Igualdade realmente importa?

Área destinada a discussões sobre História, Sociedade, Comportamento e Filosofia

Igualdade realmente importa?

Avatar do usuário
Tutu
Mensagens: 2128
Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Este será o tópico mais polêmico que já criei. Estou criando este tópico porque eu realmente não tenho mais opinião sobre nada.

Nos tempos modernos, desde nossa infância, somos ensinados de que o certo para a sociedade é que tenha igualdade, embora a sociedade seja desigual e hierárquica.

Os ideais da revolução francesa pregavam igualdade, mas nada disso de fato levou à igualdade. Eles apenas tiraram a desigualdade da lei e colocaram a desigualdade no dinheiro. Em outras palavras, trocar feudalismo/aristocracia por capitalismo foi trocar seis por meia dúzia. O servo agora é o trabalhador que não é dono de meios de produção, enquanto o senhor feudal foi substituído pelo dono da propriedade privada.


1. O que é melhor: ditadura ou "democracia representativa capitalista"?
Democracia é a primeira forma de igualdade proposta para manter a ordem sem hierarquias, mas as hierarquias continuam mesmo assim.
Fomos doutrinados na cultura atual a considerar ditadura como ruim e o que chamam de "democracia" de bom, mas na prática a única diferença que temos visto é que na ditadura é proibido falar mal do governo. O governo continua fazendo merda independente do regime. Algum presidente eleito dos últimos 30 anos foi bom?

Estou criticando o termo "democracia" e adicionando os adjetivos "representativa capitalista" porque claramente não é o governo do povo.
Primeiro, porque o povo geral não conhece como funciona o governo, os três poderes, o processo eleitoral, a estrutura federal, a escassez de plebiscitos, as regras partidárias, e a existência de métodos mais democráticos. Assim, como podemos esperar que um povo assim seja qualificado para saber votar? Peguemos por exemplo a reforma da previdência. Ela é necessária, mas a maior parte da população era contra. O povo não sabe o que é certo. E a reforma foi feita por bandidos de pior espécie, ligadas ao poder econômico, os quais já sabem do risco do colapso da previdência.

Segundo por causa da grande influência do poder financeiro. Quem é rico por fazer lobismo, financiar campanha eleitorais ou propagar ideologias. Isso molda o pensamento do povo, que tem o cérebro abusado por ideologias e vieses cognitivos. Assim, o alinhamento político se transforma em sócio torcedor. Já era assim antes das redes sociais, as quais apenas adicionaram o elemento ódio ao outro lado gerando discórdia e fanatismo. Assim, saber votar não é mais relevante, porque os candidatos são os piores (Bolso-Lula) e até em países mais desenvolvidos (Trump e Kamala (vice de Biden, é militante) ).

E a terceira falha grave é que na democracia existe o corporativismo, isto é, o político se importa somente com sua base eleitoral em vez de governar para todos. O exemplo mais claro é o funcionalismo público, em que a esquerda privilegia servidores civis e a direita os servidores militares. Veja a reforma da previdência que algumas categorias tiveram uma idade mínima menor do que o geral sem necessidade. Todas essas diferenciações são para atender interesses de categorias específicas que sustentam o político.

Vamos lembrar das ditaduras brasileiras: D Pedro, Getúlio Vargas e Ditadura Militar. Vemos que por motivos ideológicos, que só a mais recente delas é odiada hoje, enquanto as mais antigas ocorreram numa época em que a população era praticamente rural, nem sabia o que significa rei, presidente, deputado, governador, etc, quase nem tinha rádio e era analfabeta. Mas se perguntarmos a nossos pais ou avós como foi a ditadura militar, eles não dirão muita coisa ruim. Não viam pessoas sendo perseguidas e presas, ou o governo metendo chumbo nas pessoas. O que eles lembram mais é da hiper-inflação e da chegada de novidades tecnológicas (eletricidade, geladeira, telefone, etc). Percebemos que era só não criticar o governo.

A conclusão é que o direito ao voto não influencia no sucesso de uma nação. A China é uma ditadura e é melhor do que o Brasil. Cuba é ditadura e Haiti democracia, mas Cuba está melhor do que o Haiti, mesmo com embargo. O Chile é o melhor país da América Latina hoje, mas as bases construídas durante a ditadura continuou influenciado por muito tempo. Taiwan e Coreia começaram a evoluir durante a ditadura, e o Vietnam está seguindo os mesmos passos. A Arábia Saudita está melhor em termos de economia e violência urbana do que muitas democracias próximas daquela região, como Romênia e Líbano. Apenas o excesso é garantia do fracasso, sabendo que Somália e Etiópia têm Estado quase inexistente enquanto Coreia do Norte tem Estado máximo.

2. O privilégio da riqueza
Desde o ensino médio, eu estava no lado da esquerda, criticava o capitalismo, flertava com comunistas (comunistas utópicos que culpam Stálin pelo fracasso da ideologia) e meu senso de justiça abominava privilégios e hierarquias. As pessoas de direita que estudavam a própria ideologia faziam um malabarismo filosófico para distorcer a lógica, ou negar que o "justo" é "recompensa igual por esforço real", tinha um fanatismo por livre mercado e acham que todos tem as mesmas chances. Eu via muita hipocrisia nisso, porque sentia que no fundo elas estavam concordando com a desigualdade, e de fato estavam, mas a moral vigente os censuravam de dizer que a igualdade não é importante. Os melhores argumentos direitistas eram exatamente os mais ingênuos (o ser humano é ganancioso, o ser humano precisa de ordem, alguns são mais inteligentes).

