- Benito Mussolini“Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado.”
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Postagem originalmente trazida do tópico "Citações".
Gabarito.
- Benito Mussolini“Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado.”
18- A idéia da superação do mercado como projeção utópica pressupõe toda a mitologia comunista e é, em si mesma, inconcebível em termos de política econômica. Sem uma instituição do tipo mercado, perde-se qualquer referência entre esforço e resultado, entre quantidade de trabalho utilizado e o valor de uso que ele produz. O que o mercado oferece aos agentes econômicos é este vínculo -por certo imperfeito, mas ainda assim um vínculo que permite alocar recursos com base em critérios objetivos. A idéia do planejamento de uma economia socialista - pela qual a sociedade decidiria democraticamente o que produzir implica em planejar, também, os meios de produzir o que se decide produzir. Teoricamente, isto significaria dispor sobre todas as informações relevantes do processo de produção e, ato contínuo, decidir por maioria de votos o que produzir e como. Qualquer nação contemporânea possui, atualmente, algumas dezenas de milhões de produtos identificáveis, desagregados em tipos específicos como, modelos, cores e tamanhos diferentes de uma mesma peça de roupa, sapato, etc. "Esta produção é sustentada por algumas centenas de milhares de unidades produtivas mais, é claro, milhares de empresas de construção, de transportes, estabelecimentos de venda por atacado e varejo. Nenhuma delas pode produzir ou distribuir nada sem a cooperação coordenada da atividade de numerosas unidades econômicas que produzem, transportam e distribuem. Uma grande fábrica, por exemplo, que produz carros ou equipamentos para a indústria química é uma montadora de partes e componentes que podem ser feitos em, literalmente, milhares de fábricas diferentes, cada uma das quais com diferentes tarefas e que, por sua vez, dependem da oferta de matérias-primas, combustíveis e equipamentos, produzidos por centenas ou mais de outras unidades de produção. Introduza-se a dimensão temporal (as coisas devem ser fornecidas pontualmente e em seqüência), acrescente-se a importância das previsões quanto a consertos, manutenção, substituição, investimentos e capacidades produtiva futura, treinamento e desenvolvimento da força de trabalho, suas necessidades quanto à moradia, lazer, cabeleireiros, lavanderias, calefação e a decorrente necessidade de materiais de construção, grampos de cabelo, combustíveis, móveis...Realmente, muito simples!" (4) As tentativas de superação do mercado na experiência do Socialismo Real implicaram, por óbvio, em ineficiência e atraso tecnológico, de um lado, além de terem sido extraordinariamente funcionais à negação da democracia, por outro. Como a própria pretensão do "planejamento democrático", nos termos da ideologia marxista, é apenas uma ficção, o que se alcançou concretamente foi a planificação estatal da economia a partir da emergência de uma poderosa burocracia que aparece como necessidade funcional do próprio processo de "planejamento total". A suposição do conteúdo "democrático" do planejamento através dos "produtores associados" não se sustentaria um segundo sequer se os ideólogos lembrassem que cada uma das milhões de escolhas necessárias em um processo de produção condicionam todas as demais de uma forma absolutamente imponderável. Assim, se A e B definem-se em favor de uma decisão econômica relevante, C e D - cujas atividades ou interesses se relacionam com aquela área atingida pela decisão - não podem fazer uma opção "consciente" pois não podem saber antes qual será a escolha de A e B. Ainda que toda esta geringonça burocrática funcionasse, caberia perguntar: com base em que eticidade poderia se legitimar a perda do direito ao consumo dos bens desejados pelas eventuais minorias em um processo de "planejamento" da produção? De fato, o mercado é o substrato econômico da autonomia da sociedade civil diante do Estado. Destruir o mercado eqüivale a destruir a sociedade civil, sem a qual não há liberdade política, nem democracia. Se é certo, como nos ensinou Marx, que os meios de produção são as "fontes da vida", disto se depreende que o monopólio dos meios de produção implica o controle monopolista da vida humana. Como o modelo socialista exige a planificação e a concentração das forças produtivas nas mãos do Estado, é evidente que planificação e liberdade são noções excludentes. A economia planificada é irracional e liberticida.
Não sei o que você quer dizer exatamente, mas sim, Mussolini e seus seguidores - antigos e atuais - estavam errados, sim. Regimes autoritarios ultranacionalistas são uma bosta.
Claro que pode ter ditadura de direita....quer exemplos?...Chile, Argentina.Titoff escreveu: ↑Seg, 01 Junho 2020 - 16:53 pm
Tá vendo, são essas "polêmicas de internet" que eu mencionei que iam transformar as escolas em um festival de bobagens, se seguida a risca as propostas da ESP.
Basicamente a conclusão é que se é uma ditadura, regime totalitário, então é de "esquerda." Não existe tal coisa vinda da "direita." Tá 'serto.'
O que o ESP quer é que se obedeça a risca a....constituição.Titoff escreveu: ↑Seg, 01 Junho 2020 - 16:53 pm
Tá vendo, são essas "polêmicas de internet" que eu mencionei que iam transformar as escolas em um festival de bobagens, se seguida a risca as propostas da ESP.
Basicamente a conclusão é que se é uma ditadura, regime totalitário, então é de "esquerda." Não existe tal coisa vinda da "direita." Tá 'serto.'
O nacionalismo não deve ser confundido com patriotismo....e é fácil esta confusão....e nazismo e fascismo eram nacionalistas, e pela ideia coletivista derivados e parentes do marxismo. A citaão que fiz do Marcos Rolin é bem direta....o coletivismo, a planificação centralizadora, tipica do marxismo, é liberticida....
Bom....eu sou um tio do zap que na juventude era esquerdista, mais precisamente comunista....um dia...andou por este mundo, leu um bocado, conheceu outras vivencias, e ...saiu da bolha
E coletivismo nasceu e é exclusivo do marxismo?aronax escreveu: ↑Seg, 01 Junho 2020 - 17:48 pmO nacionalismo não deve ser confundido com patriotismo....e é fácil esta confusão....e nazismo e fascismo eram nacionalistas, e pela ideia coletivista derivados e parentes do marxismo. A citaão que fiz do Marcos Rolin é bem direta....o coletivismo, a planificação centralizadora, tipica do marxismo, é liberticida....
É polemica de onde ela acontecer...se estamos na internet, é de internet...se em outro lugar...é de lá.Titoff escreveu: ↑Seg, 01 Junho 2020 - 20:06 pmE coletivismo nasceu e é exclusivo do marxismo?aronax escreveu: ↑Seg, 01 Junho 2020 - 17:48 pmO nacionalismo não deve ser confundido com patriotismo....e é fácil esta confusão....e nazismo e fascismo eram nacionalistas, e pela ideia coletivista derivados e parentes do marxismo. A citaão que fiz do Marcos Rolin é bem direta....o coletivismo, a planificação centralizadora, tipica do marxismo, é liberticida....
Por favor, chamar fascismo e nazismo de regime de esquerda é polêmica de internet.
https://oglobo.globo.com/opiniao/decalo ... e-24456635Decálogo da catástrofe
O que impressiona em “M — o filho do século”, de Scurati, é que Mussolini representava a expressão de uma série de desejos latentes em parte da sociedade
Fabio Giambiagi 02/06/2020
‘O ovo da serpente” é um filme magistral dirigido por I. Bergman, ambientado na Alemanha que sucedeu à Primeira Guerra Mundial. Ele expõe a origem insidiosa do mal e serve para entender as raízes do que aconteceu naquele país nos anos 30 e 40.
