmo argumento que se usa hoje, de proteger a comunidade da ameaça do tráfico de drogas, mas a atuação deles era bem mais aceita pelos moradores. Independentemente do que eles eram, e o que faziam, a convivência deles com a comunidade era muito boa, eu não vivia com medo e apreensivo, como acontece hoje. Na época, tive vários amigos que faziam parte da Mineira mais antiga do Rio, como chamávamos. Tive momentos de alegria, tanto na antiga Associação de Moradores, que era apenas um barraco feito de madeira embaixo de um hortifrúti, como em nossas peladas. O futebolzinho era sagrado. No entanto, com o passar do tempo, vi vários deles serem mortos, não pela polícia, mas por divergências dentro do próprio sistema.


Eu lembro bem que, quando um marido batia na mulher na comunidade, a Mineira ia lá, batia no cara ou o expulsava de casa, por exemplo. Posso dizer que essa primeira liderança se rompeu pelas próprias práticas. Lembro que Otacílio teve um problema, num desses casos, com um dos membros do grupo, que foi preso. Ao ser solto, um encontro foi marcado entre os dois, e comenta-se que houve uma emboscada, que teria sido encomendada pela própria Dinda. Houve o encontro, e eles, quando se viram, trocaram tiros. Os dois morreram no duelo.

Foi a partir da morte de Otacílio que um período mais sombrio começou em Rio das Pedras. A era comandada pela Dinda. Foi desastroso. Ela começou a mandar agredir moradores por qualquer motivo, tomava a casa de muita gente, expulsava da comunidade... quem era pego usando droga também era espancado e expulso do bairro. Mas não durou muito. De tanto fazer besteira, Dinda acabou sendo assassinada. Seu corpo foi encontrado sobre os degraus de madeira da antiga Associação de Moradores.


Nesse momento, no início dos anos 90, vivíamos em Rio das Pedras constantemente com a violência, uma verdadeira matança, que era resultado da disputa entre as pessoas que queriam tomar o poder na comunidade. Um dos casos que mais me marcaram nessa época foi quando assassinaram um policial civil da 16ª DP, que todos conheciam como Touro. Ele parou num sinal com o carro, quando saía da casa de uma suposta amante, e foi metralhado. Mas também havia pessoas bem-intencionadas, uma nova geração, com boas ideias e vontade de vir tentar fazer um Rio das Pedras melhor. Elas não conseguiram. Não tiveram força suficiente. Foi então que, no fim da década e início dos anos 2000, uma aliança formada por Nadinho e o inspetor da polícia civil Félix Tostes deu início ao que hoje passamos a conhecer como a milícia. Tostes era muito influente no meio da polícia e ganhou muita projeção e fama atuando em Rio das Pedras, a ponto de ter nas mãos as cúpulas das polícias civil e militar, que não saíam de Rio das Pedras. Lembro bem de uma história conhecida que diz que ele, uma vez, matou um desafeto em frente ao Castelo das Pedras, botou numa van e mandou desovar no Jardim Clarice, no Anil.

[...]



https://epoca.globo.com/rio/o-nasciment ... r-23831103

Re: Milícias no Brasil

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Frencisco Toucinho
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Mensagem por Frencisco Toucinho »

Sim, elas existem. Ocupam o vácuo deixado pelo Poder Público. O que quer discutir a respeito?

Re: Milícias no Brasil

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Frencisco Toucinho
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Mensagem por Frencisco Toucinho »

Aliás nem sei se quero discutir isso, moro em São Paulo, e aqui, até onde sei, não tem isso. Se algum carioca quiser explicar essa realidade, seria interessante, afinal dizem que a influência das milícias já chegou no governo federal.

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Escritório do Crime: como grupo de matadores colecionou execuções no Rio por uma década

Polícia e MP investigam se 13 crimes foram cometidos por assassinos profissionais que só tiveram a impunidade incomodada após início da investigação do caso Marielle.


Desde 2009, há pelo menos 13 assassinatos em que os integrantes do chamado "Escritório do Crime" são suspeitos de participação. Só em 2 deles houve denúncia por parte do Ministério Público. Justamente as duas execuções que levaram à prisão de parte do grupo, na manhã da última terça-feira (30).

Segundo investigadores, pode ser o início do caminho para levar à solução de muitos outros casos que assombram o Rio de Janeiro há mais de uma década -- e que tiveram investigação impulsionada por outro crime de repercussão mundial, as execuções de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 14 de março de 2018 (entenda a ligação abaixo).

[...]

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/ ... cada.ghtml
A investigação da morte da vereadora e de seu motorista até hoje parece enfurecer muita gente "de bem."
Repetem os mesmos chavões que se vêem em redes sociais, dizendo que morre "pai de família todo dia e ninguém liga." Pergunto-me o quanto desses chavões eram impulsionados por robôs e troll farms para defender os interesses dos criminosos.

Aliás, a morte dela foi o rufar dos tambores, foi uma amostra grátis da rede de produção e distribuição de fake news que foram as eleições daquele ano. O formato muitas vezes era o mesmo. Paranóia minha achar que foram, no mínimo, contratados serviços das mesmas "empresas?"

