"Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

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Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

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Agnoscetico
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Registrado em: Sáb, 21 Março 2020 - 11:46 am

Mensagem por Agnoscetico »

O organoléptico escreveu:
Qui, 02 Dezembro 2021 - 22:04 pm
A questão do encarceramento no Brasil: As penitenciárias no Brasil são portas giratórias.


youtu.be/TZqQY0VGM7k
Não quero usar Ad Hominem, mas esse cara aí usa muita falácia, é flanelinha do Bolsonaro (mesmo fazendo) mesmo as vezes tentando disfarçar com críticas, enviesado, etc.
Se pudesse escrever em resumo o que disse, aí, talvez, eu tivesse estômago pra ler o que ele teria dito.

Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

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Tutu
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Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

Agnoscetico escreveu:
Sex, 03 Dezembro 2021 - 09:11 am
Não quero usar Ad Hominem, mas esse cara aí usa muita falácia, é flanelinha do Bolsonaro (mesmo fazendo) mesmo as vezes tentando disfarçar com críticas, enviesado, etc.
Se pudesse escrever em resumo o que disse, aí, talvez, eu tivesse estômago pra ler o que ele teria dito.
Nos dias de hoje está cada vez mais difícil encontrar uma fonte imparcial. Quase assisti esse vídeo por não conhecer o canal e a personalidade dele.

Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

O organoléptico
Mensagens: 806
Registrado em: Seg, 22 Novembro 2021 - 19:31 pm

Mensagem por O organoléptico »

Agnoscetico escreveu:
Sex, 03 Dezembro 2021 - 09:11 am
O organoléptico escreveu:
Qui, 02 Dezembro 2021 - 22:04 pm
A questão do encarceramento no Brasil: As penitenciárias no Brasil são portas giratórias.


youtu.be/TZqQY0VGM7k
Não quero usar Ad Hominem, mas esse cara aí usa muita falácia, é flanelinha do Bolsonaro (mesmo fazendo) mesmo as vezes tentando disfarçar com críticas, enviesado, etc.
Se pudesse escrever em resumo o que disse, aí, talvez, eu tivesse estômago pra ler o que ele teria dito.
Ad homini são como dizer "eu estou errado" então o mérito seria seu em não o usar. Quanto ao conteúdo do vídeo, são várias citações estatísticas e um amplo arrazoado sobre, do que ficaria uma grandeza tentar resumir em escrita, e até por causa da expressão particular do narrador que tem seu peso. Por que não tenta ver um pedaço e quem sabe você não acaba assistindo tudo?

Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

O organoléptico
Mensagens: 806
Registrado em: Seg, 22 Novembro 2021 - 19:31 pm

Mensagem por O organoléptico »

Tutu escreveu:
Sex, 03 Dezembro 2021 - 09:54 am
Agnoscetico escreveu:
Sex, 03 Dezembro 2021 - 09:11 am
Não quero usar Ad Hominem, mas esse cara aí usa muita falácia, é flanelinha do Bolsonaro (mesmo fazendo) mesmo as vezes tentando disfarçar com críticas, enviesado, etc.
Se pudesse escrever em resumo o que disse, aí, talvez, eu tivesse estômago pra ler o que ele teria dito.
Nos dias de hoje está cada vez mais difícil encontrar uma fonte imparcial. Quase assisti esse vídeo por não conhecer o canal e a personalidade dele.
É serio? Isso explica como nascem os vieses. Aliás acabei de realizar que os preconceituosos se fantasiam de pseudoabertos ao diálogo.

Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

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f0rest
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Registrado em: Dom, 19 Setembro 2021 - 17:04 pm

Mensagem por f0rest »

O crime não se observa só na maior parte das sociedades desta ou daquela espécie, mas em todas as sociedades de todos os tipos. Não há nenhuma em que não haja criminalidade. Muda de forma, os atos assim qualificados não são os mesmos em todo o lado; mas sempre e em toda a parte existiram homens que se conduziam de modo a incorrer na repressão penal.
(DURKHEIM, 2005, p. 82)
“Pelo fato de o crime ser um fenômeno de sociologia normal não se deduz que o criminoso seja um indivíduo normalmente constituído do ponto de vista biológico e psicológico. As duas questões são independentes uma da outra. Compreender-se-á melhor esta independência quando mostrarmos mais adiante a diferença existente entre os fatos psíquicos e os fatos sociológicos.
(DURKHEIM, 2005, p. 83)
[...] o crime chega a desempenhar um papel útil nesta evolução. Não só implica que o caminho fique aberto às modificações necessárias, como ainda, em certos casos, prepara diretamente essas mudanças. Onde ele existe, não só os sentimentos coletivos estão no estado de maleabilidade, necessária para tomar uma nova forma, como também contribui, por vezes, para predeterminar a forma que estes tomarão. Quantas vezes, com efeito, não é ele uma simples antecipação da moral futura, um encaminhamento para o porvir! Segundo o direito ateniense, Sócrates era um criminoso, e a sua condenação nada tinha de injusto. Contudo, o seu crime, a saber, a independência do seu pensamento, era útil não só à humanidade mas também à sua pátria: servia para preparar uma moral e uma fé novas de que os atenienses necessitavam naquele momento [...] A liberdade de pensamento de que gozamos hoje nunca poderia ter sido proclamada se as regras que a proibiam não tivessem sido violadas antes de serem solenemente abolidas. [...] A livre filosofia teve como precursores os heréticos os heréticos de toda a espécie que o braço secular justamente abrangeu durante toda a Idade Média e até a véspera da época
contemporânea.
(DURKHEIM, 2005, p. 86-87)

* DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martin Claret, 2005.

