O que é a moral?
O que é moral? Uma ficção? Um contrato de práticas para as pessoas poderem conviver minimamente em sociedade? E quem define "a moral"? A maioria? Ela é relativa? Cultural? Pode ser mudada com o tempo? E quando a moral de determinadas culturas contrastam com morais de outras culturas, qual prevalece? Até que ponto uma civilização deve ou não interferir na moral de outra?
Eu começaria traçando uma distinção entre moral, ética, valor e virtude.
Moral, como a moral burguesa ou aristocrática, refere-se aos costumes dos povos, seus tabus e maneiras.
Ética, como a kantiana ou spinozana, parte da reflexão filosófica para encontrar, racionalmente, a forma universalmente correta de se agir.
Valores, como altruísmo e legalismo, podem se contrapor a outros valores,
como egoísmo e antinomianismo. Ou coletivismo X individualismo, lucro X social, etc.
Se alguém fez um mal para ti, você pode escolher entre o valor do perdão ou da vingança;
se você tem de acordar cedo, tem de escolher entre o valor da disciplina ou da despretensão.
Nietzsche, por exemplo, inverte a moral cristã propondo o hedonismo como um valor e o ascetismo como sinal de fraqueza.
Já Virtude, vem do latim vir (como virilidade), expressando uma relação de força moral, interior, ex.: coragem, justiça etc.
No sentido da consciência sobrepujar o medo e o instinto, até mesmo de sobrevivência e preservação da espécie.
Moral, como a moral burguesa ou aristocrática, refere-se aos costumes dos povos, seus tabus e maneiras.
Ética, como a kantiana ou spinozana, parte da reflexão filosófica para encontrar, racionalmente, a forma universalmente correta de se agir.
Valores, como altruísmo e legalismo, podem se contrapor a outros valores,
como egoísmo e antinomianismo. Ou coletivismo X individualismo, lucro X social, etc.
Se alguém fez um mal para ti, você pode escolher entre o valor do perdão ou da vingança;
se você tem de acordar cedo, tem de escolher entre o valor da disciplina ou da despretensão.
Nietzsche, por exemplo, inverte a moral cristã propondo o hedonismo como um valor e o ascetismo como sinal de fraqueza.
Já Virtude, vem do latim vir (como virilidade), expressando uma relação de força moral, interior, ex.: coragem, justiça etc.
No sentido da consciência sobrepujar o medo e o instinto, até mesmo de sobrevivência e preservação da espécie.
- Fernando Silva
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- Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am
Moral é algo relativo. Varia com a época, o lugar e as circunstâncias.
Exemplo: podemos ficar de sunga na praia, mas não podemos entrar de sunga numa loja.
Ética é algo que, em princípio, é universal, tipo "não matar" e "não roubar". Por outro lado, se aplica ao grupo do "Nós", mas não aos "Outros", motivo pelo qual evoluímos à medida em que incluímos mais grupos externos no grupo do "Nós".
Exemplo: podemos ficar de sunga na praia, mas não podemos entrar de sunga numa loja.
Ética é algo que, em princípio, é universal, tipo "não matar" e "não roubar". Por outro lado, se aplica ao grupo do "Nós", mas não aos "Outros", motivo pelo qual evoluímos à medida em que incluímos mais grupos externos no grupo do "Nós".
Se eu entendi bem, moral é o que define "certo e errado" de acordo com uma cultura numa época, enquanto Ética define "certo e errado" de forma universal, certo?Fernando Silva escreveu: ↑Dom, 07 Fevereiro 2021 - 07:22 amÉtica é algo que, em princípio, é universal, tipo "não matar" e "não roubar". Por outro lado, se aplica ao grupo do "Nós", mas não aos "Outros", motivo pelo qual evoluímos à medida em que incluímos mais grupos externos no grupo do "Nós".