De qualquer forma, as investigações já prenderam criminosos, gerou apreensão recorde de armas, e até mesmo identificou bandidos dentro da polícia civil que atrapalhavam as investigações (imaginem o estrago que essa bandidagem não faz lá dentro). Tem gente graúda aí. Não sei o motivo de tantos "cidadãos de bem" estarem com raiva destes resultados...

Re: Milícias no Brasil

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Titoff escreveu:
Dom, 05 Julho 2020 - 14:26 pm
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/ ... cada.ghtml
A investigação da morte da vereadora e de seu motorista até hoje parece enfurecer muita gente "de bem."
Repetem os mesmos chavões que se vêem em redes sociais, dizendo que morre "pai de família todo dia e ninguém liga." Pergunto-me o quanto desses chavões eram impulsionados por robôs e troll farms para defender os interesses dos criminosos.

Aliás, a morte dela foi o rufar dos tambores, foi uma amostra grátis da rede de produção e distribuição de fake news que foram as eleições daquele ano. O formato muitas vezes era o mesmo. Paranóia minha achar que foram, no mínimo, contratados serviços das mesmas "empresas?"

De qualquer forma, as investigações já prenderam criminosos, gerou apreensão recorde de armas, e até mesmo identificou bandidos dentro da polícia civil que atrapalhavam as investigações (imaginem o estrago que essa bandidagem não faz lá dentro). Tem gente graúda aí. Não sei o motivo de tantos "cidadãos de bem" estarem com raiva destes resultados...
" Não sei o motivo de tantos "cidadãos de bem" estarem com raiva destes resultados"


Basicamente raiva e ódio dos partidos de esquerda e de pessoas de esquerda, muita raiva e ódio é a motivação dessa gente. São pessoas muito cheias de raiva e ódio.

Se a máfia matou alguém de esquerda para eles está ok. Pode ser a pior máfia da América Latina, mas se essa máfia está matando pessoas de partidos de esquerda, então para esses "moralistas" está tudo beleza.


.
Editado pela última vez por JJ_JJ em Dom, 05 Julho 2020 - 15:28 pm, em um total de 1 vez.

Re: Milícias no Brasil

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Renata Mieli: A morte de Marielle Franco, o discurso de ódio e a desinformação


As mentiras (fake news) e o discurso de ódio têm extrapolado os ambientes digitais e midiáticos para gerar violência e morte.


O assassinato de Marielle, as ameaças de morte contra o deputado Jean Wyllys, contra a filósofa Márcia Tiburi e contra a professora e pesquisadora Débora Diniz (que os levaram a sair do Brasil por medo) são exemplos disso. Precisamos compreender como esses conteúdos são produzidos, como circulam e que mecanismos podemos usar para enfrentá-los.

Por Renata Mieli, jornalista, coordenadora geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, secretária geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e colunista da Mídia NINJA.
Demorou 363 dias para que a pergunta ‘quem matou Marielle’ fosse respondida. No dia 12 de março foram presos pelo assassinato da vereadora do PSOL o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz. Mas ainda há uma pergunta sem resposta: Quem mandou matar? Há uma outra pergunta que precisa ser também respondida: Por quê? Os motivos objetivos do crime precisam ser elucidados, mas, não resta dúvida que subjacente a este está o ódio ao que Marielle Franco personificava e dava voz.

A vereadora do PSOL tinha uma ação política intensa e representava tudo o que, nos últimos anos, vinha sendo alvo dos ataques de uma direita reacionária e de viés fascista, dos fundamentalistas religiosos e grupos de interesse ligados ao crime organizado e às milícias que tomam conta do Rio de Janeiro.

Então, depois de eliminada fisicamente, começou a tentativa de matar suas ideias. Imediatamente após a divulgação do seu assassinato, começaram a circular conteúdos na internet tentando culpar Marielle pela sua morte. A estratégia era ligá-la ao crime organizado, ou adotar o discurso de que ela foi morta porque era uma defensora de bandidos.

As mentiras e desinformação que circularam não foram episódicas e muito menos desconectadas, passaram pelas redes das organizações da direita como o MBL, e foram também plantadas por pessoas que ocupam espaço de autoridade na sociedade, como no caso do deputado federal pelo DEM, Alberto Fraga, e a desembargadora carioca Marília Castro Neves do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Ambos, tiveram no ódio um dos seus elementos propulsores. O discurso de ódio (que ataca de forma deliberada setores da sociedade, aprofundando preconceitos e induzindo a intolerância a partir da inferiorização e da criminalização de grupos específicos — mulheres, negros, índios, comunidade LGBT, por religião, ideologia, nacionalidade) tem sido apontado como um dos recursos para plasmar crenças e criar posições a fim de atingir objetivos políticos na sociedade.

O ódio aos negros, às mulheres, à liberdade sexual, aos direitos humanos. O ódio às comunidades carentes, às favelas, à cultura popular. O ódio da diversidade. O ódio à esquerda e à luta por uma sociedade mais justa.

O papel da mídia na reprodução do ódio

Esse ódio, vale dizer, não é um impulso do momento, não é uma perda da razão, um desatino. Não, o ódio é mais do que um arroubo, é uma construção social, é um sentimento alimentado por valores culturais, pela disputa de poder político e econômico e é plasmado pelo discurso dos mass media na sociedade.

O ódio que tirou a vida de Marielle foi cuidadosamente engendrado por séculos de racismo, pelo machismo que impregna todas as esferas da vida em sociedade, e que, nos últimos anos, ganhou fôlego diante da crise política.