Nesse sentido, gostaria de compartilhar com os leitores o efeito que produziu em mim a leitura de “M —o filho do século”, de A. Scurati, que apresenta com meticulosidade de historiador o quadro político e social italiano em 1919/1920, quando estava despontando a figura de Mussolini. O que impressiona no relato é a percepção de que este representava a expressão de uma série de desejos latentes em parte da sociedade, fruto da situação do imediato pós-guerra e que indicavam sintomas de uma patologia social. O resto foi consequência. O final da história é conhecido, mas entre o cenário inicial retratado por Scurati e o fim, a Itália viveu os seus dias mais negros, durante 25 anos. O que vou reproduzir nos próximos parágrafos deveria provocar uma reflexão. Há vários traços distintivos daquela situação, entre os quais destaco os seguintes, sempre com a citação de trechos-chave, copiados do livro:
1) O combate à neutralidade (os “isentões!”): critica-se “os moderados e seu bom senso, a quem desde sempre devemos nossa desgraça” (página 11). E explicita-se: “A luta não admite uma terceira opção, nenhuma neutralidade. Nada de espectadores!” (p.37).
2) O ódio: a descrição que o livro aplica a vários dos personagens que compõem as figuras de proa do fascismo é inequívoca: como o líder, cada um deles é um “odiador profissional” (p.23). A descrição é complementada páginas mais tarde: “Entre eles e o passado, ergue-se um muro de ódio, desprezo e sangue” (p.62).
3) O culto à morte. Na descrição das lutas políticas entre grupos polarizados, chamando a atenção para o fato de que no núcleo do fascismo estava parte dos combatentes da Primeira Guerra — então desempregados. Scurati diagnostica: “É a relação diferente que os dois grupos têm com a morte o que cava um abismo entre eles” (p. 37). É nesse contexto que ele descreve a cena de um dos personagens, almoçando e insistindo, “entre uma bocada e outra, em verificar o funcionamento do seu revólver com o tambor carregado” (p.41).
4) o isolamento do líder. Há uma passagem especial, em que o autor descreve num capítulo a relação (ou falta dela) entre Mussolini e o resto das pessoas, cuja última frase é: “Uma distância intransponível o separa do gênero humano” (p.42).
5) O recurso às ameaças. Estas aparecem em diversas passagens, das quais destaco a seguinte proclamação afixada num muro de Milão na época, dirigida aos “combatentes vitoriosos que devem, e vão, dirigir sozinhos, custe o que custar, a nova Itália. Não provocaremos, mas, se formos provocados, acrescentaremos alguns meses aos nossos quatro anos de guerra” (p.43).
6) A rejeição da concórdia. Scurati cita a carta de um dos líderes intelectuais do movimento, na qual ele escreve, explicitamente, que “para mim e para os nossos pares, a paz é hoje uma desgraça” (p.50).
7) A confusão mental. Este é um dos traços mais marcantes da construção dos personagens. Diz o autor, acerca de um dos tipos: “é um fanático que não sabe viver sem elaborar planos de vingança”. E logo depois, sobre outro, registra: “não tem uma única ideia na cabeça e, por isso, é um ótimo orador” (p.62);
8) A crítica aos partidos: “Quem são os fascistas? O que eles são? São algo novo, inédito, um antipartido. Fazem antipolítica” (p.64).
9) O ressentimento: “Trata-se apenas de fomentar as facções, exasperar os ressentimentos” (p.64).
10) A falta de rumos: a massa de manobra do fascismo é composta por aqueles que “não têm noção de futuro, não sabem onde desaguar... Seu verdadeiro programa está contido na palavra ‘combate’” (p.64/65).
É um decálogo da catástrofe. “M” é, provavelmente, um dos livros que mais me impressionaram em quase cinco décadas como leitor. Recomendo a leitura.
Fernando Silva escreveu: ↑Ter, 02 Junho 2020 - 14:37 pm
https://www.mises.org.br/article/2868/a ... -originais
Uma das coisas que tão jogadas no texto é a velha "ah, nazismo é nacional SOCIALISMO!" e isso já me faz torcer o nariz para a coisa. Além disso, dar a entender que o mussolini ainda era socialista quando chegou ao poder só depõem contra a seriedade do texto.
Normal...desqualificar a fonte, o autor, e não se deter no conteúdo.....sem problemas....cada um com seu cada.....Titoff escreveu: ↑Sex, 05 Junho 2020 - 11:51 amUma das coisas que tão jogadas no texto é a velha "ah, nazismo é nacional SOCIALISMO!" e isso já me faz torcer o nariz para a coisa. Além disso, dar a entender que o mussolini ainda era socialista quando chegou ao poder só depõem contra a seriedade do texto.
De qualquer forma, nunca gostei muito dos textos do mises, pelo que já li. Os que falam sobre mudanças climáticas, por exemplo, são um festival de bobagens e falácias, então já chego com pé atrás.
Os artigos que falavam de economia que tive a chance de ler tinham a mesma vibe e até "conclusão" dos comunistas: se minha ideologia política falhou, é devido ao fato que não foi aplicada totalmente, não foi pura o suficiente, foi deturpada. Não foi [insira aqui sua ideologia político-econômica] de verdade!"
Sempre impliquei com quem "descobriu jesus" e quer vender suas utopias.
Ah, mas eu falei a respeito do conteúdo.aronax escreveu: ↑Sex, 05 Junho 2020 - 14:31 pmNormal...desqualificar a fonte, o autor, e não se deter no conteúdo.....sem problemas....cada um com seu cada.....Titoff escreveu: ↑Sex, 05 Junho 2020 - 11:51 amUma das coisas que tão jogadas no texto é a velha "ah, nazismo é nacional SOCIALISMO!" e isso já me faz torcer o nariz para a coisa. Além disso, dar a entender que o mussolini ainda era socialista quando chegou ao poder só depõem contra a seriedade do texto.
De qualquer forma, nunca gostei muito dos textos do mises, pelo que já li. Os que falam sobre mudanças climáticas, por exemplo, são um festival de bobagens e falácias, então já chego com pé atrás.
Os artigos que falavam de economia que tive a chance de ler tinham a mesma vibe e até "conclusão" dos comunistas: se minha ideologia política falhou, é devido ao fato que não foi aplicada totalmente, não foi pura o suficiente, foi deturpada. Não foi [insira aqui sua ideologia político-econômica] de verdade!"
Sempre impliquei com quem "descobriu jesus" e quer vender suas utopias.
Jornal da Cidade - 04/06/2020 às 16:24
Deve estar bem fresquinho na memória de todo mundo a “bagunça” generalizada provocada pelos protestos e ataques estúpidos dos grupos de “black blocs”, no Brasil de 2013, em plena “Era do PT”, certamente sob sua “coordenação”, onde depredaram quase tudo que encontravam pela frente, deixando o país, especialmente nos grandes centros urbanos, ”virado de cabeça para baixo”, com enormes prejuízos aos estabelecimentos industriais e comerciais, espalhando o terror generalizado pela sociedade civil.
Passados 7 (sete) anos desses protestos e ataques estúpidos, ninguém ainda conseguiu encontrar uma explicação plausível sobre os motivos desses movimentos predatórios, protagonizados, especialmente, por gente “desocupada”.
