Movimento Woke, Censura do Politicamente Correto e Lacração

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Gabarito
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Vocês estão sabendo da batalha de estátuas que está se desenrolando mundo afora?

Onda antirracismo cresce, e polícia britânica já teme batalha das estátuas
Movimento lista 80 alvos no Reino Unido, e grupos prometem contra-ataque

10.jun.2020 às 17h01
Ana Estela de Sousa Pinto

Bruxelas
Apanhados na esteira dos protestos antirracismo após a morte do americano George Floyd, 80 locais em várias cidades do Reino Unido viraram tema de uma discussão que pode ganhar contornos de batalha, na avaliação da polícia britânica.

São estátuas e bustos de personagens acusados de promover escravidão e racismo, que manifestantes querem derrubar, e edifícios, ruas e praças, que eles querem ver trocar de nome.
Estátua ao rio.jpg
A estátua do comerciante de escravos Edward Colston é jogada em rio por manifestantes em Bristol - Keir Gravil - 7.jun.20 via Reuters

O movimento, que cresceu depois que manifestantes arrancaram e jogaram no rio uma estátua do comerciante de escravos Edward Colston em Bristol no último final de semana, gerou uma contrarreação de grupos de direita e até de torcidas organizadas, que começaram a convocar seus membros para defender os locais.

O assunto acirrou os ânimos nas redes sociais e promete esquentar nas ruas, mas a discussão sobre tirar de vista personagens controversos não se limita a movimentos inflamados.

Governantes e administradores de universidades defenderam nesta semana a retirada de algumas imagens ou até mesmo se anteciparam e encaixotaram figuras antes expostas publicamente.

O Derrube os Racistas, grupo que colocou na internet um mapa interativo para marcar os seus até agora 80 alvos, diz que “estátuas são objetos de adoração pública”, o que deveria excluir proprietários de escravos e colonialistas.

"Devemos aprender com esse terrível capítulo da história colonial britânica, e não venerá-lo", afirmam.

Entre os nomes que o movimento querem ver “debatidos” estão Francis Drake (explorador do século 16), Horatio Nelson (almirante durante as Guerras Napoleônicas, no século 18) e o escocês Henry Dundas (secretário do Interior no século 18, responsável por adiar a abolição).

No topo da lista está Cecil Rhodes, supremacista branco considerado um dos mentores do apartheid na África do Sul, alvo de uma petição também na Universidade de Oxford (no país africano, suas estátuas foram derrubadas em 2015).

Como os listados pelos ativistas são muitos e com variados graus de comprometimento, cresce o espaço para que alguns vejam exagero ou considerem que os méritos dos personagens superam seus erros.

O jornal britânico Daily Mail chegou a fazer um guia para explicar os prós e contras de 16 dos nomes levantados.

Os ataques atingiram até personagens que não estão na mira dos movimentos antirracismo, como a rainha Vitória (1819-1901). Na cidade de Leeds, uma estátua dela foi pichada com a frase “proprietária de escravos”, e apoiadores da monarca saíram em sua defesa dizendo que ela chegou ao trono em 1837, quatro anos após a abolição na Inglaterra.

A maior preocupação da polícia de Londres, porém, é com o primeiro-ministro Winston Churchill (1874-1965), que também teve uma estátua pichada no norte de Londres.

Segundo a polícia, torcedores de futebol violentos, conhecidos como “hooligans”, começaram a organizar pela internet contraprotestos para defender memoriais e imagens dos que chamam de “heróis de guerra”.

Nesta terça (9), um grupo de torcedores do Millwall, time do sudeste de Londres, passou o dia guardando uma estátua de Churchill na praça do Parlamento, e torcidas do Cardiff e do Blackpool convocaram seus membros para “evitar o vandalismo com a força, se for preciso”.

Entre os que chamaram simpatizantes para defender os monumentos estão também o ativista de direita radical Tommy Robinson e o grupo Britain First.

"Está se formando uma tempestade perfeita pela frente neste fim de semana”, disse Ken Marsh, representante da Federação Metropolitana de Polícia, referindo-se a protestos planejados de um lado e trincheiras e “agitadores" do outro.

Enquanto a tempestade se forma, alguns agentes começaram a se antecipar.

O Museu da Zona Portuária de Londres retirou de sua área externa a figura de Robert Milligan (dono de escravos na Jamaica), para "reconhecer os desejos da comunidade", e os prefeitos de Londres, Sadiq Khan, e Bristol, Marvin Rees, avisaram que vão revisar todos os monumentos e locais ligados ao comércio de escravos ou à promoção do racismo.

Na Bélgica, onde ganhou força nos últimos dias uma campanha já antiga para tirar de cena o rei Leopoldo 2º, um busto do monarca que colonizou o Congo (atual República Democrática do Congo) foi para o depósito na Universidade de Mons.

“Vamos guardá-lo para sempre, para que nenhum estudante, professor ou visitante se sinta ofendido por sua presença”, afirmou a universidade numa rede social.

O secretário de Patrimônio de Bruxelas, Pascal Smet, também disse ser a favor da remoção das estátuas da capital. Ele criou uma comissão para estudar o caso com representantes da comunidade congolesa e com especialistas e, numa entrevista de rádio, disse que espera uma decisão rápida.

Os ministros da Educação das três regiões belgas também pretendem incluir no currículo a história da colonização da África. “A maioria dos nossos alunos não ouve falar dos mecanismos de exploração e dominação usados", disse à imprensa belga a ministra da região francófona, Caroline Désir.

Em Flandres, região de língua flamenga, o Ministério da Educação anunciou que vai estender para o ensino médio (e portanto cobrar nos exames para universidades) os temas imperialismo, colonialismo, neocolonialismo e descolonização.

Re: Batalha de estátuas - Apagar a história - Censura do Politicamente Correto

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Gabarito
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Para encarar a era da insanidade em que estamos mergulhados, só com um pouco de humor:

Eduardo Affonso escreveu:
Bueiro

– Se já estão todas, todos e todes aí, podemos dar início a esta reunião extraordinária do Patrimônio Histórico e Cultural para decidir sobre os monumentos que merecem permanecer nos espaços públicos, os que vão para a reserva técnica dos museus e os que podem ser fundidos para fabricação de tampa de bueiro. Deixa eu ver minha lista aqui. Hmmm… estátua equestre de Pedro I, na praça Tiradentes.

– Misógino, macho tóxico e abandonou afetivamente os filhos.

– Bueiro?

– Bueiro. Mas podemos deixar o cavalo.

– Ok, a estátua equestre vira uma estátua equina. Estátua de Pedro II, na Quinta da Boa Vista.

– Escravocrata, gordofóbico…

– Gordofóbico?

– Já viu fotos da imperatriz, que ele trocou pela esbelta Condessa de Barral? Gordofobia raiz.

– Bueiro?

– Bueiro.

– Já que estamos na família imperial, temos a Princesa Isabel na avenida dela mesma. Essa fica, não é? Afinal, é mulher e...

– Sem chance. Vivia cercada de mucamas e se referia a uma de suas escravas, chamada Marta, como “negrinha de quarto”. Bueiro. E na Abolição, para aprender.

– Ok. Tiradentes, na Primeiro de Março, em frente ao palácio dele mesmo.

– Escravocrata. Perguntem pro Laurentino Gomes. Bueiro.

– Será que não vai escapar nem o Machado de Assis, ali em frente da Academia Brasileira de Letras?

– Nem pensar. Machado nunca assumiu sua negritude. Seus protagonistas são todos brancos. Capitu era quilombola? Brás Cubas era afrodescendente? Ele só tinha olhos para a burguesia da Rua do Ouvidor. Bueiro, e bem longe do Cosme Velho.

– Gente, vai faltar bueiro nesta cidade para tanta tampa! Para poupar tempo, melhor mandar fundir logo todas as estátuas de personalidades do século 19 para trás, não acham?

– Claro que não. Tem Zumbi dos Palmares, ali na Presidente Vargas. Essa fica.

– Mas Zumbi não tinha escravos? O Leandro Narloch levanta essa questão e….

– Nossa, quase quatro da tarde! Desculpe, mas marquei manicure e com essa demanda represada da pandemia, não posso me atrasar. Semana que vem a gente retoma, tá? E podemos começar pelo Drummond, ali no calçadão de Copacabana.

– Ah, tão bom passar pela orla e encontrá-lo ali, no meio do caminho…

– Esquece. Ele colaborou com o Estado Novo. Fascista.

– Bueiro?

- Bueiro. Fui!


Eduardo Affonso

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Titoff
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Não vi detalhes sobre essas polêmicas, mas a princípio tem tudo para perderem na mão mesmo.
Mas esta do zumbi dos palmares ter tido escravos, parece que foi uma "conclusão" tirada do chapéu do tal autor do livro lacrador.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Gabarito
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Vão entrar também na revisão do nome de ruas, praças e avenidas.
Vai ser dureza tirar todas as avenidas Getúlio Vargas do país.
Quase toda cidade tem.
Elevado Costa e Silva, Praça Mal Deodoro, Av Floriano Peixoto (milicos ditadores), etc...

Ativistas derrubam estátuas confederadas nos EUA na esteira de onda revisionista
Foram removidos ao menos dez monumentos de figuras que defendiam escravidão

11.jun.2020 às 13h08
São Paulo

A onda de revisionismo histórico incitada pelos atos antirracismo que se seguiram ao assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, ganhou novo episódio com a derrubada, em Richmond, no estado da Virgínia, da estátua de Jefferson Davis (1808-1889), na noite desta quarta-feira (10).

Davis foi presidente do Exército Confederado, que defendia a manutenção da escravidão na Guerra Civil Americana (1861-1865). Sua estátua já tinha sido alvo de discussões em âmbito municipal.

