Positividade tóxica

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Positividade tóxica

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Positividade tóxica: o que é, como se manifesta e de que maneira nos atinge

Invalidar sentimentos aumenta a dor de quem sofre e mascara confrontos: 'Se somos humanos, frequentamos os dois lados', diz a psicóloga Marta Monteiro

Marcia Disitzer 24/02/2021

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Positividade em excesso pode mascarar dores

No último dia de 2020, Ligia Parreira escreveu um post no Facebook que começava assim: “Poderia fazer um textão, como em todos os anos, falando de gratidão e aprendizado. Não vai rolar, porque não sou grata a p. nenhuma que aconteceu neste ano. Não tem essa de positividade tóxica. Esse ano, quem está vivo está um pouco morto. Se você está feliz, efusivo e completo, a probabilidade de você ser um psicopata é grande”. O desabafo da estilista carioca de 39 anos foi consequência de um sofrimento intenso num curto espaço de tempo: em seis meses, ela perdeu o padrinho, vítima da Covid-19, e o pai, que teve um infarto fulminante. Uma tia, muito abalada com a morte do irmão, sofreu um AVC e está em recuperação. Enquanto se permitia vivenciar o luto, Ligia esbarrou em conselhos inócuos de pessoas que sugeriam que ela mantivesse o “pensamento positivo”. “Chega a ser falta de empatia, além de refletir um olhar superficial sobre a vida. E ainda faz a gente sentir culpa por estar sofrendo”, analisa.

A positividade tóxica citada por Ligia é como está sendo chamado um tipo de comportamento que invadiu as redes sociais e também a vida real. “São mensagens prontas e conceitos rasos difundidos muito rápido na internet. É uma espécie de imposição da gratidão”, explica a gaúcha Julia Cazuny, de 29 anos. Professora de inglês e português e mãe de santo, ela trouxe o assunto à baila em postagens no Instagram. “O tema já me incomodava antes de 2020. Porém, a partir da pandemia, passei a ler com mais frequência frases do tipo ‘o coronavírus veio para nos transformar e nos elevar’, ‘tem que vibrar coisas boas, do contrário, vai atrair tristeza’ ou ‘a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional’. Em paralelo, observava a desestruturação, em vários níveis, de pessoas ao meu redor”, relata. Depois de uma sessão de terapia, Julia conseguiu definir o que estava presenciando: “A invalidação do sentir do ser humano. Eu, por exemplo, atravessei questões emocionais muito duras no ano passado. O que se espera dos outros, nesses momentos de dor, é acolhimento”, pondera.
[...]
O escritor André Carvalhal, que compartilhou publicações de Julia, frisa que as críticas feitas à positividade tóxica não são contra o otimismo. “Mas não dá para cair numa falsa noção de positividade sem considerar fatores internos e externos”, avalia. Questões estruturais da sociedade, diz Carvalhal, não serão transformadas somente por meio de “boas vibrações”. “A força do pensamento não vai ser maior do que as estatísticas que revelam quem são as maiores vítimas da Covid-19. A construção e a mudança da realidade também devem estar relacionada às ações”, emenda.

Psicanalista e membro da Escola Lacaniana de Psicanálise do Rio de Janeiro, Abílio Ribeiro Alves lembra que vivemos numa cultura em que há o imperativo da urgência e da felicidade. “Saídas rápidas fazem oposição ao sofrimento, sobretudo em tempos difíceis. Além disso, superpõe-se a culpabilidade moral, como se a positividade tivesse que estar sempre à mão”, avalia. Segundo Abílio, ao colocar todas as fichas no pensamento positivo, o indivíduo crê que será recompensado pelo universo com uma melhora. “Já a psicanálise acredita que é a partir do atravessamento da dor que se dará a promoção da ‘cura’”, compara.

Para a psicóloga Marta Monteiro, a geração das redes sociais sofre de positividade, além de tóxica, compulsiva. “Se somos humanos, frequentamos os dois lados. Sentimos, além de dor, raiva, angústia, frustração... Não adianta fugir. Uma hora a conta chega”, finaliza.
https://oglobo.globo.com/ela/gente/posi ... e-24895453

Re: Positividade tóxica

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Tristeza e infelicidade são vistas como doenças a serem tratadas com medicamentos ou autoilusão.
Fazem a pessoa se sentir culpada por estar triste.