Primeiro, temos que notar que existe uma área cinza na ética, que simplesmente não podemos definir como certo ou errado. O limite não é uma linha e sim um degradê. Por exemplo: matar alguém que matou uma pessoa e prometeu matar um próximo alvo, roubar de rico, eugenia de comportamento e doença, etc.
Segundo, a ética não é universal em todas as culturas. Algumas culturas praticam sacrifício humano e crueldade com animais, e isso está dentro da moral deles embora seja anti-ético.
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Moral é vergonha na cara.
Segundo entendo Ética é a filosofia da moral. Es decir: reflexão racional sobre as melhores formas de se conduzir visando a melhor harmonia possível entre o individual e o convívio social.
E de forma prática pode ser heteronômica, prescritiva. Como as Éticas Profissionais &c., onde DEVEMOS crumprí-las (as normas éticas essas). Mas sempre vai decorrer das reflexões raciocinadas, e portanto filosóficas, das pessoas que pensam e até têm o poder de definir COMO devemos agir nas nossas vidas profissionais no caso.
Moral é o que a sociedade "acha", "sente". Padrões de atitudes e até de pensamentos considerados "adequados" pela maioria do grupo social onde estivermos inseridos. Independente de leis ou regulamentos.
Mas evidentemente são conceitos MUITO interligados. É difícil delimitar...
Andar pelado na rua seria "imoral" nas nossas cidades, certo
Seria "anti-ético"
E, não: tudo é relativo. Não creio que o Aristóteles considerasse "anti-ético" ter escravos.
Sacrifício seria altamente "ético" imagino eis que necessário prá proteger a comunidade da ira e/ou induzir a proteção da divindade bajulada pelo, certoSegundo, a ética não é universal em todas as culturas. Algumas culturas praticam sacrifício humano e crueldade com animais, e isso está dentro da moral deles embora seja anti-ético.
Muitos procedimentos para com "animais" nas pesquisas biológicas &c. são terrivelmente cruéis, certo
Aliás todos, eis que, na melhor das hipóteses, os "animais" são prisioneiros, escravos siquer soltos.
São "anti-éticos" Vai depender do filófoso que estiver a refletir sobre...
E como definir o que é a melhor harmonia possível em um convívio social? É algo decidido pela maioria? Mas e se esta maioria estiver sendo manipulada por agentes influenciadores ou autoritários que lhes apresenta visões distorcidas da realidade? Como saberemos qual é a verdadeira moral?
Os filósofos decidem. E no caso das Éticas Profissionais sim, por maioria se o sistema for democrático. Mas não deixa de ter origem filosófica.
É decidido filosoficamente e, sim, se o sistema for democrático por maioria. Se não, o Partido &c. decidem.
Mas sempre lembrando que é conceito filosófico, então pressupõe-se a liberdade de pensamento não submetida a leis.
Mas, no caso das Éticas Profissionais fica sendo mandatório, heteronômico, como sabe (é colega eng. não ).
Sim, influenciações são fatos do convívio social. Mas "visão distorcida" do real depende das lentes sob as quais cada grupo observa o "real".Mas e se esta maioria estiver sendo manipulada por agentes influenciadores ou autoritários que lhes apresenta visões distorcidas da realidade?
Consultando sua religião preferida, eis que "moral verdadeira" é conceito religioso.Como saberemos qual é a verdadeira moral?
Se quiser depois poderei lhe informar acerca da "verdadeira moral" segundo a religião Espíritismo "DE", que é a minha especialidade
Eu, fazendo papel de filósofo, defino como a melhor harmonia possível o critério de proibir o que faz mal a alguém. Se a ação tem uma vítima, ela é anti-ética. Mesmo assim há uma área intermediária:Cinzu escreveu: ↑Seg, 08 Fevereiro 2021 - 09:16 amE como definir o que é a melhor harmonia possível em um convívio social? É algo decidido pela maioria? Mas e se esta maioria estiver sendo manipulada por agentes influenciadores ou autoritários que lhes apresenta visões distorcidas da realidade? Como saberemos qual é a verdadeira moral?