O grupo de manifestantes que derrubou a estátua se antecipou ao projeto de lei que o prefeito de Richmond, Levar Stoney, disse que apresentaria em 1º de julho, propondo a remoção de quatro monumentos que homenageiam os confederados em uma das principais avenidas da cidade.

"Richmond não é mais a capital da Confederação —está cheia de diversidade e amor por todos—, e precisamos demonstrar isso", disse o prefeito, em um comunicado.

Também em Richmond, na terça-feira (9), uma estátua de Cristóvão Colombo foi derrubada, incendiada e jogada em um lago.

Estátua 1.jpg
Estátua de Jefferson Davis, militar americano que defendia a manutenção da escravidão nos EUA, foi derrubada em Richmond, na Virgínia - Parker Michels-Boyce - 10.jun.20/AFP

Em todos os EUA, pelo menos dez monumentos aos confederados e outras figuras históricas controversas foram removidos. Estátuas e memoriais também estão sendo questionados em mais de 20 cidades americanas, de acordo com levantamento do jornal The New York Times.

Nesta quarta (10), a Nascar, categoria do automobilismo americano, baniu a bandeira confederada de suas corridas, eventos e propriedades, atendendo a um pedido de Bubba Wallace, único piloto negro da categoria.

A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, exigiu que 11 estátuas de confederados que se opunham ao fim da escravidão sejam removidas do Capitólio, sede do Legislativo americano.

"Os monumentos de homens que defenderam a crueldade e a barbárie para alcançar um fim puramente racista são uma afronta grotesca aos ideais americanos de democracia e liberdade", escreveu Pelosi em carta a uma comissão bipartidária nesta quarta.

Membros do Partido Democrata, de oposição ao presidente Donald Trump, também pediram mudanças nos nomes de dez bases militares do país que homenageiam antigos generais escravocratas.

Na terça, o secretário de Defesa, Mark Esper, e o secretário do Exército, Ryan McCarthy, disseram "estar abertos à discussão" caso houvesse um consenso entre democratas e republicanos no Congresso.

Trump, entretanto, foi categórico ao afirmar que seu governo "nem sequer vai considerar" a renomeação.

Em uma publicação no Twitter, o líder republicano escreveu que as instalações militares são "magníficas e fabulosas" e representam o "patrimônio americano de vitória e liberdade".

Em outra publicação, nesta quinta-feira (11), o presidente afirmou que "aqueles que negam a história estão condenados a repeti-la".

Na Europa, atos contra monumentos históricos ganharam força em Bristol, no Reino Unido, no domingo (7), quando manifestantes usaram cordas para derrubar uma estátua de Edward Colston, feita de bronze e erigida em 1895. Ela foi jogada em um rio que corta a cidade.

O homenageado era traficante de escravos e membro do Parlamento britânico no século 17. Dados históricos o relacionam às mortes de cerca de 19 mil negros escravizados nas Américas e no Caribe.

Nesta quinta, o monumento foi retirado da água e será levado para um museu, anunciou a prefeitura.

Estátua 2.jpg
Estátua de Edward Colston é retirada de rio em Bristol, na Inglaterra - AFP

Os prefeitos de Bristol, Marvin Rees, e Londres, Sadiq Khan, avisaram que vão revisar todos os monumentos e locais ligados ao comércio de escravos ou à promoção do racismo.

Autoridades das cidades de Bournemouth e Poole, na costa sul do Reino Unido, planejavam seguir o conselho da polícia e remover, nesta quinta-feira (11), uma estátua de Robert Baden-Powell (1857-1941), tenente-general do Exército britânico e fundador do movimento escoteiro, antes que ela tivesse o mesmo destino da de Colston.

"Embora famoso pela criação dos escoteiros, também reconhecemos que existem alguns aspectos da vida de Robert Baden-Powell que são considerados menos dignos de comemoração", disse a líder do conselho municipal, Vikki Slade.

Baden-Powell é acusado de racismo, homofobia e ligações com nazistas.

Dezenas de manifestantes brancos, entretanto, reuniram-se ao redor da estátua para impedir a remoção, destacando a importância dos 54 milhões de escoteiros em todo o mundo.
Mulher segura cartaz que diz 'História britânica importa' durante ato para impedir a remoção da estátua de Robert Baden-Powell - Glyn Kirk - 11.jun.20/AFP

A nova onda antirracismo no Reino Unido ganha contornos de batalha, na avaliação da polícia britânica.

O grupo Derrube os Racistas, que colocou na internet um mapa interativo para marcar os seus até agora 80 alvos, diz que “estátuas são objetos de adoração pública”, o que deveria excluir proprietários de escravos e colonialistas.

Do outro lado, estão, segundo a polícia, torcedores de futebol violentos, conhecidos como “hooligans”, que começaram a organizar pela internet contraprotestos para defender memoriais e imagens dos que chamam de “heróis de guerra”.

Em Londres, a estátua de Robert Milligan, que chegou a ter 526 negros escravizados em suas duas fazendas de plantação de açúcar na Jamaica, foi removida pelo Museu das Docas.

Na Bélgica, onde ganhou força nos últimos dias uma campanha já antiga para tirar de cena monumentos do rei Leopoldo 2º, um busto do monarca que colonizou o Congo (atual República Democrática do Congo) foi para o depósito na Universidade de Mons.

Estátua 3.jpg
Mulher segura cartaz que diz 'História britânica importa' durante ato para impedir a remoção da estátua de Robert Baden-Powell - Glyn Kirk - 11.jun.20/AFP

A retirada de monumentos históricos ligados à opressão dos negros é uma das demandas dos manifestantes que participam de atos antirracismo.

Os protestos começaram nos EUA e se espalharam pela Europa após a morte de George Floyd, homem negro assassinado por um policial branco, que prensou com o joelho o pescoço da vítima contra o chão durante quase nove minutos.
Protestos contra morte de George Floyd em cidades da Europa

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Gabarito
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Censuraram também o clássico E O Vento Levou...

Ativistas negros veem censura e não reparação em veto de 'E o Vento Levou'
Especialistas criticam retirada do filme do catálogo da HBO na onda de protestos antirracismo nos Estados Unidos

11.jun.2020 às 16h59
Marina Lourenço
São Paulo

“Este é um dos momentos mais felizes de minha vida, e quero agradecer cada um de vocês”, disse a atriz Hattie McDaniel quando subiu ao palco da 12ª edição do Oscar, em 1940, para receber o prêmio de melhor atriz coadjuvante. “Espero sinceramente ser sempre motivo de orgulho para a minha raça e para a indústria cinematográfica. Meu coração está pleno demais para lhes dizer como me sinto, e posso dizer ‘obrigada’. Que Deus os abençoe.”

Diferentemente de todos os outros premiados daquela noite, McDaniel era uma pessoa negra e se tornou, naquele momento, a primeira atriz com a sua cor de pele a receber uma estatueta da cerimônia.

O prêmio foi entregue devido ao seu trabalho no filme “E o Vento Levou”, de Victor Fleming, inspirado na trama do livro de mesmo nome, escrito por Margaret Mitchell, que narra uma história de romance, marcada por encontros e desencontros, vivida pela personagem Scarlett O'Hara, papel de Vivien Leigh, uma jovem branca filha de um latifundiário, no sul dos Estados Unidos durante a Guerra de Secessão.

No longa, McDaniel, filha de um casal ex-escravo, interpreta Mammy, uma empregada doméstica da família O’Hara, sarcástica, engraçada e amorosa com seus patrões. Além dela, os outros atores negros que compõem o elenco também interpretam criados.

Sempre doces, obedientes e ingênuos, os negros de “E o Vento Levou”, no entanto, são uma representação deturpada da realidade existente no sul dos Estados Unidos durante a época representada, o início da década de 1860, marcada por horrores da escravidão, responsável pela comercialização, estupro, tortura e assassinato de povos negros.

Militantes negros criticaram o filme quando lançado, em 1939, mas isso não impediu que a obra levasse oito prêmios no Oscar, incluindo o de melhor filme, e se tornasse um clássico. Agora, oito décadas depois do lançamento, “E o Vento Levou” está envolvido numa nova polêmica, e dessa vez, intensificada pelas redes sociais.

Em meio aos recentes protestos contra o racismo nos Estados Unidos —motivados pelo assassinato de George Floyd— John Ridley, roteirista de “12 Anos de Escravidão”, escreveu na segunda-feira um artigo no jornal Los Angeles Times dizendo que o filme de Fleming “perpetua alguns dos estereótipos mais dolorosos das pessoas de cor" e, por isso, deveria ser urgentemente retirado da plataforma de streaming recém-lançada HBO Max.

No dia seguinte, a empresa anunciou que retirou a obra e pretende devolver o longa ao catálogo, no futuro, acompanhado de um material de contextualização histórica que promova a discussão sobre as problemáticas em questão, como Ridley já havia sugerido.

Diversas obras artísticas ao longo da história já foram acusadas de promover algum tipo de opressão e geraram uma série de críticas. Entre textões no Facebook, trending topics no Twitter e vídeos no Instagram, as polêmicas ganham agora um ritmo cada vez mais frenético na era da internet.

A decisão da HBO Max, por exemplo, teve grande repercussão, que foi desde as acusações de censura até o destaque que “E o Vento Levou” conquistou ocupando o topo das vendas de best-sellers da Amazon.

O professor e cineasta Dodô Azevedo, que mantém um blog neste jornal, diz que a atitude da HBO não só é um tipo de censura à arte como também uma propaganda “de sua parte tóxica”.

”Esse filme é e será lembrado como a prova de que melhoramos como seres humanos. Isso faz parte da nossa história e não merece censura”, diz ele. “Muitos filmes foram usados para propaganda nazista e é muito importante analisar para que isso não se repita.”