Re: Positividade tóxica

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criso
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Fernando Silva escreveu:
Qua, 24 Fevereiro 2021 - 10:29 am
Tristeza e infelicidade são vistas como doenças a serem tratadas com medicamentos ou autoilusão.
Fazem a pessoa se sentir culpada por estar triste.
Se for crônico é doença mesmo.
Já uma postura moderadamente pessimista, por sobriedade, diante da realidade, considero questão de honestidade.

Pavor de gente "good vibes", "gratiluz", "vibrações positivas" etc.

Re: Positividade tóxica

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

criso escreveu:
Qua, 24 Fevereiro 2021 - 22:08 pm
Pavor de gente "good vibes", "gratiluz", "vibrações positivas" etc.
Observo que geralmente são as que quebram mais facilmente diante de alguma adversidade da vida.

Re: Positividade tóxica

fenrir
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Mensagem por fenrir »

"gratiluz"...
Pus no Google - tem uma musica com esse nome. Nem me atrevo a ouvir.
Prefiro harsh noise wall ou barulho de isopor esfregando.

Para mim, essa positividade tóxica é uma espécie de negacionismo do lado ruim e feio da vida.
Essas pessoas vivem no mundo do meu pequeno pônei.

Re: Positividade tóxica

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

fenrir escreveu:
Dom, 28 Fevereiro 2021 - 13:27 pm
"gratiluz"...
Pus no Google - tem uma musica com esse nome. Nem me atrevo a ouvir.
Prefiro harsh noise wall ou barulho de isopor esfregando.

Para mim, essa positividade tóxica é uma espécie de negacionismo do lado ruim e feio da vida.
Essas pessoas vivem no mundo do meu pequeno pônei.
Já outras preferem "Moranguinhos" ou "Ursinhos Carinhosos".

Re: Positividade tóxica

fenrir
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Mensagem por fenrir »

Fernando Silva escreveu:
Seg, 01 Março 2021 - 09:38 am
fenrir escreveu:
Dom, 28 Fevereiro 2021 - 13:27 pm
"gratiluz"...
Pus no Google - tem uma musica com esse nome. Nem me atrevo a ouvir.
Prefiro harsh noise wall ou barulho de isopor esfregando.

Para mim, essa positividade tóxica é uma espécie de negacionismo do lado ruim e feio da vida.
Essas pessoas vivem no mundo do meu pequeno pônei.
Já outras preferem "Moranguinhos" ou "Ursinhos Carinhosos".
Geralmente são meio new-age.
Os Wiccans por exemplo tem os chamados fluffy-bunnies, que são bem desse tipo.
Mas tem a versão crente tambem, aqueles que gostam de "provar" a existencia do senhor mostrando fotos de coisas bonitinhas.

Re: Positividade tóxica

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

fenrir escreveu:
Seg, 01 Março 2021 - 19:18 pm
Mas tem a versão crente tambem, aqueles que gostam de "provar" a existencia do senhor mostrando fotos de coisas bonitinhas.
Mas se ofendem quando mostramos fotos de coisas horrorosas.
Alguns botam a culpa no livre arbítrio concedido à humanidade, mas se enrolam para explicar terremotos, vulcões, furacões, secas, pestes etc.
Ou dizem que isto é culpa do pecado de Adão e Eva, já que antes tudo era maravilhoso.

Re: Positividade tóxica

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Gabarito
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Mensagem por Gabarito »

O presente tópico Positividade Tóxica se ramificou demais num debate sobre religiões.
Por isso, um novo tópico foi criado para dar continuidade ao debate, agora sob esse novo tema.

Re: Positividade tóxica

fenrir
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Mensagem por fenrir »

Fernando Silva escreveu:
Ter, 02 Março 2021 - 09:49 am
fenrir escreveu:
Seg, 01 Março 2021 - 19:18 pm
Mas tem a versão crente tambem, aqueles que gostam de "provar" a existencia do senhor mostrando fotos de coisas bonitinhas.
Mas se ofendem quando mostramos fotos de coisas horrorosas.
Alguns botam a culpa no livre arbítrio concedido à humanidade, mas se enrolam para explicar terremotos, vulcões, furacões, secas, pestes etc.
Ou dizem que isto é culpa do pecado de Adão e Eva, já que antes tudo era maravilhoso.
Engraçado é que se admitissemos essa possibilidade absurda e gostássemos de non sequiturs, uma interpretação possível era dizer que então
o lado feio poderia provar a existência de nêmesis do senhor, o anti-deus (o capiroto? o pecado original? o livre arbitrio optando pelo mal?).