* É ético proibir alguém de fazer algo que faz mal a si mesmo?
* É ético desviar um trem que vai matar 5 pessoas para matar só uma? Se ao invés de 5 fossem 5000?
A maioria nem sempre vai ter a resposta mais lógica. Elas podem ser burras ou manipuladas por ideologias. Mesmo assim, muitos temas votados pela maioria podem deixar até 49% muito insatisfeito. E falando de democracia, para os antigos gregos, só é democracia de verdade quando os eleitos são sorteados.
Existe maneira pragmática e utilitarista da moral, uma maneira purista permanece no idealismo. Existe uma moral que faz parte do instinto e se manifesta através de comportamentos e sentimentos, e uma moral que é difundida através de memes, propositalmente ou não, aleatoriamente ou não, sobre determinada ação e suas consequências. De maneira idealista, Aristóteles diz que é papel da filosofia e da ética buscar o bom, o belo e o justo. De maneira pragmática e utilitarista, esses fins são variáveis. As constantes são a preservação dos indivíduos e dos seus valores sentimentais e materiais, e a atuação contra aqueles que ao cometerem um crime contra o ethos se tornam inimigos de toda a sociedade. A liberdade existe ao mesmo tempo em que o sistema penal e prisional. A moral edifica todo o direito, faz a manutenção do direito de viver, cria mecanismos de punição e do medo de ser punido. A moral é obediência com fundamentos pragmáticos e utilitários.Gorducho escreveu: ↑Seg, 08 Fevereiro 2021 - 08:03 amE como definir o que é a melhor harmonia possível em um convívio social? É algo decidido pela maioria? Mas e se esta maioria estiver sendo manipulada por agentes influenciadores ou autoritários que lhes apresenta visões distorcidas da realidade? Como saberemos qual é a verdadeira moral?
O que eu acho dos relativistas? | Luiz Felipe Pondé
youtu.be/w6S2D1g0eGU
Algo que muda com o tempo. Aristóteles defendia a escravidão e Monteiro Lobato tinha um ponto de vista eugenista/evolucionista em relação a raças. John Locke defendeu a escravidão numa época da vida, mas foi contra a escravidão em outra época. Então pessoas do politicamente correto consideram essas pessoas antigas como mau-caráter.
O caso da escravidão é imoral no ponto de vista absoluto (neutro), mas quando toda a sociedade usa isso, ela deixa de ser falha de caráter.
No caso de Monteiro Lobato é mais desinformação (falta de conhecimento), porque ele não era racista e não odiava negros, ele só tinha a crença da época no evolucionismo racial, considerando negros como humanos mais primitivos e menos desenvolvidos. Ignorância não é falha de caráter.
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Algo que muda com o tempo. Aristóteles defendia a escravidão e Monteiro Lobato tinha um ponto de vista eugenista/evolucionista em relação a raças. John Locke defendeu a escravidão numa época da vida, mas foi contra a escravidão em outra época. Então pessoas do politicamente correto consideram essas pessoas antigas como mau-caráter.
O caso da escravidão é imoral no ponto de vista absoluto (neutro), mas quando toda a sociedade usa isso, ela deixa de ser falha de caráter.
No caso de Monteiro Lobato é mais desinformação (falta de conhecimento), porque ele não era racista e não odiava negros, ele só tinha a crença da época no evolucionismo racial, considerando negros como humanos mais primitivos e menos desenvolvidos. Ignorância não é falha de caráter.
Entendam porque dizer “As decisões morais devem ser sincronizadas com os valores e crenças contemporâneos, e não podem ser retrospectivas” não é relativismo moral:
(Nassim Nicholas Taleb)
Fonte: https://twitter.com/nntaleb/status/1626 ... rbmZMtAAAA
(Nassim Nicholas Taleb)
Fonte: https://twitter.com/nntaleb/status/1626 ... rbmZMtAAAA
Ética & Moral
youtu.be/da818n6nDHI
Ele lista restrições éticas (princípios universais) e elas fazem parte da parte não religiosa dos 10 mandamentos cristãos e preceitos budistas.