E também ninguém foi responsabilizado pelos danos causados, o que somente poderia ser admitido num país que se confunde com a “Casa-da-Mãe-Joana”, onde todos fazem o que querem e ninguém responde por nada.
Mas esses movimentos “black blocs” foram “importados”, ”macaqueados”, próprios de grupos sem qualquer originalidade ou criatividade. O animal que mais gosta de imitar o ser humano, como se sabe, é o macaco. Os que já foram ao “Zoológico” podem confirmar.
Os grupos “black blocs” nasceram na Alemanha, em 1980. Originalmente eram compostos por anarquistas e autonomistas. Usavam máscaras e roupas pretas para serem facilmente identificados como grupo, mas pessoalmente eram covardes escondidos atrás das suas máscaras.
Suas principais características residiam em ataques e depredações às propriedades públicas e privadas, indústrias e estabelecimentos comerciais, além de ofensivas anti-establischment, anti-corporações, anti-multinacionais, e antiglobalização, bem como a todos os governos que as apoiam.
Mas agora os “macacos tupiniquins” resolveram imitar outros “personagens”, repetindo a falta de criatividade e originalidade, porém dentro do mesmo espírito que havia motivado o surgimento dos “black blocs” locais.
Agora é a vez dos “antifas” (antifascismo), militantes de esquerda, anarquistas, comunistas e socialistas, que “explodiram” após o brutal o episódio de Minnesota-USA, de 25.05.2020, em reação ao assassinato brutal de George Floyd, um negro asfixiado por um policial branco, o que imediatamente se espalhou por 75 cidades americanas.
O Presidente Donald Trump atribui os protestos violentos aos anarquistas e “antifas”. E tudo foi “macaqueado” no Brasil pelos “antifas” locais, reclamando “democracia” (na maior cara de pau), em protestos durante o domingo, 31.05.2020, simultâneos às manifestações favoráveis ao Presidente Bolsonaro.
Mas a denominação desses grupos como “antifas” (antifascistas) é totalmente falsa. Falsa de “berço”. Nasceram na URSS logo após a Revolução Bolchevique de outubro de 1917. A primeira missão seria implantar uma ditadura comunista na Alemanha, que tinha o segundo maior partido comunista, o “KPD”, que acabou optando, falsamente, por adotar a bandeira antifascista. Rotulavam todos os outros partidos adversários de “fascistas”. Quem não era comunista, era fascista. Os “antifas” nasceram a partir do 3º Congresso Mundial da Internacional Comunista da União Soviética,em 1921.
Mas o “antifascismo” desses tais “antifas” na verdade se trata do anticapitalismo. Por isso “antifas” não se trata de nenhuma ideologia, porém de uma estratégia. Uma estratégia de luta anticapitalista. Bem sabem esses “cretinos” que poucas palavras na humanidade oferecem mais repulsa e resistência quanto “fascismo”.
Por isso eles adotam o “(anti)fascismo”, mas se examinarmos bem de perto, verificaremos que eles são os “próprios”, mais ou menos dentro das palavras de Lenin: “ACUSE OS ADVERSÁRIOS DO QUE VOCÊ FAZ, CHAME-OS DO QUE VOCÊ É”.
Sérgio Alves de Oliveira
Advogado, sociólogo, pósgraduado em Sociologia PUC/RS, ex-advogado da antiga CRT, ex-advogado da Auxiliadora Predial S/A ex-Presidente da Fundação CRT e da Associação Gaúcha de Entidades Fechadas de Previdência Privada, Presidente do Partido da República Farroupilha PRF (sem registro).
Eu não gosto da forma que eles se conduzem, mas me ative ao conteúdo.Titoff escreveu: ↑Sáb, 13 Junho 2020 - 13:35 pmOra, ora...
O jornal da cidade online é um site de propaganda do bozoasnismo, já condenado por fake news e distorções, que esta sendo investigado por mais outros crimes, e que usa perfis falsos com fotos roubadas como se fossem jornalistas.
Então esse honestíssimo portal é contra e escreve bobagens sobre quem ousa não ser completamente apaixonado pelo terrorista miliciano e se atreve a protestar contra o desgoverno?
Estou surpreso.
Se alguém tivesse o topete de dizer a Mussolini que fascismo é uma ideologia de esquerda imediatamente levaria um tiro na cara.
Na Europa, especialmente na Alemanha, ostentar uma suástica é um crime. Ao longo de décadas após a Segunda Guerra Mundial, pessoas têm caçado e punido os assassinos nazistas, que foram responsáveis pela chacina de cerca de 20 milhões de pessoas.Walter Williams
é professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros. Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.
Examinando a história da ascensão do fascismo, John T. Flynn, em seu magistral livro As We Go Marching, de 1944, escreveu:
Um dos mais desconcertantes fenômenos do fascismo é a quase inacreditável colaboração entre homens da extrema-direita e da extrema-esquerda para a sua criação. Mas a explicação para este fenômeno aparentemente contraditório jaz na seguinte questão: tanto a direita quanto a esquerda juntaram forças em sua ânsia por mais regulamentação. As motivações, os argumentos, e as formas de expressão eram diferentes, mas todos possuíam um mesmo objetivo, a saber: o sistema econômico tinha de ser controlado em suas funções essenciais, e este controle teria de ser exercido pelos grupos produtores.
Flynn escreveu que a direita e a esquerda discordavam apenas quanto a quem seria este 'grupo de produtores'. A esquerda celebrava os trabalhadores como sendo os produtores. Já a direita afirmava que os produtores eram os grandes grupos empresariais. A solução política de meio-termo — a qual prossegue até hoje, e cada vez mais forte — foi cartelizar ambos.
Sob o fascismo, o governo se torna o instrumento de cartelização tanto dos trabalhadores (desde que sindicalizados) quanto dos grandes proprietários de capital. A concorrência entre trabalhadores e entre grandes empresas é tida como algo destrutivo e sem sentido; as elites políticas determinam que os membros destes grupos têm de atuar em conjunto e agir cooperativamente, sempre sob a supervisão do governo, de modo a construírem uma poderosa nação.
Os fascistas sempre foram obcecados com a ideia de grandeza nacional. Para eles, grandeza nacional não consiste em uma nação cujas pessoas estão se tornando mais prósperas, com um padrão de vida mais alto e de maior qualidade. Não. Grandeza nacional ocorre quando o estado incorre em empreendimentos grandiosos, faz obras faraônicas, sedia grandes eventos esportivos e planeja novos e dispendiosos sistemas de transporte.
Em outras palavras, grandeza nacional não é a mesma coisa que a sua grandeza ou a grandeza da sua família ou a grandeza da sua profissão ou do seu empreendimento. Muito pelo contrário. Você tem de ser tributado, o valor do seu dinheiro tem de ser depreciado, sua privacidade tem de ser invadida e seu bem-estar tem de ser diminuído para que este objetivo seja alcançado. De acordo com esta visão, é o governo quem tem de nos tornar grandes.
Tragicamente, tal programa possui uma chance de sucesso político muito maior do que a do antigo socialismo. O fascismo não estatiza a propriedade privada como faz o socialismo. Isto significa que a economia não entra em colapso quase que imediatamente. Tampouco o fascismo impõe a igualdade de renda. Não se fala abertamente sobre a abolição do casamento e da família ou sobre a estatização das crianças. A religião não é proibida.
Sob o fascismo, a sociedade como a conhecemos é deixada intacta, embora tudo seja supervisionado por um poderoso aparato estatal. Ao passo que o socialismo tradicional defendia uma perspectiva globalista, o fascismo é explicitamente nacionalista ou regionalista. Ele abraça e exalta a ideia de estado-nação.