A mídia hegemônica tem papel central neste processo, uma vez que por anos adotou um discurso de criminalização da política e dos movimentos sociais, voltado de forma seletiva para os setores de esquerda. Além disso, são décadas de representação da mulher na mídia voltada para reforçar o machismo dominante, de sub-representação dos negros, que aparecem sempre em posição de inferioridade. No geral, historicamente, os meios de comunicação alimentaram o preconceito e a discriminação.

O discurso de ódio e a liberdade de expressão

Vale dizer que o discurso do ódio não é amparado pela liberdade de expressão e, portanto, é crime. A liberdade de expressão é um direito reconhecido internacionalmente, em tratados e declarações de organismos multilaterais. Está fundamentado no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completou 70 anos em 10 de dezembro de 2018. Na Constituição brasileira, está expresso no artigo 5º e é referido em vários outros.

Como todos os demais direitos, a liberdade de expressão não é um direito absoluto, ele precisa ser visto diante do contexto e em relação a outros direitos. Também é importante ressaltar que é um direito individual e coletivo, uma vez que são as pessoas os seus titulares. E, é fundamental dizer que como direito, ele não pode ser visto como salvaguarda para abrigar manifestações de ódio, de preconceito e discriminação, também não é amparo para crimes de injúria, calúnia e difamação.

Por isso, não é qualquer manifestação de opinião, qualquer crítica que pode ser feita sob o argumento de que é preciso garantir a liberdade de expressão, já que não se pode comparar críticas ao discurso de ódio.

O que houve com Marielle, antes e depois de seu assassinato, não foram críticas, foram discursos para causar dano, pior, construídos intencionalmente para causar dano.


Discurso de ódio, desinformação na internet


O discurso de ódio tem sido objeto de preocupação de pesquisadores e organizações de direitos humanos, e organismos multilaterais. Principalmente em razão da escala, velocidade e alcance que passaram a ter em razão da dinâmica das redes sociais. Voltamos, mais uma vez, à questão dos novos mecanismos de direcionamento de conteúdo a partir da coleta de dados pessoais.


[...]


https://midianinja.org/renatamielli/a-m ... nformacao/

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Muito do ódio contra a pessoa e da raiva contra investigação que está chegando na bandidagem é devido a narrativas ideologicas mesmo.

Eu mesmo nunca tinha ouvido falar dela antes do atentado, mas fiquei impressionante com a quantidade de mentiras que foram disparadas já no dia seguinte do crime. Isso é coordenado.

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Mãe e filho que pertencem a organização criminosa da Zona Oeste tinham a missão de executar policiais civis

[...]

Cinco pessoas foram presas. Entre elas, estão mãe e filho, identificados como Ana Lúcia Silva Alves e Gabriel da Silva Alves. Segundo a polícia, eles eram responsáveis por matar policiais civis que estariam investigando a organização criminosa.
O delegado da especializada, Robson Gomes, informou ao DIA que Ana Lúcia era quem incentivava o filho a executar os agentes. Inclusive, Gabriel é considerado um dos principais executores de diversos homicídios ocorridos na área de Vargem Grande.

Gomes disse ainda que o objetivo da polícia é encontrar o policial civil Leonardo Magalhães Gomes da Silva, o Capitão Léo, até o final desta quinta-feira. De acordo com o MPRJ, ele é o líder da quadrilha.

[...]

O grupo age através de agiotagem, extorsão, tráfico de drogas e de armas, homicídios, além de grilagem de terras.

https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2 ... civis.html

Nem tem o que falar, né?

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Capitão da PM apontado como chefe de milícia na Zona Oeste do Rio se entrega à polícia

Após a ação, o capitão, que é lotado no Departamento Geral de Pessoal (DGP), chegou a ser considerado foragido — já que não foi encontrado em nenhum de seus endereços — e teve sua foto incluída no Portal de Procurados. Segundo as investigações, Capitão Leo é o responsável por diversas mortes na região de Vargem Pequena e Vargem Grande.

A operação Porto Firme foi realizada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual para desarticular uma narcomilícia que atua em bairros da Zona Oeste do Rio. Os principais redutos do grupo são os bairros de Jacarepaguá, Vargem Grande e Vargem Pequena. A quadrilha é acusada de praticar crimes como extorsão, ameaças e homicídios. Foram expedidos 16 mandados de prisão e 51 de buscas e apreensões.

https://oglobo.globo.com/rio/capitao-da ... a-24525403
Aliás, quem foi mesmo o senador com mais votos nos currais eleitorais das áreas de milícia...? Um cara que até está sendo investigado por roubar dinheiro público para "investir" em grilagem e construção irregular... Uma dica: o nome começa com "F" e termina com "lávio Bolsonaro."

Re: Milícias no Brasil

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Capangas do prefeito não deixam que pacientes dos hospitais públicos falem com os repórteres.
Ganham 4 mil por mês.
Vereadora do Rio vai propor CPI dos "Guardiões do Crivella"

Após a divulgação da existência de um grupo pago para defender prefeito e impedir críticas na porta de hospitais , a vereadora Teresa Bergher (Cidadania) vai apresentar um pedido de CPI nesta terça-feira na Câmara de Vereadores para investigar a atuação dos funcionários da prefeitura. Ao GLOBO, Teresa comparou a atuação do grupo com uma "milícia" e que irá pedir também a exoneração de Marcos Paulo de Oliveira Luciano, contratado desde 2017, para atuar no gabinete do prefeito. Ele, que pode ser visto em fotos com Crivella, ganha salário de cerca de R$ 10 mil.

