Fernando Silva escreveu: ↑Sáb, 25 Setembro 2021 - 10:21 am
Dificilmente aplicaram Paulo Freire ao pé da letra porque provavelmente não o leram.
Mas o usaram como pretexto ou justificativa, tipo os crentes que dizem "A Bíblia manda fazer isto, então vamos fazer aquilo (algo completamente diferente)".
E daí levam às últimas consequências o conceito de que "escola não é para ensinar, é para construir o indivíduo", e o resultado é que há escolas que oferecem trocentas atividades 'construtivas', mas não ensinam matemática nem português.
Estudei em escola pública apenas na 1ª e 2ª série. Estive, mais tarde, em 3 universidades públicas: duas federais e uma estadual.
Jamais vi professor algum aplicar o método Paulo Freire ou basear sua pedagogia nas teses de Paulo Freire.
Muito menos vi professores interessados em "construir indivíduos". As aulas, em sua maioria, eram "cupe e giz". Um conteúdo pré-formatado cuja essência mesmo os alunos mais brilhantes e interessados, raramente penetram.
Ou seja, tudo que Paulo Freire criticou. Exatamente o que ele denominou de "educação cheque" e que eu mesmo, sem conhecer Paulo Freire, chamava de "escola fábrica".
Infelizmente este brilhante pedagogo brasileiro se tornou um dos alvos preferenciais em uma guerra ideológica suja, onde a mentira e a difamação são as armas mais utilizadas.
Este post mesmo, do Acauãn, tem todos os indícios do tipo de coisas que eles inventam e depois as tias do zap espalham. Então o cara se apresenta como "eu sou o professor Paulo Freiriano", o que indica que este é um primeiro dia de aula. Mas o professor Paulofreiriano não diz o próprio nome: "eu sou o Prof. paulofreiriano Luis Augusto", que seria de se esperar. Estranho...
E é um 1º dia de aula, mas o professor paulofreiriano sem nome conclama seus alunos a apresentarem visões não matemáticas do Teorema. (????).
Mas qual teorema se é o 1º dia, o professor acabou de se apresentar e não deu teorema algum ainda?
E nessa altura do campeonato as pessoas ainda acreditam nestes memes sem duvidar e passam pra frente.
Paulo Freire não era apenas de esquerda. Paulo Freire foi comunista e admirava a URSS, Cuba, Fidel Castro e Che Guevara.
E, horor dos horrores, Paulo Freire ajudou a fundar o PT.
Obviamente que um homem assim precisa ser demonizado. Pior ainda por ser o intelectual brasileiro mais citado em monografias de mestrado e doutorado e uma personalidade respeitadíssima em sua área em todo o mundo.
Paulo Freire precisa ser desmoralizado, destruído, transformado na raiz de todos os males da educação no Brasil. E não importa que seja tão estranho que o que está destruindo a educação aqui seja super bem sucedido quando aplicado lá fora. Não importa que a escola pública premiada como de melhor ensino nos EUA, em 2017, aplique o método Paulo Freire.
O homem Paulo Freire era comunista. Logo o pedagogo Paulo Freire é um bosta.
Jorge Amado foi do partido comunista. Logo é uma bosta de escritor, seus romances uma porcaria.
Chico Buarque simpatizava com Cuba. Logo ele não pode ser um dos compositores mais geniais, não do Brasil, mas do mundo.
E Albert Einstein foi comunista também. Escreveu um longo artigo explicando porque o futuro da humanidade seria o comunismo.
Vamos nos livrar da Teoria de Relatividade também!!!
É assim com o bolsonazismo, querem acabar com tudo que não seja bolsonazimo.
Uma pena que só o que exista no bolsonazismo seja a mais absoluta mediocridade.
Manguinhos e Butantan estão repletos de "esquerdistas", eles acham. Então montam um gabinete de crise com a Nilse Yamaguchi, Osmar Terra e a capitã Cloroquina. Botam ator de Malhação na Secretaria de Cultura pra substituir um outro que era nazista e psicótico, mas bolsonarista. Botam terraplanista na Fundação Nacional de Artes e a Ancine (agência para promoção do cinema nacional) está tentando destruir o cinema nacional na sua melhor fase histórica, quando o cinema brasileiro ganhava prêmios em vários festivais importantes.
Qualquer resquício de capacidade, talento e competência neste país deve ser substituído pela mediocridade que se alinha com a bitolação bolsonarista.
Para entender Paulo Freire (o PEDAGOGO) de uma vez por todas.