(...)
Peter Singer diz que quem não gasta o dinheiro com caridade em vez de gastar com luxo e lazer, é imoral.
Ele ainda faz propaganda de instituição de caridade específica, que pratica discriminação.
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Ele lista restrições éticas (princípios universais) e elas fazem parte da parte não religiosa dos 10 mandamentos cristãos e preceitos budistas.
(...)
Peter Singer diz que quem não gasta o dinheiro com caridade em vez de gastar com luxo e lazer, é imoral.
Ele ainda faz propaganda de instituição de caridade específica, que pratica discriminação.
Saindo completamente da discussão de guerras e geopolítica, esse trecho tem grande importância dentro da filosofia.Huxley escreveu: ↑Qui, 07 Dezembro 2023 - 00:16 am“As guerras não nascem do nada”. Pois é. Também assalto não nasce do nada. Nem estupro. Nem assassinato. Todos exigem uma vítima e motivo(s) do agressor.
Agressão a outrem sem agressão prévia desse outrem sempre é injustificável. Não há exceções a essa regra.
Assalto não nasce do nada, o que gera crise de assalto é miséria, exclusão social e opressão por quadrilhas locais ou pelo Estado. Então sem opção, a única sobrevivência para não passar fome é o assalto. Sim, as vítimas não tem culpa e sim o sistema como um todo. Embora os bandidos do presente sejam caso perdido, o governo deveria trabalhar melhorando as condições sociais para que novos bandidos não surjam.
E assassinato, há casos em que a culpa é da vítima. Pode ser vingança por ter feito algo horrível, como ter matado alguém da família do agressor, ou ter estuprado ou sodomizado o agressor.
Há também casos em que a vítima de assassinato perseguia o agressor durante muito tempo, praticando roubo, trapaça, desonestidade, provocações e até processo judicial, e a justiça estatal foi incapaz de condenar o verdadeiro culpado. Então na situação de injustiça, ele acaba tendo raiva e matando o outro. Quando uma pessoa engana a outra e toma tudo que ela tem dentro da lei (ex: assinar um papel sem saber do que se trata, falsificar documentos, fazer estelionato, etc) e a justiça estatal não ajuda, o enganado tem mais nada a perder, então acaba assassinando o golpista.
Besteirol dispensa comentários. “Assaltante a mão armada é vítima da sociedade e sua violência é justificável”.Tutu escreveu: ↑Qui, 07 Dezembro 2023 - 01:08 amSaindo completamente da discussão de guerras e geopolítica, esse trecho tem grande importância dentro da filosofia.Huxley escreveu: ↑Qui, 07 Dezembro 2023 - 00:16 am“As guerras não nascem do nada”. Pois é. Também assalto não nasce do nada. Nem estupro. Nem assassinato. Todos exigem uma vítima e motivo(s) do agressor.
Agressão a outrem sem agressão prévia desse outrem sempre é injustificável. Não há exceções a essa regra.
Assalto não nasce do nada, o que gera crise de assalto é miséria, exclusão social e opressão por quadrilhas locais ou pelo Estado. Então sem opção, a única sobrevivência para não passar fome é o assalto. Sim, as vítimas não tem culpa e sim o sistema como um todo. Embora os bandidos do presente sejam caso perdido, o governo deveria trabalhar melhorando as condições sociais para que novos bandidos não surjam.
E assassinato, há casos em que a culpa é da vítima. Pode ser vingança por ter feito algo horrível, como ter matado alguém da família do agressor, ou ter estuprado ou sodomizado o agressor.
