História da economia

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História da economia

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f0rest
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Introdução à economia, por Prof. MSC. Lucio Sanches

1.1.1 Antiguidade e suas contribuições ao pensamento econômico

Mesmo nas sociedades primitivas, os homens precisavam organizar-se em sociedade, para defender-se dos inimigos, abrigar-se e produzir comida para sobreviver. A divisão do trabalho, daí decorrente, permitiu o desenvolvimento da espécie humana em comunidades cada vez maiores e mais bem estruturadas. Na maior parte dos casos, a produção era basicamente para sobrevivência.
Alguns homens mais habilidosos passaram a produzir um pouco mais, o que permitiu o início das trocas. Aos poucos, o trabalho de alguns homens passou a ser suficiente para atender às necessidades de um conjunto cada vez maior de pessoas.
Na Grécia Antiga, como em Roma, a maior parte da população era composta por escravos, que realizavam todo o trabalho em troca do estritamente necessário para sobreviver. Os senhores de escravos apropriavam-se de todo o produto excedente. A economia era quase exclusivamente agrícola; o meio urbano não passava de uma fortificação com algumas casas, onde residiam os nobres, ou chefes militares.
Gastaldi (1999) assinala que, na história da civilização de Roma, se encontram muitos dos elementos que caracterizam o moderno capitalismo. Os romanos foram os principais estadistas, juristas e construtores de impérios. Um dos traços da civilização romana foi a expansão agrícola, que favoreceu a sua economia e, notadamente, a sua agricultura, e que foi um dos determinantes da expansão do poderio político do Império. De uma outra forma, o declínio de sua agricultura foi a principal causa de sua perda. Agressiva foi a política de expansão comercial de Roma, que proporcionou grandes lucros, ao mesmo tempo em que despertou a rivalidade com o poder comercial de outros povos. Isto posto, os acordos comerciais foram substituídos pelos conflitos armados.
Com o Império Romano:

• Consolidava-se a expansão comercial;
• Consolidava as funções do dinheiro;
• Criavam-se os impostos mais elevados;
• Aumentavam as despesas do governo.

Foi também no Império romano que nasceu a agiotagem, e a riqueza passou a se concentrar nas mãos de uma minoria. As economias dos países subdesenvolvidos, tal como o Brasil, apresentam semelhanças com o Império Romano. De um lado, há pessoas abastadas e profundamente ricas, de outro, há pessoas pobres.
As situações de decadência do império conduziu o povo a uma elevada crise de escassez, quando aumentaram, e muito, as necessidades urbanas em alimentos. Podemos apontar as causas econômicas de declínio do império Romano:

• Grande concentração das riquezas por grupos minoritários;
• Grandes propriedades rurais improdutivas;
• Servidão dos pequenos e médios agricultores;
• Separação sempre maior entre ricos e pobres; e
• Crescente escassez de alimentos.

Deste modo, podemos concluir que, as causas econômicas conjugadas com as políticas, determinaram a queda do Império Romano.

1.1.2 A Economia na Idade Média

A Idade média ou Idade Medieval, surgiu com o declínio da Império Romano por volta de 476 D.C. Esse período, um dos mais longos da história, durou dos anos 500 a 1500. Com a Idade Média, abriu-se uma nova era para a humanidade o chamado feudalismo.
Na base do sistema feudalista, estava o servo, que trabalhava nas terras de um senhor, o qual devia lealdade a um senhor mais poderoso, este a outro, até chegar ao Rei. Os senhores davam a terra a seus vassalos, para serem cultivados, em troca de pagamento em dinheiro, alimentos, trabalho e lealdade militar. Em troca dessa lealdade, o senhor concedia proteção militar a seu vassalo.
O servo não era livre, pois estava ligado à terra e a seu senhor, mas não constituía sua propriedade, como o escravo. As trocas desenvolveram-se no nível regional, entre as cidades e suas áreas agrícolas. A cidade, com seus muros, constituía-se no local de proteção dos servos, em caso de ataque inimigo. Aos poucos, porém, passou a ser o local onde se realizavam as trocas. Desenvolveram-se as corporações de ofício e a divisão do trabalho. Com as Cruzadas, a partir de 1.096, expandiu-se o comércio mediterrâneo, impulsionando cidades como Gênova, Pisa, Florença, Veneza, etc.
A Teologia Católica exerceu um poder muito grande sobre o pensamento econômico da Idade Média. A propriedade privada era permitida, desde que usada com moderação. Havia uma idéia de moderação na conduta humana, o que levava às concepções de justiça nas trocas e, portanto, de justo preço e justo salário.
O empréstimo a juros era condenado
pela Igreja, pois contraria a idéia de justiça nas trocas: o dinheiro reembolsado seria maior do que o emprestado.
Diferente do pensamento capitalista, o pensamento cristão condenava a acumulação de capital (riqueza) e a exploração do homem pelo homem. A opção da Igreja, então, foi pelo retorno
a atividade rural, ao contrário de Roma. Na verdade, a igreja, através de suas conventos e mosteiros, tornou-se grande proprietária de grandes terras.
A terra transformou-se na riqueza por excelência. Nascia, assim, o regime feudal, caracterizado, como dito anteriormente na apostila por propriedades nas quais os senhores e os trabalhadores viviam indiretamente do produto da terra ou do solo. Eram médias ou grandes propriedades rurais, auto-suficientes econômica e politicamente, obedientes a autoridade do senhor ou proprietário, e nas quais os servos exerciam suas atividades agrícolas ou artesanais.
O rei, embora dirigisse o Estado, não possuía influência ou poder de decisão nos feudos, onde a autoridades máxima era a do senhor da gleba (os exploradores) e onde labutavam os servos ( os exploradores).