Quanto à burguesia, o fascismo não busca a sua expropriação. Em vez disso, a classe média é agradada com previdência social, educação gratuita, benefícios médicos e, é claro, com doses maciças de propaganda estatal estimulando o orgulho nacional.
O fascismo utiliza o apoio conseguido democraticamente para fazer uma arregimentação nacional e, com isso, controlar mais rigidamente a economia, impor a censura, cartelizar empresas e vários setores da economia, escolher empresas vencedoras e privilegiá-las com subsídios, repreender dissidentes e controlar a liberdade dos cidadãos. Tudo isso exige um contínuo agigantamento do estado policial.
Sob o fascismo, a divisão entre esquerda e direita se torna amorfa. Um partido de esquerda que defende programas socialistas não tem dificuldade alguma em se adaptar e adotar políticas fascistas. Sua agenda política sofre alterações ínfimas, a principal delas sendo a sua maneira de fazer marketing.
O próprio Mussolini explicou seu princípio da seguinte maneira: "Tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado". Ele também disse: "O princípio básico da doutrina Fascista é sua concepção do Estado, de sua essência, de suas funções e de seus objetivos. Para o Fascismo, o Estado é absoluto; indivíduos e grupos, relativos."
O que aprendi com o curso para antifascistas da Juventude Socialista
Por Paulo Polzonoff Jr.
[19/06/2020] [17:41]
Terça-feira, dia 9 de junho, 19 horas. Ajeito o laptop no colo e sigo os links que me levam à primeira aula do curso “Entenda o Fascismo para ser Antifascista”, promovido pela União da Juventude Socialista, a Fundação Maurício Grabois e a Escola de Formação Política Castro Alves, todas ligadas ao PCdoB de Manuela D´Ávila, Jandira Feghali e Flávio Dino. São seis aulas ministradas por professores de instituições federais. É a atividade assalariada nas universidades que permite que eles deem este curso, recebendo ou não, para legitimar intelectualmente a ação dos violentos grupos antifa. Mal posso esperar.
A fim de me enturmar, solto um “Boa noite, camaradas” no chat. O clima ali é de união hostil contra aqueles que os alunos consideram fascistas – ou seja, todos que não concordam com eles. Os slogans gritados no chat vão desde o vazio “Todos pela democracia” até o ameaçador “Fogo nos fascistas!”.
Para a primeira aula, assistem ao vídeo introdutório da bela Manuela d´Ávila incríveis 6 mil pessoas (número que diminuiu bastante ao longo do curso). Aliás, quando o rosto de Manu aparece na tela, num close que ressalta seus melhores traços, a turma virtual irrompe numa explosão de coraçõezinhos e declarações de amor pela ex-deputada.
Mas agora silêncio que as aulinhas vão começar.
1ª aula: “Laboratórios ideológicos do imperialismo estadunidense”
A primeira aula é precedida pela fala de uma “mestre de cerimônias” muito empolgada, que já chega citando Marx e dizendo que o curso é extremamente necessário porque “não basta compreender a realidade, é preciso transformá-la”. Ela diz ainda que “ficar em casa [na pandemia] é ser contra Bolsonaro” e que o coronavírus “está matando pobres, negros e jovens”.
A tudo isso o professor João Quartim de Moraes ouve com certo enfado. Ele é um senhor de fala mansa, comunista-raiz, ex-dirigente do grupo guerrilheiro Vanguarda Popular Revolucionária. E sua aula, até pelo título, tem aquela aura de revolução intelectual de um tempo nem tão distante assim em que a esquerda se dedicava aos estudos.
Como a aula se intitula “Ovo da serpente: origens teóricas e históricas do fascismo”, o professor acha por bem fazer toda uma semiótica do ovo. Ao citar regimes autoritários, ele menciona o nazismo, as monarquias e os liberais (!). Mas não fala nada de Stalin, Mao, Pol Pot ou de um Hoxha. Diante da omissão, alguém no chat pergunta se o stalinismo pode ser considerado fascista. A resposta dos outros alunos é “tem gado na área”.
Durante uma hora e quarenta minutos, João Quartim de Moraes expõe toda a história do fascismo italiano com uma riqueza de detalhes impressionante. Nomes e datas e pormenores vão se somando numa tentativa clara de encontrar semelhanças entre a Itália dos anos 1920 e o Brasil de 2020. Em certo momento, o professor faz um elogio contido ao que Mussolini realizou “de bom” – isto é, todas as leis trabalhistas que serviriam de inspiração para a nossa CLT. Mas ele é inteligente, percebe a gafe e logo se retrata.
Num momento de lucidez que causou alguma revolta aos raros alunos que estavam prestando atenção à aula (a maioria estava preocupada com o certificado do curso), João Quartim de Moraes reconheceu que o presidente Jair Bolsonaro “pode até ter mentalidade fascista, mas não é fascista, senão [este] curso não estaria sendo realizado”.
Mas logo depois a lucidez dá lugar a algumas falas cheias de teias de aranha. “O fascismo é a ditadura terrorista do capital financeiro”, diz ele, para logo em seguida emendar com uma teoria da conspiração segundo a qual o então presidente da França Nicolas Sarcozy matou o ditador líbio Muamar Kadafi “para se livrar de dívidas”.
Até que o professor se vê numa encruzilhada. Ao descrever o fascismo italiano desde os seus primórdios, ficam claras as muitas semelhanças entre a Itália de Mussolini e a União Soviética de Stalin. Encurralado pela própria incoerência, ele então se sai com uma análise etimológica da palavra “totalitarismo” que, para João Quartim de Moraes, não se aplica ao regime soviético porque foi “inventada nos laboratórios ideológicos do imperialismo estadunidense”. Sendo mais específico, por Hannah Arendt, que ele chama de “cientista política do dólar”.
2ª aula: Mas e o certificado?
Dia novo, aula nova. Mas os clichês são os mesmos. A simpática Márcia Carneiro, professora no departamento de história da UFF, vai falar sobre “O integralismo de ontem e hoje”. A ideia dos organizadores foi certamente a de associar Jair Bolsonaro a Plínio Salgado, líder do integralismo, visto por muitos como uma espécie de fascismo tupiniquim. Mas algo dá errado.
Porque Márcia Carneiro é uma apaixonada pelo assunto. Ela conta que estudou história justamente porque a avó era integralista. Seus olhos brilham de entusiasmo – não só pela história familiar, mas também pelos próprios ideais integralistas que ela deveria estar rejeitando. O carinho com que a professora trata o assunto não passa despercebido pelos alunos que, no chat, começam a reclamar da falta de críticas mais enfáticas ao integralismo.
Neste dia a aula começa com 4 mil alunos. Muitos dos quais não estão ali para aprender, mas para ensinar a professora. Quando Márcia Carneiro diz, por exemplo, que o integralismo não era racista, os alunos se revoltam. Começam a reclamar da didática. Que a professora fala rápido demais. Essas coisas.
A professora fala, fala, fala. E qualquer semelhança com os dias atuais vai ficando cada vez mais distante. Até que ela é obrigada a recorrer, novamente, às intenções. “O bolsonarismo seria um integralismo piorado”, diz ela, sem explicar o motivo, mas finalmente arrancando aplausos dos alunos – que, aliás, não param de perguntar do certificado.