A retirada temporária do filme da plataforma é também criticada por Thiago Amparo, especialista em direito e colunista deste jornal. “A censura pode acontecer por razões moralmente aceitáveis ou não, mas o ato é o mesmo. E isso pode até ter um efeito contrário e incentivar um interesse pela obra desacompanhado de qualquer contextualização.”

O livro “Racismo Recreativo”, de Adilson Moreira, publicado no ano passado, sugere como alternativa que o consumo de produtos artísticos que contenham discursos e ideias opressoras sejam realizados sempre alinhados a um material capaz de expor as problemáticas em questão, ação prometida pela HBO, mas ainda sem data definida.

“O racismo continua presente na nossa sociedade devido à ausência de debate sobre ele”, diz Moreira. “Esse pode ser um ponto de partida para nós entendermos o momento presente e não reproduzirmos certas narrativas. Esse é um bom exemplo de letramento racial.”

No caso do Brasil, a escritora Djamila Ribeiro, colunista deste jornal, considera que livros como o “Sítio do Picapau Amarelo”, de Monteiro Lobato, que segundo ela, não só disseminam discursos racistas, como também os estimulam, não devem constar numa grade educacional infantil. “Se adultos quiserem ter [o livro] nas suas estantes, tudo bem. Mas uma criança está em processo de formação.”

Quando questionada sobre a decisão da HBO, Ribeiro diz que não considera o caso como censura. “Isso é só uma plataforma retirando um filme que romantiza a violência racial. Censura seria se ele não fosse exibido nunca mais em nenhum lugar.”

Diante de tantas discussões e protestos contra o racismo, é preciso ter em mente a necessidade de promover mudanças significativas, e não sentir só uma "mea culpa". É o que diz Amparo, que interpreta a decisão da HBO Max como uma "censura temporária", ao analisar os acontecimentos atuais envolvendo a luta antirracista.

Ele diz ainda que além de promover o material prometido, a empresa deveria aproveitar a preocupação para investir em mais produções culturais negras.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Gabarito
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Mais batalha de estátuas:

Estátua do padre Antônio Vieira é vandalizada em Lisboa
salvar
Mundo 12.06.20 15:10

A estátua do padre Antônio Vieira que fica no centro de Lisboa foi vandalizada na madrugada desta quinta (11), informa a repórter Giuliana Miranda, da Folha.

O jornal paulistano descreve o vandalismo como parte do “movimento global de protestos contra estátuas associadas ao racismo é à escravidão”. O monumento recebeu um banho de tinta vermelha e teve a palavra “descoloniza” pichada em sua base. A Câmara Municipal lisboeta já fez a limpeza.

Chamado de “imperador da língua portuguesa” por Fernando Pessoa, Vieira (1608-1697), que viveu e pregou no Brasil, é o maior prosador do barroco português. Seus “Sermões” são obra-prima da língua. Mas, para alguns historiadores, ele foi condescendente com o trabalho escravo dos africanos.

Pelo visto, basta isso para que idiotas vandalizem a sua memória.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Gabarito
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Um pouco de Ruy Goiaba:

Bem-vindos à Idade Média 2.0
Ruy Goiaba
12.06.20

Vamos fingir que somos um país civilizado, sem coronavírus bombando graças a quarentenas meia-boca e sem metade da população desprovida de saneamento básico? Vamos. E um bom modo de fazer isso é importar GRANDES DEBATES do exterior — já que fazer o isolamento direito, colocar rede de esgoto para todo mundo etc. é trabalhoso, chato e não rende likes nas redes sociais.

Nem estou falando mal, não, longe disso: Deus abençoe o Debate Idiota. Ele pode render textos de humor e me ajudar a preencher este espaço semanal na Crusoé – nesse caso, quanto mais idiota melhor. Uma das grandes discussões virtuais da semana que passou foi se a gente deve derrubar monumentos a gente malvada. Vocês devem ter visto: manifestantes em Bristol, no Reino Unido, derrubaram a estátua de um traficante de escravos chamado Edward Colston. Dias depois, no estado americano da Virgínia, uma estátua de Cristóvão Colombo teve destino parecido; foi derrubada, incendiada e jogada em um lago.

Não demorou muito para aqueles brasileirinhos que amam estar por dentro das TRENDS gringas sugerirem fazer a mesma coisa com o Monumento do Empurra-Empurra do Brecheret lá no Ibirapuera ou com o Borba Gato, já que eles retratam bandeirantes (escravizadores de índios, assassinos etc.) como heróis. É claro que é fácil defender a derrubada do Borba Gato por razões puramente estéticas, já que o símbolo do bairro de Santo Amaro é aquele troço 100% medonho. Mas, ao mesmo tempo, ele é a cara do Brasil — quase tanto quanto o Cocozão de Ponta Grossa, que infelizmente não está mais entre nós.

E existem problemas práticos que têm de ser enfrentados por quem quiser praticar a “depredação com justiça”. Por exemplo, Tiradentes, como apontou Laurentino Gomes, tinha seis escravos quando foi enforcado. Segundo historiadores, havia escravidão em quilombos — inclusive o de Palmares, liderado por Zumbi. Como fazer? E há casos como o de Getúlio Vargas, fascista e signatário de leis eugenistas no Estado Novo, depois bonzinho e “progressista” nos anos 50. Depreda quanto das estátuas dele? 50%, só da cintura para baixo?

(Há um monumento no Rio, merecidamente conhecido como Cabeção do Getúlio, em que não dá para fazer isso, porque a parte de baixo já não existe. Mas aí é só ressignificar: ou a gente diz que é dom Paulo Evaristo Arns ou coloca uma cartola de bronze para virar estátua do Chacrinha. “Terezinhaaa!”)

Nem é preciso lembrar que Colston, o traficante de escravos de Bristol, também doava dinheiro a escolas e instituições de caridade para perceber que não é simples traçar um limite nesses casos — nem tudo é uma decisão tão fácil quanto suprimir monumentos a Hitler ou a Stálin. O Coliseu, por exemplo, foi erguido com mão de obra escrava. Vira pó? O mesmo vale para as pirâmides do Egito: vamos transformar numa pilha de tijolos? Ou não é preciso porque, nesses casos, a escravidão é “muito antiga”? E as obras de arte ligadas a essa instituição opressora que é a Igreja Católica, como a Pietà e a Capela Sistina? Martelo nelas? Passamos a achar bacana o que o Taleban fez com os Budas do Afeganistão?

Não estou dizendo aqui que a derrubada da estátua do traficante de escravos “leva” à destruição das pirâmides; seria apelar ao que os especialistas chamam de falácia da ladeira escorregadia (slippery slope). Só que o limite entre as primeiras coisas e as últimas é essencialmente arbitrário. E no fundo essa iconoclastia, assim como a queima de livros, é uma tentativa de reescrever o passado editando aquelas partes que hoje nos envergonham. Não adianta, porque é um recalque malfeito e o passado sempre retorna — inclusive nessas tradicionais modalidades de derrubada de estátuas e queima de livros.

(Iconoclastia, aliás, é termo que remonta ao Império Bizantino, quando Leão 3º proibiu a veneração de ícones e o pessoal saiu destruindo estátuas de santos, mosaicos e pinturas. Juntando isso à pandemia e aos novos “aldeões com tochas” dos linchamentos virtuais, já podemos dar as boas-vindas à Idade Média 2.0.)

Estátua Getulio.jpg
Fábio Motta/Estadão Conteúdo
O Cabeção do Getúlio é facilmente transformável em dom Paulo ou em Chacrinha

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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aronax
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Mensagem por aronax »

E tem quem criticava os antigos faraós ao mudarem o nome dos autores de monumentos...e tem quem ache Orwell um lunático. A história se repete.

“O tempora! O mores!”: até quando seremos forçados a viver tempos deploráveis?

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Gabarito escreveu:
Sex, 12 Junho 2020 - 15:18 pm
Ativistas derrubam estátuas confederadas nos EUA na esteira de onda revisionista
Foram removidos ao menos dez monumentos de figuras que defendiam escravidão

[...]
Estátua de Jefferson Davis, militar americano que defendia a manutenção da escravidão nos EUA, foi derrubada em Richmond, na Virgínia - Parker Michels-Boyce - 10.jun.20/AFP

Em todos os EUA, pelo menos dez monumentos aos confederados e outras figuras históricas controversas foram removidos. Estátuas e memoriais também estão sendo questionados em mais de 20 cidades americanas, de acordo com levantamento do jornal The New York Times.

Nesta quarta (10), a Nascar, categoria do automobilismo americano, baniu a bandeira confederada de suas corridas, eventos e propriedades, atendendo a um pedido de Bubba Wallace, único piloto negro da categoria.

A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, exigiu que 11 estátuas de confederados que se opunham ao fim da escravidão sejam removidas do Capitólio, sede do Legislativo americano.

"Os monumentos de homens que defenderam a crueldade e a barbárie para alcançar um fim puramente racista são uma afronta grotesca aos ideais americanos de democracia e liberdade", escreveu Pelosi em carta a uma comissão bipartidária nesta quarta.
[...]

Concordo plenamente com o juízo de valor da Nancy Pelosi : "Os monumentos de homens que defenderam a crueldade e a barbárie para alcançar um fim puramente racista são uma afronta grotesca aos ideais americanos de democracia e liberdade"

Não faz sentido uma sociedade democrática e não racista continuar a homenagear um racista.


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Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Titoff escreveu:
Sex, 12 Junho 2020 - 11:56 am
Não vi detalhes sobre essas polêmicas, mas a princípio tem tudo para perderem na mão mesmo.
Mas esta do zumbi dos palmares ter tido escravos, parece que foi uma "conclusão" tirada do chapéu do tal autor do livro lacrador.