1.1.3 Mercantilismo

O mundo novo surge (inclusive o Brasil nas Américas ), com o crescimento e o desenvolvimento das cidades, a nova política e as profundas mudanças do tempo medieval, grandes transformações começam a ocorrer, tanto em matéria comercial e de produção.
O pensamento religioso se enfraquecia, operava-se uma forte centralização política , ocorrendo a criação das nações modernas e das monarquias absolutas.
O Renascimento cultural e científico e o Mercantilismo abriram os horizontes da Europa, a partir de 1.450. A Reforma Protestante de Martin Lutero (1.483-1.546) e João Calvino (1.509-1.564), exaltando o individualismo, a atividade econômica e o êxito material, deu grande impulso à economia.
Enriquecer não constituía mais um pecado. A
cobrança de juros e a obtenção de lucro passaram a ser permitidas.
Ao mesmo tempo, ocorreu uma transformação política na Europa, com o enfraquecimento dos feudos e a centralização da política nacional. Aos poucos, foi-se formando uma economia nacional relativamente integrada, com o Estado central dirigindo as forças materiais e humanas.
No âmbito internacional, as descobertas marítimas e o grande afluxo de metais preciosos para a Europa, deslocaram o eixo econômico do Mediterrâneo para novos centros como Londres, Amsterdã, Lisboa, Madri, etc. Até então, a idéia mercantilista dominante era a de que a riqueza de um país media-se pelo afluxo de metais preciosos (metalismo).
Com a idéia de garantir um afluxo positivo de ouro e prata para seu país, os mercantilistas sugeriam que se aumentassem as exportações e que se controlassem as importações. Na França, surgiu a proteção à indústria, com o fim de assegurar exportações mais regulares e com maior valor.
Com o objetivo de maximizar o saldo comercial e o afluxo de metais preciosos, as Metrópoles estabeleceram um "pacto colonial" com suas colônias. Por meio desse "pacto", todas as importações da colônia passaram a ser provenientes de sua Metrópole, assim como todas as suas exportações seriam destinadas a ela exclusivamente. A Metrópole monopolizava também o transporte dessas mercadorias.
O Mercantilismo contribuiu decisivamente para estender as relações comerciais do âmbito regional para o âmbito internacional. Ele constituiu uma fase de transição entre o feudalismo e o capitalismo moderno. No Mercantilismo, a ética paternalista cristã (católica) ao condenar a aquisição de bens materiais, entrava em conflito com os interesses dos mercadores-capitalistas. Aos poucos, o Estado Nacional passou a ocupar o lugar da Igreja na função de supervisionar o bem-estar da coletividade. Gradativamente, os governos foram sendo influenciados pelo pensamento mercantilista. (começaram a surgir leis que beneficiavam os interesses
dos mercantilistas e do capitalismo nascente: lei do cercamento das terras, leis que incentivavam a indústria, leis que criavam barreiras às importações, etc.)
O Mercantilismo provocou grandes distorções, como abandono da agricultura em benefício da indústria, excessiva regulamentação e intervencionismo exagerado do Estado na atividade econômica. Aos poucos, foram surgindo novas teorias sobre o comportamento humano, de cunho liberal e individualista, mais de acordo com as necessidades da expansão capitalista.
Em resumo o mercantilismo foi:
• um regime de nacionalismo econômico. A acumulação de riqueza se consistia na principal finalidade do Estado.
• Para os mercantilistas o Estado deveria encontrar os meios necessários para que o país adquirisse a maior quantidade possível de ouro e prata.
• Os disciplinas procuravam disciplinar as atividades industriais e comerciais de tal forma que as exportações fossem sempre favorecidas em detrimento das importações

1.1.4 Os Fisiocratas e a doutrina do "laissez-faire"

A Fisiocracia constitui a primeira escola econômica de caráter científico, liderada pelo médico francês François Quesnay (1.694-1774), autor da obra O Quadro Econômico: análise das variações do rendimento de uma nação.
Podemos conceituar a fisiocracia como um grande grupo de economistas franceses do século XVIII que combateu as ideias mercantilistas e formulou, pela primeira vez uma Teoria do Liberalismo Econômico.
Dentre suas característica, descatam-se:

• Comércio como atividade dominante.
• Comércio interno.
• O Estado era monopólio ( toda atividade era comandada e controlada pelo Estado)

Segundo a doutrina fisiocrática, a sociedade é formada pela classe produtiva (agricultores), pela classe dos proprietários de terras e pela classe estéril (todos os que se ocupam do comércio, da indústria e dos serviços).
A agricultura era considerada produtiva por ser, para os fisiocratas, a única que gera valor. Desse modo, os preços agrícolas deviam ser os mais elevados possível, a fim de gerar lucros e recursos para novos investimentos agrícolas. Os consumidores seriam compensados pela cobrança de um imposto único sobre a renda dos proprietários de terras e por medidas que reduzissem os preços industriais.
A idéia de classe estéril resultou da reação fisiocrática contra a doutrina mercantilista. A moeda passou a ter apenas função de troca e não reserva de valor, pois este encontra-se na agricultura. A indústria e o comércio constituem desdobramentos da agricultura, pois apenas transformam e transportam valores. A terra produz valor por sua fertilidade, seguindo uma ordem natural e providencial. Desse modo a agricultura precisa ser incentivada para aumentar o produto social.
Com uma lei natural regulando a ordem econômica, os homens precisam, então, agir livremente, e qualquer intervenção do Estado inibiria essa ordem, ao criar obstáculos à circulação de pessoas e de bens. Assim, eles propunham a redução da regulamentação oficial, para aumentar a produtividade da economia, e a eliminação de barreiras ao comércio interno e a promoção das exportações. Proibição às exportações de cereais, ao expandir a oferta interna, reduziriam os preços, afetando os lucros agrícolas.
Por outro lado, para manter baixos os preços das manufaturas e beneficiar os consumidores, propunham o combate aos oligopólios e o fim das
restrições às importações. O pensamento fisiocrático era, portanto, liberal, traduzindo-se em sua doutrina do laissez-faire, laissez-passer ... (deixai fazer, deixai passar).
Em resumo o pensamento fisiocrata foi:

• Representação de uma reação ao mercantilismo. Os fisiocratas não acreditavam que uma nação poderia se desenvolver mediante, apenas, do acúmulo de metais preciosos e estímulos direto ao comércio.
• O objeto de investigação dos fisiocratas é o sistema econômico como um todo, sendo este conjunto regido por uma ordem natural.
• Consideravam apenas o trabalho agrícola produtivo.
• O Estado não deve intervir na ordem natural que rege o sistema econômico.