"É uma situação surrealista. A prefeitura está de pires na mão, Enquanto o prefeito paga mais de três mil reais para jagunços ameaçarem jornalistas e constrangerem pacientes que vão buscar atendimento nos hospitais do município. O funcionário que está por trás dessa milícia tem quer exonerado imediatamente, junto com todo o grupo. O prefeito deveria gastar este dinheiro com profissionais de saúde. Uma vergonha", disse a vereadora.

Na porta do Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, em 20 de agosto, dona Vânia se queixa da falta de vaga para transferir a mãe, que tem câncer, para um atendimento especializado. Aos gritos, dois homens atrapalham a entrevista, que precisa ser interrompida. Uma rotina de casos semelhantes para impedir críticas e reportagens sobre o caos na saúde do Rio, agravado pela pandemia do novo coronavírus, chamaram a atenção do “RJ TV” da Rede Globo. Os repórteres descobriram que o grupo tem nome, Guardiões do Crivella, obedece a uma rígida escala de serviço e, o mais grave, ganha salário pago com dinheiro público — em torno de R$ 4 mil — só para criar confusão na entrada de unidades de saúde e inviabilizar denúncias ao serviço público municipal.

Um denunciante revelou como funciona o esquema para blindar o prefeito Marcelo Crivella. Os guardiões são controlados através do WhatsApp, usado para conectar todos os envolvidos na função. Muito cedo, eles vão para as portas de hospitais e, para provar que estão a postos, fazem selfies no local, que são enviadas para o grupo do aplicativo de celular. Ali, eles são cobrados sobre o serviço, quando malfeito, ou são elogiados quando o tumulto provocado é tanto que inviabiliza a ação de jornalistas, queixas de parentes de pessoas internadas ou dos próprios pacientes. Imagens obtidas pela TV mostram que, entre os integrantes do grupo de WhatsApp, há um telefone atribuído ao próprio Crivella. De acordo com o denunciante, “o prefeito acompanha no grupo os relatórios e, às vezes, ele escreve lá: ‘Parabéns! Isso aí!’”, disse.

Para fazer as agressões verbais e defender a política de saúde de, quase sempre aos gritos, Luiz Carlos Joaquim da Silva, conhecido como Dentinho, foi contratado em dezembro de 2019 com salário bruto de R$ 4.195, em cargo especial. Foi ele que interrompeu a entrevista que era concedida pela dona Vânia.

Ontem, a equipe de reportagem foi para a porta do Hospital Salgado Filho, no Méier, onde, já sabendo da existência dos Guardiões do Crivella, começou a se preparar para entrevistar um homem que tinha perdido um dedo. Desta vez, quem está a postos é José Robério Vicente Adeliano, que ganha salário bruto de R$ 3.229. Ele parte para cima do paciente, que tinha acabado de ser atendido, mas reclamava de outra unidade, em Rocha Miranda, por onde passou e não conseguiu ser visto por médicos. O guardião interrompe a entrevista e aborda o paciente, que fica indignado. O diálogo é surreal.
[...]
José Robério começa: “Fala isso não, compadre”. O paciente responde exibindo a mão com um grande curativo: “Como? Perdi um dedo e não posso falar?” José Robério insiste: “Fala isso não, meu irmão”. É preciso o repórter interferir. “O senhor pode deixar ele falar da saúde?”, pergunta. Ao que o guardião responde: “Está indo muito bem, meu querido”. O prefeito está trabalhando correto e bem”. Neste momento, é confrontado pelo jornalista que o identifica, conta saber sobre o trabalho dos guardiões e quanto ele ganha para encobrir reclamações.
[...]
O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Paulo Jeronimo, por nota, criticou o que chamou de atentado à democracia. “Em ações orquestradas, funcionários da prefeitura tentam intimidar, com agressões verbais e ameaças de agressões físicas, jornalistas que trabalham em reportagens sobre a situação de calamidade dos hospitais públicos no Rio. As ameaças se estendem aos usuários que prestam depoimentos sobre o mau atendimento. Episódios ocorridos nas portas de vários hospitais municipais nos últimos dias mostram que não estamos diante de fatos isolados, mas de uma política do prefeito para constranger repórteres e cidadãos”. Já o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, classificou de “absurdo” o gasto do dinheiro público para atentar contra o livre direito do cidadão a se manifestar e a ser informado adequadamente pela imprensa”. Rech pede uma investigação rigorosa. O Ministério Público do Rio disse que vai analisar os fatos para adotar as medidas cabíveis.
https://ultimosegundo.ig.com.br/politic ... vella.html

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Muito bizarro...

Milícias do Rio têm parceria com polícia, facções e igrejas

Pesquisa afirma que milícias agora tentam se infiltrar em prefeituras e Câmaras de vereadores


[...]