Zumbi era um líder autoritário e tinha escravos? Veja as polêmicas sobre a escravidão no Brasil

https://educacao.uol.com.br/noticias/20 ... brasil.htm


Como os bandeirantes paulistas destruíram o Quilombo dos Palmares e mataram Zumbi

https://www.socialistamorena.com.br/com ... s-palmares


O Quilombo dos Palmares (Edison Carneiro - 1958)

https://web.archive.org/web/20150317131 ... na/5/texto

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Agnoscetico
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Descolonizar é preciso: abaixo o Borba Gato!

https://www.socialistamorena.com.br/des ... borba-gato

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Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Agnoscetico
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Quem não recorda as estátuas de Lenin sendo arrancadas das praças públicas após o fim da URSS? Alguém defendeu que elas fossem preservadas pelo “valor histórico”? Ou que a cidade de São Petersburgo mantivesse o nome de “Leningrado”?
Para quê retirar o nome de personagens


- Socialista Morena

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Gabarito
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Mensagem por Gabarito »

Agnoscetico escreveu:
Dom, 14 Junho 2020 - 04:27 am
Quem não recorda as estátuas de Lenin sendo arrancadas das praças públicas após o fim da URSS? Alguém defendeu que elas fossem preservadas pelo “valor histórico”? Ou que a cidade de São Petersburgo mantivesse o nome de “Leningrado”?
Para quê retirar o nome de personagens


- Socialista Morena
A grande diferença na colocação da Socialista acima é de patamar.
Não podemos colocar Lênin, Stálin, Hitler, Pol Pot, Mao Tsé Tung e outros genocidas no mesmo patamar de proprietários de escravos.
Não há parâmetro de comparação colocar na mesma balança ditadores que dizimaram populações inteiras com homens que viveram o seu tempo, como Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, Padre Vieira, Borga Gato e outros.

É muito fácil condenar a escravidão no conforto das conquistas da humanidade aqui no século 21.
Mas isso era o cotidiano na história da humanidade ao longo de milênios, infelizmente.
As pirâmides do Egito foram construídas usando-se esse meio de força de trabalho, lá no século 26 ANTES DE CRISTO (Ano 2.600 ac).
Somente de uns anos para cá é que a escravidão virou uma abominadção (século 19 dc), mas persistiu por milênios.

Atenção!
Eu não estou defendendo a escravidão!
É um sistema desumano, cruel, criminoso e abominável de subjugação do ser humano, quase comparável à tortura.

Mas comparar genocidas com homens do seu próprio tempo é desproporcional.

Vamos supor que você ou eu façamos algo importante para nossa comunidade, nação ou país.
E sejamos homenageados com uma estátua na praça.
Tudo muito bem.

Agora vamos para o ano 3.000 dc.

Naquele ano, lá bem longe no futuro, comer carne e frequentar zoológicos é crime inafiançável, sujeitando o autor a execração pública e repúdio da sociedade.
Será justo decapitar e jogar ao rio as nossas estátuas só porque comemos um churrasco ou almoçamos um bife em algum dia das nossas vidas?
Será justo nos colocar no mesmo patamar de Hitler?

Lá em 3.000, os animais já adquiriram direitos equivalente aos humanos.
Não é mais aceitável ser carnívoro. Todos são veganos.
Se hoje almoçamos um bife ou tomamos um milk shake feito com leite de vaca, somos homens do nosso tempo.
Não temos semelhança com Stálin, ditador sanguinário só por causa disso.

Se hoje nós vemos a escravidão como algo abominável, pode ser que no futuro comer carne ou outra coisa que pareça normal hoje pode ser algo horripilante.
Não temos como saber.

“Os paradoxos de hoje são os preconceitos de amanhã.”
Marcel Proust

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Agnoscetico escreveu:
Dom, 14 Junho 2020 - 04:27 am
Quem não recorda as estátuas de Lenin sendo arrancadas das praças públicas após o fim da URSS? Alguém defendeu que elas fossem preservadas pelo “valor histórico”? Ou que a cidade de São Petersburgo mantivesse o nome de “Leningrado”?
Para quê retirar o nome de personagens


- Socialista Morena

Exatamente, a ideia é que continuar a homenagear alguém que não condiz com os novos valores de uma sociedade é um absurdo, e que por isto não se deve continuar a homenagem .

Não tem sentido uma sociedade que atualmente abomina o racismo continuar a homenagear publicamente um racista.

Está é a questão.


.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Gabarito escreveu:
Dom, 14 Junho 2020 - 09:31 am
Agnoscetico escreveu:
Dom, 14 Junho 2020 - 04:27 am
Quem não recorda as estátuas de Lenin sendo arrancadas das praças públicas após o fim da URSS? Alguém defendeu que elas fossem preservadas pelo “valor histórico”? Ou que a cidade de São Petersburgo mantivesse o nome de “Leningrado”?
Para quê retirar o nome de personagens


- Socialista Morena
A grande diferença na colocação da Socialista acima é de patamar.
Não podemos colocar Lênin, Stálin, Hitler, Pol Pot, Mao Tsé Tung e outros genocidas no mesmo patamar de proprietários de escravos.
Não há parâmetro de comparação colocar na mesma balança ditadores que dizimaram populações inteiras com homens que viveram o seu tempo, como Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, Padre Vieira, Borga Gato e outros.

É muito fácil condenar a escravidão no conforto das conquistas da humanidade aqui no século 21.
Mas isso era o cotidiano na história da humanidade ao longo de milênios, infelizmente.
As pirâmides do Egito foram construídas usando-se esse meio de força de trabalho, lá no século 26 ANTES DE CRISTO (Ano 2.600 ac).
Somente de uns anos para cá é que a escravidão virou uma abominadção (século 19 dc), mas persistiu por milênios.

Atenção!
Eu não estou defendendo a escravidão!
É um sistema desumano, cruel, criminoso e abominável de subjugação do ser humano, quase comparável à tortura.

Mas comparar genocidas com homens do seu próprio tempo é desproporcional.

Vamos supor que você ou eu façamos algo importante para nossa comunidade, nação ou país.
E sejamos homenageados com uma estátua na praça.
Tudo muito bem.

Agora vamos para o ano 3.000 dc.

Naquele ano, lá bem longe no futuro, comer carne e frequentar zoológicos é crime inafiançável, sujeitando o autor a execração pública e repúdio da sociedade.
Será justo decapitar e jogar ao rio as nossas estátuas só porque comemos um churrasco ou almoçamos um bife em algum dia das nossas vidas?
Será justo nos colocar no mesmo patamar de Hitler?

Lá em 3.000, os animais já adquiriram direitos equivalente aos humanos.
Não é mais aceitável ser carnívoro. Todos são veganos.
Se hoje almoçamos um bife ou tomamos um milk shake feito com leite de vaca, somos homens do nosso tempo.
Não temos semelhança com Stálin, ditador sanguinário só por causa disso.

Se hoje nós vemos a escravidão como algo abominável, pode ser que no futuro comer carne ou outra coisa que pareça normal hoje pode ser algo horripilante.
Não temos como saber.

“Os paradoxos de hoje são os preconceitos de amanhã.”
Marcel Proust
Responde a Socialista Morena no site/blog dela.
Eu postei como um contraponto.
Mas ainda assim: O fato de alguém não ter sido ditador não exime o que eles fizeram de danoso. Afinal, pros escravos a escravidão era uma ditadura, não interessa se pros outros eles pareciam democráticos.
Por outro lado muitas das homenagens não seriam pros atos danosos deles, mas pelos "bons".
Mas, no caso de bandeirantes, que foram homenageados por "desbravar" e conquistar terras dis indígenas, a homenagem é bem questionável.
Nem precisa se equiparar a Hitler, se fisse um pedófilo que tenga abusado una criança apenas, já seria suficiente pra se questionar a homenagem com estátua.

Eu por mim não deveria estátua de ninguém, vai saber o que cada um aprontou por debaixo dos panos. Imagina retirarem alguma estátua de Gandhi (que teria racista contra negros e pedófilo) e Madre Teresa de Calcutá (teria envenenado pessoas mas foi vista como filantrópica ou algo assim).

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Gabarito escreveu:
Dom, 14 Junho 2020 - 09:31 am
Agnoscetico escreveu:
Dom, 14 Junho 2020 - 04:27 am
Quem não recorda as estátuas de Lenin sendo arrancadas das praças públicas após o fim da URSS? Alguém defendeu que elas fossem preservadas pelo “valor histórico”? Ou que a cidade de São Petersburgo mantivesse o nome de “Leningrado”?
Para quê retirar o nome de personagens


- Socialista Morena
A grande diferença na colocação da Socialista acima é de patamar.
Não podemos colocar Lênin, Stálin, Hitler, Pol Pot, Mao Tsé Tung e outros genocidas no mesmo patamar de proprietários de escravos.

A questão é a quantidade de abuso ? Pouco abuso pode homenagear, média quantidade de abusos tem que ver, muitos abusos não homenagea.

Hipóteses:

1) Adam, um fidalgo senhor de escravos do século XIX abusou de uma escrava , mas era um fidalgo que fez filantropia, então, mesmo sabendo atualmente que ele fez algo que hoje é considerado abominável, devemos continuar a homenageá-lo em praça pública e assim honrar a sua memória .


2) Arthur, um fidalgo senhor de escravos do século XIX abusou de 10 escravas , ele era um fidalgo que fez filantropia, mas, neste caso dez já é um numero considerável, e sabendo atualmente que ele fez com mais de uma pessoa algo que hoje é considerado abominável, Não devemos continuar a homenageá-lo em praça pública e assim Não devemos continuar a honrar a sua memória


.
Editado pela última vez por JJ_JJ em Dom, 14 Junho 2020 - 15:25 pm, em um total de 6 vezes.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Mensagem por JJ_JJ »

Agnoscetico escreveu:
Dom, 14 Junho 2020 - 11:33 am


Nem precisa se equiparar a Hitler, se fisse um pedófilo que tenha abusado una criança apenas, já seria suficiente pra se questionar a homenagem com estátua.