1.1.5 Escola Clássica

O liberalismo e o individualismo dos clássicos estavam associados ao bem comum: os homens, ao maximizarem a satisfação pessoal, com o mínimo de dispêndio ou esforço, estariam contribuindo para a obtenção do máximo bem-estar social. Tal harmonização seria feita, segundo Adam Smith, por uma espécie de mão invisível.
O pensamento clássico fundamenta-se, no individualismo, na liberdade e no comportamento racional dos agentes econômicos, com a mínima presença do Estado, que teria como funções precípuas a defesa, a justiça e a manutenção de certas obras públicas.
A Escola clássica foi uma escola que caracterizou a produção, deixando a procura e o consumo para o segundo plano. Para Smith, considerado o maior dos clássicos e o pai da Ciência Econômica, o objeto da economia é estender bens e riquezas a uma nação . Nesse sentido, entende que a riqueza somente pode ser
conseguida mediante a posse do valor de troca. Valor de troca, para Smith (1981), é a capacidade de obter riqueza, ou seja, á a faculdade que a aposse de determinado objeto oferece de comprar com eles outras mercadorias.
Em resumo a Escola Clássica defendia:

• A mais ampla liberdade individual
• O direito inalienável à propriedade
• A livre iniciativa e a livre concorrência
• A não intervenção do Estado na economia

Segue a baixo os principais pensadores da Escola Clássica:

a)Adam Smith (1.723-1.790)

Com a publicação da Riqueza das Nações, em 1.776, tendo como experiência a Revolução Industrial Inglesa (1.760-1.830), Adam Smith estabeleceu as bases científicas da Economia Moderna. Ao contrário dos mercantilistas e fisiocratas, que consideravam os metais preciosos e a terra, respectivamente, como os geradores de riqueza nacional, para ele o elemento essencial da riqueza é o trabalho produtivo. Assim o valor pode ser gerado fora da agricultura.
Adam Smith ensinou que a Economia Política tem como objetivo gerar riqueza para o indivíduo e o Estado, para o provimento de suas necessidades básicas. A riqueza aumenta pelo trabalho produtivo, fecundado pelo capital. "O trabalho anual de cada nação constitui o fundo que originalmente lhe fornece todos os bens necessários e os confortos materiais de que consome anualmente. O mencionado fundo consiste sempre na produção imediata do referido trabalho ou naquilo que com essa produção é comprado de outras nações." O valor vem do trabalho, desse modo
ele pode ser gerado fora da agricultura, desde que o preço de mercado supere o preço natural (ou custo de produção).
A geração de riqueza de uma nação depende, portanto, da proporção entre o trabalho produtivo (que gera um excedente de valor sobre o seu custo de reprodução) e o trabalho improdutivo (como o dos criados). O emprego de trabalho produtivo depende da divisão do trabalho, e esta da extensão dos mercados. A ampliação das trocas comerciais entre os países proporciona maior divisão do trabalho e especialização dos trabalhadores, aumentando a produtividade e o produto global.
À medida que a economia consegue expandir seus mercados, ela obtém rendimentos crescentes à escala, podendo distribuir sem conflitos um produto social maior entre capitalistas, trabalhadores e Governo, na forma de lucros, salários e impostos.

b) David Ricardo (1.772-1.823)

David Ricardo em sua obra Princípios de Economia Política e Tributação (1.817), afirma que o maior problema da Economia Política está na distribuição do produto entre as classes sociais (proprietários da terra, capitalistas- arrendatários e trabalhadores). Isso ocorre porque a proporção do produto total destinado a cada classe varia no tempo, uma vez que depende da fertilidade do solo, da
acumulação do capital, do crescimento demográfico e da tecnologia. Assim, determinar as leis que regulam essa distribuição é a principal questão da Economia.
Ricardo transferiu o centro do problema da análise econômica da produção para a distribuição, sendo uma de suas grandes contribuição a teoria do valor. Ele se interessou pelos preços relativos mais que pelos absolutos; queria descobrir a base da relação de troca entre as mercadorias. As mercadorias obtém
seu valor de duas fontes: de sua escassez e da quantidade de trabalho necessário para obtê-las.
A teoria da renda da terra ocupa um lugar de destaque em sua análise. As diferenças na qualidade da terra determinariam que, enquanto os proprietários das terras férteis obteriam rendas cada vez mais altas, a produção nas terras de qualidade pior geraria só o suficiente para cobrir os custos e não produziria renda. Desse modo, pode-se argumentar que a renda e os lucros poderiam ser isolados, considerando o caso da terra sem renda, na qual o rendimento consistiria inteiramente nas entradas derivadas de capital.
De um ponto de vista dinâmico, Ricardo pensava que o crescimento da população acompanhava a expansão econômica, e esta expansão traria consigo um aumento das necessidades de alimentos, que poderiam ser satisfeitas só a custos mais altos. Para manter os salários reais no seu nível anterior, seriam necessários salários monetários mais altos, o que faria a participação dos lucros no produto diminuir.
Desta forma, Ricardo mostrou que o processo de expansão econômica poderia minar suas próprias bases, isto é, a acumulação de capital a partir dos lucros, de modo que, ao se reduzir a taxa de lucro, emergiria o estado estacionário, no qual não haveria acumulação líquida nem crescimento.
A função de produção ricardiana apresenta rendimentos decrescentes e a economia marcha para um estado de estagnação a longo prazo. O grande problema para os economistas clássicos era a sociedade atingir esse estado estacionário, de crescimento zero, sem que a população tenha atingido o máximo bem-estar.
Ricardo foi também o primeiro que desenvolveu a teoria dos custos comparativos, defendendo que cada país deveria especializar-se naqueles produtos que têm um custo comparativo mais baixo, e importar aqueles cujo custo comparativo
fosse mais alto. Essa é a base da política de livre comércio de David Ricardo para os bens manufaturados.
Segundo essa política, cada país deve dedicar seu capital e trabalho àquelas produções que se mostram mais lucrativas. Dessa forma, o trabalho distribui- se com maior eficiência e, ao mesmo tempo, aumenta a quantidade total de bens, o que contribui para o bem-estar geral. A teoria dos custos comparativos harmoniza os interesses dos diferentes países nos assuntos internacionais.