Por fim, a única associação que Márcia Carneiro consegue fazer entre o integralismo e os dias de hoje é subjetiva. “A extrema-direita já teve intelectuais muito bons. Não eram como os de hoje”, diz ela, se rasgando em elogios a Miguel Reale – pai de um dos autores do impeachment contra Dilma Rousseff.
Para os alunos, isso é um absurdo. Além de exaltar a inteligência de um intelectual “fascista”, a professora não lhes dá nada que justifique o desejo revolucionário, violento e antidemocrático antifa.
3ª aula: Problemas técnicos
A terceira aula, intitulada “Fascismo e neofascismo no século XXI”, seria ministrada por Fábio Palácio, doutor em Ciência da Comunicação pela ECA/USP, Professor de Jornalismo da UFMA e diretor da Fundação Maurício Grabois. Seria, porque problemas técnicos impediram que o saber do professor transbordasse pela YouTubesfera.
Palácio tenta falar, mas áudio e vídeo falham. A única coisa que deu para escutar é que Trump é representante do neofascismo. A “mestre de cerimônias”, toda constrangida, pede desculpas. O intérprete de libras fica de mãos abanando. A transmissão é interrompida e sou obrigado a ver vídeos que falam da União da Juventude Socialista. No chat, os alunos dão dicas para resolver o problema. “Tira o computador da tomada e liga novamente”, diz um. “Tira o fone de ouvido”, sugere outro.
Depois de meia hora de tentativas e fracassos, chega-se a um impasse. A aula será ou não remarcada? Vamos tentar mais uma vez. E outra. E outra. Sem querer, a aula se torna uma alegoria do próprio comunismo, a “experiência que nunca foi posta em prática de verdade”.
4ª aula: “Não se pode ser branco sem ser racista”
A quarta-aula, ministrada em plena noite do Dia dos Namorados, é a mais belicosa de todas. Intitulada “Lições de antiracismo para ser antifascista”, ela é dada por Gabriel Nascimento, da Universidade Federal do Sul da Bahia, para quem “a luta política de hoje é mais difícil” do que no tempo do fascismo.
Para Nascimento, que cita nomes a torto e a direito, sempre enfatizando a raça das pessoas, “brancos não são todos racistas, mas estão num país racista, então são racistas dentro da racialidade”. Entenderam? Nem eu. Incrível perceber como o jargão acadêmico vazio molda o raciocínio dessa intelectualidade que, sem jamais arriscar nada, estimula as pessoas a saírem às ruas e lutarem pelos valores que eles, intelectuais, defendem.
Os 2 mil alunos que assistem à aula comigo ouvem coisas como “a universidade é um espaço brancocêntrico”, “o capitalismo é o gerador do fascismo”, “a democracia burguesa é a mentira do capitalismo”, “o racismo tem origem na Idade Média”, “não há racismo sem capitalismo e não há capitalismo sem racismo” e “miscigenação é eugenia”.
A tudo isso os alunos ouvem expressando concordância entusiasmada. Alguém no chat fala em Thomas Sowell, mas Gabriel Nascimento ignora. Ele prefere dizer que a escravidão no Brasil não acabou por causa da luta dos abolicionistas (“aliados brancos”, no linguajar dele), e sim por causa das insurgências dos escravos. Ou ainda que o humanismo é uma coisa horrível, porque o conceito nasceu na Idade Média, quando os europeus passaram a se considerar “mais humanos do que os outros”. Oi?
A aula termina com o professor dizendo que é impossível ser branco sem ser racista e lendo o poema “Não Vou Mais Lavar os Pratos”, de Cristiane Sobral. O poema fala de uma mulher, talvez uma empregada doméstica, que descobre os livros e, por isso, não vai mais se humilhar lavando os pratos sujos da casa. O que revela bastante dessa esquerda identitária que se afastou dos trabalhadores porque considera o trabalho físico algo indigno.
5ª aula: Populismo judicial
Esther Solano, que ministra a aula “Bolsonarismo e neofascismo”, é socióloga e professora da Unifesp. Mais importante do que isso: ela não ri. Em nenhum momento de sua exposição ela demonstra qualquer tipo de leveza. Compreende-se: para ela, a luta política é séria. É a própria tradução da vida, como ela dará a entender mais tarde.
Na segunda semana do curso, a audiência caiu bastante. Não mais do que 1,7 mil pessoas começam assistindo à aula da professora especializada em antibolsonarismo, para quem o fascismo de hoje é um “fenômeno psicossocial” que se traduz na “política movida pelo ódio e pela aniquilação”.
Os que toleram a aula ouvem que a direita, ou melhor, a extrema-direita é aquela que “não suporta a existência do diferente”. Diante do que eu só consigo pensar nos gulags, na Revolução Cultural chinesa, na Stasi, nos pelotões de fuzilamento da Revolução Cubana – em todas essas pungentes demonstrações de tolerância à diversidade de pensamento que a esquerda nos deu ao longo do século XX.
Para Solano, “todos os apoiadores de Bolsonaro são fascistas, burros ou movidos pelo ódio”. Quais os sinais disso? É evidente. Bolsonaro é “neoconservador e neoliberal” e faz um governo marcado pelo “pauloguedismo”, cuja maior característica é a “retirada de direitos dos trabalhadores”. Mais: Jair Bolsonaro e os “fascistas” só chegaram ao poder depois de uma luta contra a corrupção marcada pelo “populismo judicial”.
O ponto mais interessante da aula foi quando ela, sem demonstrar constrangimento, disse que a “política é maior do que o privado, a família e a igreja”. O problema de Bolsonaro e de seus apoiadores, portanto, estaria no fato de ele querer mudar isso. Ou, nas palavras dela, “promover a ‘privatização da vida’, considerada pelos protofascistas como a solução”.
Diante do que sou obrigado a evocar o célebre lema de Mussolini: “Tudo no Estado, nada contra o Estado e nada fora do Estado”. Será que a professora não percebe? Tento chamar a atenção dela no chat. Nada. Mando pergunta por e-mail. Nada. E, enquanto espero por uma resposta, ainda sou obrigado a ouvir que “o isolamento [por causa da pandemia] é direito, não privilégio”.
Esther Solano ao menos teve coragem de dizer que a esquerda precisa fazer uma autocrítica urgente e se afastar das pautas identitárias. Segundo ela, a aproximação da esquerda com essas questões alheias à luta de classes foi “usada para fortalecer a direita”.
6ª aula: “Elementos de fascistização”
Chego, enfim, à última aula. À proverbial cereja do bolo. Ao ler a ementa da aula “Lições de fascismo e antifascismo”, que pretende apontar “quais lições podemos tirar das experiências de resistência do passado”, imagino estratégias de guerrilha urbana, de propaganda, como montar barricadas sem a ajuda dos pais, essas coisas.
Mas infelizmente sou brindado com um tedioso monólogo lido pelo professor italiano Gianni Fresu, professor de Filosofia Política na Universidade Federal de Uberlândia e (atenção!) membro fundador e Presidente da International Gramsci Society Brasil.
Foi como entrar numa máquina do tempo e voltar para a oitava série, quando ouvia o saudoso professor Valdir falar em colonialismo e imperialismo – conceitos para lá de anacrônicos, mas que, para Fresu, continuam motivando o fascismo por aí.