Há também casos em que a vítima de assassinato perseguia o agressor durante muito tempo, praticando roubo, trapaça, desonestidade, provocações e até processo judicial, e a justiça estatal foi incapaz de condenar o verdadeiro culpado. Então na situação de injustiça, ele acaba tendo raiva e matando o outro. Quando uma pessoa engana a outra e toma tudo que ela tem dentro da lei (ex: assinar um papel sem saber do que se trata, falsificar documentos, fazer estelionato, etc) e a justiça estatal não ajuda, o enganado tem mais nada a perder, então acaba assassinando o golpista.
Já pensou o assaltante pensando isso? "Já que sou vítima da sociedade e só assalto para não passar fome (inclusive me dispondo a matar com tiro um pobretão assaltado que não obedece ao meu comando de assalto), quando eu consigo minha cota de roubo suficiente para não passar fome, eu paro." Nossa, a gente só vê isso como intenção deles. Estou comovido só de imaginar.
Não vou questionar o item em si, por isso mudei de tópico.
O termo correto nesse contexto é "moral" (ou moral segundo a cultura brasileira) e não "ética" (universal na teoria). É sempre bom evitar cometer o erro de considerar a opinião pessoal ou o secularismo ou o ocidentalismo como a verdadeira ética, porque são ideologias como qualquer outra ideologia ou religião.
Podemos concordar moralmente com certas coisas dentro do cristianismo, secularismo e comunismo, enquanto discordar de outras dentro da mesma ideologia.
Secularismo significaria apenas não usar religião para justificar as decisões, mas o problema é que as pessoas secularistas tomam decisões de acordo com o oposto da tradição religiosa. Um exemplo simples é a religião dizer que consumo de álcool é pecado. É compatível com comportamento secularista defender proibição de álcool justificando risco a saúde e a terceiros apesar dos secularistas serem a favor da liberação justificando intromissão do Estado ou "arcaicos" conservadores.
Na minha opinião pessoal é moral proibir o cidadão de fazer besteira (consumir drogas lícitas e ilícitas), mas para as demais pessoas é imoral proibir. O que nenhum dos dois lados pode fazer é ter a arrogância de se achar o dono da ética.
Anulação de casamento por causa de não virgindade é bullshit do tradicionalismo religioso exportado para a lei. Além de ser um bullshit que convence apenas religiosos com pose carolinha, é algo antiético. Faz bem em inexistir na lei.Tutu escreveu: ↑Sáb, 30 Dezembro 2023 - 20:54 pmNão vou questionar o item em si, por isso mudei de tópico.
O termo correto nesse contexto é "moral" (ou moral segundo a cultura brasileira) e não "ética" (universal na teoria). É sempre bom evitar cometer o erro de considerar a opinião pessoal ou o secularismo ou o ocidentalismo como a verdadeira ética, porque são ideologias como qualquer outra ideologia ou religião.
Podemos concordar moralmente com certas coisas dentro do cristianismo, secularismo e comunismo, enquanto discordar de outras dentro da mesma ideologia.
Secularismo significaria apenas não usar religião para justificar as decisões, mas o problema é que as pessoas secularistas tomam decisões de acordo com o oposto da tradição religiosa. Um exemplo simples é a religião dizer que consumo de álcool é pecado. É compatível com comportamento secularista defender proibição de álcool justificando risco a saúde e a terceiros apesar dos secularistas serem a favor da liberação justificando intromissão do Estado ou "arcaicos" conservadores.
Na minha opinião pessoal é moral proibir o cidadão de fazer besteira (consumir drogas lícitas e ilícitas), mas para as demais pessoas é imoral proibir. O que nenhum dos dois lados pode fazer é ter a arrogância de se achar o dono da ética.
Todo dono da ética é dono da verdade. Para o relativista, nada é verdadeiro, exceto o próprio relativismo dele, o que é uma contradição.