c) O Pensamento Socialista (Karl Marx: 1.818-1.883)

Centrando-se na teoria do valor-trabalho e no conceito de mais-valia, Karl Marx e Friedrich Engels estabeleceram as bases da doutrina socialista da superação do capitalismo por suas próprias contradições internas. A economia capitalista apresenta crises periódicas de superprodução, com elevadas taxas de desemprego. A Economia Política passou a ter maior amplitude, ao ser vista,
não apenas por meio de relações meramente tecnológicas, mas também como o estudo das relações sociais de produção, no sentido de luta de classes entre capitalistas e trabalhadores.
A base da teoria de Marx constituía-se na análise da história, fundamentada no materialismo dialético. A concepção materialista da história baseia- se no princípio de que a produção e o intercâmbio de produtos constituem a base de toda ordem social. Essa afirmação é válida uma vez que, em toda sociedade citada pela história, a divisão em classes está determinada por aquilo que se produz, como se produz e pela forma que se troca a produção.
Segundo essa concepção, as causas de todas as mudanças sociais e de todas as revoluções políticas são buscadas não na mente dos homens e sim nas
mudanças experimentadas pelos métodos de produção e de troca. A força básica na história é, para Marx, a estrutura econômica da sociedade. Isso não exclui o impacto das idéias, pois estas são um reflexo das sociedades, que as alimentam.
O objetivo da obra de Marx era descobrir as "leis do movimento" da sociedade capitalista. Marx construiu seu "modelo econômico" para demonstrar que o capitalismo explorava necessariamente a classe trabalhadora e como essa exploração conduziria, inevitavelmente, à sua destruição. Nesse sentido, a teoria do valor- trabalho tem um papel importante.
Segundo Marx, o benefício é obtido pelo capitalista ao adquirir uma mercadoria, que pode criar um valor maior que o de sua própria força de trabalho. Marx distingue os conceitos de força de trabalho e tempo de trabalho. A força de trabalho refere-se à capacidade do homem para o trabalho; o tempo de trabalho é o processo real e a duração do trabalho.
O relevante é que, segundo Marx, o capitalista paga ao trabalhador uma quantidade igual ao de sua força de trabalho, porém esse pagamento eqüivale somente a uma parte da produção do trabalhador e, portanto, somente parte do valor que este produz.
A chave da exploração, nesse sistema, reside na diferença entre o salário que recebe um trabalhador e o valor do bem que produz. Essa diferença é o que Marx chama de mais-valia.
Em resumo os fundamentos marxistas eram:

◦ Crítica científica ao modo de produção capitalista
◦ Mais valia
◦ O modo de produção capitalista está fundado na exploração do trabalho assalariado
◦ Teoria do Valor Trabalho formulada de forma mais consistente.

1.1.6 O Pensamento Neoclássico (ou Marginalista)

• William Stanley Jevons (1835-1882) - inglês
• Carl Menger (1840-1921)- austríaco
• Léon Walras (1834-1910)- francês
• Vilfredo Pareto (1848-1923)- italiano
• Alfred Marshall (1842-1924)- inglês

Com a consolidação da análise neoclássica, a partir de 1870, a expressão Economia Política passou a ser usada preferencialmente no contexto da análise marxista. Com o termo Economia, tem-se uma visão mais restrita do sistema econômico. As relações sociais desaparecem e a Economia é vista por seu lado técnico, histórico e abstrato. Os fenômenos econômicos são encarados como um processo mecânico, matematicamente demonstrável e determinado. Assim, supõe-se que a economia é formada por um grande número de pequenos produtores e consumidores, incapazes de influenciar isoladamente os preços e as quantidades no mercado.
Os consumidores, de posse de determinada renda, adquirem bens e serviços de acordo com seus gostos, a fim de maximizarem sua utilidade total, derivada do consumo ou posse das mercadorias. Essa é uma concepção hedonista, segundo a qual o homem procura o máximo prazer, com um mínimo de esforço.
Assim, enquanto na Escola Clássica e em Marx o valor é determinado pela quantidade de trabalho incorporado na mercadoria, na Escola Marginalista, o valor depende da utilidade marginal. Desse modo, quanto mais raro e útil for um produto, tanto mais ele será demandado e valorizado e tanto maior será o seu preço.
Dados os preços de mercado, os produtores adquirem os fatores de produção necessários a fim de combiná-los racionalmente e produzir as quantidades que maximizarão seus lucros. Os fatores têm preços determinados por sua escassez e
utilidade no processo produtivo. Não há mais conflito entre as classes sociais na distribuição do produto, mas harmonia entre os agentes.
No pensamento marginalista, cada proprietário dos recursos produtivos é remunerado por sua produtividade marginal, não havendo motivo, portanto, para qualquer conflito social. A concorrência entre os agentes econômicos regula a oferta e a demanda de bens e fatores. Supõe-se que exista perfeita flexibilidade de preços e salários, de sorte que se estabelece automaticamente o equilíbrio dos mercados, levando em conta cada indivíduo e a economia em seu conjunto ao máximo bem-estar social.
A essência do pensamento marginalista pode ser sintetizada nos seguintes pontos:

1. raciocínio na margem: a decisão de produzir ou consumir vai depender do custo ou benefício proporcionado pela última unidade;
2. abordagem microeconômica: o indivíduo e a firma estão no centro da análise, havendo no mercado um único bem homogêneo e um preço de equilíbrio;
3. método abstrato-dedutivo: abstração teórica, argumentação lógica e conclusão;
4. concorrência pura nos mercados: sendo o monopólio uma exceção; muitos vendedores e compradores concorrem no mercado por bens e serviços; as firmas são pequenas e não conseguem influenciar o preço de mercado;
5. ênfase na demanda: a demanda é o elemento crucial para determinar os preços, ao contrário dos clássicos que enfocavam a oferta, ou custo de produção;
6. teoria da utilidade: a utilidade que as pessoas têm no consumo dos bens, determinada por seus gostos, influencia as quantidades demandadas de cada bem e, então, seus preços. Há uma ênfase em aspectos psicológicos, com a consideração da abordagem hedonista de prazer (satisfação) e sofrimento (custos);
7. teoria do equilíbrio: as variáveis econômicas interagem e o sistema manifesta uma tendência ao equilíbrio pelas livres forças de mercado;
8. direitos de propriedade: cada proprietário recebe pela posse de um fator de produção;
9. racionalidade: as firmas e consumidores maximizam lucro ou satisfação e não agem por impulso, capricho ou por objetivos humanitários;
10. laissez-faire: ou liberdade de mercado; toda e qualquer interferência nos automatismos do mercado gera custos e reduz o bem-estar social.

Em meados dos século XX, a Economia passou a abarcar dois grandes enfoques: (a) a Microeconomia, que trata da firma e da indústria em particular, do preço e do mercado de um bem ou serviço, bem como do indivíduo, como consumidor que detém poder de compra; e (b) a Macroeconomia, que se ocupa dos agregados, como a inflação, a taxa de câmbio, a renda nacional, a poupança, o investimento, a função consumo, o balanço de pagamentos, etc.

1.1.7 O Pensamento Keynesiano

Em sua obra, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, (1936), John Maynard Keynes (1883-1946) refutou a idéia de equilíbrio com pleno emprego de fatores, pela rigidez de salários e preços.
Segundo ele, há desemprego involuntário e em função disso, a economia opera com capacidade ociosa. Para elevar os níveis de emprego e de renda, maximizando- se o bem-estar social, torna-se necessário estimular a propensão a investir dos empresários. O Estado atua nesse sentido, realizando políticas monetárias e fiscais. Desse modo, ele realiza gastos e influencia as expectativas
empresariais e o próprio nível de investimentos. Através dos efeitos de multiplicação e de aceleração, expande-se o nível de renda e de emprego.
Keynes explicou que o valor dos bens e serviços produzidos pelas empresas tem uma contrapartida de renda, que são os salários, juros, aluguéis, impostos e lucros; que essas rendas, encaradas como custos pelas empresas, na verdade vão ser gastas em novos bens e serviços. O mesmo raciocínio vale para a economia em seu conjunto. Se a população não pode gastar, por não ter um emprego, a economia estará impossibilitada de produzir.
Esse é o fluxo circular de produto e renda, cujo funcionamento não é automático e possui vazamentos: parte do dinheiro não é gasto e permanece entesourado (em casa ou nos bancos). Desse modo, a demanda efetiva tende a ficar aquém das possibilidades de produção da economia. (Keynes identificou outros vazamentos que são as importações e o pagamento de impostos).
Para que esses vazamentos sejam compensados, em caso de recessão (demanda efetiva < total de produção), é preciso que:

a) os bancos elevem seus empréstimos para consumo e investimento;
b) as exportações sejam estimuladas;
c) o Governo aumente seus gastos.

Maior fluxo de renda estimulará a demanda agregada, retomando o caminho da prosperidade.
No entanto, é necessário que os gastos com investimento (I) sejam iguais às poupanças (S) realizadas em cada período. Como as rendas aumentam com a prosperidade geral da economia e o consumo não cresce na mesma proporção, haverá uma tendência de (S) expandir-se de um modo mais acelerado. Assim, o (I) precisa crescer cada vez mais.
Sendo S > I, o Governo precisa aumentar seus gastos para compensar o excesso de poupança. Keynes preferia que os gastos do Governo fossem investimentos em áreas sociais, como escolas, estradas e hospitais, que acabariam beneficiando também o setor produtivo.
Os princípios fundamentais da economia keynesiana podem ser resumidos nos seguintes pontos;

1) Inter-relação entre a renda nacional e os níveis de emprego. Os determinantes diretos da renda e do emprego são os gastos com consumo e investimento. O gasto público constitui uma adição ao gasto total. A situação de pleno emprego é só um caso especial; o caso geral e característico é o de equilíbrio com desemprego. Quando o gasto em consumo e investimento é insuficiente para manter o pleno emprego, o Estado deve estar disposto a aumentar o fluxo de renda por meio de gastos financeiros por déficit orçamentário.

2) Determinantes da renda e do emprego, ou os determinantes do gasto em consumo e investimento. Keynes supunha que o consumo está
determinado pelo volume de renda; isto é, para cada nível de renda, o gasto em consumo é uma proporção dada da renda, e esta proporção cai quando a renda aumenta. O nível de consumo varia com a renda, enquanto a renda varia, por sua vez, porque os investimentos ou o gasto público variam e isto ocorre de uma forma multiplicativa.