Em seguida são relatados vínculos com igrejas: "Igualmente relevante são os relatos sobre conexões entre igrejas de perfil evangélico pentecostal e milícias. Algumas igrejas estariam servindo tanto para a lavagem de dinheiro das milícias como para azeitar sua articulação com políticos. Sem falar do fato de que por meio das igrejas realizam trabalho social, por exemplo, através da distribuição de sopa comunitária. Tem-se notícia de que pastores chegam a abençoar as práticas milicianas, dizendo serem "sagradas" e que "Deus, de tempos em tempos, manda um grupo de pessoas para limpar o mundo do mal".

[...]

https://www.terra.com.br/amp/noticias/b ... xsc4z.html
Será que é por isso que os evangélicos apoiam o terrorista miliciano...? :think:

Re: Milícias no Brasil

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Na favela aqui em frente é tudo misturado.

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Fernando Silva escreveu:
Qua, 28 Outubro 2020 - 15:59 pm
Na favela aqui em frente é tudo misturado.
Milicianos, traficantes, evangélicos, comerciantes e políticos?

Re: Milícias no Brasil

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Titoff escreveu:
Qua, 28 Outubro 2020 - 16:14 pm
Fernando Silva escreveu:
Qua, 28 Outubro 2020 - 15:59 pm
Na favela aqui em frente é tudo misturado.
Milicianos, traficantes, evangélicos, comerciantes e políticos?
Para dizer a verdade, não sei se os milicianos já chegaram por aqui.
Não dá para distinguir os tiros de uns e de outros.

Quanto aos políticos, sobem o morro para pedir votos e imagino que alguns sejam nascidos lá. E o que não faltam são comerciantes.

Mas vejo que traficantes e evangélicos compartilham o mesmo sistema de som, os mesmos espaços de reunião etc.

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Fernando Silva escreveu:
Qua, 28 Outubro 2020 - 16:28 pm
Titoff escreveu:
Qua, 28 Outubro 2020 - 16:14 pm
Fernando Silva escreveu:
Qua, 28 Outubro 2020 - 15:59 pm
Na favela aqui em frente é tudo misturado.
Milicianos, traficantes, evangélicos, comerciantes e políticos?
Para dizer a verdade, não sei se os milicianos já chegaram por aqui.
Não dá para distinguir os tiros de uns e de outros.

Quanto aos políticos, sobem o morro para pedir votos e imagino que alguns sejam nascidos lá. E o que não faltam são comerciantes.

Mas vejo que traficantes e evangélicos compartilham o mesmo sistema de som, os mesmos espaços de reunião etc.
Esse último parágrafo é bem unteressante...
O que parece estar acontecendo é que milicianos absorveram os negócios dos traficantes (que já não era 'apenas' drogas ilícitas).

Posso perguntar qual favela é essa?

Re: Milícias no Brasil

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Titoff escreveu:
Qua, 28 Outubro 2020 - 16:52 pm
Fernando Silva escreveu:
Qua, 28 Outubro 2020 - 16:28 pm
Titoff escreveu:
Qua, 28 Outubro 2020 - 16:14 pm
Fernando Silva escreveu:
Qua, 28 Outubro 2020 - 15:59 pm
Na favela aqui em frente é tudo misturado.
Milicianos, traficantes, evangélicos, comerciantes e políticos?
Para dizer a verdade, não sei se os milicianos já chegaram por aqui.
Não dá para distinguir os tiros de uns e de outros.

Quanto aos políticos, sobem o morro para pedir votos e imagino que alguns sejam nascidos lá. E o que não faltam são comerciantes.

Mas vejo que traficantes e evangélicos compartilham o mesmo sistema de som, os mesmos espaços de reunião etc.
Esse último parágrafo é bem unteressante...
O que parece estar acontecendo é que milicianos absorveram os negócios dos traficantes (que já não era 'apenas' drogas ilícitas).

Posso perguntar qual favela é essa?
Moro em frente a uma faixa de favelas: Salgueiro, Chacrinha, Turano etc.

Re: Milícias no Brasil

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Pastor candidato a vereador é preso por chefiar o tráfico em Belford Roxo

Pastor Elisamar Miranda Joaquim é apontado como chefe do Complexo do Roseiral e concorria à Câmara Municipal de Belford Roxo

Agência O Globo - 29/10/2020

Uma operação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) com o Ministério Público do Rio de Janeiro contra o tráfico de drogas prendeu um pastor candidato a vereador , na manhã desta quinta-feira, dia 29, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Elisamar Miranda Joaquim é apontado como chefe do Complexo do Roseiral e concorria ao cargo público nas eleições municipais de 2020 pelo PDT. Na operação batizada de "Itália", dez mandados de prisão preventiva e 61 mandados de busca e apreensão são cumpridos pelos agentes que seguem nas ruas. Até o momento, três pessoas já foram presas.
https://ultimosegundo.ig.com.br/politic ... -roxo.html

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »



Carro de vereador foi atingido por disparos de fuzil no Rio
Atingido de raspão na cabeça, Zico Bacana, que tenta a reeleição, foi liberado do hospital; duas pessoas ainda não identificadas morreram


https://www.terra.com.br/noticias/eleic ... wiu3l.html
Vereador Zico Bacana, ex-PM, apontado como chefe miliciano pela cpi das milícias.

Logo podemos fundir esse tópico com os das eleições no Brasil.

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Passos confiantes em direção a uma narco-teocracia. O pior é que tais neopentecostais e milicianos ganham cada vez mais poder político também. Até a milícia favorita do presidente e de sua famiglia foi mencionada.