O problema é que paisagens e coisas bonitas não provam a existência de nada alem da apreciação estética de quem as observa.
No que diz respeito a natureza, não há nada que seja bonito ou feio e o senso estético do homo sapiens não vale um peido dum paramécio.

Re: Positividade tóxica

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

fenrir escreveu:
Ter, 09 Março 2021 - 08:20 am
O problema é que paisagens e coisas bonitas não provam a existência de nada alem da apreciação estética de quem as observa.
No que diz respeito a natureza, não há nada que seja bonito ou feio e o senso estético do homo sapiens não vale um peido dum paramécio.
Bonito é aquilo que nos favorece. Um jardim florido pode ser lindo para nós, mas horroroso e mortal para uma lombriga ou um peixe.
Carniça pode nos matar, mas é uma delícia para um urubu.

Re: Positividade tóxica

fenrir
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Mensagem por fenrir »

Fernando Silva escreveu:
Ter, 09 Março 2021 - 08:46 am
fenrir escreveu:
Ter, 09 Março 2021 - 08:20 am
O problema é que paisagens e coisas bonitas não provam a existência de nada alem da apreciação estética de quem as observa.
No que diz respeito a natureza, não há nada que seja bonito ou feio e o senso estético do homo sapiens não vale um peido dum paramécio.
Bonito é aquilo que nos favorece. Um jardim florido pode ser lindo para nós, mas horroroso e mortal para uma lombriga ou um peixe.
Carniça pode nos matar, mas é uma delícia para um urubu.
Me ocorreu que há uma ligação entre o útil e o belo.
Aquilo que nos favorece é de certa forma útil para nós.
Mesmo algo como a mera apreciação de uma obra de arte ou uma bela paisagem tem um quê de útil,
já que gera uma agradável sensação a quem aprecia. Isso obviamente se encaixa na definição do que é ser útil.

Não creio que existam sensos estéticos absolutos, bem ou belo absolutos, útil absoluto, etc.
Como você exemplificou, essas coisas são sempre relativas ao observador.

E essas características tambem só existem enquanto existem tambem seus opostos.
Por exemplo, acho que se o mal fosse totalmente extirpado, o que restaria não seria bem, mas uma neutralidade uniforme.
Elimine um que voce elimina o outro.

Re: Positividade tóxica

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criso
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Mensagem por criso »

fenrir escreveu:
Ter, 09 Março 2021 - 09:27 am
Me ocorreu que há uma ligação entre o útil e o belo.
Aquilo que nos favorece é de certa forma útil para nós.
Mesmo algo como a mera apreciação de uma obra de arte ou uma bela paisagem tem um quê de útil,
já que gera uma agradável sensação a quem aprecia. Isso obviamente se encaixa na definição do que é ser útil.
E por que que gera a dita 'sensação agradável'? ex.:
Poesia é completamente inútil para nossa sobrevivência.
Religião é completamente inútil para nossa preservação.
Como se justifica o desenvolvimento dessa 'apreciação'?

Re: Positividade tóxica

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

criso escreveu:
Ter, 09 Março 2021 - 13:11 pm
E por que que gera a dita 'sensação agradável'? ex.:
Poesia é completamente inútil para nossa sobrevivência.
Religião é completamente inútil para nossa preservação.
Como se justifica o desenvolvimento dessa 'apreciação'?
Religião pode ser útil em certas épocas para unir um povo em torno de algum ideal comum.
Independente de ser verdade ou ética.

Já a poesia - que só entusiasma alguns - pode dar alguma satisfação intelectual, mas sua utilidade prática não está clara.

Re: Positividade tóxica

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criso
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Mensagem por criso »

Fernando Silva escreveu:
Ter, 09 Março 2021 - 16:43 pm
criso escreveu:
Ter, 09 Março 2021 - 13:11 pm
E por que que gera a dita 'sensação agradável'? ex.:
Poesia é completamente inútil para nossa sobrevivência.
Religião é completamente inútil para nossa preservação.
Como se justifica o desenvolvimento dessa 'apreciação'?
Religião pode ser útil em certas épocas para unir um povo em torno de algum ideal comum.
Independente de ser verdade ou ética.