Abusado de uma criança é pouco, teria que ter abusado de pelo menos dez crianças. Aí, sim, justificaria tirar a homenagem pública.



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Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Gabarito
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Mensagem por Gabarito »

Agnoscetico escreveu:
Dom, 14 Junho 2020 - 11:33 am

Responde a Socialista Morena no site/blog dela.
Eu postei como um contraponto.
Mas ainda assim: O fato de alguém não ter sido ditador não exime o que eles fizeram de danoso. Afinal, pros escravos a escravidão era uma ditadura, não interessa se pros outros eles pareciam democráticos.
Por outro lado muitas das homenagens não seriam pros atos danosos deles, mas pelos "bons".
Mas, no caso de bandeirantes, que foram homenageados por "desbravar" e conquistar terras dis indígenas, a homenagem é bem questionável.
Nem precisa se equiparar a Hitler, se fisse um pedófilo que tenga abusado una criança apenas, já seria suficiente pra se questionar a homenagem com estátua.

Eu por mim não deveria estátua de ninguém, vai saber o que cada um aprontou por debaixo dos panos. Imagina retirarem alguma estátua de Gandhi (que teria racista contra negros e pedófilo) e Madre Teresa de Calcutá (teria envenenado pessoas mas foi vista como filantrópica ou algo assim).
JJ_JJ escreveu:
Dom, 14 Junho 2020 - 15:15 pm

A questão é a quantidade de abuso ? Pouco abuso pode homenagear, média quantidade de abusos tem que ver, muitos abusos não homenagea.

Hipóteses:

1) Adam, um fidalgo senhor de escravos do século XIX abusou de uma escrava , mas era um fidalgo que fez filantropia, então, mesmo sabendo atualmente que ele fez algo que hoje é considerado abominável, devemos continuar a homenageá-lo em praça pública e assim honrar a sua memória .


2) Arthur, um fidalgo senhor de escravos do século XIX abusou de 10 escravas , ele era um fidalgo que fez filantropia, mas, neste caso dez já é um numero considerável, e sabendo atualmente que ele fez com mais de uma pessoa algo que hoje é considerado abominável, Não devemos continuar a homenageá-lo em praça pública e assim Não devemos continuar a honrar a sua memória

Vocês distorceram a minha postagem.
Eu não entrei no mérito da homenagem.
Eu questionei a comparação de níveis diferentes.

Comparar pedras com maçãs não leva a ações justas.

Para vocês, quem furta uma banana é equivalente aos condenados da Lava-Jato?
Deve ser igual, porque todos são criminosos.

É claro que se deve ter gradações ao se analisar ações e atitudes, principalmente quando envolve cultura de uma época.

Muito bom que as suas ideias sejam registradas aqui, viu, JJ, porque os historiadores do futuro vão saber como você pensa quando, lá no ano 3.000, a ética e a moral possam ser diferentes das de hoje.
Procure um buraco para se esconder.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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JJ_JJ escreveu:
Dom, 14 Junho 2020 - 15:15 pm

A questão é a quantidade de abuso ? Pouco abuso pode homenagear, média quantidade de abusos tem que ver, muitos abusos não homenagea.

Hipóteses:

1) Adam, um fidalgo senhor de escravos do século XIX abusou de uma escrava , mas era um fidalgo que fez filantropia, então, mesmo sabendo atualmente que ele fez algo que hoje é considerado abominável, devemos continuar a homenageá-lo em praça pública e assim honrar a sua memória .


2) Arthur, um fidalgo senhor de escravos do século XIX abusou de 10 escravas , ele era um fidalgo que fez filantropia, mas, neste caso dez já é um numero considerável, e sabendo atualmente que ele fez com mais de uma pessoa algo que hoje é considerado abominável, Não devemos continuar a homenageá-lo em praça pública e assim Não devemos continuar a honrar a sua memória
Quanta distorção!
Veja bem, eu não abordei o abuso sexual.
Na minha postagem eu não defendo homenagens e nem falo de abusadores.
Eu trato unicamente de pesos diferentes para um tempo e uma cultura diferente da de hoje.
Ainda mais quando envolve violência, ódio e vandalismo, que é o que se vê quando "manifestantes", em turba animalesca, decapitam, arrastam e vilipendiam estátuas inanimadas.
Isso não é uma boa imagem que se tem de civilização. Isso se parece com cenas da Idade Média.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Mensagem por Agnoscetico »

Lembrei sobre Simpsons "prevendo" coisas, e achei sobre "previsão" de cirtar cabeça de estátuas:

'The Simpsons did it first': Fans suggest cartoon predicted decapitation of Christopher Columbus statue in Boston


https://www.independent.co.uk/arts-ente ... 62631.html

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Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Gabarito
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Mensagem por Gabarito »

Essa aí dos Simpsons e as estátuas ainda não entrou na lista de FakeNews, mas o histórico dessas previsões leva a crer que também seja mais uma:

Os Simpsons previram o assassinato de George Floyd e os protestos nos EUA?

E mais:

youtu.be/ca9vgkD9Heg

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Mensagem por Agnoscetico »

Gabarito escreveu:
Seg, 15 Junho 2020 - 11:58 am
Essa aí dos Simpsons e as estátuas ainda não entrou na lista de FakeNews, mas o histórico dessas previsões leva a crer que também seja mais uma:

Os Simpsons previram o assassinato de George Floyd e os protestos nos EUA?

E mais:

youtu.be/ca9vgkD9Heg
Eu sei, até pus "previsão". É que lemvrei dum episódio com a estátua e procurei na internet.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Mensagem por Gabarito »

Agnoscetico escreveu:
Seg, 15 Junho 2020 - 13:27 pm
Gabarito escreveu:
Seg, 15 Junho 2020 - 11:58 am
Essa aí dos Simpsons e as estátuas ainda não entrou na lista de FakeNews, mas o histórico dessas previsões leva a crer que também seja mais uma:

Os Simpsons previram o assassinato de George Floyd e os protestos nos EUA?
Eu sei, até pus "previsão". É que lemvrei dum episódio com a estátua e procurei na internet.
Imagem

Re: Protestos, manifestações, vandalismo, antifas, Blacks live matter, etc

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Mensagem por Agnoscetico »

Esse não tem o que discutir. Já era pra ser removida faz tempo. Escravocrata e lutou pela manutenção da escravidão:


For now, Virginia still can't remove massive Lee statue

https://www.mail.com/news/politics/9983 ... ge-hero1-5


Imagem


Off_topic:
Postagem movida para o tópico apropriado.
Gabarito.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Mensagem por Agnoscetico »

Isso pode dar uma solução pra salvar estátuas: Criar museu de estátuas.


youtu.be/8LWr4zK21lQ

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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André Luiz
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Mensagem por André Luiz »

Acho que estátuas de grandes filhos da puta ( como mercadores de escravos etc ...) devem ser removidas ou contextualizadas. Já as de grandes conquistadores ou guerreiros acho que é besteira , não existe essa de povo bonzinho. Por exemplo, não justo destruírem a estátua de Tarmelão, por mais que ele tenha massacrado metade da Ásia, emparedado gente em torres, pilhas de crânios etc..

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Mensagem por Agnoscetico »

André Luiz escreveu:
Ter, 23 Junho 2020 - 17:56 pm
Acho que estátuas de grandes filhos da puta ( como mercadores de escravos etc ...) devem ser removidas ou contextualizadas. Já as de grandes conquistadores ou guerreiros acho que é besteira , não existe essa de povo bonzinho. Por exemplo, não justo destruírem a estátua de Tarmelão, por mais que ele tenha massacrado metade da Ásia, emparedado gente em torres, pilhas de crânios etc..
E no caso de Zumbi, que pra muitos é um herói da resistência a escravidão. Mas muitos alegam que ele pode ter tido escravos; ainda que fosse mais parecidos a servidão hierárquica como devia ter na África, do que uma escravidão do jeito que era aplicada pelos europeus aos africanos.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Agnoscetico escreveu:
Ter, 23 Junho 2020 - 20:11 pm
E no caso de Zumbi, que pra muitos é um herói da resistência a escravidão. Mas muitos alegam que ele pode ter tido escravos; ainda que fosse mais parecidos a servidão hierárquica como devia ter na África, do que uma escravidão do jeito que era aplicada pelos europeus aos africanos.
Escravos, na África, muitas vezes eram sacrificados em rituais religiosos. Será que isto era melhor que trabalhar debaixo de chicote no Brasil?

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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André Luiz
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Mensagem por André Luiz »

Agnoscetico escreveu:
Ter, 23 Junho 2020 - 20:11 pm
André Luiz escreveu:
Ter, 23 Junho 2020 - 17:56 pm
Acho que estátuas de grandes filhos da puta ( como mercadores de escravos etc ...) devem ser removidas ou contextualizadas. Já as de grandes conquistadores ou guerreiros acho que é besteira , não existe essa de povo bonzinho. Por exemplo, não justo destruírem a estátua de Tarmelão, por mais que ele tenha massacrado metade da Ásia, emparedado gente em torres, pilhas de crânios etc..
E no caso de Zumbi, que pra muitos é um herói da resistência a escravidão. Mas muitos alegam que ele pode ter tido escravos; ainda que fosse mais parecidos a servidão hierárquica como devia ter na África, do que uma escravidão do jeito que era aplicada pelos europeus aos africanos.
A escravidão na África negra era brutal também
Mas como foi o tipo de servidão utilizado nos quilombos acho que jamais saberemos

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Escravidão no Líbano

No Líbano, as leis trabalhistas não cobrem os direitos das empregadas domésticas. O sistema tradicional é o da "kafalah", em que elas viram, na prática, escravas dos patrões. Têm que trabalhar sem hora certa para descansar e sem dia de folga. Muitas nem são pagas. Agora, com a pandemia, estão sendo jogadas fora na rua, literalmente, sem dinheiro e sem passaporte. São mais de 250 mil domésticas e muitas estão tentando voltar a seus países (da Ásia ou África, principalmente Etiópia).

