Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin e a Rússia

Área destinada à discussão sobre Laicismo e Política e a imparcialidade do tratamento do Estado às pessoas.
Discussões sobre economia e sistemas econômicos também se encontram aqui.

Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin e a Rússia

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Nessa semana, fui provocado no X a falar sobre a extrema-direita.

Muitos usuários dessa rede social não acreditam sequer que ela existe.

Será verdade? O que é a extrema-direita?

Essa é a maior thread que eu já publiquei aqui:


Em linhas gerais, esses são os maiores partidos de extrema-direita na Europa:

O Rassemblement National (conhecida até pouco tempo como “Front National”), da França. 🇫🇷

O Alternative für Deutschland (AfD), da Alemanha. 🇩🇪

A Lega Nord, na Itália. 🇮🇹

O Freiheitliche Partei Österreichs (FPÖ), na Áustria. 🇦🇹

E o Fidesz, na Hungria, sob a liderança de Viktor Orbán, o primeiro-ministro do país. 🇭🇺

Por que eles são considerados de extrema-direita – e o que define a extrema-direita – eu falarei mais à frente.

Mas é um fato que muitos dos eleitores conservadores brasileiros se sentem pessoalmente ofendidos quando esses partidos são chamados de extrema-direita.

A ironia é que essas organizações, e as suas lideranças políticas, estão umbilicalmente conectados a dois adversários geopolíticos históricos da direita: a Rússia e a China.

Como eu mostrarei na sequência, muitos dos militantes conservadores brasileiros estão tão cegos por ideologia que são incapazes de perceber, mas espalham propaganda russa e chinesa nessa rede social sob a pretensa desculpa de defender o pensamento político conservador.

Imagem

Imagem

Imagem

Imagem

Vamos à Alemanha.

Maximilian Krah, um dos líderes do Alternative für Deutschland (AfD), membro do Parlamento Europeu, alimentou nos últimos anos laços inegáveis com a China.

Imagem

No último mês de abril, o chinês Jian Guo, o seu assistente no parlamento, foi preso em Dresden, acusado de espionar para Pequim. Jian passava informações sobre as negociações e as decisões do Parlamento Europeu para o serviço de inteligência chinês.

https://www.bbc.com/news/world-europe-68880086

Para os alemães, nada disso impressiona. Ao contrário dos líderes da direita alemã, Maximilian Krah é um defensor de longa data de Pequim. Para ele, a Alemanha deveria usar o dinheiro chinês para se fortalecer numa zona de livre comércio com a Rússia e fazer frente aos Estados Unidos. Ele acusa a União Europeia de ser “vassala” dos americanos.

Krah diz publicamente que todas as acusações que a China recebe da imprensa e de organizações internacionais não passam de “propaganda anti-chinesa”.

Diferentes pessoas que trabalharam com Krah nos últimos anos já receberam financiamento chinês. Jian Guo, o assistente preso, chegou a se infiltrar em grupos anti-Pequim na Alemanha para relatar o que acontece nesses movimentos para a inteligência chinesa.

Imagem

Muitos dos líderes do AfD falam mandarim e visitam a China com frequência. Alguns até já moraram na China.

https://www.rnd.de/politik/alice-weidel ... MRGTU.html

O próprio Maximilian Krah vive dando entrevistas para os jornais estatais chineses. E já produziu diferentes vídeos dando felicitações para o Partido Comunista Chinês (um deles pelo 70º aniversário da ocupação chinesa do Tibete).

https://www.globaltimes.cn/page/202211/1278554.shtml
https://europeantimes.news/2021/05/memb ... niversary/

No Parlamento Europeu, Krah foi o vice-presidente de um grupo chamado “EU-China Friendship Group”, que defendia uma cooperação mais estreita dos europeus com os chineses, financiado diretamente pelo Partido Comunista Chinês.

Uma reportagem publicada pelo Politico, de 2020, denunciou as intenções do grupo e, desde então, as suas atividades foram suspensas.

https://www.politico.eu/article/china-i ... hip-group/

O grupo ficou impedido de usar o logotipo e o nome do Parlamento Europeu.

https://www.politico.eu/article/eu-chin ... suspended/

Adivinha só de onde vinha a maior parte dos seus membros? Pois é: da extrema-direita.

https://sinopsis.cz/wp-content/uploads/2019/11/ep.pdf

Em 2018, Maximilian Krah foi até a China palestrar para a Silk Road Think Tank Association (SRTA), uma organização liderada pelo Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China.

https://www.spiegel.de/netzwelt/netzpol ... d939938335

Segundo o Bundesamt für Verfassungsschutz (BfV, Gabinete Federal para a Proteção da Constituição), esse organismo é parte do aparelho dos serviços secretos chineses e desempenha um papel fundamental na “obtenção de informação política de alta qualidade e na influência dos processos de tomada de decisão no exterior”.

Em 2019, Krah voou até Pequim, na classe executiva, e passou seis dias em hotéis luxuosos. Essa viagem foi financiada por empresas chinesas ligadas ao Estado, como a Huawei e a China National Petroleum Corporation (CNPC).

Krah foi até o país para se reunir com o Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China.

Imagem

No mês passado, Krah disse que o Ocidente não governa o mundo e deveria parar de ter paranoia com a China. Ele defende publicamente que a China reconquiste Taiwan e diz que as críticas contra os abusos de direitos humanos no país são “irrelevantes”.

https://www.ft.com/content/712a4abd-66b ... 2d5cc12f02
https://www.dw.com/en/china-courts-germ ... a-66504263

Maximilian Krah, como muitos membros do AfD, nasceu na Alemanha Oriental e, há muitos anos, estudou na China. Ele é acusado por outros membros do Parlamento Europeu de ser o “vassalo mais barulhento” de Pequim na instituição.

https://www.barrons.com/news/maximilian ... s-cf1d90f1

Como relata a imprensa asiática, a China encontrou na extrema-direita europeia uma aliada no continente. O AfD não é o único grupo próximo de Pequim.

https://asia.nikkei.com/Politics/Intern ... d-far-left

Viktor Orban, amigo de Trump e Bolsonaro, é um dos principais aliados da China na Europa. Sob o seu governo, a Hungria virou uma espécie de modelo de relacionamento para Pequim.

https://www.politico.eu/article/xi-jinp ... operation/
https://www.ft.com/content/5b55ef85-b88 ... 273cc5e9ff
https://www.nytimes.com/2024/05/09/worl ... orban.html

Orban vive elogiando Pequim e diz que a China é “um dos pilares estruturais da nova ordem mundial”.

https://miniszterelnok.hu/en/statement- ... -of-china/

No mês passado, Xi Jinping foi recebido na Hungria literalmente num tapete vermelho. Ele e Orban assinaram 16 acordos de cooperação e Orban o chamou de “amigo de longa data”.

https://www.eunews.it/en/2024/05/09/orb ... greements/

Imagem

O presidente sérvio Aleksandar Vučić, outro líder da direita populista europeia, já chegou até a beijar a bandeira chinesa num evento público.

https://news.cgtn.com/news/2020-03-22/S ... index.html
https://www.thetimes.com/uk/politics/ar ... -r8m35kbnd

No mês passado,Vučić disse que nenhum outro país no mundo reverencia tanto Xi Jinping como a Servia:

https://www.politico.eu/article/xi-jinp ... vestments/

“Eu disse a ele que, como líder de uma grande potência, ele será recebido com respeito em todo o mundo, mas a reverência e o amor que ele encontra na nossa Sérvia não serão encontrados em nenhum outro lugar.”

Da perspectiva chinesa, a cooperação com a extrema-direita do leste e da região central da Europa é uma grande oportunidade. Mas falarei sobre isso mais adiante.

Pequim não é o principal governo alimentando relações com a extrema-direita europeia.

A extrema-direita europeia é umbilicalmente ligada à Rússia.

Vou contar uma história que ajuda a ilustrar como esse vínculo funciona.

Em abril desse ano, a República Tcheca anunciou o congelamento dos bens de dois homens que o governo tcheco acusa de dirigir uma operação de influência na Europa para apoiar “os interesses de política externa da Federação da Rússia” – as palavras são do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país.

https://mzv.gov.cz/jnp/en/issues_and_pr ... tings.html

A primeira pessoa listada se chama Viktor Medvedchuk. A segunda é Artem Marchevsky.

Medvedchuk é um magnata ucraniano pró-Rússia, e por muito tempo foi o aliado mais próximo de Vladimir Putin na Ucrânia.

Por uma década, Medvedchuk foi o fundador e presidente da organização política pró-Rússia Escolha Ucraniana (Український вибір), criada para se opor a uma eventual adesão do país à União Europeia. Medvedchuk chegou a comparar o bloco europeu ao Terceiro Reich.

https://ukrainianweek.com/kremlin-impos ... an-choice/
https://www.rbc.ua/rus/news/evropa-prya ... 2013105000

Em 2021, a Ucrânia acusou Medvedchuk de financiar atos terroristas no país. Ele estava canalizando dinheiro para separatistas em Luhansk e Donetsk, no leste do país.

Medvedchuk chegou a ser condenado à prisão domiciliar em Kyiv, acusado de alta traição, mas escapou pouco depois da Rússia invadir a Ucrânia, em 2022, numa troca de prisioneiros entre os dois países.

Imagem

Em abril, a República Tcheca disse que reprimiu uma “operação de influência russa dirigida por Viktor Medvedchuk diretamente da Rússia”. O objetivo de Medvedchuk “era espalhar narrativas pró-Rússia que minavam a soberania da Ucrânia enquanto se infiltravam no Parlamento Europeu”.

Como ele fez isso? Com a ajuda de Artem Marchevsky, um cidadão ucraniano-israelense, diretor de um site chamado Voz da Europa, registrado na República Tcheca.

Não se engane com o nome. O Voz da Europa é uma plataforma de propaganda e desinformação que ecoa a voz da Rússia em inglês. Medvedchuk financiou a operação do site a partir da Rússia.

A inteligência da República Tcheca descobriu que o Voz da Europa era bem mais que um site de propaganda: era uma estrutura robusta de propaganda usado pelo governo russo para financiar políticos da Alemanha, da França, da Polônia, da Bélgica, da Holanda e da Hungria para promover os interesses russos no Parlamento Europeu.

Entre os políticos na lista do Voz da Europa estão Maximilian Krah (o mesmo ligado à China, citado anteriormente) e Petr Bystron, membro do parlamento alemão. Os dois estão entre as principais lideranças do Alternative für Deutschland.

https://www.spiegel.de/politik/deutschl ... -so-app-sh

Krah e Bystron recebiam dinheiro russo através de bolsas de criptomoedas ou em espécie, em reuniões secretas em Praga.

Há até uma gravação de Bystron contando as cédulas de dinheiro que recebeu de Medvedchuk em Praga: 20 mil euros para espalhar propaganda russa no parlamento.

https://www.spiegel.de/politik/deutschl ... 15ac57c9d4

Imagem

Segundo a investigação tcheca, pelo menos 500 mil euros foram gastos por Moscou para sustentar a operação. Mas a casa caiu para Bystron.

No mês passado, a polícia alemã invadiu o seu escritório no parlamento, e o acusou de lavagem de dinheiro e suborno ligados à Rússia. Quase 70 policiais e 11 promotores estiveram envolvidos na operação. O Bundestag concordou em retirar a imunidade parlamentar de Bystron para permitir que ele fosse processado.

https://www.bbc.com/news/articles/cd13114xwkqo

Imagem

Enquanto esteve no ar, o canal no YouTube do Voz da Europa apresentou entrevistas com diferentes políticos europeus de partidos de extrema-direita da Bélgica, França, Alemanha, Itália, Polônia e Holanda.


Há anos, a Rússia é acusada de financiar as operações de grupos de extrema-direita na Europa. Petr Bystron é só mais uma das lideranças dessa lista.

Grande parte do Alternative für Deutschland apoia a Rússia.

O serviço secreto alemão acusa a Rússia (e a China) de tentar desestabilizar a Alemanha (e a Europa) usando o AfD.

https://www.tagesschau.de/inland/verfas ... d-100.html

https://www.zeit.de/politik/deutschland ... propaganda

Essa reportagem do Organized Crime and Corruption Reporting Project, de 2023, mostra como a Rússia gastou um caminhão de dinheiro nos últimos para comprar o apoio de políticos europeus. Diferentes membros e ativistas do AfD são citados na reportagem.

https://www.occrp.org/en/investigations ... -of-crimea

Por anos, líderes do Alternative für Deutschland foram flagrados viajando para Moscou em aviões particulares.

https://www.dw.com/en/report-afd-member ... a-43872774

A ala jovem do AfD chegou a estabelecer uma aliança com o movimento juvenil do partido Rússia Unida, controlado por Putin.

https://www.spiegel.de/politik/wie-puti ... 0163279501

Markus Frohnmaier, membro do parlamento alemão e fundador do movimento juvenil do Alternative für Deutschland em Baden-Württemberg, é uma das figuras centrais dessa história. Frohnmaier é um russófilo de carteirinha, casado com uma jornalista russa, funcionária de um jornal pró-Putin.

Imagem

No passado, ele defendeu ferozmente a anexação da Crimeia pela Rússia como uma “conquista da independência” e colaborou para um site russo ligado a Alexander Dugin.

https://www.kritiknetz.de/images/storie ... _Dugin.pdf

Frohnmaier e Marcus Pretzell (ex-membro do Parlamento Europeu pelo Alternative für Deutschland) chegaram a ir à Crimeia ocupada numa viagem financiada por uma fundação russa.
https://www.spiegel.de/politik/deutschl ... 30921.html

Frohnmaier foi, por anos, muito próximo de Manuel Ochsenreiter, o seu assistente no parlamento alemão.

https://www.zdf.de/politik/frontal/der- ... r-100.html

Manuel Ochsenreiter era um pupilo de Alexander Dugin (a quem já descreveu como uma figura parental e um amigo de longa data) e o fundador da revista de extrema-direita alemã “Zuerst!”, além de membro frequente de fóruns neofascistas.

https://www.zeit.de/2017/34/osteuropa-w ... in/seite-2

Imagem

Ochsenreiter também já foi ligado a Yevgeny Prigozhin, o fundador do Wagner Group.

Frohnmaier e Ochsenreiter, junto com o polonês Mateusz Piskorski (preso na Polônia acusado de trabalhar, por anos, como espião para a Rússia e a China na Europa) fundaram, em 2016, o “Centro Alemão de Estudos Eurasiáticos” (Deutsche Zentrum für Eurasische Studien).

https://vsquare.org/leak-emails-mateusz ... lin-plans/

Foi com essa organização que Ochsenreiter organizou viagens para membros do Alternative für Deutschland para o leste da Ucrânia ocupada pela Rússia.

https://www.tagesschau.de/investigativ/ ... d-101.html

Imagem

No dia 18 de agosto de 2021, Ochsenreiter morreu em Moscou vítima de um ataque cardíaco.

https://www.endstation-rechts.de/news/r ... -gestorben

Poucos anos antes, ele havia participado de um atentado terrorista na Ucrânia, numa operação de false flag russa no país.

https://www.welt.de/politik/deutschland ... assen.html

Em seu obituário, Dugin o descreveu como seu “filho espiritual” e um “inimigo da sociedade aberta”.

https://www.zeit.de/2022/19/afd-russlan ... hsenreiter

Markus Frohnmaier ainda é membro do parlamento alemão pelo Alternative für Deutschland.

Diferentes líderes políticos do Alternative für Deutschland são próximos da Rússia. Dá pra dizer que a relação do partido com Moscou não é nada discreta.

Ontem mesmo, Zelensky discursou no parlamento alemão e, em protesto, os membros do Alternative für Deutschland se retiraram do parlamento. Políticos de todos os outros partidos – da esquerda à direita alemã – aplaudiram o discurso do presidente ucraniano.

https://www.politico.eu/article/germany ... ne-speech/

Em 2023, Steffen Kotré, membro do parlamento alemão pelo AfD, foi convidado para participar de um programa de tv russo, em meio à guerra na Ucrânia, e disse, no ar, que a grande mídia alemã estava fazendo de tudo para virar os alemães contra a Rússia. Ele aproveitou a ocasião para criticar o envio de armas da Alemanha para a Ucrânia.

https://insightnews.media/deputy-of-the ... elevision/

Imagem

Dias depois, Tino Chrupalla, outro membro do parlamento alemão pelo AfD, apareceu em um talk show russo, ao lado do embaixador da Rússia na Alemanha, defendo uma aproximação do país com Moscou.

https://www.tagesschau.de/inland/ukrain ... d-101.html

Chrupalla disse que os Estados Unidos eram os responsáveis ​​pela guerra e os maiores aproveitadores do conflito.

https://www.aspistrategist.org.au/how-g ... ins-voice/

E ainda há a história de Eugen Schmidt, outra figura eleita para o parlamento alemão pelo Alternative für Deutschland.

Schmidt, nascido na União Soviética, passou anos reproduzindo propaganda estatal russa na Alemanha, ao mesmo tempo em que acusava a Alemanha, nos programas de tv da Rússia, de não ser uma democracia.

https://www.tagesschau.de/investigativ/ ... d-101.html

Imagem

Por anos, Schmidt empregou um cidadão russo chamado Vladimir Sergiyenko no seu escritório no parlamento alemão.

https://www.spiegel.de/international/ge ... 0d19651be8

Em fevereiro desse ano, Sergiyenko foi acusado de trabalhar para o Serviço Federal de Segurança da Rússia (o FSB, substituto do KGB soviético). E renunciou ao cargo no parlamento após a acusação.

https://meduza.io/en/news/2024/02/04/ad ... ussian-fsb

Nos últimos anos, Sergiyenko trabalhou escrevendo discursos para diferentes parlamentares do Alternative für Deutschland. Os discursos eram corrigidos e aprovados pelo Kremlin.

https://theins.ru/politika/268808

Ele também persuadiu o Alternative für Deutschland a abrir uma ação judicial contra o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha para impedir o fornecimento de tanques à Ucrânia.

Além do apoio à Rússia, muitos membros do AfD também apoiam os aliados da Rússia.

Por exemplo: Udo Hemmelgarn, membro do parlamento alemão pelo Alternative für Deutschland de 2017 a 2021, passou anos apoiando o governo Assad e exigindo o apoio alemão ao envolvimento russo na Síria. Assad é o maior parceiro de Putin no Oriente Médio.

Em 2019, Hemmelgarn organizou uma viagem de membros do AfD até a Síria, onde o AfD foi recebido com pompas de Estado pelo governo Assad.

https://corporate.dw.com/en/far-right-g ... a-51376553

https://www.spiegel.de/politik/ausland/ ... 96698.html

Um dos membros do partido elogiou a Síria dizendo que se sente mais inseguro quando visita o Brasil.

https://www.spiegel.de/politik/deutschl ... 98854.html

Imagem

Ao longo do seu mandato, Hemmelgarn esteve intimamente associado à Rússia. Em 2019, ele viajou até a Crimeia ocupada pela Rússia com outros membros do AfD.

https://brusselswatch.org/udo-hemmelgar ... -politics/

Nem todos os líderes da extrema-direita europeia estão associados ao Kremlin, mas há um grande número deles nessa direção.

Como contou o Le Monde na semana passada, desde 2023, sete países da União Europeia investigam uma operação russa que visava desestabilizar as eleições para o Parlamento Europeu do último dia 9 de junho. Parte importante das forças políticas utilizadas pelo Kremlin estavam na extrema-direita europeia.

https://www.lemonde.fr/en/international ... 028_4.html

Além da Alemanha, a Rússia influencia movimentos de extrema-direita na Áustria, República Checa, França, Hungria, Itália, Polônia, Sérvia, Eslováquia e Suécia.

https://www.icct.nl/publication/russia- ... -countries

O Partido da Liberdade da Áustria tem um “tratado de amizade” assinado com o Rússia Unida, de Putin, desde 2016.

https://www.lemonde.fr/europe/article/2 ... _3214.html

A Liga Norte, da Itália, assinou um acordo com o Rússia Unida em 2017.

https://www.ilpost.it/2017/03/07/lega-n ... ita-putin/

Esse aqui é Matteo Salvini, do Liga Norte, o vice-primeiro-ministro de Itália:

Imagem

A Hungria de Orban, amigo de Trump e Bolsonaro, é a maior aliada de Vladimir Putin na União Europeia.

https://www.politico.eu/article/kremlin ... esz-party/
https://www.dw.com/en/vladimir-putin-an ... a-45512712
https://edition.cnn.com/2024/01/28/euro ... index.html

Orbán é indiscutivelmente uma quinta-coluna na União Europeia e na Otan, obstruindo há anos, com o apoio de Putin, os esforços do Ocidente para conter Moscou.

Imagem

Marine Le Pen é outra figura próxima de Putin.