3) Keynes dizia que o gasto com investimento era determinado pela taxa de juros e pela eficácia marginal do capital (ou taxa de retorno esperada sobre o custo de novos investimentos). A eficácia marginal do capital depende da expectativa diante dos lucros futuros e do preço de oferta dos ativos de capital. A taxa de juros era definida como uma recompensa pelo sacrifício da liquidez (ou o desejo de manter a riqueza em forma de ativos financeiros líquidos) e da quantidade de dinheiro em circulação mais depósitos. (Em resumo, as três influências psicológicas sobre a renda e o emprego são: a propensão ao consumo, o desejo por ativos líquidos e a taxa de retorno esperada dos novos investimentos. Para Keynes o sistema de livre mercado (ou laissez-faire) ficou antiquado e que o Estado deve atuar ativamente para fomentar o pleno emprego, forçando a taxa de juros para baixo (e assim estimular o investimento); e redistribuindo a renda com o objetivo de estimular os gastos de consumo. Para Keynes o Estado deve atuar intensamente para que se possa estabilizar a economia no nível de pleno emprego.

Introdução à economia, por Prof. MSC. Lucio Sanches
How The Economic Machine Works by Ray Dalio:

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Re: História da economia

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Tutu
Mensagens: 2131
Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Parece uma tradução: O nome da pessoa é o mesmo.

youtu.be/vbhhm5WvNkY

Nunca estudei economia, mas vejo que é uma área onde não há consenso absoluto em várias questões. Nesse texto acima faltou falar da escola de Chicago (Milton Friedman e monetarismo) e depois Piketty. Na verdade esperava uma história do que ocorreu do mundo, falando da crise de 29, depois o aumento do papel do Estado até a crise do petróleo da década de 70 que quebrou muitos países, provocando inflação, com necessidade de reduzir o papel do Estado. Posteriormente, teve a crise do subprime de 2008 (que o Brasil até hoje não superou). Também não mencionou as falhas de mercado.


Preço justo ou preço por escassez-utilidade
Considerando que todos os homens são iguais em direitos, a remuneração delas deveria ser igual independente do trabalho que ela tenha feito, porque o dinheiro é a medida da quantidade de direitos que a pessoa tem para adquirir um bem ou serviço. Assim não é possível existir um rico sem que exista um pobre, porque o rico tem o dinheiro para pagar múltiplas pessoas. A teoria do Valor Trabalho é o preço justo do bem ou serviço.

Porém, a aplicação dessa teoria tem problemas. Algumas pessoas são mais improdutivas e acabam sendo fardos enquanto outras são mais produtivas e perderiam incentivos. O segundo problema é que atividades mais complicadas não teriam trabalhadores interessados sem uma remuneração maior. O terceiro problema é que muitas atividades não são contadas em tempo, como reparos, procura e criação de projetos de engenharia. O preço determinado por escassez-utilidade resolve o problema. Quando há escassez ou abuso dos fornecedores, novos concorrentes surgem para equilibrar o preço.

Porém, há um tempo até os concorrentes se estabelecerem e enquanto isso não ocorre os ricos são beneficiados em relação aos pobres como num leilão. Além disso, preço inflado por escassez temporária, como um incêndio ou acidente ou praga, não tem vantagem nenhuma.

Então chegamos a um dos problemas do capitalismo moderno. O surgimento de concorrentes não é uma garantia se tiver uma desigualdade tão grande que o povo não ter capital para empreender. Outro problema é que quando o produto ou serviço é muito complexo, exige tecnologia de ponta ou capital grande, é praticamente impossível que uma empresa nova nasça (o Brasil não tem produtora de carro nacional por exemplo). Quando aqueles que dominam o mercado são gigantes, eles conseguem formar cartel, comprar políticos para dificultar concorrentes, comprar potenciais concorrentes antes do crescimento ou fazer uma liquidação para quebrar os concorrentes.


Investimento menor do que poupança
É importante que o governo imprima dinheiro regularmente para causar uma inflação de 2% a 5%. A primeira vantagem é ajustar os salários. Sem inflação, preços oscilam o tempo todo. Como os trabalhadores (fator humano) não aceitam redução de salário, a solução é diminuir o poder de compra por meio da inflação e não dar aumento. O outro motivo é diminuir o valor da poupança. A inflação corrói o dinheiro poupado e o dono da poupança teria que procurar alguma forma de investir para preservar essa poupança.

O grande erro é que o Estado é corrupto, contrai empréstimos, corrige a poupança dos credores acima da inflação e quando não consegue sustentar a dívida, ele acaba tendo que imprimir dinheiro em excesso e assim transfere renda do sem poupança (pobre) para o com poupança (rico). Inflação é uma forma de imposto indireto. Por isso, um Estado honesto deve nunca ter dívidas ou controlar os juros. O problema de excesso de poupança é melhor resolvido com imposto sobre o excesso de propriedades e grandes fortunas. Se o rico compra imóvel, o patrimônio (poupança) está protegido da inflação, por isso o excesso de imóvel tem que ser tributado.

Mas eu discordo dos economistas quando eles dizem que deflação é ruim. Eles tem uma mentalidade de consumismo (vilão do meio ambiente) e crescimento ad infinitum. Mas se há emprego e renda, não existe problema. Deflação é uma oportunidade para imprimir dinheiro. Mesmo que o Japão não tenha problemas sociais, poderia investir em sustentabilidade, energia limpa e agricultura orgânica.


Custos comparativos
A evidência de que o livre comércio sem protecionismo é preferível é olhando países como Guiana Francesa. Eles não produzem nada de valor superior, mas estão numa situação econômica muito melhor do que os vizinhos por causa do acesso à União Europeia. Do mesmo modo, o estado do Mississipi seria país de terceiro mundo se não fosse parte dos EUA.

Mas como ser dono de tecnologia de ponta e escapar da armadilha da renda média?


Estado metendo bedelho
O Estado deveria evitar de criar burocracias nas atividades econômicas e favorecer a livre iniciativa. Regras envolvendo controle de processos e despesas nunca acabam bem (como a terrível CLT brasileira). As pessoas envolvidas conhecem melhor a situação do caso delas e regra global não beneficia todos.