Vídeos das reportagens:
https://information.tv5monde.com/video/ ... etrangeres
https://information.tv5monde.com/video/ ... -employeur

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Mensagem por JJ_JJ »

Congresso do Mississippi aprova retirada de símbolo confederado de sua bandeira

© REUTERS / Jonathan Ernst
AMÉRICAS
21:36 28.06.2020

Em decisão histórica, Senado do Mississippi aprovou neste domingo (28), por 37 votos a 14, retirada de um emblema confederado de sua bandeira, símbolo associado ao passado escravagista dos EUA.

Mais cedo, a Câmara dos Representantes do estado também aprovara a remoção do símbolo, por 91 votos contra 23.

O Mississippi é o último dos estados estadunidenses a ter um emblema confederado em sua bandeira. Os congressistas decidiram que uma novo estandarte deverá ser criado por uma comissão - obrigatoriamente sem o símbolo confederado, mas com as palavras In God We Trust (Em Deus Confiamos).

Nas eleições de 3 de novembro, os cidadãos do estado vão votar se aprovam ou não a nova bandeira.

Governador republicano sancionará lei
O governador republicano Tate Reeves afirmou que iria sancionar a medida. No Mississippi, 38% da população é negra.

Os Estados Confederados da América reuniram, a partir de 1861, um grupo de estados do sul dos EUA contrários à abolição da escravidão, o que levou o país a uma guerra civil.

O emblema sempre foi fortemente associado ao racismo e às políticas segregacionistas que vigoraram por décadas nos Estados Unidos. A bandeira do Mississippi foi criada em 1894, quase 30 anos depois do fim da Guerra de Secessão.

Derrubada de estátuas e símbolos
Desde a morte do afro-americano George Floyd em Minneapolis, em 25 de maio, uma onda de protestos antirracistas surgiu nos EUA e em vários outros países do mundo, levando a derrubada ou a retirada de estátuas e símbolos considerados racistas de instituições e locais públicos.

Em 21 de junho, o Museu de História Natural de Nova York disse que iria remover de sua entrada uma estátua considerada racista do ex-presidente Theodore Roosevelt.

Estátua de Theodore Roosevelt em frente ao Museu de História Natural de Nova York
© AP PHOTO / MARY ALTAFFER

Estátua de Theodore Roosevelt na entrada do Museu de História Natural de Nova York mostra ex-presidente andando a cavalo, com indígena e homem negro em pé ao seu lado
No sábado (27), a Universidade de Princeton anunciou que iria retirar o nome do ex-presidente Woodrow Wilson, criticado por suas ideias segregacionistas, de sua escola de políticas públicas e relações internacionais.


-----------------------

Excelente. :clap:

Novos valores (que respeitam os direitos humanos), combinam com a mudança no símbolos. Toda honraria dada a escravistas deveria ser totalmente retirada de quaisquer símbolos públicos. Tais honrarias são uma afronta aos novos valores pós Declaração Universal dos Direitos do Homem.


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Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Mensagem por JJ_JJ »

Fernando Silva escreveu:
Qui, 25 Junho 2020 - 09:55 am
Escravidão no Líbano

No Líbano, as leis trabalhistas não cobrem os direitos das empregadas domésticas. O sistema tradicional é o da "kafalah", em que elas viram, na prática, escravas dos patrões. Têm que trabalhar sem hora certa para descansar e sem dia de folga. Muitas nem são pagas. Agora, com a pandemia, estão sendo jogadas fora na rua, literalmente, sem dinheiro e sem passaporte. São mais de 250 mil domésticas e muitas estão tentando voltar a seus países (da Ásia ou África, principalmente Etiópia).

Vídeos das reportagens:
https://information.tv5monde.com/video/ ... etrangeres
https://information.tv5monde.com/video/ ... -employeur

Não esqueçamos do país, do tipo muito autoritário, amigaço do peitão do Poderoso Chefão, a Arabiona Sauditona.


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Editado pela última vez por JJ_JJ em Dom, 28 Junho 2020 - 23:56 pm, em um total de 4 vezes.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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MUNDO

Empregada doméstica é decapitada na Arábia Saudita

Avatar 16 DE JANEIRO DE 2013

Por Gethin Chamberlain

Mais de 45 empregadas domésticas estrangeiras enfrentam a execução no corredor da morte na Arábia Saudita, segundo informações obtidas por The Observer, em meio à crescente indignação internacional pelo tratamento dado aos trabalhadores imigrantes.

O número surpreendente surgiu depois que a Arábia Saudita decapitou uma empregada doméstica de 24 anos originária do Sri Lanka, Rizana Nafeek, apesar dos pedidos de clemência do mundo inteiro.


[...]

https://www.cartacapital.com.br/mundo/e ... a-saudita/


-------------------------------


Acho hiper legal como muitos bajuladores do Poderoso Chefão, Guardião da Democracia no Sistema Solar, tem amnésia seletiva, e geralmente não se lembram (ou talvez sejam ignorantes mesmo), que o Poderoso Chefão tem excelentes relações com a autoritária Arábia Sauditona.

No Youtube tem site militarista (e bajulador do PC e do louro) que ficou com raivinha quando lembrei deste fato,

:dance:

Obs. Não estou referindo a qualquer pessoa específica deste site.


.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

JJ_JJ escreveu:
Dom, 28 Junho 2020 - 23:48 pm
Fernando Silva escreveu:
Qui, 25 Junho 2020 - 09:55 am
Escravidão no Líbano

No Líbano, as leis trabalhistas não cobrem os direitos das empregadas domésticas. O sistema tradicional é o da "kafalah", em que elas viram, na prática, escravas dos patrões. Têm que trabalhar sem hora certa para descansar e sem dia de folga. Muitas nem são pagas. Agora, com a pandemia, estão sendo jogadas fora na rua, literalmente, sem dinheiro e sem passaporte. São mais de 250 mil domésticas e muitas estão tentando voltar a seus países (da Ásia ou África, principalmente Etiópia).

Vídeos das reportagens:
https://information.tv5monde.com/video/ ... etrangeres
https://information.tv5monde.com/video/ ... -employeur

Não esqueçamos do país, do tipo muito autoritário, amigaço do peitão do Poderoso Chefão, a Arabiona Sauditona.
Concordo com o fato da duplicidade de certos governantes.

O detalhe aqui é que a Arábia Saudita é uma tirania religiosa e estas coisas não surpreendem partindo deles, enquanto que o Líbano é, em princípio, uma democracia e, no entanto, antigos costumes permanecem.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Gabarito
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Mensagem por Gabarito »

Gabarito escreveu:
Sex, 12 Junho 2020 - 15:23 pm
Censuraram também o clássico E O Vento Levou...

Ativistas negros veem censura e não reparação em veto de 'E o Vento Levou'
Especialistas criticam retirada do filme do catálogo da HBO na onda de protestos antirracismo nos Estados Unidos

Acho que só vão sossegar quando conseguirem mudar o passado. Imagem

Filmes, dublagens e parques da Disney entram na mira de protestos antirracistas
Ativistas fazem pente-fino em produções culturais e pressionam empresas, que põem avisos de 'desatualização' em suas obras

28.jun.2020 às 12h06
Marina Lourenço
São Paulo

Já estamos acostumados a que a sinopse sirva como uma descrição sucinta, uma síntese ou um resumo de filmes, séries e livros. Mas ela vem ganhando companhia nos últimos tempos. Cresce o número de produções acompanhadas de alertas sobre o que plataformas de streaming chamam de “cultura desatualizada” —ou seja, um aviso de aquela obra pode desagradar determinados grupos e gerar reações negativas em cadeia nas redes sociais.

Foi o que aconteceu recentemente com o filme “...E o Vento Levou”, clássico de Victor Fleming, que foi retirado temporariamente da HBO Max sob a justificativa de que a obra romantiza a escravidão negra. Depois de sair do ar, foi anunciado que a obra voltaria acompanhada de um vídeo de contextualização histórica.

Semanas depois, foi a vez da Sky anunciar que botaria avisos em algumas de suas produções. A Disney+, que reúne centenas de produções cinematográficas e televisivas, adota esse mesmo modelo de aviso desde seu lançamento, em novembro de 2019. O alerta acompanha algumas das animações mais famosas da empresa, caso de "Dumbo", "Aristogatas", "A Dama e o Vagabundo" e "Mogli: O Menino Lobo".

“Esse programa é apresentado conforme foi originalmente criado. Ele pode conter representações culturais desatualizadas”, anuncia a plataforma nessas produções.

"Dumbo", por exemplo, recebe críticas por causa de uma cena em que o elefante se encontra com um grupo de corvos liderado por um personagem chamado Jim. O nome Jim Crow (em inglês, “crow” significa “corvo") ficou conhecido nos Estados Unidos do século 19 quando o ator Thomas D. Rice deu início à prática de blackface ao interpretar um personagem de mesmo nome. Além disso, entre o fim do século 19 e início do 20, o sul do país vivenciou leis segregacionistas raciais, conhecidas como Leis de Jim Crow. O corvo da animação, portanto, seria uma alusão a essa época —e, portanto, justificaria o aviso adicionado pela empresa no desenho.

“O que me deixa preocupado é esse excesso de julgamento da obra de arte. Isso se aproxima muito de censura“, diz o diretor Bruno Barreto, nome à frente de filmes como "O Que É Isso, Companheiro?" e "Última Parada 174".