Em 2023, um inquérito multipartidário produzido pelo parlamento francês – que tomou seis meses e mais de 50 audiências para ser finalizado – concluiu que o Rassemblement National, de Le Pen, serviu nos últimos anos como um “canal de comunicação” para o Kremlin. O inquérito diz que as posições políticas de Le Pen ecoam a “linguagem oficial do regime de Putin”.

https://www.france24.com/en/france/2023 ... ary-report

Em 2014, o seu partido recebeu um empréstimo milionário (de 9,4 milhões de euros) de um banco russo para financiar a campanha para as eleições regionais de 2015 – algo que, segundo Le Pen, só aconteceu porque nenhuma entidade europeia queria emprestar o dinheiro.

https://www.euractiv.com/section/politi ... sian-loan/

Em 2017, às vésperas das eleições presidenciais francesas, Le Pen, candidata à presidente, viajou a Moscou para se reunir com Vladimir Putin. Na época, ela se vangloriou do apoio que recebeu dele à sua candidatura.

https://edition.cnn.com/2017/03/24/euro ... index.html

Imagem

Desde a invasão da Rússia à Ucrânia, Le Pen vem fingindo moderar os seus discursos em relação a Moscou como parte de uma estratégia eleitoral – do contrário, seria engolida pela opinião pública francesa. Mas a relação do seu partido com Moscou permanece inabalada.

Nesse mês, às vésperas do 80º aniversário do Dia D, Sébastien Chenu, o vice-presidente do Rassemblement National, lamentou que Putin não tivesse sido convidado para o evento.

https://x.com/dimpolitique/status/17972 ... 17995?s=46

Em maio, Le Pen criticou a postura crítica de Macron contra Putin.

https://www.trt.net.tr/portuguese/europ ... ia-2146929

Há dois anos, ela já havia dito que as sanções contra a Rússia “não têm outro propósito senão fazer o povo da Europa sofrer”. E no ano passado, chamou de “irresponsáveis” as entregas francesas de armas à Ucrânia.

https://www.politico.eu/article/french- ... sian-ties/

Assim como ocorre com outros movimentos de extrema-direita, o Rassemblement National, de Le Pen, é o porta-voz do Kremlin na França.

https://www.washingtonpost.com/world/20 ... far-right/

Ok, mas como definir o que é extrema-direita? E por que esse grupo é tão próximo da Rússia e da China?

Antes de mais nada: é verdade que figuras influentes do debate político brasileiro – sobretudo no campo da esquerda e nas colunas de opinião da imprensa – costumam jogar qualquer posição conservadora para o campo do extremismo fascista, buscando deslegitimar a direita política em nome de uma falsa proteção à democracia, como se nenhuma posição conservadora fosse democraticamente válida (o que é, por si só, uma postura antidemocrática).

Mas se há um oportunismo à esquerda para julgar tudo que há de ruim no universo político como ação de uma extrema-direita fantasiosa, também há um constante estado de negação à direita (sobretudo no Brasil) para fingir que a extrema-direita não existe.

De fato, nem tudo é extrema-direita. Pelo contrário. Nesse momento, a direita e a centro-direita governam Reino Unido, Suécia, Portugal, Finlândia e inúmeros outros países da Europa. Em 2024, há mais países europeus governados por conservadores do que por progressistas e socialistas. Ninguém chama esses governos de extremistas. Mas isso não significa que não haja lideranças autoritárias à direita na Europa.

Imagem

O que difere a direita da extrema-direita?

Considere a história recente da direita americana.

Desde a década de 1950 – e especialmente desde a eleição de Ronald Reagan em 1980 – os conservadores americanos têm aderido a um consenso de quatro princípios: 1) livre mercado, 2) antitotalitarismo, 3) defesa de valores cristãos e 4) governo limitado.

Por décadas, o Partido Republicano sustentou uma visão internacional muito clara: a promoção da segurança e do poder econômico dos Estados Unidos através da construção do exército mais poderoso do mundo, da cooperação com aliados para viabilizar interesses em comum e de um aumento do poder de Washington nas instituições internacionais (quase todas construídas pelos próprios americanos).

Por décadas, isso significou a defesa do livre comércio, a promoção do Estado de direito na política de imigração e a oposição ao autoritarismo (sobretudo quando os autocratas desafiavam diretamente os interesses americanos).

Como os Estados Unidos foram o principal vetor ideológico do Ocidente na segunda metade do século 20, estes foram os preceitos que estiveram ligados à direita política mundo afora nas últimas décadas.

Mas isso já não é mais verdade.

Nesse momento, inúmeros figurões conservadores americanos enxergam a Rússia como a grande defensora do mundo livre, e não os Estados Unidos. Para a direita americana, o livre comércio já não é mais tão popular quanto o protecionismo. O desejo de projetar o poder americano no mundo foi suplantado por um isolacionismo que enxerga qualquer integração entre os povos como um “globalismo” arquitetado por vilões de desenho animado. E autocratas declaradamente antiamericanos, como Putin, são exaltados nos mesmos bolsões ideológicos conservadores que juram trabalhar dia e noite para proteger os valores ocidentais.

Imagem

Hoje, na essência, a direita americana é muito mais parecida com a extrema-direita europeia que com o partido de Lincoln e Reagan.

Mas o que é a extrema-direita europeia?

A filosofia que rege a visão da extrema-direita é conhecida como organicismo.

O organicismo é a ideia de que toda sociedade funciona como um ser vivo – um organismo completo, organizado e homogêneo.

Na Europa, a extrema-direita é o grupo político mais avesso à livre imigração e aos fóruns internacionais (como a ONU e a União Europeia). O grupo rejeita esses princípios – e qualquer forma de universalismo – porque está interessado em proteger a sociedade de influências externas (consideradas “estranhas” e até “doentias” para o corpo social).

Essa rejeição neurótica à influência externa não é parte da tradição do pensamento político conservador. Mas sempre esteve presente na extrema-direita (basta lembrarmos a história dos judeus na Europa no século 20).

Imagem

Direita e extrema-direita também divergem na definição de nacionalismo.

Para a direita, o nacionalismo é uma ferramenta ideológica de promoção da soberania, do orgulho e dos interesses nacionais, comprometido com o convívio harmônico com a comunidade internacional.

Para a extrema-direita, o nacionalismo é uma ferramenta de controle político e social para construir uma pureza nacional hostil à influência estrangeira.

A diferença não é pequena.

Em linhas gerais:

1) o principal adversário da extrema-direita não é a extrema-esquerda, mas o globalismo e o multiculturalismo (leia-se: políticas que enfatizam a cooperação internacional e a mistura de culturas e identidades);

2) a extrema-direita está disposta a apoiar partidos e governos autoritários, inclusive de extrema-esquerda, para enfrentar o globalismo e o multiculturalismo;

3) a principal bandeira da extrema-direita europeia é o eurocentrismo – a rejeição à integração da Europa; e

4) a extrema-direita é cética em relação a qualquer organismo internacional (ONU, FMI, Banco Mundial, etc).

O problema dessa identidade isolacionista é que a ênfase na harmonia e na ordem organicista é um vetor de governos autoritários, onde a violência política é encarada como um mal necessário para manter a integridade, a pureza e a saúde do “organismo” social contaminado.

Quando Trump disse, em 2023, que muitos imigrantes alcançavam os Estados Unidos trazendo “doenças” e “contaminando o sangue americano”, estava expressando genuinamente a sua concepção racialista de construção de nação.
https://nbcnews.com/politics/2024-elect ... rcna130141

A extrema-direita justifica essa postura fingindo que não é contrária à imigração, mas à imigração ilegal e o radicalismo islâmico. O problema é que líderes de extrema-direita têm um farto histórico de declarações racistas em defesa de uma unidade nacional étnica. A justificativa não condiz com o mundo real.

Nas eleições desse final de semana para o Parlamento Europeu, o Alternative für Deutschland ficou em primeiro lugar no leste da Alemanha.

Imagem

Não é uma coincidência que o partido seja tão popular numa região com décadas de passado autoritário (seja com o nazismo ou o comunismo), com muito menos imigrantes que a parte ocidental do país.

Quase 70% dos alemães que moram no leste da Alemanha dizem que os estrangeiros – qualquer estrangeiro, de qualquer nacionalidade – só se mudam para a Alemanha para explorar o Estado de bem-estar social; e quase um em cada três diz que a influência dos judeus é grande demais no país.

https://www.dw.com/en/half-of-eastern-g ... a-66068519

Quase 1/4 dos entrevistados também diz que o nacional-socialismo tinha o seu lado bom, e 33% dos entrevistados concordam com a afirmação: “deveríamos ter um líder que governe a Alemanha com mão forte para o bem de todos”.

A pesquisa identificou a presença de uma “mentalidade conspiratória” generalizada (muito comum entre os eleitores de extrema-direita e de partidos populistas) e o desejo de um “Estado autoritário”.

Outra característica que diferencia a extrema-direita da direita é o uso do populismo.

Políticos de direita costumam adotar discursos mais moderados e pragmáticos porque o conservadorismo, em essência, valoriza a ordem e a estabilidade institucional.

A direita faz parte do establishment político do Ocidente.

Historicamente, partidos de direita defendem a importância das instituições democráticas e do Estado de direito (sobretudo nos países desenvolvidos). Historicamente, na contramão, a extrema-direita adota um discurso anti-establishment, se posicionando como a única voz genuína dos interesses da população contra as elites políticas, econômicas e culturais, menosprezando as outras identidades políticas.

A extrema-direita recorre ao populismo para mobilizar sentimentos de insatisfação popular contra os seus inimigos (imigrantes, minorias, elites políticas e culturais, etc), apresentando soluções simplistas e autoritárias para proteger a pureza do organismo social (leia-se: a manutenção da sociedade fechada). E é tão boçal que, com frequência, acusa partidos tradicionais de direita de serem, na verdade, de esquerda, como se ela – longe de representar uma posição extrema – fosse, de fato, a única posição genuína de direita.

Da mesma forma, ao contrário dos políticos de direita – que historicamente defendem o liberalismo econômico – políticos de extrema-direita levantam bandeiras protecionistas, supostamente em defesa das classes mais pobres.

Nos Estados Unidos, esse grupo (da ala trumpista do Partido Republicano) é conhecido como populistas “de colarinho azul”.

“Colarinho azul” (do inglês “blue-collar”) faz referência aos operários que desempenham trabalhos que exigem esforço físico. No contexto americano, a expressão é usada para descrever os trabalhadores de setores como manufatura, construção, mineração e manutenção, famosos por usarem uniformes azuis.

Os populistas de colarinho azul, como Trump, prometem defender os interesses desses trabalhadores e entendem que os imigrantes – não apenas os ilegais – ameaçam a estabilidade das suas famílias. Trump foi eleito, em 2016, graças ao apoio desses trabalhadores, no Rust Belt americano – um grupo de eleitores altamente ressentido e conspiracionista.

Imagem

O ressentimento, aliás, é uma arma poderosa da extrema-direita.

Se na primeira metade do século 20, a extrema-direita alemã explorava o ressentimento generalizado no país pela derrota na Primeira Guerra Mundial, a extrema-direita alemã deste século alcança bons índices de popularidade no leste do país explorando o ressentimento pós-reunificação.

A ampla maioria dos alemães do leste não se sentem inteiramente integrados à Alemanha e entendem que preenchem a parte perdedora da reunificação (todos os indicadores da região estão bem abaixo da parte ocidental do país).

Nos territórios da extinta Alemanha Oriental há um sentimento generalizado anti-Ocidente, anti-União Europeia e anti-Estados Unidos, com uma população altamente ressentida e vulnerável aos discursos populistas do Alternative für Deutschland.

Se a direita alemã pretende conservar as políticas que transformaram a Alemanha num dos países mais bem sucedidos da Terra, o Alternative für Deutschland quer literalmente uma Alternativa para a Alemanha, como se a maior economia da Europa precisasse da extrema-direita para se tornar um país respeitável.

A presunção não surpreendente. A extrema-direita prospera mediante a interpretação de que a sociedade vive num estado de decadência projetado pelas elites dominantes – forasteiras e artificiais (como os judeus no passado) – e a promessa de que os membros da própria extrema-direita são uma elite natural perspicaz, comprometida com a missão redentora de salvar a sociedade da sua destruição e devolver o país à grandeza de um passado idílico inventado, quando os imigrantes ainda não haviam dado as caras e as minorias viviam presas a um silêncio clandestino.

Por que a Rússia e a China mantém um vínculo umbilical com a extrema-direita?

1) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de isolamento que a extrema-direita promove no Ocidente. Quanto mais frágil for a aliança dos países ocidentais, e mais isolada estiver a Europa e os Estados Unidos, distante dos fóruns internacionais, melhor para Moscou e Pequim. Quanto maior for a rejeição popular à União Europeia e à OTAN, melhores são as condições de russos e chineses projetarem os seus poderes.

2) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de imbecilização que a extrema-direita promove no Ocidente. Se no passado, os eleitores conservadores debatiam as grandes questões da humanidade, dando um peso importante à influência da geopolítica e da economia na vida cotidiana, hoje preferem combater a “cultura woke” dedicando longos discursos sobre temas exóticos repetidíssimos, como banheiro trans, feminismo e a produção cinematográfica americana, presos a uma guerrinha cultural de hashtags nas redes sociais. Para boa parte dos eleitores desses grupos políticos, a Parada Gay é uma ameaça mais perigosa à sociedade ocidental que o Kremlin.

3) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de deterioração que a extrema-direita promove nas instituições políticas do Ocidente. A extrema-direita vive num profundo estado de mau humor em rejeição à imprensa, à classe artística, à democracia, às minorias, à livre imigração, às empresas, ao sistema educacional, à justiça e a qualquer valor da sociedade aberta. E quanto mais popular for essa sensação generalizada de mal estar com os valores da sociedade aberta – e mais polarizada for a sociedade – melhor para Moscou e Pequim.

4) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de banalização dos direitos humanos que a extrema-direita promove no Ocidente. E quanto menos popular for a defesa dos direitos humanos no Ocidente, menor será a rejeição nos organismos internacionais a Moscou e Pequim, dois dos maiores violadores de direitos humanos da Terra.

5) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de disputa que a extrema-direita promove contra a própria direita no Ocidente. Nos últimos cem anos, os eleitores conservadores representaram o maior grupo adversário de russos e chineses no mundo. Quanto maior é a influência de Moscou e Pequim nas lideranças políticas que alcançam esses eleitores, menor será a resistência ocidental contra Rússia e China.

Por que a extrema-direita mantém um vínculo umbilical com Rússia e China?

1) Porque Moscou e Pequim financiam as suas operações.

2) Porque a extrema-direita não é coerente com a tradição do pensamento político conservador.

3) Porque esses grupos – lotados de eleitores ressentidos – têm fascínio pelo autoritarismo como uma expressão de imposição de um respeito que eles não encontram em outras áreas da vida.

4) Porque Moscou e Pequim, ao contrário de Washington, prometem respeitar o isolamento que esses grupos almejam em seus países, protegendo a sociedade da ameaça do “globalismo” e da “cultura woke”.

5) Porque, em muitos grupos, já não é mais possível separar o que é propaganda russa do que é ideologia de extrema-direita.

Foi o conservador Ronald Reagan, num discurso definidor da Guerra Fria, em 1983, quem disse que a Rússia era o Império do Mal. Segundo ele:

https://voicesofdemocracy.umd.edu/reaga ... eech-text/

“O maior mal não é feito agora naqueles 'covis de crime' sórdidos que Dickens adorava pintar. Não é nem mesmo feito em campos de concentração e campos de trabalho forçado. Nesses lugares vemos o seu resultado final, mas ele é concebido e ordenado; movido, apoiado, realizado e registrado em escritórios limpos, acarpetados, aquecidos e bem iluminados, por homens tranquilos com colarinhos brancos e unhas cortadas e bochechas bem barbeadas que não precisam levantar a voz.”

“Bem, porque esses ‘homens tranquilos’ não ‘levantam a voz’, porque às vezes falam em tons suaves de fraternidade e paz, porque, como outros ditadores antes deles, estão sempre fazendo a sua ‘última demanda territorial’, alguns nos fariam aceitá-los em sua palavra e nos acomodar aos seus impulsos agressivos. Mas, se a história ensina algo, ensina que apaziguamento simplista ou pensamento ilusório sobre os nossos adversários é uma tolice. Isso significa a traição do nosso passado, o desperdício da nossa liberdade.”

Seria cômico se não fosse trágico. Nem Ronald Reagan poderia imaginar do que os russos eram capazes.

Como não é segredo para qualquer pessoa minimamente informada, há um século, Moscou exerce influência sobre diferentes movimentos e partidos políticos à esquerda. Mas essa não é a notícia de última hora.

A grande manchete política da nossa geração é o exército de idiotas úteis que o Kremlin conseguiu formar do outro lado do espectro político.

O estrago que a Rússia fez na direita precisará de décadas para ser reparado.

Parte do que escrevi aqui, já havia dito para os assinantes do Spotniks nos últimos meses.

Todas as semanas, escrevo sobre Rússia, China e Estados Unidos no Spotniks, e envio esse conteúdo por email aos assinantes.

Quer ler mais sobre esses assuntos?

https://spotniks.com/assinar/
(Rodrigo da Silva)

Fonte: https://x.com/rodrigodasilva/status/1801020407618679032

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Agnoscetico
Mensagens: 5379
Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

A Klu Klux Klan, skinheads se encaixam nessa? Como?

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Agnoscetico escreveu:
Seg, 23 Setembro 2024 - 01:15 am
A Klu Klux Klan, skinheads se encaixam nessa? Como?
1. Sim, alguns.

2. Pelo menos os que declaram apoio e/ou afinidade com Donald Trump (coisa comum nas lideranças da KKK), um comparsa de Putin, se encaixam. A maneira como isso pode acontecer sem entrar em contradição já foi explicada no artigo acima - que é mais um reforço da Teoria da Ferradura.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Agnoscetico
Mensagens: 5379
Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Seg, 23 Setembro 2024 - 11:04 am
Agnoscetico escreveu:
Seg, 23 Setembro 2024 - 01:15 am
A Klu Klux Klan, skinheads se encaixam nessa? Como?
1. Sim, alguns.

2. Pelo menos os que declaram apoio e/ou afinidade com Donald Trump (coisa comum nas lideranças da KKK), um comparsa de Putin, se encaixam. A maneira como isso pode acontecer sem entrar em contradição já foi explicada no artigo acima - que é mais um reforço da Teoria da Ferradura.
1. Alguns quais?

2. Apoiar Trump não é suficiente pra determinar que um grupo supremacista seja comunista. Se for pra usar essa lógica, então sionistas apoiam Trump (pois esse apoia sionistas, além ter uma filha casada com judeu) logo seriam comunistas / socialistas / putinistas também?

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Agnoscetico escreveu:
Ter, 24 Setembro 2024 - 02:20 am
Huxley escreveu:
Seg, 23 Setembro 2024 - 11:04 am
Agnoscetico escreveu:
Seg, 23 Setembro 2024 - 01:15 am
A Klu Klux Klan, skinheads se encaixam nessa? Como?
1. Sim, alguns.

2. Pelo menos os que declaram apoio e/ou afinidade com Donald Trump (coisa comum nas lideranças da KKK), um comparsa de Putin, se encaixam. A maneira como isso pode acontecer sem entrar em contradição já foi explicada no artigo acima - que é mais um reforço da Teoria da Ferradura.
1. Alguns quais?

2. Apoiar Trump não é suficiente pra determinar que um grupo supremacista seja comunista. Se for pra usar essa lógica, então sionistas apoiam Trump (pois esse apoia sionistas, além ter uma filha casada com judeu) logo seriam comunistas / socialistas / putinistas também?
1. Qualquer um que diga que Trump é representativo do pensamento deles: não precisa dar nomes, basta consultar o Google. Se quiser um exemplo: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/0 ... 82413.html
2. Eu não disse “meramente dar um apoio a Trump”. Eu disse “os que declaram apoio e/ou afinidade com Donald Trump”. A afinidade com a agenda política de Trump implica necessariamente ser socialista de direita. É claro que os socialistas de esquerda e os extremistas da direita de que este tópico trata têm diferenças ideológicas, mas na práxis eles são semelhantes.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
eremita
Mensagens: 31
Registrado em: Ter, 17 Março 2020 - 20:47 pm
Localização: Sob as folhas da erva-mate.

Mensagem por eremita »

O mais importante para entender o que estão chamando de extrema-direita, e que chamo de "direita alternativa" ou de "fascismo sob outro nome" é que ela não é definida pela posição econômica, mas sim no que refere-se à identidade do indivíduo: autoritarianismo, nacionalismo, e oposição a qualquer identidade que não seja a de "troço pertencente àquele país".