Curioso o jornal colocar o "que se dizem evangélicos." Não devem querer problemas com tal poderoso grupo financeiro.
Traficantes que se dizem evangélicos fecham pacto com milícia para expandir 'Complexo de Israel'
Investigação revela que acordo com o tráfico causou racha e mortes entre paramilitares

Spoiler:
RIO - O “Complexo de Israel”, agora, une tráfico e milícia. Batizado por criminosos que se dizem evangélicos e proibiram em seus domínios a prática de religiões afro-brasileiras, o conjunto de favelas na Zona Norte do Rio passou a englobar uma comunidade dominada por paramilitares. Um inquérito da Polícia Civil do Rio obtido pelo GLOBO revela que um pacto fechado entre traficantes e milicianos do Quitungo, em Brás de Pina, culminou na união das quadrilhas e na adesão da favela ao “Complexo de Israel”, que já abrangia Vigário Geral, Parada de Lucas e Cidade Alta.

O acordo — que prevê a união das quadrilhas em invasões a favelas dominadas pela maior facção do tráfico do Rio, rival de ambas — foi descoberto pela polícia durante uma investigação sobre um duplo homicídio no Quitungo, em junho passado. Jhonatan Batista Vilas Boas Alves, o Cepacol, e José Mário Alves da Trindade, o Cebolão, foram executados e tiveram seus corpos encontrados no porta-malas de um carro queimado na favela. A Delegacia de Homicídios (DH) descobriu que as vítimas eram integrantes da milícia que, descontentes com o pacto com o tráfico, romperam com a quadrilha. A investigação terminou nas prisões, no mês passado, de três policiais militares acusados de integrar a cúpula da milícia do Quitungo e de serem os mandantes do crime.

De acordo com o inquérito da DH, um grupo de paramilitares oriundo de uma localidade conhecida como Morro do Dourado, vizinha ao Quitungo — do qual as duas vítimas fazia parte — se recusou a se submeter às regras dos traficantes e a entrar em guerra com a facção rival, que domina os complexos do Alemão e da Penha. As imposições dos traficantes do “Complexo de Israel” vão desde a expulsão de pais e mães de santo da favela até a proibição de que moradores usem roupas brancas — cor usualmente vestida por praticantes do candomblé.

À DH, um parente de um miliciano que atua no Quitungo deu detalhes sobre a aliança dos paramilitares com o tráfico. Segundo o depoimento, o acordo foi costurado a partir de três integrantes do tráfico da Cidade Alta que tinham parentes no Quitungo. Eles “foram autorizados pelos milicianos a visitar seus parentes, dando início às tratativas de união”. Segundo a testemunha, o pacto foi selado em maio passado. No mesmo mês, os descontentes foram expulsos do Quitungo.

PM já era acusado da morte de Cláudia
Os três PMs que tiveram suas prisões decretadas pela Justiça por integrarem a milícia do Quitungo são os sargentos Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, lotado no 7º BPM (São Gonçalo), e Gláucio Ferreira Gomes Damião, do 41º BPM (Irajá) e o cabo Carlos André de Oliveira Sodré, também do 7º BPM. Suas identificações foram fornecidas por testemunhas que moram na favela e confirmadas por um policial do batalhão da área, o 16º BPM (Olaria), que auxiliou a investigação e prestou depoimento na DH.

O sargento Zaqueu, apontado no relatório do inquérito como “a maior liderança da milícia no Quitungo, sendo o responsável por coordenar e ordenar os atos praticados na comunidade”, já foi preso por um caso de violência policial que chocou o Rio em março de 2014. Ele é o policial apontado como responsável pelos disparos que mataram Claudia Silva Ferreira, a dona de casa e mãe de oito filhos que, em seguida, seria arrastada por uma viatura da PM por 350 metros em Madureira, na Zona Norte do Rio.

O vídeo que mostra Claudia sendo arrastada pela viatura da PM por 350 metros da Estrada Intendente Magalhães foi revelado pelo jornal "Extra" e levou à prisão do agente e de mais outros cinco PMs à época. Todos os agentes, então lotados no 9º BPM (Rocha Miranda), seriam libertados por decisão da Justiça meses depois. As imagens mostram a mulher pendurada no para-choque do veículo apenas por um pedaço de roupa. Apesar de alertados por pedestres e motoristas, os PMs não pararam.

Até hoje, no entanto, Zaqueu responde pelo crime em liberdade: o processo judicial contra os PMs pelo homicídio e remoção do cadáver de Claudia anda a passos lentos na 3ª Vara Criminal da capital. Somente em março de 2019, cinco anos após o crime, foi realizada a primeira audiência do caso, em que foram ouvidas testemunhas de defesa e acusação.

Também tiveram as prisões decretadas pelo duplo homicídio no Quitungo, dois chefes do tráfico do “Complexo de Israel”: Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, chefe do tráfico da região, e seu braço direito, Moisés Severino da Silva, o Dino, o homem de guerra da facção.

Ligação com o Escritório do Crime
A investigação também revelou um elo da milícia do Quitungo com o Escritório do Crime, quadrilha de matadores de aluguel responsável por diversos homicídios no Rio nos últimos 15 anos. O ex-cabo da PM Anderson de Souza Oliveira, o Mugão, foi identificado no depoimento de uma das testemunhas à DH como o integrante da milícia responsável por controlar o “gatonet” na favela. Mugão atualmente está foragido: ele teve a prisão decretada em junho passado, acusado de ser um dos matadores do Escritório do Crime.