A verdadeira ética é um conjunto pequeno. O resto dos itens dependem muito da sociedade e da situação onde ela se encontra.Huxley escreveu: ↑Sáb, 30 Dezembro 2023 - 22:01 pmAnulação de casamento por causa de não virgindade é bullshit do tradicionalismo religioso exportado para a lei. Além de ser um bullshit que convence apenas religiosos com pose carolinha, é algo antiético. Faz bem em inexistir na lei.
Todo dono da ética é dono da verdade. Para o relativista, nada é verdadeiro, exceto o próprio relativismo dele, o que é uma contradição.
Nesse exemplo de virgindade é ótimo para ilustrar o relativismo. Uma cultura onde os casamentos ocorrem depois dos 30 não pode exigir virgindade, mas uma cultura onde os casamentos ocorrem antes dos 20 e a expectativa de vida dificilmente chega aos 35 anos pode exigir. A humanidade passou a maior parte da história no segundo contexto, pois a industrialização é algo recente.
Em relação à religião, o religioso justifica as decisões como "Essa é a vontade de Deus". Como o que eles chamam de Deus não existe, a justificativa acaba sendo refutada.
Mas o secularista liberal não é diferente, porque justifica as decisões como "Não devemos seguir preceitos religiosos", mas esse argumento serve só para derrubar o argumento do religioso, mas não justifica a decisão do secularista. Ele apenas parece seguir dogmas inventados por estrangeiros. Com isso, os dois lados acabam num impasse.
Misturou alhos com bugalhos. "Universalismo kantiano" não é necessário para a ética. A validade de toda regra ética depende de um contexto de circunstâncias. Porém, cada regra é atemporalmente verdadeira dado um determinado conjunto de circunstâncias semelhantes. Negar isso é cair no relativismo.Tutu escreveu: ↑Dom, 31 Dezembro 2023 - 13:15 pmA verdadeira ética é um conjunto pequeno. O resto dos itens dependem muito da sociedade e da situação onde ela se encontra.Huxley escreveu: ↑Sáb, 30 Dezembro 2023 - 22:01 pmAnulação de casamento por causa de não virgindade é bullshit do tradicionalismo religioso exportado para a lei. Além de ser um bullshit que convence apenas religiosos com pose carolinha, é algo antiético. Faz bem em inexistir na lei.
Todo dono da ética é dono da verdade. Para o relativista, nada é verdadeiro, exceto o próprio relativismo dele, o que é uma contradição.
Nesse exemplo de virgindade é ótimo para ilustrar o relativismo. Uma cultura onde os casamentos ocorrem depois dos 30 não pode exigir virgindade, mas uma cultura onde os casamentos ocorrem antes dos 20 e a expectativa de vida dificilmente chega aos 35 anos pode exigir. A humanidade passou a maior parte da história no segundo contexto, pois a industrialização é algo recente.
Em relação à religião, o religioso justifica as decisões como "Essa é a vontade de Deus". Como o que eles chamam de Deus não existe, a justificativa acaba sendo refutada.
Mas o secularista liberal não é diferente, porque justifica as decisões como "Não devemos seguir preceitos religiosos", mas esse argumento serve só para derrubar o argumento do religioso, mas não justifica a decisão do secularista. Ele apenas parece seguir dogmas inventados por estrangeiros. Com isso, os dois lados acabam num impasse.
"Isso é necessariamente bom porque essa é a vontade de Deus" é uma proposição atemporalmente falsa. Não existe qualquer meio racional de saber se algo veio de Deus. Então, não importa se isso foi a opinião da maioria das pessoas de determinada época, não importa se isso foi a opinião da maioria dos intelectuais de determinada época. O fato de a maioria da elite intelectual ter reconhecido tardiamente a sua falsidade significa apenas que a ética foi descoberta tardiamente. Descoberta tardia também acontece na ciência, então é óbvio que também aconteceria na ética. Crenças de sujeitos não fazem verdade; as crenças éticas sempre foram verdadeiras ou falsas independemente de quaisquer crenças majoritárias.