Ele praticamente repete a aula de João Quartim de Moraes, acrescentando apenas o sotaque que lhe dá um quê de “lugar de fala”. Lá pelas tantas, minha atenção é recompensada pela confissão involuntária de que o “fascismo passou por uma fase esquerdista nacionalista”. Aguço os ouvidos, na esperança de que finalmente ouvirei um professor falar das incríveis e explícitas semelhanças entre o fascismo e o comunismo. Mas não foi dessa vez.
Ecoando novamente a primeira aula, Fresu diz que “Bolsonaro não é fascista, mas tem elementos de fascistização”. Ou seja, tudo aquilo contra o que os antifas lutam existe, se existe, no mundo das intenções, das aparências, da realidade acadêmica que, como sabemos, é uma fantasia à parte.
Velhos clichês
E assim termina o curso “Entenda o Fascismo para ser Antifascista”, promovido pela União da Juventude Socialista. A principal lição que aprendi foi a de que os velhos clichês esquerdistas que faziam a cabeça da juventude quando a minissaia era um escândalo e antes da queda do Muro de Berlim continuam por aí, recitados desavergonhadamente por intelectuais que acreditam que o papel do Estado é o de regular as relações humanas. Exatamente como o fascismo.
Como bônus, aprendi ainda que, na condição de homem branco, sou inerentemente racista e, por consequência, fascista. E que o capitalismo, que tirou milhões de pessoas da pobreza ao longo do século XX, é uma invenção dessa gente má que insiste em defender o direito à vida privada.
Ah, sim, e que Jair Bolsonaro não é fascista nem vivemos num regime fascista. Mas ele anda e fala e provavelmente pensa como fascista. Por isso todos os que estão ocupados em trabalhar e ganhar a vida honestamente e não saem às ruas para lutar contra o fascismo são, na verdade, fascistas.
Antifa: a verdadeira face do movimento anticapitalista, autoritário e antidemocrático
Por Paulo Polzonoff Jr.
[04/06/2020] [16:17]
Antifa. A simples menção ao nome do grupo que costuma ir às ruas para brigar com supremacistas brancos e, se sobrar um tempinho, quebrar agências bancárias e tudo o que simbolize o “capitalismo opressor” é capaz de despertar os brios justiceiros de que não quer ver se repetir as tragédias de Hitler e Mussolini. Mas é aí, na identificação do inimigo histórico, que mora o problema.
Porque ninguém em sã consciência há de defender o fascismo, com sua glorificação do Estado, esmagamento da liberdade individual e pretensões eugenistas (nas quais o racismo está implícito). Mas daí você vai ler o que os membros da Antifa propõem e se depara com o quê? A glorificação do Estado e o esmagamento da liberdade individual. Mas não só. Antifas também se opõem explicitamente à democracia representativa e veem a violência como um caminho legítimo para se fazer justiça.
Está tudo em “Antifa: O Manual Antifascista”, de Mark Bray. O livro, no momento em que escrevo este texto, é o mais vendido da Amazon norte-americana na categoria “Fascismo” – o que não deixa de ser uma ironia reveladora. Bray, que durante o livro todo não deixa de exaltar a própria superioridade moral e, por consequência, a superioridade moral dos antifas, foi um dos organizadores do protesto Occupy Wall Street, que em 2011 ocupou os arredores do centro financeiro de Nova York exigindo coisas como a redução da influência empresarial na política, menos disparidade de renda, empregos melhores, reforma do sistema bancário e o perdão da dívida dos estudantes.
O movimento foi, como era de se prever, um fracasso. Os manifestantes tiveram celulares e laptops roubados e houve até relatos de estupros nas barracas. Nenhuma das pautas vagas e evidentemente anticapitalistas foram atendidas. Mas Bray ganhou a notoriedade que lhe permitiu escrever a história do movimento antifascista contemporâneo, que pouco ou nada tem a ver com os antifascistas que deram a vida para derrotar Hitler e Mussolini.
Em busca de uma definição
A validação moral dos Antifa passa, necessariamente, por essa necessidade de se identificar com os antifascistas das décadas de 1930 e 1940, que lutavam contra um mal muito concreto: o nazismo, na Alemanha, e o fascismo, na Itália. Bray, convenientemente, ignora regimes autoritários de esquerda. Por isso mesmo ele começa o livro dizendo que a história do fascismo não foi corretamente escrita ainda (como se as centenas de milhares de títulos sobre o assunto não valessem para nada). Caberá justamente a ele, Bray, escrever não uma história do fascismo, mas a história.
Para tanto, ele precisa de uma definição de fascismo. Sem explicar ao leitor o motivo, ele usa uma definição específica, proposta por Robert Paxton, famoso por ver no anticapitalismo um caminho para a luta antifascista. A definição de Paxton para o fascismo é a seguinte:
É uma boa definição, ainda que falha, justamente por ignorar os regimes autoritários de esquerda que se enquadram perfeitamente nessas características. Não se trata, aqui, de uma omissão ao acaso ou de um descuido conceitual. Os regimes autoritários de esquerda, como o socialismo soviético e o maoísmo, são intencionalmente ignorados porque a Antifa se autodefine como “uma política não-liberal de revolução social aplicada à luta contra a extrema-direita, e não apenas contra fascistas no sentido literal do termo”.(...) uma forma de comportamento político marcado por uma preocupação obsessiva com a decadência da sociedade, a humilhação e a vitimização, e a adoração compensatória da união, energia e pureza, no qual um partido de massa formado por militantes nacionalistas, trabalhando em colaboração com as elites tradicionais, abandona as liberdades democráticas e busca, por meio da violência redentora e sem limites éticos ou legais, os objetivos da purificação doméstica e da expansão externa.
Traduzindo, trata-se de um movimento autoritário (“não-liberal”), antidemocrático (“revolucionário”), de extrema-esquerda, que luta contra todos aqueles que dele discordam (“não apenas contra fascistas no sentido literal do termo”).
Antidemocracia
E o problema dos antifascistas contemporâneos é justamente este: eles usam métodos fascistas, entre eles a violência, mas não só, para vencer os que discordam de sua postura e que são considerados aleatoriamente fascistas. Trata-se um jogo político cujo resultado é apenas a perpetuação de métodos pouco civilizados para fazer prevalecer uma visão de mundo.
Não à toa, Bray passa boa parte do tempo defendendo duas coisas de deixar de cabelo em pé muita gente que, hoje mesmo, está usando o badge “Antifa” nas redes sociais: o silenciamento completo de qualquer voz contrária e alguma forma de supressão da democracia. Isso mesmo: supressão da democracia.
“Em resumo, a Antifa busca negar aos fascistas a oportunidade de promover suas políticas de opressão”, lê-se no livro. E é impressionante como uma frase tão curta pode ter tantos problemas políticos e morais. A questão aqui é: quem determina se essa ou aquela política pregada pelos “fascistas” é de fato opressora? Qualquer um que defenda a iniciativa privada, por exemplo, automaticamente se enquadra no conceito defendido por Bray e, portanto, deveria ser silenciado. Assim como todo mundo que defenda métodos pacíficos, como Martin Luther King, por exemplo.
Adiante, chegamos ao cerne da questão. Antifas são também antidemocráticos. Num capítulo curto, mas extremamente sintomático das contradições que compõem o pensamento e a prática antifas, Mark Bray, que exibe na parede de seu gabinete o diploma de historiador, defende o fim das eleições livres e democráticas como forma de se alcançar o poder porque “fascistas alcançam o poder legalmente”. Como exemplo, ele menciona o presidente Donald Trump e o ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi.