Então descobri que pessoas nunca mudam de opinião (religião, política, etc) com discussão. É um processo longo que demanda muita reflexão (como um cristão questionando a fé antes de se tornar ateu/agnóstico). Assim, percebi que a única forma de fazer a pessoa mudar de lado na política é fazê-la adotar ou abandonar valores que as mantenham

Os valores de igualdade e excesso de liberdade é algo que leva as pessoas para a esquerda enquanto os valores de meritocracia de verdade (eficiência, deixar os melhores brilharem) e ordem (organização, correção) levam para a direita. Sem falar da questão religiosa e de costumes, que tem um forte impacto também.

Gostando ou não, existem pessoas mais inteligentes do que outras. Existem pessoas com espírito de liderança enquanto outras não tem iniciativa e precisam de líderes para seguir. Isso já começa mostrando que as pessoas já são diferentes em sua situação inicial independente de qual seja a estrutura social. Nessa situação seria correto buscar a igualdade?

Hoje, a esquerda desistiu de lutar contra as hierarquias sociais, ditadas principalmente pelo poder econômico, e passou a procurar desigualdades ínfimas para fazer escândalo como banalidades, como gênero e homossexuais, ou no lugar errado, como dividir as pessoas por raça, sem saber o que sustenta esse desigualdade. Pelo que tenho visto, amanhã o politicamente correto abraçará os gordos, e posteriormente sabe-se lá qual será a nova categoria, mas é previsto que seja uma escolha estúpida.



Um vídeo curto em legendas do psicólogo Jordan Peterson fala sobre hierarquias.

youtu.be/w7ahiLed07M

Re: Igualdade realmente importa?

Avatar do usuário
Fernando Silva
Conselheiro
Mensagens: 5117
Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am

Mensagem por Fernando Silva »

Ou se tem liberdade ou se tem igualdade. Uma exclui a outra.

Já nascemos desiguais e isto só aumenta com o tempo. Uns poucos sempre serão mais bonitos, mais altos, mais fortes, mais espertos, mais talentosos, com mais capacidade de empreender, com mais dedicação etc.
O resultado é que uns poucos terão mais sucesso e ficarão mais ricos ou mais famosos.

Como não é possível nivelar por cima, só nos resta impor a igualdade na mediocridade, o que atrasa a vida de todos e nunca deu certo.

O máximo que se pode fazer é tentar uma igualdade de chances, começando por uma educação que permita a todos desenvolverem sua capacidade.
E tentando dar uma renda mínima que permita uma vida digna aos fracassados e incapazes, sem no entanto premiar os preguiçosos.
E aceitar que cegos jamais pilotarão aviões e que a maioria de nós nunca terá sucesso como empreendedor.

Re: Igualdade realmente importa?

Avatar do usuário
Titoff
Mensagens: 1465
Registrado em: Ter, 17 Março 2020 - 11:47 am

Mensagem por Titoff »

Igualdade como ideal da revolução francesa não é mais na questão legal, onde todos devem ter os mesmos direitos e deveres, não importando se um miserável ou um empresário milionário, por exemplo?

Entendo que democracia e capitalismo não anulam TODAS as desigualdades de uma monarquia absolutista, onde os nobres eram oficialmente um caso a parte, e leis dos comuns não se aplicavam a eles. Quem tem mais dinheiro normalmente consegue resultados muito melhores na justiça, e no papel isso não deveria ser assim.

Só que antes, nem isso. A desigualdade era política de estado.

Quanto a ditaduras dando mais certo que democracias, tem que ver quem se dá bem de fato. China pode ser um país mais poderoso que o Brasil, mas quantas pessoas tentam sair da China e morar em países 'menos poderosos' e quantas pessoas tentam imigrar para a China?
Hoje, a esquerda desistiu de lutar contra as hierarquias sociais, ditadas principalmente pelo poder econômico, e passou a procurar desigualdades ínfimas para fazer escândalo como banalidades, como gênero e homossexuais, ou no lugar errado, como dividir as pessoas por raça, sem saber o que sustenta esse desigualdade. Pelo que tenho visto, amanhã o politicamente correto abraçará os gordos, e posteriormente sabe-se lá qual será a nova categoria, mas é previsto que seja uma escolha estúpida.
Isso é até incentivado por quem recebe tais criticas e demandas. Antes as esquerdas lutavam por melhores salários, sindicatos fortes, condições melhores no trabalho, etc. Agora querem que a empresa tenha uma trans negra em seus quadros. As empresas podem falar "sim, claro, podemos fazer isso. Nos apoie agora então!" Sai muito mais barato que as demandas de outrora.

Para ser justo, a direita hoje até ultrapassa a esquerda em termos de demência: antes defendiam controle de gastos, governo não se metendo na iniciativa privada, etc. Agora a denúncia importante mesmo é estilo qanon, se preocupando com nanobots em vacinas, satanistas extraindo soro da vida eterna de crianças torturadas, e outras tosquices de gente biruta.
Responder