Daí fica fácil de entender conexões políticas "estranhas" com o Ursinho Pooh (Xi Jinping, China) - não importa se ele e seu partido são pró-comunismo, são autoritários e a direita alternativa bate palminha para autoritários. Vide a obsessão do Burrito Laranja (Donald Trump, EUA) com "homens fortes", ou o quanto ele baba ovo para o Putler.

O Huxley mencionou a hipótese da ferradura (extrema esquerda e direita parecendo uma com a outra); mas assim que você desassocia os eixos econômico e de identidade, a ferradura desaparece. Mesmo porque comunistas historica- e contemporaneamente estão ligados a causas sociais, é só ir a qualquer comunidade de comunistas que você vê falando de direitos trans, papeis de gênero, etc. (E se alguém quiser cavoco texto do Trotskij falando disso.) Coisas que essa extrema-direita odeia.

Falando da Lega Nord em específico: é um partido que saiu dos trilhos, inicialmente lutava pela independência da população vivendo na parte não-peninsular do que é controlado pela Itália. Hoje em dia acho justo tacá-la junto da AfD como merda estessa, mas o foco de ambas era, historicamente, beeeem diferente. (A AfD é nacionalista desde que foi fundada em 2013.)
[Морс] Кўис ессе кредис, Беллум?
Стрепитулос екс скрибендо аудис...

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Agnoscetico
Mensagens: 5379
Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

eremita escreveu:
Sex, 11 Outubro 2024 - 07:54 am
(E se alguém quiser cavoco texto do Trotskij falando disso.) Coisas que essa extrema-direita odeia.
Se servir pra deixar claro sobre essa tentativa forçada de querer de tudo que não gosta de socialismo (seja de direita e esquerda) que o Huxley ta fazendo, pode trazere material do Trostky, Lenin, etc.
Pra mim ficar definindo pessoas em caixas, como se seguissem um pacote ideológico, costuma fracassar, já que, segundo Huxley, o que importa é a práxis / prática.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

nuker
Mensagens: 605
Registrado em: Sáb, 23 Outubro 2021 - 17:19 pm

Mensagem por nuker »

Eu sempre achei muito estranha essa ligação do Donald Trump com o Putin, e agora que soube dos vínculos dos partidos de extrema-direita europeus com Rússia e China, isso só torna as coisas ainda mais estranhas. O que acontece é que os chamados extrema-direita não são realmente conservadores, mas sim tradicionalistas. Ou seja, tradicionalistas rejeitam o mundo moderno e certas tendências sociais como migrações em massa, multiculturalismo e liberalismo social. Eu acho que a Europa deveria rumar para o tradicionalismo, já que todo esse liberalismo de lá só está causando problemas e revoltas. Pra ser sincero, essas ondas de liberalismo social mais causaram problemas do que alguma solução, sobretudo com o advento das causas identitárias e a partir daí começou a surgir toda uma cisão social problemática e artificial, o que não havia tanto antigamente (exceto em relação a sistema de castas, escravidão ou classes sociais). É por causa desse liberalismo social desenfreado liderado por movimentos sociais de esquerda que hoje temos gerações mimadas, imediatistas e materialistas, sem perspectiva de realidade ou futuro. Pode ser que esse vínculo dos partidos de extrema-direita europeus com o Putin e Xi Jinping é que tanto a Rússia quanto a China são países culturalmente tradicionalistas e seus líderes idem, e como esses partidos também são desse mesmo viés tradicionalista, eles naturalmente acabam conflitando com o establishment ocidental progressista, que é liberal tanto no dinheiro quanto no comportamento social.

No caso da Europa, seria mais legítimo se a extrema-direita fosse composta por movimentos monarquistas locais, sem envolvimento com potências alheias à Europa. Por exemplo, se tivesse um movimento para restaurar o Sagrado Império Romano, liderado pela monarquia de Liechtenstein, que seria o que restou daquele império que acabou após a invasão de Napoleão em terras germânicas. Ou se existissem grupos de nórdicos que quisessem fundir toda a Escandinávia em um só país, formando um novo país pagão liderado por vikings modernos. Coisas do tipo. Isso sim seria a extrema-direita, a restauração dos impérios europeus. Outro exemplo de extrema-direita são grupos de neonazistas e fascistas espalhados pela Europa, como a Golden Dawn na Grécia.

Aqui no Brasil, o movimento monarquista seria a extrema-direita (por ser tradicionalista e imperial), e não Bolsonaro ou gente ligada a ele como o Nikolas, que são conservadores em comportamento social.

Pra mim o único partido de extrema-direita no Brasil seria o PRTB, do Pablo Marçal, assim como grupos de integralistas e alguns neonazistas malucos.

Bolsonaro e seu pessoal não é extrema-direita como os progressistas gostam de pintar, mas são só direita conservadora mesmo, não mais do que isso.

No meu caso, eu tenho um viés um tanto ambíguo. No sentido de dinheiro e finanças, sou mais liberal. Mas no sentido social e dos valores, sou tradicionalista.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

nuker
Mensagens: 605
Registrado em: Sáb, 23 Outubro 2021 - 17:19 pm

Mensagem por nuker »

Na verdade eu penso que esse modernismo do século 21 só fez as coisas piorarem. Isso só tornou as pessoas mais egocêntricas, imediatistas, mesquinhas e com menor noção de realidade, fora uma maior dependência dos pais ou dos governos. O mundo tende a decair cada vez mais, assim como aconteceu na década de 20 e 30 entre as duas guerras mundiais. Acho que é questão de tempo até haver uma nova guerra mundial, em parte causada pelo declínio cultural. O sintoma disso é justamente a ascensão dos movimentos de extrema-direita, que apesar de defenderem o tradicionalismo e sociedades mais fechadas ao mundo externo, ainda assim têm em suas entranhas a essência do socialismo, já que esses movimentos também tendem ao coletivismo, que é uma característica marcante da ideologia socialista. Portanto, a grande maioria desses movimentos de extrema-direita são socialistas tradicionalistas, e não progressistas, liberais ou capitalistas. Os únicos que não seriam socialistas são os movimentos monarquistas modernos, ainda que sejam minoria.

Vejam, antes da segunda guerra mundial, houve o surgimento do fascismo e do nazismo, da extrema-direita como conhecemos. Agora com o neofascismo e neonazismo, isso é sinal de uma nova grande guerra que está por vir. Não que esses movimentos sejam a causa de uma nova guerra mundial, como foi nos anos 30 e 40, mas isso seria um indicador econômico e social de que está havendo uma decadência social. A medida que o mundo fica cada vez mais polarizado, isso indica cada vez mais um estado de conturbação social pelo mundo, o que pode indicar um novo conflito de grande escala iminente, como é o caso da relação entre China e Estados Unidos. A meu ver, a causa de uma nova guerra mundial seria algo envolvendo a China e Estados Unidos, possivelmente Taiwan. O Irã também poderia ser outra causa, mas desta vez envolvendo a Rússia, assim como caso a OTAN resolva se envolver diretamente no conflito entre Rússia e Ucrânia, aí sim haverá mesmo uma escalada de guerra.

Atualmente temos 3 cenários em que uma nova grande guerra poderá acontecer: Ucrânia, Irã e Taiwan.

Não creio que desta vez uma nova guerra aconteça por causa da extrema-direita.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Tutu
Mensagens: 2714
Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

A chamada "extrema-direita" não tem nada de extremista. É a mídia que os chamam assim. A única coisa que os distingue é querer acabar a imigração, e só. Para a mídia e a classe política tradicional, é extremismo querer cuidar do próprio lar e impedir a entrada de invasores. E o mais revoltante é gastar dinheiro público com esses imigrantes. Então, nos países ricos, a "extrema-direita" é o movimento mais lógico e benéfico para os cidadãos de lá.

A "colaboração" com Putin é simplesmente não interferir na guerra. Não usar dinheiro público para ajudar a Ucrânia e não fazer o povo sofrer sem gás por guerrinha em que o povo não dá a mínima. O "democráticos" da política tradicional forçam o povo a sofrer com a guerra.
1) o principal adversário da extrema-direita não é a extrema-esquerda, mas o globalismo e o multiculturalismo (leia-se: políticas que enfatizam a cooperação internacional e a mistura de culturas e identidades);

2) a extrema-direita está disposta a apoiar partidos e governos autoritários, inclusive de extrema-esquerda, para enfrentar o globalismo e o multiculturalismo;

3) a principal bandeira da extrema-direita europeia é o eurocentrismo – a rejeição à integração da Europa; e

4) a extrema-direita é cética em relação a qualquer organismo internacional (ONU, FMI, Banco Mundial, etc).
1) Multiculturalismo é um problema porque destrói a cultura tradicional e as relações sociais cotidianas. Pessoas vivem em harmonia quando compartilham a mesma cultura. No multiculturalismo, a consequência é o domínio de uma cultura mais forte ou o individualismo.

2) Até parece que o Ocidente não é autoritário também. Só muda a roupagem.

3, 4) O que está em questão é a soberania nacional, isto é, que as decisões políticas sejam feitas pelo próprio país e não por órgãos externos como ONU e UE. Não são esses órgãos que devem definir o que é certo e errado. A ONU tem a agenda 2030, e partes do conteúdo é rejeitado por muita gente. Não cabe a órgãos externos decidir que ela boa e deve ser adotada. Isso é mentalidade colonialista.
O problema é que líderes de extrema-direita têm um farto histórico de declarações racistas em defesa de uma unidade nacional étnica.
Isso que é o bom. É só ver países pequenos de etnia única e sem imigrantes.
Desse jeito, podemos dizer que todos os governantes eleitos em eleições no leste asiático são de extrema-direita.
Historicamente, partidos de direita defendem a importância das instituições democráticas e do Estado de direito (sobretudo nos países desenvolvidos).
Não vi nada na "extrema-direita" querendo acabar com a democracia. Alguma proposta de político relevante nesse sentido?
Historicamente, na contramão, a extrema-direita adota um discurso anti-establishment, se posicionando como a única voz genuína dos interesses da população contra as elites políticas, econômicas e culturais, menosprezando as outras identidades políticas.

O ressentimento, aliás, é uma arma poderosa da extrema-direita.
Dese que me entendo por gente, essa sempre foi a postura da esquerda. Antigamente a direita era mais morta, mas agora acordou. A esquerda continua fazendo a mesma coisa.
Da mesma forma, ao contrário dos políticos de direita – que historicamente defendem o liberalismo econômico – políticos de extrema-direita levantam bandeiras protecionistas, supostamente em defesa das classes mais pobres.
Eles não são contra liberalismo econômico interno. Eles são contra entreguismo e a exploração pelo capital estrangeiro (neocolonialismo).
Se a direita alemã pretende conservar as políticas que transformaram a Alemanha num dos países mais bem sucedidos da Terra, o Alternative für Deutschland quer literalmente uma Alternativa para a Alemanha, como se a maior economia da Europa precisasse da extrema-direita para se tornar um país respeitável.
Economia social de mercado, proposta por Ludwig Erhard após a guerra ter destruído a Alemanha, foi uma das políticas usadas no sucesso da Alemanha.
Tem inspiração na Doutrina Social da Igreja Católica.
Era investir nas pessoas, incluindo educação qualificadora, para produzir sem criar parasitismo e sem regulamentação pesada, mantendo o livre mercado, mas com anti-truste.

São recentes na Alemanha as ondas de imigrantes, o excesso de regulamentação, políticas iliberais de gênero, leis trabalhistas pesadas, a destruição do cristianismo. Tudo isso que a "extrema-direita" rejeita não estava presente quando a Alemanha se desenvolveu.

O salário mínimo obrigatório foi aprovado recentemente para alemães jovens ficarem desempregados e virar nem-nem enquanto imigrantes ocupam essas vagas como informais.
Por que a Rússia e a China mantém um vínculo umbilical com a extrema-direita?
Válido só para política externa. Não aceitariam intromissão dentro do país. E Rússia e China não tem a cultura de se intrometer em assuntos internos.
1) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de isolamento que a extrema-direita promove no Ocidente. Quanto mais frágil for a aliança dos países ocidentais, e mais isolada estiver a Europa e os Estados Unidos, distante dos fóruns internacionais, melhor para Moscou e Pequim. Quanto maior for a rejeição popular à União Europeia e à OTAN, melhores são as condições de russos e chineses projetarem os seus poderes.
Está na hora do Ocidente ser capaz de manter a riqueza sem ter que roubar de países de terceiro mundo.
2) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de imbecilização que a extrema-direita promove no Ocidente. Se no passado, os eleitores conservadores debatiam as grandes questões da humanidade, dando um peso importante à influência da geopolítica e da economia na vida cotidiana, hoje preferem combater a “cultura woke” dedicando longos discursos sobre temas exóticos repetidíssimos, como banheiro trans, feminismo e a produção cinematográfica americana, presos a uma guerrinha cultural de hashtags nas redes sociais. Para boa parte dos eleitores desses grupos políticos, a Parada Gay é uma ameaça mais perigosa à sociedade ocidental que o Kremlin.
Quem debatia as grandes questões da humanidade no passado era a esquerda. A direita antigamente era mosca morta. Depois a esquerda parou de tratar de coisas sérias e inventou a cultura woke. A direita apenas está combatendo essa insanidade. A direita tradicional latino-americana e norte-americana continuam contra essa imbecilidade, mas na Europa a "direita não extrema" já abraçou o wokismo enquanto os que não abraçaram foram taxados de "extrema-direita", mesmo sem mudar de opinião.
3) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de deterioração que a extrema-direita promove nas instituições políticas do Ocidente. A extrema-direita vive num profundo estado de mau humor em rejeição à imprensa, à classe artística, à democracia, às minorias, à livre imigração, às empresas, ao sistema educacional, à justiça e a qualquer valor da sociedade aberta. E quanto mais popular for essa sensação generalizada de mal estar com os valores da sociedade aberta – e mais polarizada for a sociedade – melhor para Moscou e Pequim.
Porque esses itens acabam com a liberdade das pessoas.
A imprensa é controlada por plutocratas e manipula a opinião pública.
A classe artística está com viés ideológico e tem parasitas com dinheiro pública.
Essa "democracia" não representa o povo e é controlada pelo dinheiro. (Isso sou eu que estou falando, mas não vejo nada deles a respeito de democracia)
Minorias não devem sobrepor à maioria.
Desde quando livre imigração é bom?
O que eles falam sobre as empresas?
O sistema educacional, do jeito que foi projetado no sacro-império germano, sempre foi usado como forma de doutrinação. Mas hoje está pior.
Justiça para quem?
O que chama de "sociedade aberta" é tão aberta que rejeita opiniões que vão contra os interesses dos mandantes.

Como podemos dizer que a opinião do establishment está certa se a situação da sociedade sempre foi muito ruim e continua assim?
4) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de banalização dos direitos humanos que a extrema-direita promove no Ocidente. E quanto menos popular for a defesa dos direitos humanos no Ocidente, menor será a rejeição nos organismos internacionais a Moscou e Pequim, dois dos maiores violadores de direitos humanos da Terra.
Quais direitos humanos? Lista e exemplos? O que vejo é direito dos manos e direitos dos imigrantes acima dos nativos.
5) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de disputa que a extrema-direita promove contra a própria direita no Ocidente. Nos últimos cem anos, os eleitores conservadores representaram o maior grupo adversário de russos e chineses no mundo. Quanto maior é a influência de Moscou e Pequim nas lideranças políticas que alcançam esses eleitores, menor será a resistência ocidental contra Rússia e China.
A guerra fria já acabou. Não há mais ameça comunista.

nuker escreveu:
Seg, 28 Outubro 2024 - 15:17 pm
É por causa desse liberalismo social desenfreado liderado por movimentos sociais de esquerda que hoje temos gerações mimadas, imediatistas e materialistas, sem perspectiva de realidade ou futuro.
Ou o contrário: "gerações mimadas, imediatistas e materialistas, sem perspectiva de realidade ou futuro" criaram esse liberalismo social nojento.

Tempos fáceis criam homens fracos. Esses homens fracos não tem problema sério para se preocupar, então participam desse ridículo liberalismo social como guerreiros.

Isso também tem de "socialismo" por viver em abundância e achar que recursos do Estado ilimitados, por isso querem gastos públicos altos com problemas sociais numa época em que não precisa mais. Em outras palavras, a pobreza era muito maior antigamente e foi só ela diminuir significativamente que resolveram adotar gastos sociais, que não diminuem a pobreza mesmo assim após décadas.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

A "colaboração" com Putin é simplesmente não interferir na guerra.
Afirmação descaradamente falsa que já foi amplamente desmentida pelo artigo inicial do tópico. Defender ferozmente a anexação russa da Crimeia, alimentar os separatistas beligerantes em Luhansk e Donetsk, exigir o apoio alemão ao envolvimento russo na Síria. Só aí dei três exemplos de que é escandalosamente falsa alegação de que "A colaboração (da extrema-direita europeia) com Putin é simplesmente não interferir na guerra (da Ucrânia)".
Não usar dinheiro público para ajudar a Ucrânia e não fazer o povo sofrer sem gás por guerrinha em que o povo não dá a mínima. O "democráticos" da política tradicional forçam o povo a sofrer com a guerra.
Mais afirmações mentirosas, como a de dizer que o povo europeu ocidental "não dá a mínima": https://www.dw.com/pt-br/pesquisa-em-de ... a-65019888

Outra mentira é dizer que europeus ocidentais sofrerão sem gás por causa do apoio à Ucrânia, uma vez que a UE já se livrou rapidamente da dependência do gás russo: https://www.dw.com/pt-br/r%C3%BAssia-fe ... a-66687059
1) Multiculturalismo é um problema porque destrói a cultura tradicional e as relações sociais cotidianas. Pessoas vivem em harmonia quando compartilham a mesma cultura. No multiculturalismo, a consequência é o domínio de uma cultura mais forte ou o individualismo.
O multiculturalismo é a sobrevivência e a convivência de múltiplas culturas tradicionais, coisa que existe no Ocidente, veja o caso dos Estados Unidos atuais, por exemplo. Quem defende o extermínio de culturas tradicionais são seitas fechadas que defendem o uniculturalismo, ou seja, as pocilgas totalitárias que praticam genocídio cultural: genocídio uigur da China xi-jinpinguiana em muçulmanos, genocídio cultural russo-putinista contra ucranianos em Donbass, genocídio cultural do Estado Islâmico contra os povos diferentes dominados, etc.
2) Até parece que o Ocidente não é autoritário também. Só muda a roupagem.
Quando apenas comparados às pocilgas totalitárias de que vejo gente passar pano, o que chamam de Ocidente é um céu de liberdade.
4) O que está em questão é a soberania nacional, isto é, que as decisões políticas sejam feitas pelo próprio país e não por órgãos externos como ONU e UE. Não são esses órgãos que devem definir o que é certo e errado. A ONU tem a agenda 2030, e partes do conteúdo é rejeitado por muita gente. Não cabe a órgãos externos decidir que ela boa e deve ser adotada. Isso é mentalidade colonialista.
É engraçado ver gente que defende ou faz vista grossa ao novo Pacto de Varsóvia de Putin defendendo soberania nacional. Diferentemente do novo Pacto de Varsóvia de Putin, a UE tem Princípio da Subsidiariedade e Estado-membro pode sair dela VOLUNTARIAMENTE (veja o caso do Brexit). E a OTAN e outros órgãos supranacionais são ainda menos intervencionistas em questões de soberania nacional.
Válido só para política externa. Não aceitariam intromissão dentro do país. E Rússia e China não tem a cultura de se intrometer em assuntos internos.


Afirmação escandalosamente falsa que já foi amplamente desmentida neste fórum diversas vezes:
viewtopic.php?p=37870#p37870
viewtopic.php?p=37757#p37757
viewtopic.php?p=32999#p32999

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Tutu
Mensagens: 2714
Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Huxley escreveu:
Ter, 29 Outubro 2024 - 09:20 am
Afirmação descaradamente falsa que já foi amplamente desmentida pelo artigo inicial do tópico. Defender ferozmente a anexação russa da Crimeia, alimentar os separatistas beligerantes em Luhansk e Donetsk, exigir o apoio alemão ao envolvimento russo na Síria. Só aí dei três exemplos de que é escandalosamente falsa alegação de que "A colaboração (da extrema-direita europeia) com Putin é simplesmente não interferir na guerra (da Ucrânia)".
Está falando dos eleitores ou dos políticos?