O papel de um Estado honesto é atuar em áreas onde o consumidor e o trabalhador não enxergam. Assim ele deve atuar para preservar o meio ambiente, garantir a saúde (vigilância sanitária), desincentivar o consumismo, garantir a segurança no trabalho, defesa do consumidor, e naturalmente, o cumprimento de contratos feitos honestamente e sem burocracia.

É necessário amparar o trabalhador que perdeu o emprego. O trabalhador tem uma mentalidade de comodismo e estabilidade, tendo preguiça de mudar de emprego mesmo ficando nenhum dia desempregado. Mas dependendo da situação econômica, um emprego novo pode não abrir em breve, então entra a seguridade social.

O Estado deveria atuar para corrigir falhas de mercado, como combater monopólio e cartel é uma das necessidades. Outra falha a ser corrigida é a assimetria da informação, porque ela anula os benefícios do livre mercado. Esse problema é corrigido quando há meios das pessoas saberem onde há um produto mais barato, qualidade positiva ou um emprego melhor.

E não podemos esquecer das estratégias de marketing que incentivam o consumo que tiram vantagem da dissonância cognitiva do consumidor. Existem uma infinidade de estratégias sujas, desde o dígito 99 até propagandas associando marcas à felicidade no inconsciente. (Ver livros de Dan Ariely)
https://www.clubedospoupadores.com/cons ... endas.html

Re: História da economia

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f0rest
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Mensagem por f0rest »

Tutu escreveu:
Dom, 19 Dezembro 2021 - 20:33 pm
Na verdade esperava uma história do que ocorreu do mundo, falando da crise de 29, depois o aumento do papel do Estado até a crise do petróleo da década de 70 que quebrou muitos países, provocando inflação, com necessidade de reduzir o papel do Estado. Posteriormente, teve a crise do subprime de 2008 (que o Brasil até hoje não superou).
O texto é uma introdução para a história do pensamento econômico, mas está livre para abordar sobre a economia na prática e as crises. As mais modernas são:

1929 - A Grande Depressão
1980 - A crise da dívida dos países da América Latina
1985 - A bolha imobiliária e das ações no Japão
1994 - A crise dos mercados emergentes
2008 - A crise mundial do subprime

5 grandes crises econômicas que abalaram o mundo
Tutu escreveu:
Dom, 19 Dezembro 2021 - 20:33 pm
Também não mencionou as falhas de mercado.
"Entretanto, os mercados às vezes falham e, que por isso, os governos podem melhorar os resultados do mercado.
A idéia de que há ganhos com o comércio foi introduzida na Economia de forma bem elaborada em 1776, por Adam Smith, com o seu livro Riqueza das Nações . Os ganhos do comércio são oriundos, sobretudo, da divisão do trabalho, portanto, da especialização. O fundamento que fica é que a economia como um todo pode produzir mais e melhor quando cada pessoas se especializa em uma tarefa. Isto aumenta a produtividade do sistema, aumentado assim a quantidades de bens e serviços a disposição das pessoas Podemos dizer que a questão da capacidade de produzir bens e serviços está relacionada ao nível de produtividade do país. Para Romer (2002), o que explica as grandes diferenças de padrão de vida entre os países ao longo do tempo é a diferença de produtividade entre eles. Dessa maneira, onde a produtividade das pessoas é maior, ou seja, produzem mais bens e serviços em menos tempo, o padrão de vida é maior."

Introdução à economia, por Prof. MSC. Lucio Sanches

Os mercados surgem instantaneamente com a circulação do capital, sendo o gasto de um a renda/lucro do outro. Em trabalho, consumo e produção existe a reprodução dos seus meios, pois o trabalho exige consumo, o consumo exige produção e a produção exige o trabalho. Dessa tríade surge a circulação trabalhando em cima dos lucros que são livres para acumular e ter influência.
Tutu escreveu:
Dom, 19 Dezembro 2021 - 20:33 pm
O preço determinado por escassez-utilidade resolve o problema. Quando há escassez ou abuso dos fornecedores, novos concorrentes surgem para equilibrar o preço.
Essa é uma maneira do mercado se equilibrar, mas existem diferença qualitativa em produtos e serviços. Quem detém o capital para optar por uma empresa em que confia mesmo sendo mais caro e obtendo mais lucro em cima do comprador, o ciclo de lucro se repetirá nesse mercado. E como existem mercados em cima de mercados, agentes intercambiando e aplicando valores, agentes formando alianças e parcerias, agentes consumindo aleatoriamente e de maneira alienada, governos dependendo de pessoas para pensar por ele que muitas vezes não são qualificadas, então parece que sempre existirão crises. A diferença é que com conhecimento será mais fácil reverter.
Tutu escreveu:
Dom, 19 Dezembro 2021 - 20:33 pm
Então chegamos a um dos problemas do capitalismo moderno. O surgimento de concorrentes não é uma garantia se tiver uma desigualdade tão grande que o povo não ter capital para empreender. Outro problema é que quando o produto ou serviço é muito complexo, exige tecnologia de ponta ou capital grande, é praticamente impossível que uma empresa nova nasça (o Brasil não tem produtora de carro nacional por exemplo). Quando aqueles que dominam o mercado são gigantes, eles conseguem formar cartel, comprar políticos para dificultar concorrentes, comprar potenciais concorrentes antes do crescimento ou fazer uma liquidação para quebrar os concorrentes.
A concorrência também está atuando sobre fortes influências dos que detêm lucros maiores, sendo esses mais preponderantes nas reproduções do mercado. Nesse caso a concorrência precisa realizar trabalhos muito maiores para conseguir o resultado.
Tutu escreveu:
Dom, 19 Dezembro 2021 - 20:33 pm
Mas eu discordo dos economistas quando eles dizem que deflação é ruim. Eles tem uma mentalidade de consumismo (vilão do meio ambiente) e crescimento ad infinitum. Mas se há emprego e renda, não existe problema. Deflação é uma oportunidade para imprimir dinheiro. Mesmo que o Japão não tenha problemas sociais, poderia investir em sustentabilidade, energia limpa e agricultura orgânica.
As deflações, inflações e bolhas são processos naturais na economia que se baseia no ideal do capital. Mas a economia é realizada através de relações de seres pensantes, a realidade econômica é individualista, e esse individualismo deve ser aprimorado pelo governo através do investimento em educação para seu próprio enriquecimento e evolução.
Tutu escreveu:
Dom, 19 Dezembro 2021 - 20:33 pm
Custos comparativos
A evidência de que o livre comércio sem protecionismo é preferível é olhando países como Guiana Francesa. Eles não produzem nada de valor superior, mas estão numa situação econômica muito melhor do que os vizinhos por causa do acesso à União Europeia. Do mesmo modo, o estado do Mississipi seria país de terceiro mundo se não fosse parte dos EUA.