Sua obra tampouco escapou das críticas. Seu filme “Crô”, lançado em 2013, tem como protagonista o personagem gay da novela "Fina Estampa" e recebeu uma série de críticas de pessoas LGBTs, que afirmaram que o filme reproduz estereótipos homofóbicos. O diretor se defende e diz que esse argumento é preconceituoso, já que ignora a existência de homossexuais com a mesma personalidade do protagonista, criado por Aguinaldo Silva e inspirado em papéis do comediante Jerry Lewis.

Segundo Barreto, vivemos "uma era pautada pelo exagero do politicamente correto", que cerceia a criatividade artística. “Para mim, nenhum grande artista está dentro de uma caixa. A arte tem que estar acima disso tudo”, diz.
Imagem do filme "Dumbo" na plataforma de streaming Disney+. "A história inspirada neste corajoso bebê elefante, que --com a ajuda de seu inteligente amigo Timothy Q.Mouse-- usa suas orelhas gigantes para fama. Esse programa é apresentado conforme foi originalmente criado. Ele pode co nter representações culturais desatualizadas", diz a sinopse Imagem do filme "Dumbo" na plataforma de streaming Disney+. "A história inspirada neste corajoso bebê elefante, que --com a ajuda de seu inteligente amigo Timothy Q.Mouse-- usa suas orelhas gigantes para fama. Esse programa é apresentado conforme foi originalmente criado. Ele pode co nter representações culturais desatualizadas", diz a sinopse

Imagem do filme "Dumbo" na plataforma de streaming Disney+. "A história inspirada neste corajoso bebê elefante, que --com a ajuda de seu inteligente amigo Timothy Q.Mouse-- usa suas orelhas gigantes para fama. Esse programa é apresentado conforme foi originalmente criado. Ele pode co nter representações culturais desatualizadas", diz a sinopse - Reprodução

“Não podemos esquecer que a Ku Klux Klan já foi retratada com heroísmo pelo cinema”, lembra Marcelo D’Salete, autor da premiada HQ “Angola Janga”, sobre o quilombo de Palmares. “Repensar essa iconografia é repensar a história propondo novas formas de ver, debater e sentir."

Mas não são somente produções audiovisuais que põem pólvora no debate. Embora não haja registro de terem sido tiradas de plataformas de streaming ou receberem contextualizações, músicas como “Ai que Saudades da Amélia”, de Ataulfo Alves e Mário Lago, “Loira Burra”, de Gabriel, O Pensador, são frequentemente criticadas pelo movimento feminista. A produtora Furacão 2000 chegou a ser condenada a pagar R$ 500 mil por causa da canção “Um Tapinha Não Dói”, do MC Naldinho, sob o argumento de que ela incitaria a violência contra a mulher.

“As pessoas têm uma ideia de que a liberdade é a ausência de responsabilidade. Mas, na verdade, liberdade envolve parâmetros de convivência”, diz o filósofo e professor Silvio Almeida, autor de "Racismo Estrutural".

Na opinião dele, defender a ausência de contextualizações em obras artísticas gera uma paralisia crítica que prejudica a formação de conhecimento. Ele classifica ainda a recente onda de alertas em filmes nas plataformas de streaming como “algo tardio”.

“Acho que não tem ninguém proibindo nada. O que está sendo discutido é que existe democracia e existem direitos civis”, diz a escritora e historiadora Lilia Schwarcz. Tanto ela quanto Almeida afirmam que a inserção de materiais críticos ao conteúdo da obra original não pode ser visto como censura.

“Eu estava [como curadora-adjunta] no Masp quando teve o Queermuseu. Eu brinco que essa foi a primeira vez que tive uma tarja preta no meu currículo. Isso sim é censura”, afirma Schwarcz.

A contextualização de obras é mais comum e consolidada na literatura. Editoras vêm há anos acrescentando notas de rodapé em livros que possam gerar leituras preconceituosas, como algumas obras de Monteiro Lobato, entre elas títulos das série do Sítio do Picapau Amarelo e “Negrinha”.

“Por que privilegiar uma história em que a tia Nastácia é subjugada e tem um autor notoriamente eugenista?”, questiona a escritora Bianca Santana, autora de "Quando Me Descobri Negra". Já o cineasta Bruno Barreto diz que cresceu lendo trabalhos do autor e que jamais teve essa interpretação de racismo nas histórias. “Se for assim, teremos que colocar um aviso ao lado dos quadros do [Paul] Gauguin?”, questiona.

Para acirrar ainda mais os recentes debates, que ganham mais tempero no bojo dos protestos antirracistas ao redor mundo, as atrizes Kristen Bell e Jenny Slate –ambas brancas– anunciaram na última terça-feira (24) que deixarão de dublar personagens negras. A atitude foi vista com bons olhos pela cineasta Sabrina Fidalgo. “É algo simbólico, elas entenderam o lugar de privilégio delas e estão dando espaço a atores negros.”

Na mesma semana, uma carta foi assinada por mais de 300 pessoas solicitando mudanças nas produções americanas. "Nós exigimos que Hollywood se afaste da polícia, de conteúdos contra negros; invista em nossas carreiras, em conteúdos antirracistas e em nossa comunidade", diz o texto.

A retirada de atrações extrapolou o mundo das artes e atingiu até os parques da Disney. A empresa anunciou que retirará o brinquedo Splash Mountain suas unidades na Califórnia e na Flórida, pois ele é inspirado no filme "A Canção do Sul", longa-metragem de 1946 que foi acusado de racismo tantas vezes que levou a empresa a cancelar o seu lançamento em VHS anos depois e que tampouco consta na plataforma de streaming Disney+.

Desde os anos 1940 que o filme é acusado de estereotipar a população negra e de açucarar as relações entre brancos e escravos nos Estados Unidos. No lugar da Splash Mountain, a companhia do Mickey decidiu homenagear a "A Princesa e o Sapo", animação do estúdio que foi lançada em 2009 e que traz a primeira princesa negra.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

O streaming da Disney, o disney +, coloca um aviso em alguns filmes e desenhos disponíveis.

Algo como "essa produção contém representações antiquadas de estereotipos que são percebidos como racistas atualmente."

O que eu acho até justo. Tem algumas coisas bem esquisitas mesmo, que hoje são consideradas racistas e/ou escrotas.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Eu tava vendo uma live onde mostrava protesto perto do Monte Rushmore. Parce que algo sobre querem remover daces dos presidentes. Iam ter mais trabalho que derrubar pequenas estátuas a nível do solo.


https://noticias.uol.com.br/internacion ... o-aqui.htm

Imagem

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Titoff escreveu:
Seg, 29 Junho 2020 - 16:13 pm
O streaming da Disney, o disney +, coloca um aviso em alguns filmes e desenhos disponíveis.

Algo como "essa produção contém representações antiquadas de estereotipos que são percebidos como racistas atualmente."

O que eu acho até justo. Tem algumas coisas bem esquisitas mesmo, que hoje são consideradas racistas e/ou escrotas.
Incluir um aviso dizendo que não concorda com os estereótipos antigos faz sentido.

Irracional seria destruir esses filmes e fingir que esse passado não existiu.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

A estátua de Theodore Roosevelt vai cair. Este é seu passado sombrio.



O MUSEU AMERICANO de História Natural da Cidade de Nova York anunciou no domingo, dia 21, que removerá a famosa estátua do presidente Theodore Roosevelt que adorna sua entrada principal.


[...]


Durante esse período, Roosevelt desenvolveu uma postura em relação aos indígenas americanos que certamente pode ser descrita como genocida. Em um discurso proferido em Nova York em 1886, ele declarou:

“Não chego a pensar que o índio bom é o índio morto, mas vale para nove entre dez deles, e eu prefiro não olhar de perto o caso do décimo. O caubói mais depravado tem mais princípios morais que o índio médio. Pegue trezentas famílias de classe baixa de Nova York e Nova Jersey e as sustente, por 50 anos, em ócio imoral, e você terá alguma ideia do que são os índios. Imprudentes, vingativos, diabolicamente cruéis.”

[...]


O massacre de Sand Creek [“riacho de areia”, em inlgês] acontecera 22 anos antes no Território do Colorado, dizimando um vilarejo com mais de 100 pessoas dos povos Cheyenne e Arapaho. Foi comparável, em todos os aspectos, ao massacre de My Lai durante a Guerra do Vietnã. Nelson A. Miles, um oficial que veio a se tornar o mais alto general do Exército, escreveu em suas memórias que fora “talvez o mais vil e mais injustificável crime nos anais da América”.

O ataque foi comandado pelo coronel John Chivington, conhecido pela infame declaração: “Eu vim matar índios. (…) Matar e escalpelar todos, grandes e pequenos; afinal, larvas viram piolhos.” Soldados posteriormente relataram que, depois de matar homens, mulheres e crianças, mutilaram seus corpos para retirar troféus. Um tenente assim declarou em um inquérito parlamentar: “soube que as partes íntimas de Antílope Branco tinham sido cortadas para fazer um saco de tabaco”.


[...]

Em outro livro, “A conquista do Oeste”, Roosevelt explicava que as ações dos EUA contra os indígenas americanos eram parte de uma ampla e nobre empreitada do colonialismo europeu:

[...]

A guerra mais justificada de todas, em última instância, é uma guerra contra os selvagens. (…) Americanos e índios, bôeres e zulus, cossacos e tártaros, neozelandeses e maori – em cada um desses casos, o vencedor, embora possa ter praticado atos terríveis, lançou alicerces profundos para a grandeza futura de um povo poderoso.”

Não há exagero em chamar esse discurso de hitleriano. E embora não seja muito popular dizer isto, o nazismo não era apenas retoricamente semelhante ao colonialismo europeu, era uma consequência dele e sua culminância lógica.

[...]