A ligação de Mugão com o Quitungo é antiga: ele foi expulso da PM, em agosto de 2014, sob a acusação de integrar o “Bonde do 556”, uma milícia que tentava se instalar na favela. Na época, Mugão foi denunciado à Corregedoria da PM por seu principal rival na guerra pelo controle da região, o também ex-PM Márcio Gabriel Simão, o Marcinho do Quitungo. Simão apontou Mugão como o responsável pelo atentado que sofrera em março de 2011 na favela. Na ocasião, seu carro foi fuzilado, mas ele conseguiu sobreviver.

Mugão também chegou a responder na Justiça por integrar um grupo de homens que saltou de uma Kombi na frente de um bar e fuzilou o cabo Anderson Luiz Santos, em outubro de 2011. Na ocasião, Marcinho do Quitungo também estava no local e foi ferido. Mugão ficou três anos preso pelo crime, mas nunca foi condenado. No processo sobre a adesão da milícia ao “Complexo de Israel”, Mugão responde pelo crime de organização criminosa.

Menções bíblicas
No “Complexo de Israel”, os traficantes usam símbolos do Estado de Israel, como a bandeira do país e até a Estrela de Davi, para demarcar o seu domínio. Há bandeiras hasteadas nas favelas Vigários Geral e Parada de Lucas e várias Estrelas de Davi desenhadas em muros pelas favelas. Uma teoria prevalente em algumas correntes evangélicas, particularmente as neopentecostais, prega que a criação do Estado de Israel foi o prenúncio da volta de Jesus Cristo.

A obsessão de Peixão, chefe do tráfico das favelas, pela fé judaica já foi testemunhada durante uma operação da Polícia Civil em Parada de Lucas. Num esconderijo subterrâneo usado pelo traficante para se esconder durante incursões policiais, agentes encontraram — além de munição para uma metralhadora antiaérea e coletes balísticos — um exemplar de luxo da Torá, o livro sagrado do judaísmo.

Segundo a Polícia Civil, Peixão gosta de ser chamado, por seus comparsas, de Arão — referência ao irmão de Moisés, personagem bíblico.

https://oglobo.globo.com/rio/traficante ... l-24821292

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Vídeo no link.
É bom ter colegas tomando conta da cadeia onde se está preso, não é?
Video: detentos usam notas de R$ 50 para acender charutos em Bangu 9
Após o episódio os presos foram transferidos para outra unidade e cumprem medida disciplinar diferenciada

Imagem
Detentos de Bangu 9 acendem charutos com notas de R$ 50 e divulgam vídeo nas redes sociais

Video: detentos usam notas de R$ 50...

RIO DE JANEIRO

Detentos de Bangu 9 acendem charutos com notas de R$ 50 e divulgam vídeo nas redes sociais
Reprodução
Por Anderson Justino
Publicado 09/03/2021 10:35 | Atualizado 09/03/2021 10:45

Rio - Um vídeo gravado dentro de um presídio no Rio mostra detentos usando notas de R$ 50 para acender seus charutos. Além disso, a imagem mostra homens com copos de bebidas nas mãos como se estivessem participando de uma festa sem mostrarem preocupação com os agentes penitenciários.
Segundo a denúncia, a cena foi feita de dentro da Penitenciária Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9. Os detentos que aparecem na imagem são apontados como milicianos ligados à quadrilha de Wellington da Silva Braga, o Ecko, miliciano mais procurado do Rio. "Nada mudou", diz um dos presos, ao som de um hit do funk ao fundo.

Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que instaurou um processo de apuração interna para apurar os fatos. Ainda segundo a Seap, os internos envolvidos foram transferidos de unidade e estão cumprindo regime disciplinar diferenciado.

https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2 ... ngu-9.html

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Daria para postar também no tópico do "governo" do bozo, já que a famiglia e milicianos se misturam.
Os segredos blindados de Adriano da Nóbrega, testemunha da ‘rachadinha

Nada preocupa tanto Jair Bolsonaro quanto a investigação sobre seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, e aquilo que o presidente considera uma tentativa de adversários e autoridades públicas de associar a sua família à milícia. Na famosa reunião ministerial de abril de 2020, Bolsonaro foi enfático ao abordar o tema: “Eu não vou esperar f. a minha família, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro. E ponto-final”. Não era bravata. Depois do encontro, foram substituídos o diretor-geral da Polícia Federal e o superintendente da corporação no estado do Rio de Janeiro. Contrariado com a mudança no comando da PF, Sergio Moro pediu demissão do cargo de ministro da Justiça e acusou o antigo chefe de tentar interferir indevidamente no órgão. A insinuação era de que Bolsonaro mexia na estrutura policial para proteger Flávio, que meses depois seria denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro no caso da rachadinha.