Usar dinheiro público para ajudar Putin é tão errado quanto usar para ajudar o bloco Ocidental.
Mais afirmações mentirosas, como a de dizer que o povo europeu ocidental "não dá a mínima": https://www.dw.com/pt-br/pesquisa-em-de ... a-65019888

Outra mentira é dizer que europeus ocidentais sofrerão sem gás por causa do apoio à Ucrânia, uma vez que a UE já se livrou rapidamente da dependência do gás russo: https://www.dw.com/pt-br/r%C3%BAssia-fe ... a-66687059
Teve uma crise econômica no primeiro ano de guerra. O preço da energia continua alto e a indústria está mais fraca do que antes. Será que eles estão aceitando os custos da guerra? Dizer que apoia a Ucrânia é lindo, mas na hora de agir é diferente.
O multiculturalismo é a sobrevivência e a convivência de múltiplas culturas tradicionais, coisa que existe no Ocidente, veja o caso dos Estados Unidos atuais, por exemplo. Quem defende o extermínio de culturas tradicionais são seitas fechadas que defendem o uniculturalismo, ou seja, as pocilgas totalitárias que praticam genocídio cultural: genocídio uigur da China xi-jinpinguiana em muçulmanos, genocídio cultural russo-putinista contra ucranianos em Donbass, genocídio cultural do Estado Islâmico contra os povos diferentes dominados, etc.
As potências orientais estão com a postura horrível não respeitarem a soberania e auto-determinação dos povos. Mas o Ocidente fez pior: Os EUA exterminaram os povos originários (que não são nem 5% hoje) e a Europa fez colonialismo. Os povos siberianos e uigures não foram varridos da face da Terra igual ocorreu com os povos pré-colombianos.

Multiculturalismo não é cada província com a própria cultura e sim múltiplas culturas vivendo na mesma cidade. O governo pode até escolher uma cidade específica para ser cosmopolita, mas praticar multiculturalismo no país inteiro não é bom. As pessoas seriam muito diferentes do tipo que não combinam umas com a outra. A divergência de estilo, pensamento e jeito acaba com a harmonia. Em cidade cosmopolita, o morador é individualista, geralmente está longe da família, não conhece o vizinho. Respeita quem é de cultura diferente, mas não é amigo.
Quando apenas comparados às pocilgas totalitárias de que vejo gente passar pano, o que chamam de Ocidente é um céu de liberdade.
Na América Latina, a esquerda está do lado da China enquanto a "extrema-direita" está com sinofobia. Mas quem é acusado de "acabar com a democracia" é o lado aliado ao Ocidente.
É engraçado ver gente que defende ou faz vista grossa ao novo Pacto de Varsóvia de Putin defendendo soberania nacional. Diferentemente do novo Pacto de Varsóvia de Putin, a UE tem Princípio da Subsidiariedade e Estado-membro pode sair dela VOLUNTARIAMENTE (veja o caso do Brexit). E a OTAN e outros órgãos supranacionais são ainda menos intervencionistas em questões de soberania nacional.
Mas enquanto são membros, acabam tendo que obedecer a todas as regras da UE. O que deveria ser uma integração econômica acabou sendo uma integração política. O RU fez o Brexit por motivos políticos e não econômicos.
Válido só para política externa. Não aceitariam intromissão dentro do país. E Rússia e China não tem a cultura de se intrometer em assuntos internos.


Afirmação escandalosamente falsa que já foi amplamente desmentida neste fórum diversas vezes:
viewtopic.php?p=37870#p37870
viewtopic.php?p=37757#p37757
viewtopic.php?p=32999#p32999
Ucrânia e Taiwan são partes antigas desses países com mesmo grupo étnicos similares e estão aliados com o Ocidente. Então eles querem recuperar regiões rebeldes.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Está falando dos eleitores ou dos políticos?

Usar dinheiro público para ajudar Putin é tão errado quanto usar para ajudar o bloco Ocidental.
Como essa última frase prova que “a colaboração (da extrema-direita europeia) com Putin é simplesmente não interferir na guerra (da Ucrânia)"? Era desse assunto que estava tratando no trecho do diálogo. A alegação entre aspas é falsa e visível a todos, daí a mudança de assunto.
Teve uma crise econômica no primeiro ano de guerra. O preço da energia continua alto e a indústria está mais fraca do que antes. Será que eles estão aceitando os custos da guerra? Dizer que apoia a Ucrânia é lindo, mas na hora de agir é diferente.
Conta outra. O preço do gás na UE voltou aos níveis pré-guerra feito um foguete, coisa de poucos meses. Segundo a IA generativa do Google, o crescimento do produto interno bruto (PIB) real da área do euro em 2022 situou‑se em 3,5%. Quem teve crise econômica por causa de suas decisões políticas da Guerra da Ucrânia foi a Rússia:
Huxley escreveu:
Sex, 01 Março 2024 - 22:59 pm
Crescimento econômico de aproximadamente 0% em dois anos. Nada impressionante. Só como comparação, o Brasil cresceu 5,9% no mesmo período… E isso se as estimativas das consultorias estiverem certas, pois dados econômicos oficiais "confiáveis" daquela pocilga tem tanta credibilidade quanto as notícias do Pravda…

“O PIB (Produto Interno Bruto) da Rússia teve queda de 2,1% em 2022, o 1º ano do conflito. Mas teve recuperação no ano seguinte com crescimento de 2,2%, segundo estimativa do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.”:

https://www.poder360.com.br/europa-em-g ... s-conflito
Dito isso, não é surpresa que as pesquisas mostraram que os europeus ocidentais não viram problema em continuar apoiando a ajuda à Ucrânia.

As potências orientais estão com a postura horrível não respeitarem a soberania e auto-determinação dos povos.
Ou seja, a extrema-direita do Ocidente bajulou essas potências orientais da “postura horrível não respeitarem a soberania e auto-determinação dos povos.”. Pronto, podemos deduzir a partir dessa observação que essa direita é extremista sim, a despeito dos esperneios para negar isso neste tópico.
Mas enquanto são membros, acabam tendo que obedecer a todas as regras da UE. O que deveria ser uma integração econômica acabou sendo uma integração política. O RU fez o Brexit por motivos políticos e não econômicos.
Na UE, existe o Princípio da Subsidiariedade. E um Estado-membro da UE tem viabilidade para sair desse bloco econômico se a política interna do país assim decidir. Nada disso existe no novo Pacto de Varsóvia de Putin, mas isso não incomoda a extrema-direita do Ocidente tanto quanto a UE. Que curioso, não?
Ucrânia e Taiwan são partes antigas desses países com mesmo grupo étnicos similares e estão aliados com o Ocidente. Então eles querem recuperar regiões rebeldes
Aí está a confusão entre Estado como nação no sentido étnico e o Estado como entidade administrativa. Mesmo que etnicamente a Ucrânia fizesse parte da Rússia, isso não significaria que os ucranianos não teriam o direito de ingressar no sistema político de sua preferência. Idem para China e Taiwan. Até povos de mesma etnia podem ter identidades políticas distintas. No caso do conflito Rússia versus Ucrânia, ainda tem a questão de que o Estado russo assinou previamente um tratado internacional de reconhecimento das fronteiras da Ucrânia. Ou seja, não há desculpa para a invasão da Ucrânia.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Agnoscetico
Mensagens: 5379
Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Ter, 29 Outubro 2024 - 09:20 am
O multiculturalismo é a sobrevivência e a convivência de múltiplas culturas tradicionais, coisa que existe no Ocidente, veja o caso dos Estados Unidos atuais, por exemplo. Quem defende o extermínio de culturas tradicionais são seitas fechadas que defendem o uniculturalismo, ou seja, as pocilgas totalitárias que praticam genocídio cultural: genocídio uigur da China xi-jinpinguiana em muçulmanos, genocídio cultural russo-putinista contra ucranianos em Donbass, genocídio cultural do Estado Islâmico contra os povos diferentes dominados, etc.
Faltou mencionar pocilgas totalitárias toleradas em países ditos democráticos como EUA, os da Europa, Austrália, Israel, etc, como milícias de extrema-direita (ex: Klu Klux Klan, neonazis) gente da laia de Richard Spencer, Alex Jones, Steve Bannon, trumpistas, cristãos conservadores.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Agnoscetico escreveu:
Qua, 30 Outubro 2024 - 01:05 am
Huxley escreveu:
Ter, 29 Outubro 2024 - 09:20 am
O multiculturalismo é a sobrevivência e a convivência de múltiplas culturas tradicionais, coisa que existe no Ocidente, veja o caso dos Estados Unidos atuais, por exemplo. Quem defende o extermínio de culturas tradicionais são seitas fechadas que defendem o uniculturalismo, ou seja, as pocilgas totalitárias que praticam genocídio cultural: genocídio uigur da China xi-jinpinguiana em muçulmanos, genocídio cultural russo-putinista contra ucranianos em Donbass, genocídio cultural do Estado Islâmico contra os povos diferentes dominados, etc.
Faltou mencionar pocilgas totalitárias toleradas em países ditos democráticos como EUA, os da Europa, Austrália, Israel, etc, como milícias de extrema-direita (ex: Klu Klux Klan, neonazis) gente da laia de Richard Spencer, Alex Jones, Steve Bannon, trumpistas, cristãos conservadores.
Mais mentira.

Steve Bannon foi preso. Alex Jones tomou multa indenizatória de US$ 1 bilhão. Só para citar dois exemplos.

Você sequer sabe o significado de totalitarismo, daí acha que os Estados Unidos podem ser descritos como nação totalitária.

É a síndrome do “é tudo a mesma coisa” para nivelar por baixo países de onde as pessoas tentam emigrar com os países para os quais as pessoas emigram. Putin e Assad agradecem.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Agnoscetico
Mensagens: 5379
Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

nuker escreveu:
Seg, 28 Outubro 2024 - 15:17 pm
Eu sempre achei muito estranha essa ligação do Donald Trump com o Putin, e agora que soube dos vínculos dos partidos de extrema-direita europeus com Rússia e China, isso só torna as coisas ainda mais estranhas. O que acontece é que os chamados extrema-direita não são realmente conservadores, mas sim tradicionalistas.
Fiquei confuso! Numa parte diz que acha estranha ligação entre partidos extrema-direita europeus com Rússia e China. Aí diz que extrema-direita não são conservadores mas tradicionalistas. Aí logo abaixo tu diz que Europa deveria adotar tradicionalismo, que estaria ligado a Rússia e a China - logo tu seria relação com Rússia e China?
nuker escreveu:
Seg, 28 Outubro 2024 - 15:17 pm
Ou seja, tradicionalistas rejeitam o mundo moderno e certas tendências sociais como migrações em massa, multiculturalismo e liberalismo social. Eu acho que a Europa deveria rumar para o tradicionalismo, já que todo esse liberalismo de lá só está causando problemas e revoltas. Pra ser sincero, essas ondas de liberalismo social mais causaram problemas do que alguma solução, sobretudo com o advento das causas identitárias e a partir daí começou a surgir toda uma cisão social problemática e artificial, o que não havia tanto antigamente (exceto em relação a sistema de castas, escravidão ou classes sociais). É por causa desse liberalismo social desenfreado liderado por movimentos sociais de esquerda que hoje temos gerações mimadas, imediatistas e materialistas, sem perspectiva de realidade ou futuro. Pode ser que esse vínculo dos partidos de extrema-direita europeus com o Putin e Xi Jinping é que tanto a Rússia quanto a China são países culturalmente tradicionalistas e seus líderes idem, e como esses partidos também são desse mesmo viés tradicionalista, eles naturalmente acabam conflitando com o establishment ocidental progressista, que é liberal tanto no dinheiro quanto no comportamento social.
Se rejeitam mundo moderno, então que não usem tecnologia e mecanismo modernos, que vivam como os Amish, por exemplo. As tradições dos povos invadidos não foram respeitadas mas bagunçadas por invasores europeus que não respeitaram cultura dos outros. E agora vem com essa baboseira de respeitar cultura tradicional européia, que nem esses mesmos respeitam, já que europeu atual nem age nem pensa como europeus dos séculos passados que já passaram por muitos transformações culturais, e já teve até conflito culturais entre si (cultura alemã x francesa, inglesa, etc), revoluções ("Revoluções de 1830" , "Revoluções de 1848 / Primavera dos Povos" , etc). Tentaram fazer Europa voltar pro absolutismo com retorno do poder do cristianismo com a "Santa Aliança", mas não deu certo. Então a Europa de hoje já não a mesma, desde várias mudanças de séculos passados.
nuker escreveu:
Seg, 28 Outubro 2024 - 15:17 pm
No caso da Europa, seria mais legítimo se a extrema-direita fosse composta por movimentos monarquistas locais, sem envolvimento com potências alheias à Europa. Por exemplo, se tivesse um movimento para restaurar o Sagrado Império Romano, liderado pela monarquia de Liechtenstein, que seria o que restou daquele império que acabou após a invasão de Napoleão em terras germânicas.
Hein? Monarquia what?
nuker escreveu:
Seg, 28 Outubro 2024 - 15:17 pm
Ou se existissem grupos de nórdicos que quisessem fundir toda a Escandinávia em um só país, formando um novo país pagão liderado por vikings modernos. Coisas do tipo. Isso sim seria a extrema-direita, a restauração dos impérios europeus. Outro exemplo de extrema-direita são grupos de neonazistas e fascistas espalhados pela Europa, como a Golden Dawn na Grécia.
Isso aqui é uma apologia, viagem ou zueira?!
nuker escreveu:
Seg, 28 Outubro 2024 - 15:17 pm
Aqui no Brasil, o movimento monarquista seria a extrema-direita (por ser tradicionalista e imperial), e não Bolsonaro ou gente ligada a ele como o Nikolas, que são conservadores em comportamento social.

Pra mim o único partido de extrema-direita no Brasil seria o PRTB, do Pablo Marçal, assim como grupos de integralistas e alguns neonazistas malucos.

Bolsonaro e seu pessoal não é extrema-direita como os progressistas gostam de pintar, mas são só direita conservadora mesmo, não mais do que isso.

No meu caso, eu tenho um viés um tanto ambíguo. No sentido de dinheiro e finanças, sou mais liberal. Mas no sentido social e dos valores, sou tradicionalista.
Seria (mais outra) apologia a fascismo / nazismo e seitas tipo integralismo?
E sobre Bolsonaro ser conservador e não tradicionalista, na prática os discursos direcionam muitas vezes pro mesmo caminho, mesmo com alguma diferença ou outra.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Agnoscetico
Mensagens: 5379
Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Qua, 30 Outubro 2024 - 01:57 am
Agnoscetico escreveu:
Qua, 30 Outubro 2024 - 01:05 am
Huxley escreveu:
Ter, 29 Outubro 2024 - 09:20 am
O multiculturalismo é a sobrevivência e a convivência de múltiplas culturas tradicionais, coisa que existe no Ocidente, veja o caso dos Estados Unidos atuais, por exemplo. Quem defende o extermínio de culturas tradicionais são seitas fechadas que defendem o uniculturalismo, ou seja, as pocilgas totalitárias que praticam genocídio cultural: genocídio uigur da China xi-jinpinguiana em muçulmanos, genocídio cultural russo-putinista contra ucranianos em Donbass, genocídio cultural do Estado Islâmico contra os povos diferentes dominados, etc.
Faltou mencionar pocilgas totalitárias toleradas em países ditos democráticos como EUA, os da Europa, Austrália, Israel, etc, como milícias de extrema-direita (ex: Klu Klux Klan, neonazis) gente da laia de Richard Spencer, Alex Jones, Steve Bannon, trumpistas, cristãos conservadores.
Mais mentira.

Steve Bannon foi preso. Alex Jones tomou multa indenizatória de US$ 1 bilhão. Só para citar dois exemplos.

Você sequer sabe o significado de totalitarismo, daí acha que os Estados Unidos podem ser descritos como nação totalitária.

É a síndrome do “é tudo a mesma coisa” para nivelar por baixo países de onde as pessoas tentam emigrar com os países para os quais as pessoas emigram. Putin e Assad agradecem.





Alex Jones tomou multa de 1 bilhão depois de aprontar várias vezes e teria declarado falência pra não pagar. A tolerância com ele foi muito grande.

Alex Jones, o mais sórdido dos conspiracionistas

https://braziljournal.com/alex-jones-o- ... cionistas/

O massacre da escola Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, ocorreu em 14 de dezembro de 2012. No dia seguinte, Robbie Parker – pai de Emilie, uma das 20 crianças assassinadas – resolveu fazer um pronunciamento público para homenagear a filha.
Sem jeito, Parker sorriu ao tomar seu lugar diante dos repórteres, desculpando-se por não estar acostumado a falar em público. Foi um sorriso nervoso, constrangido, de poucos segundos – mas o suficiente para deflagrar mais de uma década de difamação e xingamentos na internet.

Alex Jones, o dono e a maior estrela do site sensacionalista InfoWars, orquestrou esse linchamento moral em uma campanha obscena que acusava Parker e outros pais de forjar a morte dos próprios filhos. Este caso extremo de mistificação e conspiracionismo é dissecado em The Truth vs. Alex Jones, um excelente documentário da HBO disponível na plataforma Max.

Jones aproveitou a cena para insuflar a teoria conspiratória que já havia aventado poucas horas depois do massacre: fora tudo uma encenação, uma farsa montada para roubar dos americanos o sagrado direito de portar armas de fogo.
O sorriso de Parker, seguido de uma fala compungida sobre a filha, supostamente provava que ele era um ator representando um papel a serviço do deep state.

Mestre do conspiracionismo, Alex Jones começou sua carreira em programas de rádio e TV em Austin nos anos 90. Com seu estilo bombástico, muito rapidamente conquistou fama nacional – consolidada em 2001, já à frente do InfoWars, quando espalhou que o governo havia arquitetado os ataques terroristas de 11 de setembro.

Jones desenvolveu um modelo de negócio eficiente: seus programas de notícias (falsas) vendem suplementos e medicamentos que serviriam para combater intoxicações misteriosas que só existem nas teorias conspiratórias divulgadas pelo próprio Jones.

Dirigido pelo britânico Dan Reed, The Truth vs. Alex Jones pode ser duro de assistir. São devastadores os depoimentos dos pais falando dos últimos momentos com seus filhos, na manhã do atentado. O horror em Sandy Hook é reconstituído pela narração sóbria de Daniel Jewiss, um investigador da polícia de Connecticut que trabalhou no caso.

Ele narra, passo a passo, a ação do homem que entrou atirando na porta de vidro da escola e, seis minutos mais tarde, matou-se com um tiro na cabeça – depois de assassinar seis educadoras e 20 crianças com idades entre seis e sete anos.

Com melancólica dignidade, Jewiss faz questão de nomear todos os 26 mortos.
O luto inominável dos pais foi conspurcado por Alex Jones. Embora absurdas, suas mentiras sobre um falso massacre armado pelo governo convenceram milhões de crentes. Nas redes sociais, pais que ainda enfrentavam o luto pela morte brutal de seus filhos sofreram ataques sórdidos.

Parker e sua mulher, Alissa, montaram uma página em memória de Emily, cujos posts logo foram inundados por mensagens odiosas e até por ameaças. Sem a mínima noção de realidade ou de decência, os conspiracionistas diziam que Emilie ainda estava viva – ou que na verdade nunca havia existido.

Em 2018, os pais revolveram dar um basta. Neil e Scarlett Heslin, que perderam o filho Jesse no massacre, abriram um processo por difamação e danos emocionais contra Jones em uma corte no Texas (a sede do InfoWars fica nesse estado). Pouco meses depois, outras seis famílias entraram com um processo conjunto, em bases similares, no estado de Connecticut.

O documentário apresenta depoimentos prestados por Jones ao longo dos dois processos. No Texas, sua atitude foi errática: às vezes parecia acuado, respondendo com evasivas às perguntas mais difíceis; em algumas ocasiões, porém, buscou se mostrar conciliatório. Na corte em Connecticut, Jones foi mais desafiador, apresentando-se como um dissidente que o establishment tentava calar.

Derrotado nos dois processos, Jones foi condenado a pagar mais de um bilhão de dólares em indenizações aos pais. Não pagou até hoje. Sua empresa, a Free Speech Systems, declarou falência.


E, olha quem foi liberto da prisão ontem (29/10/2024) e parece que já ta pronto pra aprontar de novo? E agora como mártir!

Essa democracia dos EUA é uma 'maravilha, não é?


Steve Bannon, antigo conselheiro de Trump, foi libertado da prisão

29/10/2024 - 21:31

Steve Bannon deverá retomar esta terça-feira a programação do seu podcast, "War Room", para continuar, como tinha prometido, a apoiar o candidato republicano.

https://rr.sapo.pt/noticia/mundo/2024/1 ... sao/399463


Steve Bannon deixa prisão nos EUA após cumprir pena

Deutsche Welle
29/10/2024 - 21:31

https://istoe.com.br/steve-bannon-deixa ... mprir-pena

"Steve"Guru" da extrema direita e antigo conselheiro de Donald Trump é libertado uma semana antes das eleições nos Estados Unidos, depois de passar quase quatro meses preso. Steve Bannon, uma das mais proeminente figuras da ultradireita no mundo e antigo conselheiro do ex-presidente americano Donald Trump, foi libertado da prisão na manhã desta terça-feira (29/10), depois de passar quase quatro meses atrás das grades.