Já a poesia - que só entusiasma alguns - pode dar alguma satisfação intelectual, mas sua utilidade prática não está clara.
Não há, nem tem que ter, utilidade prática.
Subjetividade não é "instrumento" para "ser útil".
É justamente o fim último em si mesmo
e que faz as coisas terem qualquer valor.

Re: Positividade tóxica

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

Como se justifica o desenvolvimento dessa 'apreciação'?
Parece óbvio que não se justifica pela existência da "alma" ou de outro bullshit místico similar. Existem evidências de que o desenvolvimento dessa apreciação é simplesmente resultado da química que acontece no cérebro.

Veja o exemplo da música.
There is some evidence that human music can have effects on non-human animals. Akiyama and Sutoo (2011) found that exposure to recordings of Mozart reduced blood pressure in spontaneously hypertensive rats, and the effect was driven by relatively high frequencies (4 k–16 kHz), an optimal range for rat hearing sensitivity. The authors proposed that the blood pressure reduction was a result of accelerated calcium-dependent dopamine synthesis. These data again show the importance of species-specific response biases in examinations of the effects of musical stimuli on humans and non-humans alike.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3872313/

Mas também existe um componente evolutivo/cultural que orientou a padronização de certos componentes dessa química cerebral ao longo do tempo.
In studies examining the recognition of speaker intent across disparate cultures, subjects are quite able to identify prohibitive intentions of mothers speaking to infants, and other adults as well (Bryant and Barrett, 2007; Bryant et al., 2012). This ability is not a function of understanding the words, but instead due to the acoustic properties of the vocalizations (Cosmides, 1983; Bryant and Barrett, 2008). In the case of ID prohibitives, proximate arousal in senders contributes to the generation of particular kinds of sound features, including rapid amplitude increases and lowered pitch for the authoritative stance. People, including infants, respond in predictable ways to high arousal sounds, such as stopping their motor activity and re-orienting their attention to the sound source. Research with animal trainers also reveals the systematic relationships between specific communicative forms and desired outcomes in animals such as sheep, horses, and dogs (McConnell, 1991). Vocal commands to initiate motor activity in a variety of species typically contain multiple short and repeated broadband calls, while signals intended to inhibit behavior tend to be longer and more tonal. McConnell (1991) also draws an explicit connection to music and cites several older studies from the 1930s showing the above characteristics in music correlating with physiological changes in human listeners. Short repeating rising notes are associated with increased physiological responses such as pulse rate and blood pressure, while longer, slower musical pieces have the opposite effects.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3872313/

O exemplo da música explica facilmente a poesia, que é dotada de cadência, rimas e entonações.

E a apreciação estética da arte em geral?

Isso já bastante detalhado pelos especialistas, onde a dopamina aparece novamente na química dos "circuitos" cerebrais.
Most research aimed at uncovering neural substrates for aesthetic appreciation centers on the reward circuitry of the brain. The mesolimbic dopamine pathway, comprising the dopaminergic projections from the ventral tegmental area (VTA) to the nucleus accumbens (NAc), is the main backbone of the brain reward pathway. When a favorable behavior or stimulus occurs, this reward pathway increases activation, creating pleasure and the experience of reward. Projections from the VTA to the hippocampus, amygdala, cingulate cortex, and the prefrontal cortex (PFC), are also involved in reward processing and behavioral reinforcement (for a review, see Ikemoto, 2007). In projecting to these areas, the reward circuit involves and incorporates other functions, such as emotion and memory.
Existe até uma nova área da Ciência para estudar essas "coisas".
Neuroaesthetics is the study of how aesthetic perception, production, judgment, appreciation, and emotional response are produced and experienced from a neurobiological basis. While this area of study is relatively new to the field of neuroscience, this review will look at proposed theories behind aesthetic processes in the brain and existing experimental research implicating neural substrates behind these theories. The
neurobiological basis of perception and interpretation of visual art is discussed. More specifically, we review the visual system and visual reward, and the evolutionary theory of visual perception. Among several findings of this review are examples of artistic manipulation of the two-stream hypothesis of visual processing. Manipulations of the ventral tegmental area (VTA) and nucleus accumbens (NAc) through transcranial direct current
stimulation (tDCS) have been shown to increase aesthetic appreciation. Evolutionary theories rooted in survival are thought to govern the human appreciation for landscape art. While these findings are significant, they are only the beginning for a field with an immeasurable future.
https://impulse.appstate.edu/sites/impu ... egel_0.pdf