Antifascismo cotidiano
Por fim, Mark Bray defende algo assustador: a ação política cotidiana contra os fascistas. Que, já vimos, inclui todos aqueles com ideias diferentes das dos revolucionários do grupo Antifa. Daí as arruaças diárias que vimos recentemente nos Estados Unidos, usando como pretexto a morte de um homem negro por um policial branco. Daí a militância incansável nas redes sociais.
Essa pregação nada mais é do que a realização do sonho marxista de ver o homem transformado num Homo politicus, alguém que pense o Estado o tempo todo, desde que acorda até a hora de dormir. Para os antifas, a derrota do fascismo só se dará depois de implementadas mudanças radicais, como o fim do capitalismo e até a abolição das prisões, e depois que o homem abandonar qualquer luta que não a política, pela manutenção desse suposto Paraíso na Terra.
Para Bray e os seus, tudo é Estado e nada existe fora do Estado – desde que, evidentemente, o Estado seja anticapitalista. Mas quem eram mesmo aqueles que defendiam a supremacia do Estado sobre o indivíduo, o planejamento ultracentralizado na economia e da vida cotidiana e reparações históricas por meio da violência?
Ganha um pirulito quem responder “os fascistas”.
Era só o que faltava mesmo: nazistas!Neonazistas galgam posições no Exército da Alemanha e país caça 'inimigo interno'
Explosivos e memorabilia nazista são encontrados em casa de soldado de elite, e governo alemão teme ampla infiltração em suas Forças Armadas
Em maio, a mesma época em que a Alemanha saía de sua quarentena por causa do coronavírus, policiais estacionaram do lado de fora da propriedade rural de um sargento das forças especiais de elite do país, uma unidade militar secreta. Os policiais levavam consigo uma escavadeira, para esmiuçar a casa do sargento cujo apelido é Ovelhinha. Pairavam sobre ele suspeitas de que era um neonazista.
A polícia encontrou enterrados no jardim dois quilos de explosivos plásticos, um detonador, um fusível, uma AK-47, um silenciador, duas facas, uma besta e milhares de cartuchos de munição, muitos dos quais podem ter sido roubados das forças armadas alemãs. Eles também encontraram um livro de músicas das SS, 14 edições de uma revista para ex-membros da força nazista e uma série de outros itens do Terceiro Reich.
— Ele tinha um plano —, disse Eva Högl, comissária parlamentar da Alemanha para as Forças Armadas. — E ele não é o único.
Durante anos, políticos e chefes de segurança alemães negaram infiltrações da extrema direita nos serviços de segurança do país, falando apenas de “casos individuais”, sem considerar a possibilidade de redes. Os superiores de extremistas descobertos foram protegidos. Armas e munições desapareceram dos estoques militares sem nenhuma investigação real sobre os destino.
O governo agora está acordando para o problema. Casos de extremistas de direita nas Forças Armadas e na polícia, alguns que acumulam armas e explosivos, multiplicaram-se. Os principais oficiais de inteligência altos comandantes militares do país agem para enfrentar um problema que se tornou perigoso demais para ser ignorado.
O problema se aprofundou com o surgimento da Alternativa para a Alemanha (AfD), partido que legitimava uma ideologia de extrema direita e usou a chegada de mais de um milhão de migrantes em 2015 — e mais recentemente a pandemia de coronavírus — para gerar uma sensação de crise e catástrofe iminentes.
O mais preocupante para as autoridades é que os extremistas parecem estar concentrados em uma unidade militar que deveria ser de elite, o Comando de Forças Especiais, conhecido por sua sigla alemã, o KSK. Nesta semana, a ministra da Defesa da Alemanha, Annegret Kramp-Karrenbauer, tomou uma medida drástica e dissolveu uma divisão de combate no KSK considerada infestada de extremistas. Ovelhinha, o sargento cujas armas foram descobertas em maio, fazia parte dela. Cerca de 48 mil cartuchos e 62 kg de explosivos desapareceram do KSK.
A agência de contra-inteligência militar da Alemanha está agora investigando mais de 600 soldados em busca de extremismo de direita, entre seus 184 mil militares. Cerca de 20 deles estão no KSK, uma proporção cinco vezes maior do que em outras unidades. Mas as autoridades alemãs temem que o problema possa ser muito maior e que outras instituições também estejam infiltradas. Nos últimos 13 meses, terroristas de extrema direita assassinaram um político,atacaram uma sinagoga e mataram nove imigrantes e descendentes alemães de imigrantes.
Thomas Haldenwang, presidente da agência de inteligência doméstica da Alemanha, identificou o extremismo de direita e o terrorismo como o "maior perigo para a democracia alemã hoje".
Em entrevistas que conduzi ao longo do ano com oficiais militares e de inteligência, com os próprios membros da extrema direita, eles descreveram redes nacionais de ex-soldados e policiais atuais e antigos, com vínculos com a extrema direita.
Em muitos casos, os soldados usaram as redes para se preparar para o colapso da ordem democrática da Alemanha, que chamam de Dia X. As autoridades temem que seja realmente um pretexto para incitar atos terroristas, ou pior, um golpe.
— Para os extremistas de extrema direita, a preparação para o dia X e a sua precipitação se misturam — disse Martina Renner, parlamentar da comissão de segurança interna.
Antigas redes nazistas
Os laços, dizem as autoridades, às vezes estão profundamente enraizados em antigas redes neonazistas e no cenário mais intelectualizado da chamada Nova Direita. Os extremistas estão acumulando armas, abrigos e, em alguns casos, listas de inimigos. Nesta semana, surgiu outro caso, de um reservista, agora suspenso, que mantinha uma lista com números de telefones e endereços de 17 políticos importantes, que foram alertados. O caso levou a pelo menos nove outras operações no país.
Alguns meios de comunicação alemães se referiram a um "exército nas sombras", um paralelo com os anos 1920, quando células nacionalistas do exército acumularam armas e tramaram complôs para derrubar a democracia.
A maioria das autoridades ainda rejeita essa analogia. Mas a impressionante falta de conhecimento dos números de militares envolvidos, mesmo nos níveis mais altos do governo, contribuiu para um profundo desconforto.
— Quando começaram a procurar de verdade, encontraram muitos casos — disse Konstantin von Notz, vice-presidente da comissão de supervisão de Inteligência do Parlamento alemão. — Quando você descobre centenas de casos individuais, isso dá a entender que há um problema estrutural. É extremamente preocupante.
Von Notz apontou que Brendan Tarrant, que massacrou 51 fiéis muçulmanos no ano passado em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, viajou pela Europa um ano antes e incluiu uma frase sinistra em seu manifesto.
"Eu estimaria que há centenas de milhares de soldados nas Forças Armadas européias que também pertencem a grupos nacionalistas, com o mesmo número de empregados em cargos policiais", escreveu Tarrant.
Os investigadores, disse von Notz, "devem levar essas palavras a sério".
Mas investigar o problema é, por si só, complicado: mesmo a agência militar de contra-inteligência, encarregada de monitorar o extremismo dentro das forças armadas, pode estar infiltrada.
Um investigador de alto escalão na unidade de extremismo foi suspenso em junho, depois de compartilhar material confidencial do ataque de maio com um contato no KSK, que por sua vez o repassou a pelo menos oito outros soldados, informando que a agência poderia mudar a sua orientação e que precisavam estar atentos.