A apuração sobre a suposta interferência indevida do mandatário na PF tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e tende a dar em nada. Já a primeira-família da República está cada vez mais perto de se livrar de suas principais preocupações. Um dos motivos é a decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de anular a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Flávio, de Fabrício Queiroz, o faz-tudo do clã Bolsonaro, e de mais de noventa investigados no processo da rachadinha, o que abre caminho para que as principais provas coletadas sejam descartadas — e a denúncia contra o senador, arquivada. O outro motivo é a iminência do encerramento das apurações sobre as circunstâncias da morte de Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope que acabou expulso da Polícia Militar, aderiu ao submundo do crime, foi acusado de comandar um grupo de extermínio a serviço de uma milícia, tornou-se foragido da Justiça, mas, apesar de tudo isso, nunca deixou de ser defendido por Jair Bolsonaro, de quem se aproximou graças a Queiroz. “Ele era um herói”, disse o presidente dias depois da morte de Adriano, ocorrida em fevereiro do ano passado, no município de Esplanada, na Bahia.

Considerado testemunha-chave em diferentes enredos criminosos, Adriano tinha informações sobre a rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e sobre o pagamento de propina pelos contraventores a autoridades. Por isso, a sua morte, tão logo anunciada, virou tema do embate político. Adversários de Bolsonaro lançaram a suspeita, sem apresentar provas, de queima de arquivo. Já Frederick Wassef, advogado do presidente e de Flávio, disse que Adriano foi executado como parte de uma conspiração, cujo objetivo seria desgastar o governo. Os dois lados cobraram uma apuração rigorosa, mas o caso caiu no esquecimento. Até a família de Adriano deixou de lado a vontade demonstrada inicialmente para passar a história a limpo. A família recorreu à Justiça a fim de garantir o direito de mandar um perito particular ao sítio em que o ex-capitão foi morto, conseguiu a autorização para isso há mais de um ano, mas até hoje não levou o tal perito ao local. Com sentido de urgência, a família alegava que a perícia particular era crucial para demonstrar que Adriano tinha sido torturado e depois executado, e não morto numa troca de tiros, ao resistir à prisão, como alega a polícia. Com o passar do tempo, a urgência desapareceu.

PACTO DE SILÊNCIO - Fabrício Queiroz: a parceria dele com o ex-capitão do Bope envolvia dinheiro, negócios e votos -

Pessoas próximas a Adriano dizem que o trabalho não foi realizado devido à falta de acordo sobre o valor a ser pago pela perícia e sobre quem deve arcar com a fatura. De fato, há divergência sobre a responsabilidade pela conta, mas há, principalmente, convergência em torno da ideia de que o melhor a fazer é deixar tudo como está. Matar no peito, como fez Queiroz. O paralelo não é à toa. Queiroz e a família de Adriano têm o mesmo advogado. Em diferentes eleições, Queiroz e Adriano pediram votos para a família Bolsonaro em áreas controladas por milicianos. Pelas mãos de Queiroz, a mãe e a ex-mulher de Adriano foram contratadas para trabalhar no gabinete de Flávio na Alerj e, segundo o MP, devolveram parte dos salários que recebiam. Já Adriano, conforme revelado por VEJA, repassou 80 000 reais em espécie para ajudar Queiroz a pagar a conta de sua cirurgia para a retirada de um câncer no Hospital Albert Einstein. A parceria é antiga. O silêncio de um serve de modelo para o recolhimento da família do outro.

Outra razão para a mudança de postura dos parentes de Adriano é financeira. O ex-capitão deixou um patrimônio de cerca de 10 milhões de reais em fazendas, imóveis e dinheiro vivo. Seus rendimentos mensais variavam de 250 000 a 350 000 reais, com a exploração de jogos ilegais, grilagem de terra e venda e aluguel de apartamentos em áreas controladas pela milícia. Seus familiares e sócios estão usufruindo o espólio e acreditam que, se não mexerem no passado do ex-capitão, não serão importunados. Responsável pela investigação do caso, o Ministério Público da Bahia informou que está na fase final de análise das provas. As conclusões devem ser anunciadas em breve. Já os segredos do herói dos Bolsonaro estão fadados ao esquecimento.

Publicado em VEJA de 17 de março de 2021, edição nº 2729

https://veja.abril.com.br/politica/os-s ... achadinha/

Re: Milícias no Brasil

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

MP ENCERRA ESCUTAS NO CASO ADRIANO DA NÓBREGA APÓS MENÇÕES A JAIR BOLSONARO
Adriano da Nóbrega, chefe da milícia especializada em assassinatos Escritório do Crime, dizia que ‘se fodia’ por ser amigo do Presidente da República.

https://theintercept.com/2021/02/09/esc ... bolsonaro/
O grande herói da familícia.

Re: Milícias no Brasil

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Agora no México tem milícias infanto-juvenis contra narco-tráfico. No Brasil ainda não tem isso, mas lá não tem ligação com governo que é de esquerda.

Crianças armadas contra o narcotráfico


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Re: Milícias no Brasil

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Traficantes que usam religião pra recrutar, como antes tinha os traficantes evangélicos, esses usam símbolo judaico, não sei se fizeram uma versão genérica de judaico-cristianismo. Teria até ONG (não sei de fachada ou não) envolvida:
Uma operação policial no Complexo de Israel, no Rio de Janeiro (RJ), prendeu 17 traficantes do “Exército do Deus Vivo”, na última 6ª feira (19.mai). Os criminosos usam a religião para conquistar novos territórios e ampliar o tráfico de drogas, em uma região composta por cinco comunidades na zona norte da cidade.
Fé criminosa: traficantes do “Exército de Deus” são presos no RJ | Primeiro Impacto (22/05/23)


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