Re: Positividade tóxica

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Vídeo relacionado:

Linhas Cruzadas | Está todo mundo louco | 07/10/2021


youtu.be/HsvK6oPjSv0

Re: Positividade tóxica

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f0rest
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Mensagem por f0rest »

Essa positividade tóxica reflete um auto-engano. Também um biopoder em massa através de 'memes' comportamentais e teorias de coaching que servem justamente para reproduzir esse biopoder nas corporações, criando ferramentas para artificializar o comportamento na vida.
Existem diversas correntes teóricas na psicologia, mas em todas existe um eixo em comum: o enfrentamento da dor como caminho para a superação. De outra forma, apenas há a reprodução de auto-engano e deslocamentos de energia, que fazem a pessoa se tornar uma panela de pressão neurótica. Nesse caso, não existe atalho.

Re: Positividade tóxica

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

f0rest escreveu:
Sex, 08 Outubro 2021 - 20:22 pm
Essa positividade tóxica reflete um auto-engano. Também um biopoder em massa através de 'memes' comportamentais e teorias de coaching que servem justamente para reproduzir esse biopoder nas corporações, criando ferramentas para artificializar o comportamento na vida.
Existem diversas correntes teóricas na psicologia, mas em todas existe um eixo em comum: o enfrentamento da dor como caminho para a superação. De outra forma, apenas há a reprodução de auto-engano e deslocamentos de energia, que fazem a pessoa se tornar uma panela de pressão neurótica. Nesse caso, não existe atalho.
Disfarçar o sofrimento com medicação e autoengano é o mesmo que anestesiar, mas não operar o câncer.

Re: Positividade tóxica

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f0rest
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Mensagem por f0rest »

A sacada da psicologia humanista é justamente essa, um exercício para a realização do indivíduo no mundo de maneira autônoma. Mas existem os casos crônicos e agudos em que a medicação é necessária, com uso breve ou contínuo.

Re: Positividade tóxica

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Mensagem por Agnoscetico »

Tirando umas lacrações e esquerdações o vídeo mostra exemplos de celebridades e digital influencers com a baboseira dessa "positividade" 'negativa':

GREG NEWS | POSITIVIDADE TÓXICA


youtu.be/ar_ZbP1h6hI

Re: Positividade tóxica

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Como fica aquela história de que as pessoas são mais felizes nos países pobres e que há mais suicídios nos países ricos?
Dos 10 países mais felizes do mundo, apenas um, a Nova Zelândia, não fica na Europa

O Brasil está em 41⁰ lugar.
https://turismo.ig.com.br/destinos-inte ... ampstories

Re: Positividade tóxica

Huxley
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Mensagem por Huxley »

Fernando Silva escreveu:
Dom, 14 Novembro 2021 - 09:37 am
Como fica aquela história de que as pessoas são mais felizes nos países pobres e que há mais suicídios nos países ricos?
Dos 10 países mais felizes do mundo, apenas um, a Nova Zelândia, não fica na Europa

O Brasil está em 41⁰ lugar.
https://turismo.ig.com.br/destinos-inte ... ampstories
Basear pesquisa psicológica apenas em entrevista é questionável e ademais, mesmo que tal método fosse bastante confiável, a observação acima ainda não é capaz de solucionar o paradoxo de Easterlin:

Easterlin descobriu que dentro de um determinado país as pessoas com rendimentos mais elevados eram mais provavelmente propensos a relatar que são felizes. No entanto, nas comparações internacionais, a média do nível de felicidade reportada não acompanhava estritamente o aumento do rendimento nacional per capita, pelo menos para os países com rendimentos suficientes para satisfazer as necessidades básicas. Da mesma forma, embora o rendimento per capita tenha aumentado constantemente nos EUA entre 1946 e 1970, a média da felicidade reportada não apresentou nenhuma tendência de longo prazo e declinou entre 1960 e 1970. A diferença nos resultados internacionais e a nível micro fomentou um corpo permanente de pesquisa.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo_de_Easterlin
Nos Estados Unidos, desde a Segunda Guerra Mundial, todos os indicadores econômicos e sociais melhoraram sem parar. A renda triplicou, o tamanho das casas dobrou e o acesso aos bens materiais cresceu tanto, que hoje há mais carros nas garagens do que habitantes no país. Ainda assim, o índice nacional de felicidade não cresceu um milímetro sequer. Centro de Pesquisas de Opinião Nacional dos Estados Unidos entrevista periodicamente os americanos desde os anos 50 – e o resultado é invariavelmente o mesmo (um terço deles se considera “muito feliz”)...

Leia mais em: https://super.abril.com.br/cultura/a-bu ... elicidade/

Re: Positividade tóxica

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Mensagem por Agnoscetico »

Spoiler:
Huxley escreveu:
Seg, 15 Novembro 2021 - 01:17 am
Fernando Silva escreveu:
Dom, 14 Novembro 2021 - 09:37 am
Como fica aquela história de que as pessoas são mais felizes nos países pobres e que há mais suicídios nos países ricos?
Dos 10 países mais felizes do mundo, apenas um, a Nova Zelândia, não fica na Europa

O Brasil está em 41⁰ lugar.
https://turismo.ig.com.br/destinos-inte ... ampstories
Basear pesquisa psicológica apenas em entrevista é questionável e ademais, mesmo que tal método fosse bastante confiável, a observação acima ainda não é capaz de solucionar o paradoxo de Easterlin:

Easterlin descobriu que dentro de um determinado país as pessoas com rendimentos mais elevados eram mais provavelmente propensos a relatar que são felizes. No entanto, nas comparações internacionais, a média do nível de felicidade reportada não acompanhava estritamente o aumento do rendimento nacional per capita, pelo menos para os países com rendimentos suficientes para satisfazer as necessidades básicas. Da mesma forma, embora o rendimento per capita tenha aumentado constantemente nos EUA entre 1946 e 1970, a média da felicidade reportada não apresentou nenhuma tendência de longo prazo e declinou entre 1960 e 1970. A diferença nos resultados internacionais e a nível micro fomentou um corpo permanente de pesquisa.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo_de_Easterlin
Nos Estados Unidos, desde a Segunda Guerra Mundial, todos os indicadores econômicos e sociais melhoraram sem parar. A renda triplicou, o tamanho das casas dobrou e o acesso aos bens materiais cresceu tanto, que hoje há mais carros nas garagens do que habitantes no país. Ainda assim, o índice nacional de felicidade não cresceu um milímetro sequer. Centro de Pesquisas de Opinião Nacional dos Estados Unidos entrevista periodicamente os americanos desde os anos 50 – e o resultado é invariavelmente o mesmo (um terço deles se considera “muito feliz”)...

Leia mais em: https://super.abril.com.br/cultura/a-bu ... elicidade/
Eu também sou o dos que são céticos com pesquisa baseada em coisas subjetivas como felicidade, etc. Além disso tem outros fatores além de apenas dinheiro, como qualidade de vida. Ex: Se num país X, há uma população considerável de classe média e ricos mas há, por exemplo, alto índice de criminalidade, que impede ou dificulta as pessoas de ter qualidade de vida com lazer (principalmente ao ar livre), etc, isso deve pesar no conceito subjetivo de "felicidade" de uma população.

Re: Positividade tóxica

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Linhas Cruzadas | O problema do otimismo | 03/03/2022


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Re: Positividade tóxica

O organoléptico
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Mensagem por O organoléptico »

fenrir escreveu:
Dom, 28 Fevereiro 2021 - 13:27 pm
"gratiluz"...
Pus no Google - tem uma musica com esse nome. Nem me atrevo a ouvir.
Prefiro harsh noise wall ou barulho de isopor esfregando.

Para mim, essa positividade tóxica é uma espécie de negacionismo do lado ruim e feio da vida.
Essas pessoas vivem no mundo do meu pequeno pônei.
Positividade tem efeitos benéficos cientificamente falando, até o placebo cura desde uma projeção positivista, olhe sempre o lado bom das coisas, não se preocupe com a dose.
:dance:



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