"Não estou quebrado, estou fortalecido", disse ele em entrevista ao sair da cadeia em Danbury, no estado de Connecticut. Sua libertação, depois de cumprir pena, ocorre a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos, que podem reconduzir Trump à Casa Branca.

Bannon foi condenado por descumprir uma intimação para colaborar com as investigações no Congresso sobre o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA por apoiadores de Trump. Quando entrou na prisão, em 1º de julho, ele disse, em tom desafiador, que estava "orgulhoso" de cumprir pena, "se isso for necessário para enfrentar Joe Biden".

Ele foi um conselheiro central na campanha presidencial que deu

.
.
.

Só falta saber se grupos de extrema-direita tipo KKK, neonazis, etc, vão ser erradicados dos EUA ou ainda vão desfrutar da 'maravilhosa' democracia de lá.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Alex Jones tomou multa de 1 bilhão depois de aprontar várias vezes e teria declarado falência pra não pagar. A tolerância com ele foi muito grande.
Você omitiu a informação de que a estratégia de declarar falência para não pagar a multa não deu certo. Já foi autorizada a liquidação dos bens dele:
“Juiz decide que Alex Jones não pode usar falência para evitar pagamento de R$ 5,5 bilhões às famílias de Sandy Hook”:
https://www.cnnbrasil.com.br/internacio ... andy-hook/

“Juiz dos EUA autoriza liquidação dos bens de Alex Jones, famoso conspiracionista de extrema-direita”:
https://www.cartacapital.com.br/mundo/j ... a-direita/
E, olha quem foi liberto da prisão ontem (29/10/2024) e parece que já ta pronto pra aprontar de novo? E agora como mártir!

Essa democracia dos EUA é uma 'maravilha, não é?
Mais omissão de informação. Bannon cumpriu integralmente a pena de cadeia pela qual foi condenado: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63351523

Ele não foi condenado a prisão perpétua para ser proibido de ser libertado. Ele foi condenado por se recusar a cooperar com os legisladores que o investigavam. Mas o processo principal dele ainda não chegou ao fim. Ser libertado da prisão não é sinônimo de estar definitivamente livre da cadeia.
Só falta saber se grupos de extrema-direita tipo KKK, neonazis, etc, vão ser erradicados dos EUA ou ainda vão desfrutar da 'maravilhosa' democracia de lá.
Não conheço qualquer país que tenha pelo menos 10% da população dos EUA e que conseguiu erradicar a militância do neonazifacismo ou dos seus seus equivalentes como o salafismo islâmico e o comunismo. Se os EUA fossem uma nação totalitária só por causa disso, então não conheço qualquer país minimamente populoso do planeta Terra que também não seria.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Agnoscetico
Mensagens: 5379
Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Qua, 30 Outubro 2024 - 20:45 pm
Alex Jones tomou multa de 1 bilhão depois de aprontar várias vezes e teria declarado falência pra não pagar. A tolerância com ele foi muito grande.
Você omitiu a informação de que a estratégia de declarar falência para não pagar a multa não deu certo. Já foi autorizada a liquidação dos bens dele:
“Juiz decide que Alex Jones não pode usar falência para evitar pagamento de R$ 5,5 bilhões às famílias de Sandy Hook”:
https://www.cnnbrasil.com.br/internacio ... andy-hook/

“Juiz dos EUA autoriza liquidação dos bens de Alex Jones, famoso conspiracionista de extrema-direita”:
https://www.cartacapital.com.br/mundo/j ... a-direita/
E, olha quem foi liberto da prisão ontem (29/10/2024) e parece que já ta pronto pra aprontar de novo? E agora como mártir!

Essa democracia dos EUA é uma 'maravilha, não é?
Mais omissão de informação. Bannon cumpriu integralmente a pena de cadeia pela qual foi condenado: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63351523

Ele não foi condenado a prisão perpétua para ser proibido de ser libertado. Ele foi condenado por se recusar a cooperar com os legisladores que o investigavam. Mas o processo principal dele ainda não chegou ao fim. Ser libertado da prisão não é sinônimo de estar definitivamente livre da cadeia.
Só falta saber se grupos de extrema-direita tipo KKK, neonazis, etc, vão ser erradicados dos EUA ou ainda vão desfrutar da 'maravilhosa' democracia de lá.
Não conheço qualquer país que tenha pelo menos 10% da população dos EUA e que conseguiu erradicar a militância do neonazifacismo ou dos seus seus equivalentes como o salafismo islâmico e o comunismo. Se os EUA fossem uma nação totalitária só por causa disso, então não conheço qualquer país minimamente populoso do planeta Terra que também não seria.
Não confio nessa 'democracia' de bananas onde gente da alt-right apronta e que não pega punição a altura da gravidade dos atos criminosos.
E agora não sei até que ponto a eleição de Trump, e tendo a maioria republicana no Congresso dos EUA, vai influir em alguma possível impunidade e absolvição deles.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Essa é uma thread para você que diz ser conservador, de direita, anti-comunista.

Não, eu não falarei sobre homens trans no esporte, o cancelamento de humoristas ou a indústria woke em Hollywood – esses assuntos que vocês tanto gostam.

Esse é um tema um pouco mais sério:

Essa aqui é a Rússia.

A Rússia é o maior país do mundo. 11% de toda a área terrestre do planeta pertence à Rússia – a mesma área da superfície de Plutão. Quando o sol nasce no leste da Rússia, se põe no oeste.

Mas este país nem sempre teve esse tamanho.

Nos seus primeiros séculos, a Rússia possuía um território de 1,3 milhão de km², o equivalente ao estado do Pará.

No auge da União Soviética, esse espaço chegou a atingir 22,4 milhões de km².

Como isso aconteceu? A resposta parece estar no solo desse lugar.

Imagem

No passado distante, os primeiros eslavos que se estabeleceram na Rússia encontraram terra fértil para a agricultura, mas tiveram que enfrentar um problema bastante sério: as invasões.

A Rússia foi fundada numa região da Europa sem grandes rios, montanhas e desertos, em que a média de altitude é de míseros 170 metros. Nós chamamos essa região de Planície Europeia Oriental, e ela se estende da França até os Montes Urais.

Dá uma olhada no mapa topográfico da Europa. O leste deste continente é plano.

Imagem

Justamente porque é muito fácil colocar grandes exércitos para invadir os países dessa região que, ao longo da história, a Rússia sofreu diferentes invasões – e não apenas de povos nômades, como os mogóis e os tártaros. Os poloneses invadiram a Rússia em 1610; seguidos pelos suecos, em 1707; os franceses, em 1812; e os alemães – duas vezes, em ambas as guerras mundiais – em 1914 e 1941.

Só que nenhum país abocanha o maior território da Terra apenas se defendendo de ameaças externas. Os russos não demoraram para entender que a melhor estratégia para se proteger contra invasões hipotéticas é invadindo outros países e aumentando o seu próprio território.

Foi exatamente o que eles fizeram. Por séculos, os czares dedicaram um esforço monumental para atingir esse objetivo. E essa demanda obsessiva por terra como proteção foi, com o tempo, criando na Rússia uma cultura política intrinsecamente imperialista.

Imagem

Os soviéticos não romperam com essa tradição. Pelo contrário: eles se empenharam em construir uma zona tampão entre o coração da Rússia e as grandes potências europeias. Nós conhecemos esse espaço como Cortina de Ferro.

Para os líderes soviéticos, controlar essas extensões de terra ao redor das suas fronteiras dava à Rússia uma profundidade estratégica; um colchão geográfico entre potenciais invasores ocidentais e os centros de poder do país.

Imagem

Moral da história: esse aqui é o mapa de todos os países que a Rússia/União Soviética guerreou, invadiu e anexou em sua história.

Imagem

A União Soviética era composta por 15 repúblicas que, embora na teoria gozassem de alguma autonomia, na prática, estavam sob o controle centralizado de Moscou.

Dessas 15 repúblicas, além da própria Rússia, 6 estavam no leste da Europa, ajudando a construir uma zona tampão: Ucrânia, Bielorrússia, Moldávia, Lituânia, Letônia e Estônia.

Mas a zona de influência russa não se limitava a esses países. Moscou também tinha os seus estados-satélites na Europa Oriental – Polônia, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária. Quando nós consideramos esses lugares, no auge da União Soviética, os russos exerciam controle e influência sobre um território de 23,3 milhões de km².

Foi exatamente para combater essa política de expansão da Rússia na Europa – num momento em que este era um continente devastado pela maior guerra de todos os tempos – que a OTAN foi fundada, em 1949.

No auge da União Soviética, no pós-guerra, enquanto Moscou controlava ou influenciava 23,3 milhões de km², os outros países da Europa, somados, tinham um território de míseros 3,5 milhões de km².

Através do Pacto de Varsóvia, Moscou exercia poder sobre 61% do território europeu – quase dois de cada três metros de terra do continente.

Imagem

E esses não eram os únicos países controlados ou influenciados por Moscou.

Durante a sua existência, a União Soviética patrocinou diferentes revoluções no mundo, além de dezenas de movimentos e partidos políticos que, mesmo quando não conseguiram uma revolução, alteraram radicalmente o cenário político de seus países. Alguns deles estão no poder nesse exato momento.

Imagem


É por isso que o fim da União Soviética (1989-91) não representou apenas a dissolução de um estado, mas a fragmentação de um bloco que havia projetado poder global e sustentado uma identidade política homogênea para milhões de pessoa.

Vladimir Putin chama esse episódio de “tragédia genuína” – “a maior catástrofe geopolítica do século vinte”.

Hoje, três décadas após o fim desse bloco, o território russo ainda é grande o suficiente para colocar a Rússia no topo dos maiores países do planeta (com quase o dobro do território do Canadá, o segundo maior país do mundo). Mas Putin entende que a queda da Cortina de Ferro foi “uma desintegração da Rússia histórica sob o nome de União Soviética”:

“Nós nos transformamos em um país completamente diferente. E o que foi construído ao longo de mil anos foi em grande parte perdido.”

O que o líder da Rússia planeja fazer para corrigir esta “catástrofe”? Aquilo que os russos passaram os últimos séculos fazendo: expandir o território do país. O objetivo é reconstruir a União Soviética/Império Russo.

Na Guerra na Ucrânia, os russos nem fazem questão de esconder isso.

Imagem

Imagem

Imagem

Imagem

Os Estados Unidos desempenharam um papel indispensável para o colapso da União Soviética.

Mas isso não aconteceu porque os americanos têm um compromisso moral com a proteção da humanidade. Isso aconteceu porque os americanos – sobretudo os conservadores – sempre entenderam que o expansionismo russo desafia o American way of life. Os Estados Unidos não estão imunes ao que acontece no leste da Europa porque os americanos dependem visceralmente das instituições e do comércio internacional para sustentar os seus padrões de vida.

Imagem

Nesse momento, os Estados Unidos são a maior economia do mundo, com um produto interno bruto que ultrapassa os US$ 29 trilhões. Este é um país que nunca foi tão rico e poderoso.

Washington gasta anualmente uma fração disso, US$ 916 bilhões, nas suas forças armadas – um valor equivalente à soma dos gastos de China, Rússia, Índia, Arábia Saudita, Reino Unido, Alemanha, Ucrânia, França e Japão (os 9 países seguintes, dos 10 com os maiores gastos militares).

Os Estados Unidos são o lar de 4% da população mundial, mas 1/4 da riqueza mundial está sob controle americano.

Ao mesmo tempo, 3,4% da riqueza americana é gasta com as suas forças armadas, mas 37% do gasto mundial com forças armadas está concentrado nos Estados Unidos.

Ninguém gasta tanto com defesa quanto os Estados Unidos porque nenhum outro país tem a posição dos Estados Unidos no mundo. E o desenvolvimento dos Estados Unidos – o país mais poderoso e desenvolvido da Terra – está umbilicalmente ligado a esse poder.

Washington sustenta algo próximo de 750 bases militares em pelo menos 80 países. Todo esse poderio militar não caiu do céu. Ninguém forçou o Pentágono a construir essa estrutura.

Os Estados Unidos não gastam esse dinheiro todo porque desejam proteger o mundo da ação dos homens maus. Essa estrutura só é sustentada – com apoio bipartidário nas últimas 7 décadas – porque os ganhos que Washington alcança com essa posição são imensos.

Imagem

É por isso que, nesse momento, só um cínico diria que os Estados Unidos não têm a obrigação de “proteger” a Ucrânia – como se os Washington alocasse dinheiro nessa região do mundo por altruísmo.

Não é o Ocidente quem está protegendo a Ucrânia da Rússia. É a Ucrânia quem está protegendo o Ocidente da Rússia. E quem ainda não entendeu isso, não entendeu nada sobre esse conflito.

Imagem

Não é difícil prever o que acontecerá se a Ucrânia ceder um milímetro de terra para Moscou: a Rússia terá incentivos para continuar expandindo o seu território em direção ao Ocidente, mesmo que um “acordo de paz” gere uma falsa sensação momentânea de estabilidade.

Num primeiro momento, a Rússia não precisará atacar a Bielorrússia, a Geórgia e a Hungria para melhorar a sua posição porque esses países já sustentam governos fantoches, profundamente influenciados por Moscou (é verdade que a questão da Geórgia é um pouco mais sensível por conta das regiões de Ossétia do Sul e Abecásia, dois territórios disputados por Moscou).

Mas dá para prever os próximos alvos desse expansionismo: a Moldávia (provavelmente a próxima vítima russa, justificada pela proteção da população da Transnístria), a Estônia, a Letônia e a Lituânia, além da própria Ucrânia (ou o que terá sobrado dela).

A partir disso, a Rússia será uma ameaça constante para a Polônia – país que desempenha um papel crucial como ponto de trânsito para a ajuda militar e humanitária do Ocidente para a Ucrânia.

Também dá para dizer que a República Tcheca e a Eslováquia – que formavam a antiga Tchecoslováquia – viverão sob ameaça.

Imagem

Para alcançar esses objetivos, a Rússia não usará apenas a carta da expansão militar. O Kremlin acelerará a sua guerra híbrida na região. Esses países continuarão sendo alvos da interferência política russa subterrânea – como vêm sendo, com sucesso para Moscou, desde 2014.

Os russos terão um papel cada vez maior:

- na política alemã, através da AfD (da direita radical) e da BSW (da esquerda radical);
- da política francesa, através do Rassemblement National;
- da política britânica, através do Reform UK;
- da política holandesa, através do PVV;
- da política austríaca, através do FPÖ;
- e da política italiana, através do Lega.

Essa ameaça contínua russa à segurança da Europa criará um ambiente de alta tensão no continente – e sem o apoio dos Estados Unidos, produzirá incentivos para que a União Europeia recorra ao pragmatismo chinês para controlar os ímpetos do imperialismo russo; o que melhorará o status da China no mundo (foi o que aconteceu entre 2017 e 2020, quando os chineses viraram os maiores parceiros comerciais da União Europeia – posição que os Estados Unidos só recuperaram sob o governo Biden, em 2022).

Imagem

Essa reconstrução da ordem mundial impactará profundamente o desenvolvimento político do mundo – inclusive do Brasil, que até hoje vive as consequências da Guerra Fria: da forma como acessamos às redes sociais à maneira como compramos na internet.

O fortalecimento político da Rússia poderá aumentar o capital político e militar dos seus aliados no mundo – incluindo a China (o que ameaçará Taiwan), o Irã (o que ameaçará Israel), a Coreia do Norte (o que ameaçará a Coreia do Sul) e a Venezuela (o que ameaçará a Guiana).

Este não é um mundo mais estável e pacífico. Apaziguamento não é paz. Neville Chamberlain, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, não era um pacifista porque assinou o Acordo de Munique, em 1938, cedendo a região dos Sudetos da Tchecoslováquia à Alemanha Nazista. Negociar com Adolf Hitler em busca de uma paz hipotética e estratégica não colaborou para tornar o mundo mais seguro – pelo contrário: tornou o mundo mais violento, instável e inseguro.

Imagem

Esse cenário poderia levar 5, 10 ou 15 anos até ser deflagrado. Por um tempo, os atores políticos do Ocidente poderiam até se convencer de que um apaziguamento temporário significaria um controle da situação. Os líderes desse acordo poderiam até concorrer ao Nobel da Paz por tamanha benevolência. Mas isso seria apenas ingenuidade.

Não há um único serviço de inteligência ocidental que não aponte para o mesmo cenário. A Rússia está em expansão e não tem pressa. Qualquer metro de território ucraniano conquistado será uma vitória para Putin. Essa é a estratégia russa. Como dizia Andrei Gromiko – Ministro das Relações Exteriores da União Soviética, e uma das figuras centrais da política russa no século 20 – Moscou utiliza três regras básicas para negociar com o Ocidente:

“Primeiro, exija o máximo, não peça humildemente, mas exija. Segundo, apresente ultimatos. E, terceiro, não ceda um centímetro de terreno porque sempre haverá alguém no Ocidente que lhe oferecerá algo, talvez metade do que você não tinha antes.”

É assim que nasce aquela expressão que a direita tantas vezes usou nas últimas décadas – uma nova ordem mundial.

É dessa forma que você perde a Guerra Fria.

Não será por falta de aviso.
(Rodrigo da Silva)

Fonte: https://x.com/rodrigodasilva/status/1856108976347164875

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Tutu
Mensagens: 2714
Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Achar que Putin vai sair invadindo a Europa toda é falácia do declive escorregadio.
Os países bálticos e a Polônia tem um forte sentimento anti-Rússia. Mesmo com invasão, será difícil segurar esses territórios.
A Rússia já tentou invadir a Finlândia no passado e sofreu com a "morte branca". Hoje a Finlândia é mais rica.

Uma aliança entre RU e França é capaz de vencer a Rússia com facilidade. Mas como as três são potências nucleares, uma guerra entre elas é improvável. A população somada de Alemanha, RU e França é maior do que a da Rússia, e esse países são mais ricos e tem recursos tecnológicos melhores.

Se a OTAN for dissolvida e Putin anexar a Ucrânia, o que vai acontecer é que a UE colocará em prática aquela ideia de ter forças armadas unificada da UE. Isso formará um bloco em que Putin não se atreverá a invadir. A Polônia provavelmente se tornará um Estado tampão.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Tutu escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 01:34 am
Achar que Putin vai sair invadindo a Europa toda é falácia do declive escorregadio.
Ao comentar o contexto amplo, o artigo não fez referência a "invasão de Putin". Falou em "invasão russa". As duas coisas não são a mesma coisa. Putin falecerá um dia, mas o Império Russo continuará.

O artigo também não fez referência a "Europa toda" e nem sequer a invasão necessariamente, devido a existência de guerra híbrida (o que inclui fraudes nas urnas patrocinadas pelo Kremlin no exterior).

Tutu escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 01:34 am
Os países bálticos e a Polônia tem um forte sentimento anti-Rússia.
Idem para a Ucrânia. Isso não impediu a Rússia putinista de controlar atualmente 20% de seu território.
Tutu escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 01:34 am
Mesmo com invasão, será difícil segurar esses territórios.
Essa mentira não engana ninguém das potenciais vítimas. O território do Donbass já está russificado através da força.
Tutu escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 01:34 am
Se a OTAN for dissolvida e Putin anexar a Ucrânia, o que vai acontecer é que a UE colocará em prática aquela ideia de ter forças armadas unificada da UE. Isso formará um bloco em que Putin não se atreverá a invadir. A Polônia provavelmente se tornará um Estado tampão.
Se a chantagem russa for suficiente para anexar a Ucrânia e dissolver a OTAN, então também haverá chantagem russa para não haver a "unificação das forças armadas da UE", um processo demorado.

Negociar com a Rússia imperialista é igual a negociar com terroristas. Quanto mais concessões para "evitar guerra", mais chance de novas exigências serem feitas pelo agressor.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Tutu
Mensagens: 2714
Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Huxley escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 11:20 am
Essa mentira não engana ninguém das potenciais vítimas. O território do Donbass já está russificado através da força.
Donbass e Crimeia já tinham uma população russa significativa residindo lá.
Países bálticos e finlandeses por outro lado nem são eslavos.
Se a chantagem russa for suficiente para anexar a Ucrânia e dissolver a OTAN, então também haverá chantagem russa para não haver a "unificação das forças armadas da UE", um processo demorado.

