Será que não existe limite para o grau de delinquência intelectual que o MBL pode atingir?
Numa recente live do MBL, botaram um comentarista burro igual a um pedra para comentar o conflito israelense-palestino:
https://www.youtube.com/watch?v=jDxvNClcIMo .Ele falou:
"E a gente nunca pode falar da diferenciação entre povo palestino e Hamas".
Esse idiota ignora que a maior parte do povo palestino não vive na Faixa de Gaza - o território do governo eleito do Hamas em 2007 -, mas sim na Cisjordândia, que é governado pelo Fatah. Ademais, como falou o cientista político Heni Ozi Cukier:
(...) O cerne de toda a questão aqui é que os objetivos do Hamas não são os mesmos da população de Gaza e muito menos dos palestinos como um todo. Para vocês terem uma ideia, 54% dos palestinos em Gaza dizem ter medo de criticar o Hamas. Uma outra pesquisa em 2022 diz que 53% dos palestinos de Gaza concordam que o Hamas deveria parar de a destruição de Israel. Uma terceira pesquisa em 2022 diz que 71% dos palestinos em Gaza acreditam que o Hamas e suas instituições são muito corruptas. Além disso, tem vários outros relatórios de organizações internacionais que investigam abusos de direitos humanos como o Human Rights Watch que diz que o Hamas abusa de sua população. E a gente não tem como medir o apoio da população na realidade, na prática, porque é uma ditadura. Não tem mais eleição. As pessoas não têm mais voz. Elas não têm como lutar contra o Hamas. (...)
Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=qJvgXqKYeKg
Só complementando o professor HOC. O Hamas foi eleito em 2007 com 44% de votos, logo isso não representa a maioria sequer dos eleitores naquela época. Ademais, tem dois pontos ainda mais importantes do que isso a considerar. Em primeiro lugar, a população de Gaza tem uma média de idade de 18 anos e quase metade dos moradores, 47%, são jovens de até 17 anos:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/czv9w2xkxk0o. Logo, a maioria da população não tinha nascido ou não tinha idade de eleitor na época que parte de seus moradores de Gaza elegeram o Hamas. Por fim, e isso é ainda mais importante, grande parte das pessoas que participam de pesquisa de opinião política recente em Gaza provavelmente terão medo de que o entrevistador vaze sua opinião ou que o mesmo seja um espião fazendo monitoramento de dissidência política. É por essa mesma razão que dizem que pesquisa de aprovação majoritária de ditador comunista feito em país comunista não tem qualquer significância ou fidedignidade.
Não contente com o absurdo, ficamos sabendo também que o comentarista rejeita a solução dos Dois Estados (judeu e palestino) somando isso ao apoio a "Lei do Etnoestado" de 2018, que é um apartheid étnico, como o tuiteiro Rodrigo da Silva já explicou:
A decisão de estabelecer Israel como um Estado exclusivamente judeu, feita em 2018, também gera discórdia. Muitos árabes argumentam que a Lei do Estado-Nação, por natureza, coloca os não-judeus como cidadãos de segunda classe no país. Entre outras coisas, a lei removeu o árabe como uma língua oficial de Israel.
Israel também reivindica toda Jerusalém como sua capital e inclui todos os residentes da cidade nos seus censos, embora esta reivindicação territorial não seja reconhecida pelas Nações Unidas e seja contestada pelos palestinos, que vêem Jerusalém Oriental como a futura capital de um Estado palestino independente.
Muitos árabes que vivem em Jerusalém Oriental identificam-se como palestinos e, na prática, não são cidadãos de nenhum país.
Em 1967, com o fim da Guerra dos Seis Dias, a maioria dos árabes recusou a oferta de cidadania de Israel e, no lugar disso, recebeu o status de residente permanente. Hoje, 362 mil palestinos em Jerusalém Oriental detêm essa posição.
Mas com esse status, esses árabes não podem obter passaportes israelenses (muitos têm passaportes da Jordânia), nem votar em eleições nacionais.
Além disso, o estado de Israel pode revogar a residência de árabes que vivem em Jerusalém Oriental.
Desde 1967, mais de 14 mil palestinos de Jerusalém Oriental tiveram a sua residência revogada.
Fonte:
https://twitter.com/rodrigodasilva/stat ... 0505223192
Ultimamente, o sofomaníaco Renan Santos, coordenador do MBL, também deu sua opinião sobre a solução do conflito. Ele parece acreditar que a solução para o conflito pode ser resumido a dizimar o Hamas:
https://www.youtube.com/watch?v=BcGA7dqhtS8
Porém, mesmo se o Hamas for dizimado, a ideia Hamas não seria dizimada. O regime político do Irã e o Hezbollah poderiam reconstruir o Hamas do zero depois de algum tempo. Isso se os dois não forem atores que causem uma escalada no conflito enquanto Israel estiver tentando dizimar o Hamas. Enfim, Relinchan Santos, no vídeo acima, nada sugere além do "método George W. Bush" de combate ao terrorismo, cujos resultados já foram vistos nos fiascos das invasões americanas do Iraque e do Afeganistão.