— Se as pessoas que pretendem proteger nossa democracia estão conspirando contra isso, temos um grande problema — disse Stephan Kramer, presidente da agência de inteligência doméstica no estado da Turíngia. — Como podemos encontrá-los? Estes são homens experientes, que sabem como fugir da vigilância porque foram treinados para efetuar esta vigilância. Estamos lidando com um inimigo interno.
General preocupado
O KSK é uma comando criada em 1994, com objetivos de reconhecimento, antiterrorismo, resgate, evacuação e salvamento e outras operações de segurança e guerra. Atualmente, porém, seu comandante, o general Markus Kreitmayr, um bávaro afável que já conduziu missões na Bósnia, Kosovo e no Afeganistão, é um homem dividido entre sua lealdade a eles e o reconhecimento de que tem um sério problema em suas mãos.
O general estava atrasado para a nossa entrevista. Ele havia acabado de passar quatro horas interrogando um membro de sua unidade sobre uma festa em que seis soldados do comando teriam feito saudações a Hitler.
— Não sei explicar por que há tantos casos de extremismo de direita nas Forças Armadas — disse ele. — O KSK é claramente mais afetado do que outras unidades, isso parece ser um fato.
Nunca foi fácil ser um soldado na Alemanha do pós-guerra. Dada a sua história nazista e a destruição que impôs à Europa na Segunda Guerra Mundial, o país mantém uma relação conflituosa com seus militares.
Durante décadas, a Alemanha tentou forjar uma força que representasse uma sociedade democrática e seus valores. Mas, em 2011 aboliu o alimento obrigatório e passou a contar com uma força voluntária. Como resultado, os militares refletem cada vez mais não a sociedade em geral, mas uma fatia mais estreita dela.
O general Kreitmayr disse que "uma grande porcentagem" de seus soldados são alemães orientais, uma região onde a AfD se sai desproporcionalmente bem. Aproximadamente metade dos homens na lista de membros do KSK suspeitos de serem extremistas de direita também são do leste, acrescentou.
O general chamou a atual crise na unidade de "a fase mais difícil de sua história".
Ele disse que não descarta um grau significativo de infiltração da extrema direita.
— Não sei se existe um exército nas sombras na Alemanha — ele disse. — Mas estou preocupado, e não apenas como comandante do KSK, mas como cidadão. Preocupa-me que no final algo assim exista e que talvez nossos membros façam parte disso.
Os funcionários falam de uma mudança perceptível "nos valores" entre os novos recrutas. Nas conversas, os próprios soldados, que não puderam ser identificados de acordo com as diretrizes da unidade, disseram que, se houvesse um ponto de inflexão na unidade, isso ocorreria com a crise dos migrantes de 2015.
Quando centenas de milhares de requerentes de asilo da Síria e Afeganistão dirigiam-se para a Alemanha, o clima na base era ansioso, lembraram.
— Somos soldados encarregados de defender este país e eles apenas abriram as fronteiras, sem controle — disse um oficial. — Estávamos no limite.
Saudações a Hitler e cabeças de porco
Em uma noite em 2017, o sargento Ovelhinha em maio, estava entre os cerca de 70 soldados da Segunda Companhia do KSK que se reuniram em um campo de tiro militar.
Os investigadores o identificaram apenas como Philipp Sch. Ele e os outros haviam organizado uma festa de despedida especial para um tenente-coronel, um homem célebre como herói de guerra por ter saído de uma emboscada no Afeganistão enquanto carregava um de seus homens.
O coronel, um homem imponente coberto de tatuagens cirílicas, que gosta de lutar MMA em seu tempo livre, teve que completar uma pista de obstáculos. Envolvia cortar troncos de árvores e atirar em cabeças de porco decepados.
Como prêmio, seus homens haviam contratado uma mulher. Mas o coronel acabou bêbado. A mulher, em vez de ser seu troféu, foi à polícia.
De pé junto ao fogo com um punhado de soldados, ela os havia visto cantando letras neonazistas e levantando o braço direito. Um homem se destacou por seu entusiasmo, lembrou ela em uma reportagem televisionada da emissora pública ARD. Ela o chamou de "vovô nazista".
Embora de apenas 45 anos, "o avô nazista" era Ovelhinha, que havia se juntado ao KSK em 2001.
Nos três anos desde a festa, o serviço militar de contra-inteligência ficou de olho no sargento. Mas isso não impediu o KSK de promovê-lo ao posto mais alto possível de oficiais não comissionados.
O tratamento do caso se encaixa em um padrão, dizem soldados e oficiais.
Em junho, um soldado do KSK dirigiu uma carta de 12 páginas ao ministro da Defesa, pedindo uma investigação sobre o que ele descreveu como “cultura tóxica de aceitação” e “cultura do medo” dentro da unidade.
Dicas sobre camaradas extremistas foram “coletivamente ignoradas ou até toleradas”. Um de seus instrutores comparou o KSK às SS, escreveu o soldado.
O instrutor, tenente-coronel, estava no radar de pessoas inclinada à extrema direita desde 2007, quando escreveu um e-mail ameaçador para outro soldado. "Você está sendo vigiado, não, não por agências instrumentadas impotentes, mas por oficiais de uma nova geração, que agirão quando os tempos exigirem", dizia. "Viva a santa Alemanha."
O comandante do KSK na época não suspendeu o tenente. Ele apenas o disciplinou. Perguntei ao general Kreitmayr, que assumiu o comando em 2018, sobre o caso.
— Olhamos, hoje em 2020, com todo o conhecimento que temos,para o email de 2007 e dizemos: “É óbvio” - ele disse. — Mas naquela época só pensávamos: Cara, o que há de errado com ele? Ele deveria tomar um rumo correto.
O corredor da história
A porta dos fundos do edifício principal na base de Calw leva a um longo corredor conhecido como "corredor da história", por ter pendurada uma coleção de objetos reunidos ao longo dos quase 25 anos do KSK, que inclui um pastor alemão de pelúcia, Kato, que saltou de paraquedas de 10 mil metros com uma equipe de comando.
Qualquer menção a um ex-comandante do KSK, general Reinhard Günzel, foi excluída, depois que ele foi demitido por escrever uma carta em 2003 em apoio a um discurso anti-semita por um parlamentar conservador.
O general Günzel publicou posteriormente um livro chamado "Guerreiros Secretos". Nele, ele colocou o KSK na tradição de uma notória unidade de forças especiais que, sob o nazismo, cometeu inúmeros crimes de guerra, incluindo massacres de judeus. Ele foi um orador popular em eventos de extrema direita.
— Basicamente, um dos comandantes fundadores do KSK se tornou um ideólogo de destaque da Nova Direita — disse Christian Weissgerber, um ex-soldado que escreveu um livro sobre sua própria experiência de ser um neonazista nas Forças Armadas.
A Nova Direita, que engloba jovens ativistas, intelectuais e a AfD, preocupa o general Kreitmayr. Martin Hohmann, o parlamentar cujos comentários anti-semitas levaram à demissão do general Günzel anos atrás, agora está no Parlamento alemão para a AfD.
— Você tem representantes líderes de partidos políticos como a AfD, que dizem coisas que não apenas o fazem se sentir mal, mas que são claramente ideologia radical de extrema direita — disse o general Kreitmayr.
Os soldados não estão imunes a essa mudança cultural no país, disse ele. Recentemente, um colega general saiu candidato a prefeito pela AfD. Vários ex-militares representam o partido no Parlamento.
https://oglobo.globo.com/mundo/neonazis ... 1-24515494