Negociar com a Rússia imperialista é igual a negociar com terroristas. Quanto mais concessões para "evitar guerra", mais chance de novas exigências serem feitas pelo agressor.
A Rússia não tem poder para barrar a formação de forças armadas da UE. Essa formação é inevitável a partir do momento que a UE se sentir ameaçada. A UE não precisa dos EUA para se defender, porque uma simples aliança entre Alemanha e França, com a França tendo bomba atômica, já é capaz de provocar uma guerra fria contra a Rússia. Se tiver apoio do RU, já é vitória garantida.

Considerando a dificuldade que a Rússia está tendo só na Ucrânia, duvido que consiga anexar a Polônia, que tem economia mais sólida e está investindo em defesa. A Polônia também tem soldados fortes, e não homens fracos de cultura woke, enquanto a Rússia está tendo que recrutar gente da Sibéria que nem sabe o que está fazendo.

Mas supondo que a "extrema"-direita da UE realmente queira que o próprio país seja invadido, então a culpa é deles pela sabotagem. Não é correto que um país de outro continente venha defendê-los. Ademais, essa sabotagem é improvável porque a "extrema-direita" na França e Alemanha não conseguem metade do parlamento. A Alemanha está fortemente contra a Rússia, enquanto os partidos de centro na França, que são os que decidem as eleições, são contra a "extrema"-direita.

Só temeria uma invasão em série na segunda invasão. A primeira não significa que outras virão. Além disso, a guerra com a Ucrânia é um problema doméstico entre os dois e a culpa é do Ocidente por envenenar a Ucrânia contra a Rússia.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Donbass e Crimeia já tinham uma população russa significativa residindo lá.
Países bálticos e finlandeses por outro lado nem são eslavos.
Mesmo que todos do Donbass fossem ucranianos étnicos, adiantaria nada, pois o poder político de um estado totalitário poderosíssimo está essencialmente no cano da arma, não no apoio popular. Ditaduras totalitárias impopulares também se perpetuam, especialmente se elas tiveram um impressionante aparato coercitivo como o da Rússia ou da China.

A Rússia não tem poder para barrar a formação de forças armadas da UE. Essa formação é inevitável a partir do momento que a UE se sentir ameaçada. A UE não precisa dos EUA para se defender, porque uma simples aliança entre Alemanha e França, com a França tendo bomba atômica, já é capaz de provocar uma guerra fria contra a Rússia. Se tiver apoio do RU, já é vitória garantida.


Mas é claro que tem esse poder. Após anexar a Ucrânia com o "plano de paz" de Trump ou Lula, a Rússia pode exigir que os países europeus mais frágeis militarmente saiam de suas alianças ocidentais (UE ou OTAN) para que eles não sejam invadidos também. Inclusive a pressão pode incluir chantagem com ameaça de uso de bombas nucleares táticas.
Considerando a dificuldade que a Rússia está tendo só na Ucrânia,


O avanço da Rússia na Ucrânia está lento por causa das armas dos Estados Unidos do governo Biden, que já está acabando. O governo Trump quer retirar essas armas para forçar a Ucrânia entregar o Donbass de bandeja a Putin.
Mas supondo que a "extrema"-direita da UE realmente queira que o próprio país seja invadido, então a culpa é deles pela sabotagem.


Como já disse, não é que a UE inteira será invadida ou pressionada. Não no curto prazo. No curto prazo, os alvos serão os países europeus mais frágeis militarmente usando a estratégia que já descrevi. O próximo país em conflito com a Rússia iria "negociar" com um tigre quando ele já tiver a sua cabeça na boca dele. Como Winston Churchill já disse: “Não adianta tentar negociar com o tigre quando a sua cabeça já está dentro da boca dele”. A responsabilidade moral pela concessão do coagido é do agressor muito mais forte, não do coagido.

Não é correto que um país de outro continente venha defendê-los.


É correto, sim. O direito nacional e internacional regulamentam alianças militares internacionais VOLUNTÁRIAS. Cooperação VOLUNTÁRIA internacional de defesa sempre é correto, especialmente entre parceiros com interesses econômicos comuns. Incorreto é aliança COERCITIVA, como o “novo pacto de Varsóvia” de Putin, que negocia aliança como um tigre que negocia com a presa colocando a boca na cabeça dela.
Ademais, essa sabotagem é improvável porque a "extrema-direita" na França e Alemanha não conseguem metade do parlamento. A Alemanha está fortemente contra a Rússia, enquanto os partidos de centro na França, que são os que decidem as eleições, são contra a "extrema"-direita.

Só temeria uma invasão em série na segunda invasão.
Num primeiro momento, a Rússia nem precisará muito desses idiotas úteis da extrema-direita da França, Alemanha ou Itália. Para o plano russo inicial funcionar, basta que (1) os líderes das potências militares europeias sejam medrosos ou adeptos do “cada um por si”; (2) exista um imbecil colaborativo passivo como presidente dos EUA (o caso de Donald Trump).
Além disso, a guerra com a Ucrânia é um problema doméstico entre os dois e a culpa é do Ocidente por envenenar a Ucrânia contra a Rússia.
“O argumento de que a Ucrânia ‘provocou’ Putin ao solicitar proteção ocidental tem o mesmo defeito de raciocínio de afirmar que você ‘provocou’ um ladrão ao instalar um sistema de segurança.” (Nassim Nicholas Taleb).

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Tutu
Mensagens: 2714
Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Huxley escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 20:19 pm
Mas é claro que tem esse poder. Após anexar a Ucrânia com o "plano de paz" de Trump ou Lula, a Rússia pode exigir que os países europeus mais frágeis militarmente saiam de suas alianças ocidentais (UE ou OTAN) para que eles não sejam invadidos também. Inclusive a pressão pode incluir chantagem com ameaça de uso de bombas nucleares táticas.


Num primeiro momento, a Rússia nem precisará muito desses idiotas úteis da extrema-direita da França, Alemanha ou Itália. Para o plano russo inicial funcionar, basta que (1) os líderes das potências militares europeias sejam medrosos ou adeptos do “cada um por si”; (2) exista um imbecil colaborativo passivo como presidente dos EUA (o caso de Donald Trump).


Cooperação VOLUNTÁRIA internacional de defesa sempre é correto, especialmente entre parceiros com interesses econômicos comuns.

Os supostos próximos alvos são países bálticos, Polônia, Romênia, Eslováquia e Finlândia. Todos eles são da UE e da OTAN. Por motivos históricos, todos eles temem uma invasão russa. Por isso, estão dispostos a colaborar com Bruxelas para receber proteção. Sendo parceiros com interesses econômicos comuns, é interesse deles formar um bloco de defesa comum e contar com as armas nucleares da França. Podem lidar com esse problema sem ajuda dos EUA. Podem fazer o exército comum europeu a partir da estrutura da OTAN, após a saída dos EUA.

Os países fracos já estão pedindo ajuda, então basta que líderes da França, Alemanha e RU não sejam medrosos. Eles pensariam numa defesa do bloco como um todo. A Rússia nunca foi louca de atacar um país protegido pelo Ocidente durante a guerra fria e não será agora que farão isso.

Se eu fosse cidadão americano, eu não concordaria em pagar impostos para financiar a defesa da UE. Se a UE sucumbir, é só procurar novos parceiros econômicos na Ásia, em vez de odiá-los.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Tutu escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 21:48 pm

Os supostos próximos alvos são países bálticos, Polônia, Romênia, Eslováquia e Finlândia. Todos eles são da UE e da OTAN. Por motivos históricos, todos eles temem uma invasão russa. Por isso, estão dispostos a colaborar com Bruxelas para receber proteção. Sendo parceiros com interesses econômicos comuns, é interesse deles formar um bloco de defesa comum e contar com as armas nucleares da França. Podem lidar com esse problema sem ajuda dos EUA. Podem fazer o exército comum europeu a partir da estrutura da OTAN, após a saída dos EUA.

Os países fracos já estão pedindo ajuda, então basta que líderes da França, Alemanha e RU não sejam medrosos. Eles pensariam numa defesa do bloco como um todo. A Rússia nunca foi louca de atacar um país protegido pelo Ocidente durante a guerra fria e não será agora que farão isso.

Se eu fosse cidadão americano, eu não concordaria em pagar impostos para financiar a defesa da UE. Se a UE sucumbir, é só procurar novos parceiros econômicos na Ásia, em vez de odiá-los.
Antes do 11 de Setembro, alguém também poderia dizer que “Al Qaeda nunca foi louca de destruir completamente um arranha-céu famoso americano”. Mas um dia atacou e isso levou a decadência dela. Se algo que nunca aconteceu antes sempre permanecesse não acontecendo, então a história nunca daria saltos. E a ideia de que um tirano nunca faz algo muito arriscado em guerra é refutada por vários exemplos históricos, vide Adolf Hitler, Napoleão Bonaparte, Saddam Hussein (Guerra do Golfo), Osama Bin Laden, Yahya Sinwar, Solano López, etc.

A sua penúltima frase do post e a concordância dela por vários trumpistas americanos só reforça meu ponto. Se tem razoável possibilidade de os EUA abandonarem os países europeus da OTAN, então é perfeitamente possível que as potências europeias isoladas dos EUA trumpista abandonem os países europeus mais fracos militarmente da UE. No passado, as potências europeias fizeram isso com a República Tcheca e outros países europeus fracos invadidos por Hitler, fomentando o agravamento do problema com a política do apaziguamento. E “um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado.” (Winston Churchill).

Tutu escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 21:48 pm
Se a UE sucumbir, é só procurar novos parceiros econômicos na Ásia, em vez de odiá-los.
A perda da UE é irreparável. É na Europa que existem alguns recursos exclusivos usados na indústria de semicondutores, por exemplo. A perda da UE geraria perda de trilhões de dólares para os EUA no comércio internacional, mesmo que os EUA conseguissem novos parceiros comerciais preferenciais na Ásia. Pior ainda é se a China (aliada da Rússia) tomar a posse de Taiwan (outro país-chave no fornecimento de recursos da indústria de semicondutores). A política americana de não interferência no exterior é a política dos idiotas úteis do Eixo das Ditaduras (Rússia, China, Coreia do Norte, Irã), um grupo que está cada vez mais coeso e agressivo.
Editado pela última vez por Huxley em Qui, 14 Novembro 2024 - 10:04 am, em um total de 1 vez.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Fernando Silva
Conselheiro
Mensagens: 5741
Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

Huxley escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 22:52 pm
Antes do 11 de Setembro, alguém também poderia dizer que “Al Qaeda nunca foi louca de atacar um arranha-céu famoso americano”.
Na verdade, houve um atentado em 1993: explodiram uma bomba na garagem subterrânea esperando derrubar uma torre e fazê-la cair sobre a outra.
https://www.fbi.gov/history/famous-case ... mbing-1993

Mas ainda não era a Al Qaeda.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Fernando Silva escreveu:
Qui, 14 Novembro 2024 - 09:52 am
Huxley escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 22:52 pm
Antes do 11 de Setembro, alguém também poderia dizer que “Al Qaeda nunca foi louca de atacar um arranha-céu famoso americano”.
Na verdade, houve um atentado em 1993: explodiram uma bomba na garagem subterrânea esperando derrubar uma torre e fazê-la cair sobre a outra.
https://www.fbi.gov/history/famous-case ... mbing-1993

Mas ainda não era a Al Qaeda.
Eu ia editar o post para trocar o "atacar" por "destruir completamente", mas você chegou antes de mim.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Agnoscetico
Mensagens: 5379
Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Qua, 13 Novembro 2024 - 22:52 pm
A perda da UE é irreparável. É na Europa que existem alguns recursos exclusivos usados na indústria de semicondutores, por exemplo. A perda da UE geraria perda de trilhões de dólares para os EUA no comércio internacional, mesmo que os EUA conseguissem novos parceiros comerciais preferenciais na Ásia. Pior ainda é se a China (aliada da Rússia) tomar a posse de Taiwan (outro país-chave no fornecimento de recursos da indústria de semicondutores). A política americana de não interferência no exterior é a política dos idiotas úteis do Eixo das Ditaduras (Rússia, China, Coreia do Norte, Irã), um grupo que está cada vez mais coeso e agressivo.
Esse é o problema de não se investir em setores de alta tecnologia como esse.
Se cada país, na medida do possível, investisse em diversificação industrial e da educação mão-de-obra especializada em vez de investir em extração de commodities, setores como agronegócio mais que em tecnologia de ponta (como ocorre em países como Brasil, por exemplo).

Além disso, se esqueceu que Taiwan foi largada a própria sorte desde que os EUA (na gestão republicana do Nixon) se aproximaram da China continental após "Ruptura sino-soviética"? Os EUA pensou de forma geopolítica e deixou a liberdade polpitica e econômica de Taiwan de lado.
Melhoria das relações no final do período soviético

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ruptura_s ... %C3%A9tico


Durante a década de 1970, a República Popular da China iniciou uma política de aproximação aos Estados Unidos da América e às potências ocidentais. Isto permitiu-lhe arrebatar à República da China, o regime de Taiwan, o lugar da China nas Nações Unidas e conseguir por fim o reconhecimento diplomático da maioria dos países ocidentais que continuavam a reconhecer no regime de Chiang Kai-shek em Taiwan o governo legítimo da China.

Rescisão

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_d ... cis%C3%A3o

Embora o tratado não tivesse limite de tempo, o artigo 10 do tratado estipulava que qualquer uma das partes poderia rescindir o tratado um ano após notificar a outra parte. Consequentemente, o tratado foi encerrado em 1º de janeiro de 1980, um ano depois que os Estados Unidos estabeleceram relações diplomáticas com a República Popular da China em 1º de janeiro de 1979.

O presidente Jimmy Carter anulou unilateralmente o tratado; neste caso o Tratado Sino-Americano de Defesa Mútua, foi o tema do caso da Suprema Corte Goldwater v. Carter,[4] em que o tribunal se recusou a decidir sobre a legalidade desta ação. A forma como está agora, não há uma decisão oficial sobre se o presidente tem o poder de quebrar um tratado sem a aprovação do Congresso.

Julgamento da decisão do presidente
Ao rejeitar julgar o caso Goldwater v. Carter , a Suprema Corte deixou em aberto a questão da constitucionalidade da ação do presidente Carter. Os juízes da suprema corte dos EUA, Lewis Powell e Rehnquist apenas questionaram o mérito judicial do caso em si; eles não aprovaram explicitamente a ação de Carter.[5] Além disso, Powell chegou a afirmar que esta poderia ser uma questão constitucional válida. Artigo II, Seção II da Constituição estadunidense apenas declara que o Presidente não pode fazer tratados sem uma maioria de dois terços dos votos no Senado. Da forma como está agora, não há uma decisão oficial sobre se o presidente tem o poder de quebrar um tratado sem a aprovação do Congresso.

Conclusão
Se o presidente Carter poderia romper unilateralmente um tratado de defesa com Taiwan sem a aprovação do Senado, era uma questão política e não poderia ser revisada pelo tribunal, já que o Congresso não havia emitido uma oposição formal. O caso foi arquivado.

Lei de Relações de Taiwan
Pouco depois do reconhecimento da República Popular da China pelos Estados Unidos, o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Relações com Taiwan. Parte do conteúdo do Tratado Sino-Americano de Defesa Mútua sobrevive na Lei; por exemplo, a definição de "Taiwan". No entanto, fica aquém da promessa de assistência militar direta a Taiwan no caso de uma invasão.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Esse tema "extrema-direita do Ocidente" é muito amplo. Acho que a relação de Donald Trump (e trumpistas) com os russos merece um tópico à parte.

Os marionetistas do imperialismo russo-putinista e suas marionetes da direita trumpista

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Qual é a relação de Donald Trump (e trumpistas) com os russos? Se você se interessou pelo tema do tópico, esses dois tópicos do X abaixo do Rodrigo da Silva são leituras obrigatórias:
Muita gente me pergunta por aqui se o governo Trump entregará a Ucrânia de bandeja para Vladimir Putin.

Passei muito tempo da minha vida pesquisando sobre a relação de Trump com a Rússia – o que inclui escrever um livro a respeito que já me consumiu, até aqui, mais de um ano de trabalho, 500 páginas e mais de 1.600 fontes anexadas. Não faço a menor ideia de quantas horas já dediquei a esse assunto.

Se é humanamente impossível ler tudo o que já foi produzido a respeito desse tema, certamente consumi boa parte do que há de mais relevante sobre ele – livros, relatórios de inteligência, documentos oficiais, depoimentos de ex-assessores e ex-secretários, reportagens, documentários, papers, gravações.

Tendo acessado tudo isso, o que posso dizer sobre a possibilidade de Trump entregar a Ucrânia de bandeja para Putin é um imenso: “talvez”.

Não tenho qualquer dúvida razoável que a Rússia enxerga Trump como um asset e que há quase 40 anos – desde que ele visitou a União Soviética em julho de 1987, numa viagem paga pelo KGB, a convite do estado russo – Trump defende sistematicamente uma visão de política externa que corresponde ao que Moscou almeja para os Estados Unidos.

Nem eu tenho essa dúvida, nem o republicano Dan Coats, o Diretor de Inteligência Nacional do governo Trump, que admite que tinha que lidar com esse paradoxo enquanto exercia a função de chefe executivo da Comunidade de Inteligência dos Estados Unidos: trabalhar para Donald Trump, liderando a inteligência americana, tendo a certeza “que Trump havia escolhido jogar no lado sombrio” (e essas aspas não são minhas).

Também não tenho qualquer dúvida razoável que Trump está cercado de russófilos – literalmente dezenas deles foram processados nos últimos anos, muitos condenados pela Justiça americana pelos vínculos com a Rússia – e que recebeu um apoio avassalador do Kremlin para ser eleito presidente em 2016, 2020 e 2024, online e offline (incluindo 67 ameaças de bomba em locais de votação tradicionalmente democratas em swing states, na semana passada).

Li tantos relatórios de inteligência a respeito e ainda consigo me surpreender com a quantidade de gente que acredita piamente que essa história é um hoax criado pelos democratas. Repito: não há dúvida razoável na inteligência americana (e de outros países) sobre esses capítulos. Trump sempre foi o candidato favorito de Putin (como Putin admitiu em 2018) e explorou esse cenário para ser eleito.

Mas apesar de todo esse vínculo, o que posso assumir sobre o primeiro governo Trump – da perspectiva administrativa – é que, antes de ser anti ou pró-Rússia, foi completamente caótico e incoerente. Trump foi admitidamente boicotado pelo seu próprio gabinete. Há mais de mil episódios em que o presidente foi descrito, por aqueles que trabalhavam com ele em Washington, como uma criança mimada (se você tem dúvida, recomendo dar uma olhada no livro “The Toddler in Chief”, do cientista político americano Daniel W. Drezner).

Em um determinado momento, algumas figuras importantes do governo Trump simplesmente pararam de ouvir o que ele tinha a dizer. Tanto o Secretário de Defesa, James Mattis, quanto o Chefe de Gabinete da Casa Branca, John Kelly, admitiram que viam o seu trabalho como o de uma “babá” de Trump.

Miles Taylor, o Chefe de Gabinete do Departamento de Segurança Interna do governo Trump, chegou a escrever um artigo para o New York Times (publicado de forma anônima na época; a sua identidade foi revelada tempos depois) com o título “Eu faço parte da resistência dentro do governo Trump”. O artigo revelou como um grupo de funcionários do alto escalão do governo lutava para tentar proteger o governo Trump da sua maior ameaça: o próprio Donald Trump.

Não surpreende que, dos 42 membros do gabinete do primeiro governo Trump, apenas 24 tenham anunciado publicamente o apoio a ele nessa eleição – e alguns fizeram isso por conveniência. Mesmo o propagandista Tucker Carlson já disse que odeia Trump “profundamente”, que “não aguentava” lidar com ele e que “não há realmente uma coisa positiva em Trump” (esse conteúdo, escrito por Carlson em mensagens de texto privadas, foi aberto ao público num processo judicial, em 2023).

É aí que quero chegar à Ucrânia.

Se nós considerarmos a campanha presidencial, é fácil acreditar que os ucranianos estão realmente em maus lençóis (e isso para não usar aquela palavrinha que começa com f).

Trump criticou Zelensky inúmeras vezes em público, enquanto elogiou Vladimir Putin. Ele também disse que não daria mais um dólar furado para os ucranianos defenderem o seu território. E é fácil acreditar nessas ameaças: em 2019, Trump teve um impeachment aprovado na Câmara dos Representantes por reter recursos estabelecidos pelo Congresso americano para a proteção da Ucrânia (ele se tornou apenas o terceiro presidente da história a ter um impeachment aprovado).

No auge da campanha, JD Vance – o seu vice – revelou que o “plano de paz” de Trump para a guerra na Ucrânia seria permitir que a Rússia mantivesse todo o território ucraniano que Moscou ocupava, e que a Ucrânia entregasse ao Kremlin uma garantia de que jamais se juntaria à OTAN ou a qualquer outra “instituição aliada”, como a União Europeia. Vance também insinuou que cabia à Europa reconstruir a Ucrânia, e não a Rússia.