Educação passou por uma grande transformação com a Revolução Industrial. Antes, mesmo nos países mais ricos e poderosos, quase todo mundo era analfabeto e apenas a elite poderia pagar tutores para seus filhos.
Instruir, portanto, era um processo personalizado, aonde o tutor se relacionava direta e intimamente com seu pupilo (na Grécia Antiga muito direta e intimamente... ). Estudar era mais ou menos como conversas entre professor e aluno onde, claro, o professor sabia mais sobre o que estava ensinando que o aluno. Não havia provas, não havia notas, não havia séries, ninguém passava de ano ou era reprovado. Era uma relação pessoal e o mestre sabia imediatamente se o pupilo estava ou não aprendendo. Se estava ou não interessado.
Excluindo-se a pedofilia dos gregos, esse é o tipo de processo educativo ideal, que faz o aluno se relacionar integralmente com aquilo está aprendendo.
Mas nunca seria possível educar as massas dessa forma. Apenas os nobres e aristocratas teriam acesso à educação.
Com a Revolução Industrial surgiu a escola que reproduzia o modelo da fábrica e instituía a educação em série. Não só porque a Revolução Industrial permitia produzir tijolos em série baratos para construir escolas, carteiras em série, quadro-negros em série, giz em série, cartilhas em série, lápis, cadernos... tudo em série e barato o bastante para ser fornecido a milhares de crianças, mas também porque o próprio modelo da escola passou a seguir o bem sucedido modelo da fábrica: uma linha de produção de ensino.
Na escola fábrica todos os alunos usam o mesmo uniforme, como os operários. As aulas são ministradas sempre de segunda a sexta, e a escola começa a funcionar sempre no mesmo horário, quando toca a sirene da fábic... digo, o sinal da escola. Também o expediente se encerra ao tocar o apito da fábrica, digo, o sinal da escola. Todos sentam em carteiras iguais, usam os mesmos livros, copiam a mesma matéria do quadro negro e o professor dá a mesmíssima aula para todas as turmas.
Passa a existir também um sistema de avaliação padronizado, e todos fazem a mesma prova que recebe uma nota seguindo critérios impessoais e objetivos. É o controle de qualidade da fábrica.
Se um aluno repete de ano, no ano seguinte ele vai assistir exatamente as mesmas aulas. Vai copiar no caderno palavra por palavra daquilo que o professor já tinha escrito no ano anterior.
É uma coisa em série, padronizada, impessoal, que pode ser empregada em milhares de alunos ao mesmo tempo a um baixo custo.
E na escola fábrica, impessoal, o aluno tem metas. Mas a meta do aluno não é o saber; é a nota, é passar de ano.
Na prática, o resultado disso é que os bons alunos se interessam muito por boas notas mas raramente algum aluno se interessa mesmo por aprender. Desenvolve curiosidade e interesse genuíno por Matemática, Física, Química, etc, etc, etc... E isto mesmo entre os assim chamados CDFs.
O modelo escola fábrica foi o cemitério do interesse pelo saber.
É impressionante, se você conversar com um adolescente que estudou sempre em boas escolas e está prestes a fazer o Enem, descobrir o quanto este jovem
NÃO SABE.. Ele vai passar no Enem, vai entrar numa federal. Mas ele não entende nada sobre Biologia, Matemática, Literatura, Química, Geografia... mal é capaz de escrever uma redação decente sobre um tema simples.
E isso é a regra entre OS BONS ALUNOS. Nem estou aqui falando dos ruins.
Mas este "bom aluno", nos últimos dez anos, esteve envolvido uma média de 8 horas por dia com estudo e sua família gastou uma pequena fortuna com sua educação.
Evidentemente há algo de muito errado e ineficiente neste paradigma de escola fábrica.
Pois bem, o PEDAGOGO Paulo Freire, comunista comedor de criancinha, foi um dos primeiros a entender e diagnosticar esta síndrome na Educação e propor alternativas que funcionam!!!
Ele estava errado em relação a Fidel Castro. Mas na pedagogia o homem acertou em cheio.
E o pior é que, no mundo inteiro, nos lugares onde a educação avança, é porque a "escola fábrica" está sendo substituída por modelos menos ineficientes. Ou seja, FORA de Paulo Freire não há solução para a educação. E se ele não tivesse existido algum outro, comunista ou não, teria chegado nas mesmas conclusões.
Da mesma forma, se o comunista Albert Einstein não tivesse elaborado a Teoria da Relatividade, algum outro o faria. Comunista ou não.
Porque é a realidade. Porque os fatos são teimosos e cagam para nossas inclinações ideológicas, gostos, moral e preconceitos.