Mas como ser dono de tecnologia de ponta e escapar da armadilha da renda média?
O protecionismo é bom para trabalhar a escassez das riquezas de um país e seus diferenciais, aumentando assim o seu valor diante da oferta e demanda do capital no mercado internacional. Ao mesmo tempo em que importar produtos baratos que são úteis não é problema algum, basta uma correção nas taxas e impostos.
Tutu escreveu:
Dom, 19 Dezembro 2021 - 20:33 pm
Estado metendo bedelho
O Estado deveria evitar de criar burocracias nas atividades econômicas e favorecer a livre iniciativa. Regras envolvendo controle de processos e despesas nunca acabam bem (como a terrível CLT brasileira). As pessoas envolvidas conhecem melhor a situação do caso delas e regra global não beneficia todos.

O papel de um Estado honesto é atuar em áreas onde o consumidor e o trabalhador não enxergam. Assim ele deve atuar para preservar o meio ambiente, garantir a saúde (vigilância sanitária), desincentivar o consumismo, garantir a segurança no trabalho, defesa do consumidor, e naturalmente, o cumprimento de contratos feitos honestamente e sem burocracia.
A CLT apresenta um simulacro de estabilidade e seguridade. Ninguém precisa de aposentadoria se estiver rico e uma reforma trabalhista poderia valorizar mais o trabalho das pessoas e sua qualidade. Ninguém trabalharia por trabalhar, estaria trabalhando para mostrar sua qualidade e recebendo valores mais justos pelo que faz. Trabalharia melhor, consumiria mais e produziria mais. Seria um colírio para os olhos ofuscados da economia brasileira.

Uma atualização na divisão internacional do trabalho faria grande diferença.


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Re: História da economia

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Uma coisa que não entendi também é como o crédito cria inflação sem gerar inflação.
Quando uma pessoa deposita 1000 reais na poupança, temos 1000 reais retirado de circulação. Quando alguém pega 1000 reais emprestado, o banco pega da poupança e põe 1000 reais de volta em circulação. Como resultado, o volume de dinheiro circulando é o mesmo.

Como os EUA tem 3 trilhões de dólares em dinheiro e 50 trilhões em crédito? Parece que esse crédito foi criado sem lastro. Para dar empréstimo a alguém não seria necessário ter dinheiro para isso?

Re: História da economia

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f0rest
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Mensagem por f0rest »

Tutu escreveu:
Sex, 31 Dezembro 2021 - 18:03 pm
Quando uma pessoa deposita 1000 reais na poupança, temos 1000 reais retirado de circulação.
R$ 1.000,00 que serão utilizados pelo banco para fazer transações financeiras, ou seja, rotacionar a moeda.
Tutu escreveu:
Sex, 31 Dezembro 2021 - 18:03 pm
Como os EUA tem 3 trilhões de dólares em dinheiro e 50 trilhões em crédito? Parece que esse crédito foi criado sem lastro. Para dar empréstimo a alguém não seria necessário ter dinheiro para isso?
O crédito gera um ativo para o banco e um passivo para o cliente. Não seriam 50 trilhões em passivos, ou seja, 'promessas de pagamento' e também os juros!?

Re: História da economia

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Tutu
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Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Clima frio exige mais planejamento. Em país tropical é mais oba-oba.

youtu.be/lwoIOwA5QWg

Re: História da economia

O organoléptico
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Registrado em: Seg, 22 Novembro 2021 - 19:31 pm

Mensagem por O organoléptico »

Tutu escreveu:
Sex, 21 Janeiro 2022 - 21:47 pm
Clima frio exige mais planejamento. Em país tropical é mais oba-oba.

youtu.be/lwoIOwA5QWg
Bom, todas as grandes civilizações vem de climas mais amenos, não muito frios. As potências de climas frios só ocorrem bem tardiamente.

Re: História da economia

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Fernando Silva
Conselheiro
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Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

O organoléptico escreveu:
Sex, 21 Janeiro 2022 - 22:21 pm
Tutu escreveu:
Sex, 21 Janeiro 2022 - 21:47 pm
Clima frio exige mais planejamento. Em país tropical é mais oba-oba.
Bom, todas as grandes civilizações vem de climas mais amenos, não muito frios. As potências de climas frios só ocorrem bem tardiamente.
Climas amenos, sem extremos de frio e calor, mas ainda com 4 estações bem definidas, exigem que as pessoas façam as coisas na época certa.
Não dá para adiar. O inverno virá, a neve cobrirá tudo.

É preciso plantar na primavera, cuidar da plantação, colher no outono. É preciso construir uma casa para sobreviver no frio. Etc. etc.
Não tem essa de "depois eu faço".

O Egito não tinha neve, mas tinha a cheia anual do Nilo, portanto havia um trabalho periódico a ser feito, inadiável.

Claro que em lugares com frio extremos, sempre gelados, as coisas também são difíceis de progredir. Os esquimós, por exemplo.
E, em lugares muito quentes, a pessoa fica sem energia para fazer algo além do mínimo. E, imagino eu, o cérebro não funciona direito no calor.
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