Pouco antes dessa declaração, Putin havia feito a mesmíssima “proposta de paz”.

De fato, as negociações de Trump com a Ucrânia já começaram. E as primeiras notícias também não foram animadoras. Zelensky conversou com Trump na semana passada, e teve que lidar com a participação de Elon Musk na negociação (Musk já fez inúmeras críticas ao presidente ucraniano no X, e tem uma linha de contato estabelecida com Putin há muito tempo). Nessa primeira semana pós-eleição, a União Europeia também se mostrou bastante pessimista com a continuação dos Estados Unidos no conflito.

O Wall Street Journal (que endossou o voto em Trump nessa eleição) diz que, nesse momento, há diferentes correntes em Washington disputando espaço para pressionar Donald Trump sobre a questão ucraniana. Mas segundo o jornal, independente do grupo de pressão, “todas as propostas rompem com a abordagem de Biden de deixar Kyiv ditar quando as negociações de paz devem começar. No lugar disso, elas recomendam congelar a guerra – consolidando a tomada de cerca de 20% da Ucrânia pela Rússia – forçando a Ucrânia a suspender temporariamente a sua busca para se juntar à OTAN”.

Nesse plano, o território ucraniano sob controle russo ficaria sob controle russo, e ambos os lados concordariam com uma zona desmilitarizada de mais de 1.200 quilômetros.

Esse é, de fato, um plano tenebroso para a segurança do Ocidente no médio prazo, e daria a vitória do conflito para a Rússia.

Não impressiona que, assim que Trump foi eleito, Dimitri Medvedev, ex-presidente (e ex-primeiro-ministro) da Rússia, vice-presidente do Conselho de Segurança, figura leal a Putin há décadas, tenha comemorado a sua vitória no X:

“Kamala está acabada… Deixe-a continuar rindo de forma contagiante. Os objetivos da Operação Militar Especial permanecem inalterados e serão alcançados.”

Aleksandr Dugin também comemorou a vitória no X:

“Então nós vencemos. Isso é decisivo. O mundo nunca mais será como antes. Os globalistas perderam o seu combate final. O futuro está finalmente aberto. Estou muito feliz.”

Quando você olha para todo esse cenário, é muito difícil não pensar que a Ucrânia será abandonada. É o que muita gente pensa nesse momento – e as chances disso acontecer, de fato, são imensas. Basta ouvir o que essas pessoas dizem. Se Dugin está feliz, o Ocidente coletivo está mal.

Mas existe alguma possibilidade de Trump não oferecer a Kyiv um pretenso “acordo de paz” que entregue território ucraniano para a Rússia? Talvez.

E há dois motivos que me fazem sustentar esse “talvez”.

Sobre o primeiro, vou copiar as palavras que usei no livro:

“A relação entre o presidente dos Estados Unidos e o establishment burocrático, sobretudo no campo da política externa e da segurança nacional, possui uma dinâmica bastante complexa. Embora o presidente tenha a palavra final em muitas decisões, ele não governa sozinho. O sistema de governança dos Estados Unidos é projetado para impedir que o presidente tenha o controle absoluto sobre a política do país.

Ainda que o presidente seja o comandante em chefe e tome inúmeras decisões importantes, ele precisa operar dentro de um sistema onde os burocratas de carreira (do Departamento de Estado, do Departamento de Defesa, etc), o Congresso, o Judiciário e as agências federais (CIA, FBI, NSA, DIA, INR, etc) possuem graus significativos de poder e autonomia.

Esse sistema pode, de diferentes maneiras, influenciar e até restringir a implementação das políticas de um governo. E isso, com o tempo, pode provocar um clima de tensão entre o presidente e esses burocratas.

Foi o que aconteceu no governo Trump. Desde que foi eleito pela primeira vez, os trumpistas escancaram uma ‘guerra’ entre o republicano e o que eles chamam de deep state (o ‘estado profundo’).

Já nos seus primeiros meses de governo, Trump acusou o sistema político americano de diminuir o seu poder e, com isso, corromper a democracia. Ele diz ter sido vítima de uma grande conspiração envolvendo a imprensa e as elites burocráticas e econômicas para reduzir o seu papel de presidente.”

Inúmeras decisões que Trump tomou no seu primeiro governo – inclusive contrárias à Rússia (de sanções a expulsão de diplomatas) – o fez admitidamente a contragosto, por pressão do Departamento de Defesa, do Departamento de Estado, das agências de inteligência, do Congresso e do Conselho de Segurança Nacional. Há farto material disponível sobre esses episódios, com dezenas de declarações públicas (inclusive do próprio Donald Trump).

Nós não sabemos como se desenvolverá este cabo de guerra em seu segundo mandato. É verdade que entre janeiro de 2023 e abril de 2024, Trump fez 56 postagens na Truth Social, a sua rede social, sobre destruir o ‘deep state’ (e que em 9 dessas 56 postagens, expôs planos específicos sobre como fazer isso). Mas nós não sabemos se isso acontecerá, e como acontecerá – nem o grau de influência que o establishment político-militar americano terá à disposição para (mais uma vez) impor limites às decisões do presidente eleito.

Nós também não podemos nos enganar com a maioria republicana no Congresso. O Congresso é lento e muitos republicanos são, de fato, conservadores, comprometidos com as mesmas bandeiras do establishment. Eles também pressionarão Trump contra qualquer posição excessivamente heterodoxa (por exemplo: a saída da OTAN, que não é uma decisão unilateral do presidente).

E esse não é o único motivo para sustentar o meu esquálido “talvez”.

Eu também estou convencido que a relação de Trump com os russos seja de conveniência. Por muito tempo (sobretudo quando estava completamente falido, devendo dinheiro para mais de 70 instituições financeiras) Trump fez fortuna com os russos. Ele também contou com o apoio da comunidade de inteligência da Rússia para ser eleito presidente. Mas Donald nunca foi um sujeito conhecido pela lealdade – nem às pessoas mais próximas da sua família; nem ao seu mestre, Roy Cohn. Trump exige lealdade de todos que trabalham à sua volta (como tantos ex-funcionários o acusam, inclusive o ex-diretor do FBI, James Comey, legalmente limitado pelo cargo de ter relações de proximidade com o presidente), mas é incapaz de oferecer o mesmo a quem quer que seja. E isso talvez inclua Vladimir Putin.

Talvez.

Na semana passada, Trump alcançou o topo do mundo pela segunda vez – uma posição que legalmente ele não voltará a alcançar assim que sair. Na prática, ele não precisa mais de qualquer apoio russo. Nós estamos falando de um bilionário que comanda o maior exército da história da humanidade, e tem o apoio irrestrito de uma massa de fiéis que, segundo ele, não deixariam de apoiá-lo mesmo que ele atirasse em alguém na 5ª Avenida.

O primeiro recruta da inteligência russa que se tem notícia na política americana foi um congressista democrata chamado Samuel Dickstein (codinome “Crook”), eleito por Nova York para a Câmara dos Representantes de 1923 a 1945.

Dickstein estava na folha de pagamento da NKVD soviética enquanto proferia discursos a favor de Moscou no Congresso americano. Mas como revelam os arquivos da inteligência soviética, ele não era um ideólogo marxista: era um sujeito que encontrou em Moscou a possibilidade de ganhar dinheiro fácil.

De acordo com o historiador Allen Weinstein, que chefiou o arquivo nacional americano nos anos 2000, não há indícios que Dickstein tenha fornecido inteligência útil aos soviéticos. Na verdade, como apontam os próprios relatórios soviéticos, há boas indicações de que ele apenas usou Moscou para melhorar a sua posição pessoal.

Acredite: isso é muito comum. E isso também é bastante compatível com a personalidade de Donald Trump. Por isso o "talvez".

Quão heterodoxo será o próximo governo americano em matéria de política externa? Nesse momento, ao mesmo tempo em que diferentes atores do trumpismo estão sinalizando publicamente apoio às pautas da Rússia (como Donald Trump Jr ridicularizando Zelensky no Instagram, dizendo que a “mesada” para a Ucrânia acabará em breve; ou Elon Musk publicando compulsivamente propaganda russa no X), Trump parece ter escolhido dois falcões, ligados ao establishment em Washington, para atuarem como Secretário de Estado e Conselheiro de Segurança Nacional em seu segundo mandato – são eles: Marco Rubio e Michael Waltz (o nome de Rubio ainda não está confirmado e há chance de Trump mudar de ideia – a informação é do New York Times).

É verdade que Rubio e Waltz são falcões contra a China e o Irã (os dois votaram contra projetos de lei de apoio financeiro à Ucrânia no Congresso, e defendem um acordo de terra por paz no conflito). A imprensa ucraniana está bastante pessimista com o trabalho dos dois no futuro governo. Mas dentro dos nomes ventilados para esses cargos nos últimos dias, o cenário poderia ser muito pior. Esses são atores políticos que não defendem um rompimento dos Estados Unidos com a manutenção da ordem internacional, não pertencem ao círculo de influência do Kremlin e estão bastante sujeitos à pressão do complexo militar americano. Por isso, muitos trumpistas condenaram essas escolhas nas últimas horas. Jackson Hinkle chegou a dizer que Trump traiu o movimento MAGA ao dar poder a “deep staters”. Glenn Greenwald (sim, ele mesmo) também criticou a escolha (conteúdo censurado a pedido dos meus advogados).

A Rússia também parece incomodada com essas posições.

Há poucos dias, o maior canal de tv da Rússia (que é estatal) publicou fotografias da primeira dama, Melania Trump, completamente nua, no horário nobre, numa postura bastante intimidadora e constrangedora para Donald Trump. As imagens circularam o mundo.

Ontem, Nikolai Patrushev, assessor de Vladimir Putin, ex-diretor do FSB (o serviço de inteligência que Putin dirigia antes de virar primeiro-ministro/presidente), concedeu uma entrevista – publicada pela TASS, a agência estatal de notícias da Rússia – em que foi provocado a responder sobre a posição de “alguns especialistas nos Estados Unidos” que “sugerem que uma forte influência e pressão podem ser exercidas sobre Donald Trump para que as suas ações não divirjam dos planos das elites americanas, principalmente do chamado estado profundo”. A sua resposta foi:

“Você tocou em um assunto urgente. Temos conhecimento de dois casos de atentados contra a sua vida durante a campanha eleitoral. Em geral, ao longo da história dos Estados Unidos, foram feitos atentados regularmente contra a vida de presidentes e candidatos - mais de 20 vezes. Quatro presidentes dos Estados Unidos foram mortos por assassinos enquanto estavam no cargo. Portanto, é extremamente importante que as agências de inteligência dos Estados Unidos evitem que tais casos voltem a ocorrer.”

Mas essa não foi a declaração de Patrushev que mais chamou a atenção na entrevista. Quando provocado a responder se “a próxima mudança de poder nos Estados Unidos trará mudanças positivas do ponto de vista da Rússia”, o assessor de Vladimir Putin cobrou Donald Trump publicamente, recorrendo a uma linguagem muito peculiar dos mafiosos:

“Para obter sucesso na eleição, Donald Trump confiou em certas forças com as quais ele tem obrigações correspondentes. Como uma pessoa responsável, ele será obrigado a cumpri-las".

Quais são essas forças a que o assessor de Putin se refere que Trump recorreu “para obter sucesso na eleição”? Por que Trump será “obrigado a cumprir” com as suas obrigações? Quais “obrigações”?

Talvez haja algo de podre no reino da Dinamarca. Talvez Donald Trump não cumpra com o seu dever com as “certas forças com as quais ele tem obrigações correspondentes”.

Mais uma vez, um imenso talvez.

Nós descobriremos essa resposta nas próximas semanas.
(Rodrigo da Silva)

Fonte: https://x.com/rodrigodasilva/status/1856473385632399603
Trump acaba de anunciar Tulsi Gabbard como Diretora de Inteligência Nacional.

A partir de 2025, Gabbard será a chefe executiva da Comunidade de Inteligência dos Estados Unidos, o mais alto cargo na estrutura da inteligência americana.

Mas quem é ela?

Você irá se surpreender.

---

Tulsi Gabbard tem 43 anos, nasceu na Samoa Americana e entre 2013 e 2021 esteve na Câmara dos Representantes, em Washington, representando o Havaí.

Por todo esse tempo, Gabbard foi membro do Partido Democrata. Mas dá para dizer que os democratas nunca gostaram muito dela. Tulsi Gabbard é aquilo que nós chamamos de DINO, “Democrat in name only”. Só é democrata no nome.

Ou melhor, era. Conto como isso aconteceu aqui embaixo:

Há anos, Gabbard vem sendo acusada de trabalhar para a Rússia na política americana. E há bons motivos para acreditar nisso.

Hillary Clinton foi a primeira liderança do Partido Democrata associada a essa acusação. Nessa época, Gabbard era pré-candidata à presidente pelo Partido Democrata e foi prontamente defendida por Donald Trump.

Enquanto esteve entre os democratas, Gabbard sustentou um longo histórico de críticas ao partido, sobretudo nas plataformas conservadoras americanas, como a Fox News.

Por isso não é difícil entender por que a sua pré-campanha presidencial, em 2020, recebeu o apoio de David Duke (ex-grande mago dos Cavaleiros da Ku Klux Klan) e Richard B. Spencer (o neonazista americano que diz que a Rússia é a “única potência branca do mundo”, por anos casado com a russa Nina Kouprianova, tradutora de Aleksandr Dugin).

Dá para dizer que a pré-campanha de Tulsi Gabbard à presidência, em 2020, foi toda construída em torno de atacar a política externa do Partido Democrata.

No debate democrata para as eleições presidenciais de 2020, organizado pela MSNBC, esse foi o seu grande discurso:

“Nossa atual Partido Democrata, infelizmente, não é o partido que é do povo, pelo povo e para o povo. É um partido que foi e continua a ser influenciado pelo establishment de política externa em Washington, representado por Hillary Clinton e outros, pela política externa, pelo complexo industrial militar e por outros interesses corporativos gananciosos."

Kamala Harris, então pré-candidata à presidente, respondeu à provocação:

“Acho lamentável que tenhamos alguém neste palco que esteja tentando ser a candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, que durante o governo Obama passou quatro anos em tempo integral na Fox News criticando o presidente Obama; que tem criticado constantemente as pessoas neste palco, associadas ao Partido Democrata; quando Donald Trump foi eleito [em 2016], antes mesmo de assumir o cargo, se aproximou de Steve Bannon para conseguir uma reunião com Donald Trump na Trump Tower; não consegue chamar um criminoso de guerra pelo que ele é, um criminoso de guerra; e depois passa a campanha inteira, novamente, criticando o Partido Democrata.”

Gabbard respondeu que Kamala espalhava “mentiras, difamações e insinuações”. Mas Kamala tinha razão.

Imagem

Em outubro de 2022, Tulsi Gabbard anunciou a saída do Partido Democrata dizendo que os seus membros eram “woke” demais, promoviam “racismo antibranco”, eram “hostis às pessoas de fé” e estavam “nos arrastando cada vez mais para perto de uma guerra nuclear”.

Ela escolheu o programa de Tucker Carlson, na Fox News, para contar a novidade.

No mês seguinte, Gabbard assinou um contrato para ser comentarista da Fox News e atuou como apresentadora substituta do próprio programa de Tucker Carlson na emissora.

Ela também passou a fazer campanha aberta para diversos candidatos republicanos apoiados por Donald Trump – sobretudo JD Vance.

Tulsi Gabbard tem um longo histórico de reproduzir a visão de política externa da Rússia nos Estados Unidos, e por conta disso, aparece com frequência na televisão estatal russa.

Ela chegou a entrar na lista oficial de propagandistas russos feita pelo governo da Ucrânia (com outras figuras do debate público americano, como o comentarista político Glenn Greenwald).

Na televisão estatal russa, Gabbard é chamada de “nossa amiga” pelos propagandistas.

Em 2022, num programa do maior canal de tv da Rússia, o propagandista Vitaly Tretyakov, impressionado com a defesa de Tulsi Gabbard dos interesses russos, chegou a questionar no ar:

“Ela é algum tipo de agente russa?”

O apresentador do programa, Vladimir Solovyov, respondeu em tom de risada que “sim”.

Imagem

Nos últimos anos, a suspeita de que Gabbard trabalha para a Rússia foi uma preocupação bipartidária nos Estados Unidos.

Em 2022, Alexander Vindman, ex-Diretor para Assuntos Europeus do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, também acusou Gabbard disso:

“Você é uma mentirosa
@TulsiGabbard
. Você mente para obter notoriedade e autopromoção. Pior ainda, como uma agente de desinformação russa, você promove a agressão russa e coloca a América em perigo. Você escolheu um lado. O seu lado é a Rússia e o autoritarismo.”

O ex-congressista republicano Adam Kinzinger pensa parecido. Em 2022, ele acusou Gabbard de ser uma “traidora” que espalha “propaganda russa” e “deveria se mudar para a Rússia”.

O republicano Mitt Romney também acredita nisso. Ele acusa Gabbard de “espalhar propaganda russa” e diz que as “suas mentiras traiçoeiras podem custar vidas”.

Em 2020, na pré-campanha à presidência, Gabbard recebeu uma ajuda dos russos para aumentar a sua projeção política.

No período, ela recebeu mais destaque na imprensa estatal russa (RT, Sputnik) do que Joe Biden e Bernie Sanders. Gabbard era frequentemente retratada como uma “heroína rebelde” que iria "abalar" o establishment político-militar em Washington.

Desde então, ela nem tenta esconder a sua inclinação pró-Rússia. Nos últimos anos, Tulsi Gabbard foi uma das grandes propagadoras da teoria conspiratória russa de que há de 25 a 30 laboratórios financiados por Washington na Ucrânia com armas biológicas, como a Covid-19.

Para defender os direitos humanos na Rússia, Gabbard também diz que os Estados Unidos não “são tão diferentes” da Rússia em matéria de liberdade de expressão.

Assim que a Rússia invadiu a Ucrânia, em larga escala, em 2022, Gabbard saiu em defesa do Kremlin e culpou os Estados Unidos pela invasão.

Nos últimos anos, Tulsi Gabbard também promoveu propaganda nos Estados Unidos para o governo da Síria.

Bashar al-Assad, o ditador da Síria, é o maior aliado de Vladimir Putin no Oriente Médio, e costuma receber o apoio dos propagandistas russos no Ocidente.

Em 2017, Gabbard se encontrou com Assad numa viagem à Síria e foi bastante criticada por isso. A reunião foi organizada em segredo, sem que o Partido Democrata ou o Congresso americano fossem avisados.

O então congressista republicano Adam Kinzinger chamou o encontro de “uma vergonha e uma desgraça”.

“De forma alguma, nenhum membro do Congresso, nenhum funcionário do governo, deveria viajar para se encontrar com um sujeito que matou 500 mil pessoas e 50 mil crianças.”

Em fevereiro de 2023, Tulsi Gabbard foi uma das estrelas da manifestação Rage Against The War Machine, em Washington.

Essas foram as principais reivindicações do evento:

- Fim do apoio à Ucrânia
- Dissolução da OTAN
- Abolição da CIA
- Abolição “do Império”
- Perdão a Julian Assange

O evento reuniu inúmeros defensores da Rússia nos Estados Unidos (e saudosistas da União Soviética) à direita e à esquerda.

Nick Brana, um dos organizadores do evento, celebrou a Rússia dizendo que Putin “não está apenas vencendo a guerra, ele está unindo o mundo contra a hegemonia americana”.

Cercada de bandeiras da Rússia por todos os lados, Tulsi Gabbard disse ao público presente que era hora de deixar de lado a diferença entre eles:

“Devemos deixar de lado nossas diferenças, trabalhar juntos para demitir aqueles políticos belicistas de ambos os partidos que servem aos seus senhores no complexo industrial-militar, em vez de servir ao povo.”

Jackson Hinkle foi outra estrela do evento. Hinkle é um propagandista americano com mais de 2,8 milhões de seguidores aqui no X, que chegou a ser um dos perfis com maior engajamento no mundo.

Ele é adepto daquilo que chama de “MAGA comunismo”, uma ideologia que une trumpismo com marxismo-leninismo.

Em julho de 2024, falando com a sua base de seguidores pró-Trump, ele anunciou o lançamento do Partido Comunista Americano.

Imagem

Jackson Hinkle é um dos grandes propagadores da filosofia de Aleksandr Dugin nos Estados Unidos, e uma figura carimbada nos eventos organizados pelos governos de Rússia, China, Irã e Venezuela. Ele também é próximo de figuras como Tucker Carlson e Alex Jones.