O pensamento de Durkheim é interessante, apontando que o crime sempre existiu e potencialmente sempre existirá simetricamente com a existência da lei, sendo praticado com um ato de escolha individual permeada por influências. A existência do crime que é antítese da lei, secundariamente exerce função na hermenêutica jurídica, na regulação e estruturação da moral e do direito penal.
Um primeiro passo seria identificar favores de risco para a criminalidade e aplicar a contenção, o segundo passo seria a reestruturação do sistema prisional, para que a prisão exerça efeito de fato, reduzindo reincidência e a própria superlotação.

Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

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Tutu
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Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

f0rest escreveu:
Sex, 03 Dezembro 2021 - 12:13 pm
O pensamento de Durkheim é interessante, apontando que o crime sempre existiu e potencialmente sempre existirá simetricamente com a existência da lei, sendo praticado com um ato de escolha individual permeada por influências. A existência do crime que é antítese da lei, secundariamente exerce função na hermenêutica jurídica, na regulação e estruturação da moral e do direito penal.
O tema aqui não é crime como "antítese da lei". O tema aqui é crime como violência (matar, roubar, machucar fisicamente, vandalizar, estuprar, etc) e essas coisas são transgressões universalmente em todas as culturas*. Para o resto eu usaria o termo "infração" em vez de "crime". O que defini como violência é o problema de todas as épocas enquanto infração muda com o tempo e época (crime de blasfêmia, pirataria digital, sonegação de imposto, desacato ao pudor, vender kinder-ovo nos EUA, etc).


* A Somália (também chamada de Ancapistão) não é uma sociedade e por isso não enxergam as vítimas como parte do mesmo grupo. Os saqueadores saem matando, roubando e estuprando quem encontram, mas não toleram isso dentro do próprio bando.

Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

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f0rest
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Registrado em: Dom, 19 Setembro 2021 - 17:04 pm

Mensagem por f0rest »

Isso tudo é crime por conta do desenvolvimento e atualização do direito penal positivado, antes disso era como a frase de Dostoiévski "Se Deus não existe, tudo é permitido". No direito penal a lei deve antecipar a ação para configurar crime. O que é fato, justo e coerente é que o criminoso seja preso e cumpra sua pena. Seja pela visão nietzscheana de justiça como vingança por parte das vítimas ou epicurista para proteção dos cidadãos de bem. Em contrapartida fazer contenção nas causas da criminalidade e não apenas nos seus efeitos e manifestações, e criar um sistema prisional no qual a possibilidade de reincidência congele ações criminais.

Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

O organoléptico
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Registrado em: Seg, 22 Novembro 2021 - 19:31 pm

Mensagem por O organoléptico »

A coisa é bem simples; O crime e o criminoso existem por que há inevitalmente crime e criminoso. Mas há nesse universo circunstancialidades que estimulam e reprimem o crime. Há o crime esrimulado pela impunidade e há o crime estimulado pelo ambiente jurídico. Há a Teoria da Janela quebrada. Há o experimento de Milgran, que demonstra que num ambiente de subserviência e de subalternidade se formam grupos de oprimidos e grupos de opressores, enfim.

Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

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Tutu
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Registrado em: Qui, 09 Abril 2020 - 17:03 pm

Mensagem por Tutu »

"Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência
Pensei que tinha comentado...

Essa de "Tem que sair matando!" é uma ideia ignorante de quem não entende o crime urbano. Os bandidos agem como lobos solitários ou pequenos grupos. "Sair matando" é coisa de guerrilha, onde um exército de muitos homens é combatido e tem redutos conhecidos. O crime urbano é completamente dispersado e não tem um reduto central.

Esse é mais um dos motivos que vejo que não vejo sentido em ter polícia militar e civil separadas. Deveriam unificar as duas como ocorre em outros países.

Claro que existem casos específicos de quadrilhas em favelas-redutos com armamento pesado. Para esse caso que usa-se os batalhões especiais de elite. Mas ainda é diferente de guerra, porque existem cidadãos-de-bem morando na favela que costumam morrer com bala perdida.
f0rest escreveu:
Sex, 03 Dezembro 2021 - 12:47 pm
Seja pela visão nietzscheana de justiça como vingança por parte das vítimas ou epicurista para proteção dos cidadãos de bem.
O princípio de prisão se baseia em tirar da sociedade quem não pode viver numa e há penas de reparação de danos, como indenização.

A questão da vingança não faz muito sentido, embora o criminoso mereça. A pena no caso serviria para desestimular o crime, embora não seja 100%. E crimes como homicídio não tem como faze reparação.

Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

O organoléptico
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Mensagem por O organoléptico »

Vingar tem adquirido desde relativismos um significado nebuloso, de caráter questionavel.

Mas quando se considera por exemplo o termo "o ovo da ave vingou", fica claro que é um conceito por si de efetivação, de uma conclusão esperada num processo. Que vingar, portanto tem implícita a idéia de punição e reparação de um crime cometido.

O que se tenta eufemizar com a desqualificação do conceito de vingança como se tal fosse ilícito, o direito divino da vítima de fazer cumprir o que lhe cabe fazer cumprir, é a aplicação da falácia do argumento de autoridade.
A não ser é claro, que ela, a vítima ceda à falácia ela passando daí a ser uma instituição consensual.

Re: "Tem que sair matando!" e outras soluções para a violência

O organoléptico
Mensagens: 806
Registrado em: Seg, 22 Novembro 2021 - 19:31 pm

Mensagem por O organoléptico »

Entre bichos não há crimes não vingados por que não tem essa de interpretar a justiça.
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