Em fevereiro de 2024, Trump se reuniu com Gabbard para conversar sobre política externa e entender como o Departamento de Defesa deveria ser administrado.

Imagem

Nos últimos meses, Gabbard atuou com tamanho destaque na campanha republicana que, em agosto, Trump anunciou que, caso eleito, RFK Jr e ela serviriam como co-presidentes honorários da equipe de transição de governo, junto com os seus filhos e o seu companheiro de chapa, JD Vance.

Há poucos minutos, Donald Trump anunciou que Tulsi Gabbard trabalhará como Diretora de Inteligência Nacional em seu governo.

O órgão que ela liderará é responsável por supervisionar e coordenar as 18 agências e organizações que compõem a Comunidade de Inteligência dos EUA, incluindo a CIA, a NSA e o FBI.

Jackson Hinkle chamou a decisão de “histórica”.

Ele tem razão.

Fontes:

https://apnews.com/article/da6a794fc591 ... dccd767fbb
https://www.nytimes.com/2019/10/12/us/p ... bbard.html
https://www.marketwatch.com/story/rep-t ... 2019-10-19
https://www.nytimes.com/2019/11/20/us/p ... ebate.html
https://www.nbcnews.com/think/opinion/t ... -rcna51950
https://www.latimes.com/entertainment-a ... r-fox-news
https://www.mediaite.com/politics/tulsi ... n-tonight/

"Tim Ryan represents everything that is wrong with the warmongering Washington Establishment. I’m endorsing @JDVance1 because he knows the cost of war, and that our government exists to serve the people, not the other way around." (Tulsi Gabbard) https://x.com/TulsiGabbard/status/1587432208737763330

https://www.newsweek.com/tulsi-gabbard- ... ne-1727831
https://www.independent.co.uk/news/worl ... 48584.html
https://www.newsweek.com/vindman-calls- ... nt-1733443
https://x.com/AdamKinzinger/status/1503180267653054466
https://x.com/mittromney/status/1503113 ... 41796?s=21
https://www.nbcnews.com/politics/2020-e ... d_nn_tw_ma
https://www.forbes.com/sites/dereksaul/ ... n-ukraine/
https://www.independent.co.uk/news/worl ... 37274.html

"This war and suffering could have easily been avoided if Biden Admin/NATO had simply acknowledged Russia’s legitimate security concerns regarding Ukraine’s becoming a member of NATO, which would mean US/NATO forces right on Russia’s border" (Tulsi Gabbard) https://x.com/TulsiGabbard/status/1496695830715142148

https://edition.cnn.com/2019/02/06/poli ... index.html
https://www.bbc.com/news/world-us-canada-38774701
https://www.theguardian.com/us-news/art ... -communism
https://www.bbc.com/news/articles/cgm7n0xgnzzo
https://www.foxnews.com/video/6364664122112

"The decision to appoint Tulsi Gabbard & Matt Gaetz was HISTORIC.

A great move for PEACE & and a DEATH BLOW to many cretins in the DEEP STATE!

THANK YOU President Trump!"

Imagem

Raphael Machado, líder do Nova Resistência, elogia escolha de Trump por Tulsi Gabbard.

Compartilhando Jackson Hinkle, claro.

Imagem
Fonte: https://x.com/rodrigodasilva/status/1856843884992557317

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Agnoscetico
Mensagens: 5379
Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Qui, 14 Novembro 2024 - 15:02 pm
Esse tema "extrema-direita do Ocidente" é muito amplo. Acho que a relação de Donald Trump (e trumpistas) com os russos merece um tópico à parte.
Eu acho esse tópico suficiente, mas podia pedir pra mudar nome desse tópico pra "Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin / Rússia", pois aqui já abriga esse tema (a China ia ficar de fora). Ou pedir pra que crie um tópico a parte sobre "Trump x China", movendo postagens específicas pra esse outro tópico a ser criado - só vai ficar complicado mover partes de postagens que tem sobre Rùssia e China num só bloco de postagem por usuário.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Gabarito
Site Admin
Mensagens: 2083
Registrado em: Seg, 02 Março 2020 - 06:49 am

Mensagem por Gabarito »

Agnoscetico escreveu:
Qui, 14 Novembro 2024 - 15:57 pm
Huxley escreveu:
Qui, 14 Novembro 2024 - 15:02 pm
Esse tema "extrema-direita do Ocidente" é muito amplo. Acho que a relação de Donald Trump (e trumpistas) com os russos merece um tópico à parte.
Eu acho esse tópico suficiente, mas podia pedir pra mudar nome desse tópico pra "Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin / Rússia", pois aqui já abriga esse tema (a China ia ficar de fora). Ou pedir pra que crie um tópico a parte sobre "Trump x China", movendo postagens específicas pra esse outro tópico a ser criado - só vai ficar complicado mover partes de postagens que tem sobre Rùssia e China num só bloco de postagem por usuário.

Sugestão aceita.
Esse tópico agora se chama "Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin e a Rússia"

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Agnoscetico
Mensagens: 5379
Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

Huxley escreveu:
Qua, 30 Outubro 2024 - 20:45 pm
Já foi autorizada a liquidação dos bens dele:
“Juiz decide que Alex Jones não pode usar falência para evitar pagamento de R$ 5,5 bilhões às famílias de Sandy Hook”:
https://www.cnnbrasil.com.br/internacio ... andy-hook/
Já foi noticiado que Info Wars foi comprado (além de estúdios, etc), mas parece que com apoio de dinheiro de famílias das vítimas. O certo seria as famílias não pagarem nada. Mas com Trump no poder e se tiver disposta a ajudar ele financeiramente (sempre tem sem noção pra tudo).
Famoso pelas mentiras, site de Alex Jones é comprado por comediantes com apoio de vítimas de massacre

Com dinheiro de famílias de vítimas do tiroteio em Sandy Hook, The Onion comprou o InfoWars

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Tutu
Mensagens: 2714
Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Agnoscetico escreveu:
Qui, 14 Novembro 2024 - 15:57 pm
Huxley escreveu:
Qui, 14 Novembro 2024 - 15:02 pm
Esse tema "extrema-direita do Ocidente" é muito amplo. Acho que a relação de Donald Trump (e trumpistas) com os russos merece um tópico à parte.
Eu acho esse tópico suficiente, mas podia pedir pra mudar nome desse tópico pra "Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin / Rússia", pois aqui já abriga esse tema (a China ia ficar de fora).
Este é o geral. O específico sobre Trump é: Os marionetistas do imperialismo russo-putinista e suas marionetes da direita trumpista

Só acho estranho colocar China junto com Rússia. Trump e os republicanos detestam a China e incentivam sinofobia.


(...)

Por que a União Europeia Decidiu Criar seu Próprio Exército?

youtu.be/IweW7pC7Gtk

A UE ficou dependente da proteção militar dos EUA. Hora de autonomia.

O padrão OTAN dificulta que países europeus fabriquem as próprias armas, tendo que usar a americana. A corrupta indústria bélica americana é uma escória
@ivansalesbarbosa2852
Enquanto esses países ficavam nessa dependência a Suécia desenvolvendo seus próprios caças e outras armas. Já os contribuintes americanos pagando impostos pra proteger outros países enquanto os países desses países protegidos usam o dinheiro que tá sobrando pra promover bem estar social que os EUA não têm 😂.
Que cenário mais bizarro

@DrOrigin85
A Polônia é o ponta central se preparando seu grande poderoso exército para um eventual conflito na guerra da ucraniano quanto militarmente preparada e economicamente.

@carmencristiane2040
O problema é arranjar HOMENS para lutarem, caso precise.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »

Agnoscetico escreveu:
Qui, 14 Novembro 2024 - 15:57 pm
Huxley escreveu:
Qui, 14 Novembro 2024 - 15:02 pm
Esse tema "extrema-direita do Ocidente" é muito amplo. Acho que a relação de Donald Trump (e trumpistas) com os russos merece um tópico à parte.
Eu acho esse tópico suficiente, mas podia pedir pra mudar nome desse tópico pra "Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin / Rússia", pois aqui já abriga esse tema (a China ia ficar de fora). Ou pedir pra que crie um tópico a parte sobre "Trump x China", movendo postagens específicas pra esse outro tópico a ser criado - só vai ficar complicado mover partes de postagens que tem sobre Rùssia e China num só bloco de postagem por usuário.
A sugestão executada teve um resultado ruim. Este tópico não é só sobre Trump. A direita americana talvez possa ser resumida a Trump, mas o mesmo não se pode ser dito à vertente europeia direitista análoga. O tópico inicia com um artigo de Rodrigo da Silva que explora os seus assemelhados na Alemanha, França, Itália, etc. mas ele acha que tais partidos europeus estão ainda mais próximos de Putin do que o Partido Republicano, sendo que alguns estão muito mais. Sem falar da proximidade de alguns desses partidos com Xi Jinping, o que não acontece com o Partido Republicano. Também teve gente que comentou sobre esses partidos europeus aqui neste tópico (o forista eremita), o que também mostra que este não é um tópico dedicado ao Trumpismo.

Sugestão minha. Unificar os dois tópicos que criei mantendo o título inicial do tópico mais antigo (“Extrema-direita do Ocidente: bando de “socialistas de direita” e aliados de Xi Jinping ou Putin). Ou “transplantar” o título editado deste tópico (Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin e a Rússia) para o tópico que criei mais recentemente (Os marionetistas do imperialismo russo-putinista e suas marionetes da direita trumpista), mantendo o título “Extrema-direita do Ocidente…” neste tópico mais antigo. Ou, ainda, voltar a tudo como era antes da edição.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Gabarito
Site Admin
Mensagens: 2083
Registrado em: Seg, 02 Março 2020 - 06:49 am

Mensagem por Gabarito »

Huxley escreveu:
Dom, 17 Novembro 2024 - 22:05 pm
Agnoscetico escreveu:
Qui, 14 Novembro 2024 - 15:57 pm
Huxley escreveu:
Qui, 14 Novembro 2024 - 15:02 pm
Esse tema "extrema-direita do Ocidente" é muito amplo. Acho que a relação de Donald Trump (e trumpistas) com os russos merece um tópico à parte.
Eu acho esse tópico suficiente, mas podia pedir pra mudar nome desse tópico pra "Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin / Rússia", pois aqui já abriga esse tema (a China ia ficar de fora). Ou pedir pra que crie um tópico a parte sobre "Trump x China", movendo postagens específicas pra esse outro tópico a ser criado - só vai ficar complicado mover partes de postagens que tem sobre Rùssia e China num só bloco de postagem por usuário.
A sugestão executada teve um resultado ruim. Este tópico não é só sobre Trump. A direita americana talvez possa ser resumida a Trump, mas o mesmo não se pode ser dito à vertente europeia direitista análoga. O tópico inicia com um artigo de Rodrigo da Silva que explora os seus assemelhados na Alemanha, França, Itália, etc. mas ele acha que tais partidos europeus estão ainda mais próximos de Putin do que o Partido Republicano, sendo que alguns estão muito mais. Sem falar da proximidade de alguns desses partidos com Xi Jinping, o que não acontece com o Partido Republicano. Também teve gente que comentou sobre esses partidos europeus aqui neste tópico (o forista eremita), o que também mostra que este não é um tópico dedicado ao Trumpismo.

Sugestão minha. Unificar os dois tópicos que criei mantendo o título inicial do tópico mais antigo (“Extrema-direita do Ocidente: bando de “socialistas de direita” e aliados de Xi Jinping ou Putin). Ou “transplantar” o título editado deste tópico (Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin e a Rússia) para o tópico que criei mais recentemente (Os marionetistas do imperialismo russo-putinista e suas marionetes da direita trumpista), mantendo o título “Extrema-direita do Ocidente…” neste tópico mais antigo. Ou, ainda, voltar a tudo como era antes da edição.
Será feita a fusão dos dois tópicos.
Se for o caso, depois, podemos separar algumas postagens estranhas ao assunto.

Re: Extrema-direita do Ocidente: bando de socialistas de direita e aliados de Xi Jinping ou Putin

Avatar do usuário
Gabarito
Site Admin
Mensagens: 2083
Registrado em: Seg, 02 Março 2020 - 06:49 am

Mensagem por Gabarito »

Gabarito escreveu:
Seg, 18 Novembro 2024 - 16:11 pm
Será feita a fusão dos dois tópicos.
Se for o caso, depois, podemos separar algumas postagens estranhas ao assunto.
Feito.

Re: Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin e a Rússia

fenrir
Mensagens: 837
Registrado em: Qui, 19 Março 2020 - 21:59 pm

Mensagem por fenrir »

A situacao na Europa esta ficando tensa...

https://www.theguardian.com/world/2024/ ... ssible-war
https://www.theguardian.com/commentisfr ... let-crisis
https://www.theguardian.com/world/2024/ ... ith-russia

Aposto um braço como tem a ver com a eleição do lambe-botas do Putin, o maior idiota util do aspirante a czar.

Re: Relação entre Trump (e trumpistas) com Putin e a Rússia

Huxley
Mensagens: 3929
Registrado em: Sáb, 07 Março 2020 - 20:48 pm

Mensagem por Huxley »


Como a Rússia está usando uma rede social chinesa para tentar um golpe na terra do Conde Drácula – e por que essa história revela o quanto a nossa geração está bem mais fodi#% do que imagina.

Esta aqui é a Romênia, a terra do Conde Drácula.

A Romênia é um país no sudeste da Europa, na região dos Bálcãs. Ela faz fronteira com cinco países:

Ucrânia 🇺🇦
Moldávia 🇲🇩
Bulgária 🇧🇬
Sérvia 🇷🇸
Hungria 🇭🇺

Além disso, possui uma costa de 245 quilômetros no Mar Negro.

Imagem

Os Bálcãs estão na encruzilhada do Oriente e o Ocidente, no centro de uma competição eterna entre grandes potências.

Por décadas, no seu período comunista, a Romênia foi aliada de Moscou. Mas desde a execução do ditador Ceaușescu, no Natal de 1989, este é um país pró-Ocidente.

Imagem

Ao lado da Romênia está a Moldávia.

A Moldávia é apontada por muita gente como o próximo território europeu a ser invadido pela Rússia.

E a razão tem nome: a Transnístria, um pedaço de terra oficialmente moldavo, sob domínio russo, na divisa com a Ucrânia.

Imagem

O problema é que a Romênia tem laços muitos fortes com a Moldávia (onde o romeno também é a língua oficial) e apoia a integração do país à União Europeia 🇪🇺.

Se conquistar a Moldávia é uma ambição do Kremlin, a influência da Romênia é um grande obstáculo.

Imagem

A presidente da Moldávia, Maia Sandu, é uma líder pró-Ocidente.

Antes de virar presidente, Maia estudou em Harvard e trabalhou no Banco Mundial. Ela fala russo, espanhol, inglês e romeno.

Em outubro, os moldavos foram às urnas votar não só pela sua reeleição, mas pela entrada do país na União Europeia. As duas pautas saíram vitoriosas, mas a interferência russa foi escandalosa.

Segundo a Justiça da Moldávia, até o início de outubro, mais de 130 mil eleitores do país (cerca de 10% do eleitorado da Moldávia) receberam pagamentos da Rússia para votar contra as duas pautas.
https://www.bbc.com/news/articles/c23kdjxxx1jo

No total, as autoridades moldavas alegam que a Rússia gastou cerca de US$ 100 milhões em 2024 para influenciar os processos eleitorais da Moldávia.
https://www.theguardian.com/world/2024/ ... maia-sandu

A Moldávia é um dos países mais pobres da Europa. O salário bruto médio no país é de € 641 euros por mês.

A polícia da Moldávia também revelou ter descoberto um programa onde pelo menos 300 moldavos foram levados à Rússia para passar por treinamentos para organizar tumultos e distúrbios civis.
https://www.reuters.com/world/europe/mo ... 024-10-17/

A interferência russa deu errado, mas por pouco. Maia até venceu o candidato pró-Rússia com uma margem acima dos 10%. Mas a adesão à União Europeia venceu no laço, por 50,39% x 49,61%.

A Moldávia espera aderir à União Europeia até 2030.

Imagem

Nesse final de semana, foi a vez da Romênia organizar o primeiro turno das suas eleições presidenciais.

Por fazer parte da OTAN e da União Europeia, a Romênia é um país ainda mais importante para a Rússia. E nessa altura da thread, você já deve imaginar o que aconteceu.

Imagem

Mas antes de contar essa história, vale a pena conhecer a Romênia 🇷🇴.

A Romênia está numa posição privilegiada para o Ocidente. No país está a Base Militar Deveselu, que hospeda o Sistema de Defesa de Mísseis Balísticos Aegis Ashore, da Marinha americana.

Embora o Ocidente insista que esse sistema tem um caráter defensivo contra as ameaças de fora da Europa (como o Irã), o Kremlin o acusa de ser projetado para neutralizar o poder militar russo na região.

https://www.bbc.com/news/world-europe-36272686

Hoje, a Romênia é um dos pilares do escudo europeu oriental da OTAN, ao lado de Polônia 🇵🇱, Estônia 🇪🇪, Letônia 🇱🇻 e Lituânia 🇱🇹.

Além da importância por conta de seus vizinhos, a Romênia é um país estratégico graças à sua posição no Mar Negro.

O Mar Negro é uma rota vital para o comércio e a projeção militar russa no Mediterrâneo, por meio do estreito de Bósforo, na Turquia.

A Rússia enxerga essa região como essencial para a sua segurança e a sua capacidade de influenciar os Bálcãs, o Cáucaso e o Oriente Médio.

Imagem

Como a Rússia consolida a sua presença no Mar Negro?

Através desse lugar aqui: a Crimeia, território ucraniano anexado por Moscou em 2014.

É na Crimeia que está a base naval de Sebastopol.

A Ucrânia tem uma imensa importância para conter o avanço russo na região.

Imagem

Próxima ao Mar Negro, a Romênia abriga a Base Aérea Mihail Kogălniceanu, usada pelas forças da OTAN.

Durante a guerra na Ucrânia, essa base serve como um centro logístico e operacional – um ponto de apoio para tropas e equipamentos – e se tornou a maior base da OTAN na Europa.

Imagem

Agora que você tem o retrato, não é difícil imaginar o que aconteceu nesse final de semana: a Rússia interferiu no primeiro turno da eleição presidencial da Romênia.

E até aqui, o plano vem funcionando (e os romenos estão na rua protestando).

https://www.theguardian.com/world/video ... ound-video

No primeiro turno, o candidato pró-Rússia, Calin Georgescu, ficou em primeiro lugar na disputa (com 22,94%). Ele disputará o segundo turno contra a candidata Elena Lasconi, de um partido liberal pró-OTAN. Elena fez 19,18%.
https://www.theguardian.com/world/2024/ ... -candidate

Hoje, o tribunal mais importante da Romênia ordenou a recontagem dos votos.

Por quê? A ascensão de Georgescu não faz sentido. Ele chegou a aparecer com 1% em algumas pesquisas de opinião. A última pesquisa da AtlasIntel colocou ele em 5º lugar.
https://veja.abril.com.br/mundo/tribuna ... sidenciais

Georgescu não é filado a qualquer partido e concentrou sua campanha no TikTok, da chinesa ByteDance.

Hoje, o Conselho Supremo de Defesa da Romênia acusou o TikTok de promover a candidatura de Georgescu.

O estado está pedindo a suspensão do aplicativo.
https://www.theguardian.com/world/2024/ ... -georgescu

Muita gente ainda não se deu conta disso, mas as redes sociais – como o X e o TikTok – se transformaram em ativos políticos e geopolíticos extremamente poderosos.

A estratégia de Georgescu de bagunçar a eleição romena com o TikTok vem funcionando.

https://www.france24.com/en/live-news/2 ... in-romania

A Romênia também diz ter sofrido “ataques cibernéticos com o objetivo de influenciar a correção do processo eleitoral” na votação de domingo, assim como “um interesse crescente” por parte da Rússia em “influenciar a agenda pública na sociedade romena”.

https://www.dw.com/pt-br/governo-romeno ... a-70913236

O segundo turno acontecerá no dia 8 de dezembro.

Se Georgescu vencer, colocará a Romênia ao lado de Hungria 🇭🇺 e Eslováquia 🇸🇰 como uma força russa na região, e será mais um líder pró-Putin na União Europeia e na OTAN (ao lado do húngaro Viktor Orbán).

https://english.elpais.com/internationa ... itics.html

A nossa geração enfrenta a maior guerra informacional da história. E a Romênia é a mais recente vítima dela.

No dia 8, todas as atenções estarão voltadas para esse lugar.

Mas não se engane: todos nós já estamos nessa guerra. E o mais vulnerável é quem ainda não percebeu isso.
(Rodrigo da Silva)

Fonte: https://x.com/rodrigodasilva/status/1862301974403682622
Responder