Em um discurso proferido em 1928, Adolf Hitler já falava com admiração sobre como os americanos “reduziram, a tiros, os milhões de peles-vermelhas a apenas algumas centenas de milhares, e mantêm agora o diminuto restante sob observação em uma jaula”.

[...]



https://theintercept.com/2020/07/01/est ... o-sombrio/

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

A esquerda está deitando e rolando com essa babaquice de politicamente correto.
Calúnia é crime, mas o que estão fazendo é censura. Daqui a pouco, ninguém pode falar mais nada e arrisca de queimarem os livros de história e os autores clássicos, tipo o que aconteceu em "1984".

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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JJ_JJ
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Mensagem por JJ_JJ »

Fernando Silva escreveu:
Qua, 08 Julho 2020 - 13:05 pm
A esquerda está deitando e rolando com essa babaquice de politicamente correto.
Calúnia é crime, mas o que estão fazendo é censura. Daqui a pouco, ninguém pode falar mais nada e arrisca de queimarem os livros de história e os autores clássicos, tipo o que aconteceu em "1984".

Não é censura. Particulares podem por suas adoráveis estátuas de racistas em suas propriedades particulares. Mas, em locais públicos não é correto homenagear racistas, ou é tão correto quanto fazer estátuas de Hitler e colocá-las em locais públicos para homenagear Hitler.

Tem pessoas que gostam de Hitler, e Hitler tem enorme importância histórica, então porque não homenageá-lo em locais públicos ?

E repare que os livros de história não apagaram Hitler, apesar de que não há estátuas públicas homenageando esta importante figura histórica.

Pelo visto, parece que nem toda figura histórica deve ser homenageada com estátuas em locais públicos. E também podemos perceber que não ter uma estátua homenageando em local público não implica em apagar o gajo dos livros de história.

O que vocês achariam da ideia de políticos alemães e brasileiros começarem a fazer estátuas de Hitler em várias cidades para homenagear esta relevante figura histórica ?

Hitler é sem dúvida uma das figuras históricas mais importantes do século XX.

Ou o fato dele ser um ícone do racismo faz com que a ideia não seja muito de acordo com os valores de nossa época ?

?
.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

São vários casos. Vou falar separadamente deles:

1. Narloch é um salafrário espalhador de fake news, que falsifica a história com motivos políticos. Zumbi não tinha escravos. Na época não existia democracia, e Palmares era uma forma de patriarcado/ditadura, mas isso não se compara com a escravidão. A população do quilombo tinha que trabalhar pela subsistência e o quilombo nem usava dinheiro internamente. O quilombo tinha uma estrutura social tribal da África, muito diferente da sociedade portuguesa escravista no Brasil.

2. Edward Colston fazia filantropia dentro do Reino Unido, mas ganhou muito dinheiro com o comércio de escravos. Porém naquela época era tudo negócios e ele era só mais um dos investidores. Não vejo sentido em racismo ou anti-racismo no Reino Unido. É um país de brancos e negros lá são estrangeiros.

3. Não vejo sentido em manter estátuas de confederados. Mas remover 150 anos depois não é tarde demais? E o lado anti-escravista não era defensor de direitos humanos, eles apenas tinham interesses econômicos atrapalhados pela escravidão e anos depois apoiaram eugenia contra negros.

4. 99% das estátuas de pessoas nascidas antes de 1950 são pessoas "homofóbicas", no sentido de não concordar com a ideia. Faria sentido remover uma estátua somente por esse detalhe?

5. Machado de Assis vivia numa sociedade racista e por isso ele não podia mostrar orgulho negro e a mídia fazia uma pequena "clareada" nele. Seu público alvo era branco, porque os negros eram analfabetos e excluídos.

6. Não vejo sentido em ressuscitar Hitler para atacá-lo. A ideologia nazista tem nada a ver com o contexto brasileiro. Também é hipocrisia esquecer os outros "agentes do mal". Napoleão foi o Hitler do século 19 e Alexandre o Grande foi o da antiguidade. Falando de ditador que fez mal ao próprio povo, Stalin e Mao Tse Tung foram piores do que Hitler. Existe também muita estátua de ditador da idade média ou antiguidade que ninguém pensa em remover. O que aconteceu é que um perdeu uma guerra envolvendo potências e virou tabu. A África está cheia de Hitleres, que só não ficam famosos por falta de poder militar.

7. Desestalinização é uma atitude correta porque Stalin tinha culto à personalidade e descaracterizou os elementos originais das regiões, como renomear cidades. A desestalinização foi feita imediatamente pelo sucessor.

8. No caso de Vargas, se ele construiu a obra e colocaram o nome dele, não vejo sentido renomear, mesmo sendo ditador, populista e ladrão. Ele causou um impacto na história pelo bem ou pelo mal.

9. Não faz sentido remover Cristovão Colombo. Para um espanhol, ele é um herói da navegação. Para um latino-americano, ele representa o início da morte de várias civilizações. Entretanto, a porcaria de país que foi construído por causa dele é uma realidade que não pode ser apagada. Se quiserem reparar os danos, deveriam deixar de ser hipócritas e banir as línguas europeias do continente (sério?), expulsar os brancos para Europa (como mover tanta gente?), devolver os negros para África (mas a tribo deles não existe mais) e redividir as fronteiras indígenas de 500 anos atrás (desconhecidas hoje). Se é impossível, temos que aceitar que esses novos países construídos da pior maneira possível existem. Colombo é lamentavelmente a origem da entidade política que temos hoje, gostando ou não.

10. Censurar filmes é babaquice. O filme mostra o pensamento da época. Não é apologia a racismo filme da época da escravidão.

11. Theodore Roosevelt fazia parte do estado expansionista e colonialista que promoveu genocídio. Na época, isso era normal nos EUA. Porém Roosevelt tinha muito mais ética do que a maioria dos políticos americanos daquela época. Foi importante para a história dos EUA, e o nome não deve ser apagado. George Washington e Thomas Jefferson são fundadores do país e certamente não foram bacanas com negros e indígenas.

12. Tiradentes só se tornou "herói nacional" por causa na Proclamação da República, quando estavam procurando um herói para servir de símbolo. Assim até a bandeira do Brasil é questionável, mas não temos outra.

13. O termo "gordofóbico" é ridículo. Cada um tem seu próprio gosto por mulher/homem.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Sobre Napoleão e Hitler serem os Hitlers da época dele, a comparação não parece ser mais adequada. Talvez no expansionismo, mas na questão do genocídio eu desconheço alguma informação que põe eles na mesna cayegoria de Hitler.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Cinzu
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Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

Agnoscetico escreveu:
Qua, 08 Julho 2020 - 18:13 pm
Sobre Napoleão e Hitler serem os Hitlers da época dele, a comparação não parece ser mais adequada. Talvez no expansionismo, mas na questão do genocídio eu desconheço alguma informação que põe eles na mesna cayegoria de Hitler.
Pois é. Se vasculhar a história não é difícil encontrar alguém que é ao mesmo tempo expansionista e genocida. Os japoneses na segunda guerra tiveram um expansionismo mais agressivo do que o alemão, e eles também cometeram genocídio nos ataques, matando mais do que o necessário. Hernan Cortés e Gengis Khan tem essas características também.

Gengis Khan hoje é admirado como grande guerreiro vitorioso, conquistador de territórios, cabra foda. Muitos massacres foram verdadeiros genocídios.

Hitler em 12 anos fez mais estragos do que a maioria na história. Os estragos de Leopoldo II no Congo e do Império Britânico em Bangladesh Myanmar podem ser piores, mas foram feitos em várias décadas e deixaram uma cicatriz muito mais profunda.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Tutu escreveu:
Qua, 08 Julho 2020 - 16:35 pm
9. Não faz sentido remover Cristovão Colombo. Para um espanhol, ele é um herói da navegação. Para um latino-americano, ele representa o início da morte de várias civilizações. Entretanto, a porcaria de país que foi construído por causa dele é uma realidade que não pode ser apagada. Se quiserem reparar os danos, deveriam deixar de ser hipócritas e banir as línguas europeias do continente (sério?), expulsar os brancos para Europa (como mover tanta gente?), devolver os negros para África (mas a tribo deles não existe mais) e redividir as fronteiras indígenas de 500 anos atrás (desconhecidas hoje). Se é impossível, temos que aceitar que esses novos países construídos da pior maneira possível existem. Colombo é lamentavelmente a origem da entidade política que temos hoje, gostando ou não.
Os atuais indígenas brasileiros exterminaram o povo dos sambaquis, que já estava aqui uns 10 mil anos antes.
Vamos expulsá-los de volta para a Sibéria?

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Tutu escreveu:
Qui, 09 Julho 2020 - 03:04 am
Agnoscetico escreveu:
Qua, 08 Julho 2020 - 18:13 pm
Sobre Napoleão e Hitler serem os Hitlers da época dele, a comparação não parece ser mais adequada. Talvez no expansionismo, mas na questão do genocídio eu desconheço alguma informação que põe eles na mesna cayegoria de Hitler.
Pois é. Se vasculhar a história não é difícil encontrar alguém que é ao mesmo tempo expansionista e genocida. Os japoneses na segunda guerra tiveram um expansionismo mais agressivo do que o alemão, e eles também cometeram genocídio nos ataques, matando mais do que o necessário. Hernan Cortés e Gengis Khan tem essas características também.

Gengis Khan hoje é admirado como grande guerreiro vitorioso, conquistador de territórios, cabra foda. Muitos massacres foram verdadeiros genocídios.

Hitler em 12 anos fez mais estragos do que a maioria na história. Os estragos de Leopoldo II no Congo e do Império Britânico em Bangladesh Myanmar podem ser piores, mas foram feitos em várias décadas e deixaram uma cicatriz muito mais profunda.
Mas não entendi onde se encaixa Napoleão e Alexandre nisso.
E esses como Gengis Khan mataram pessoas pi4 motivações étnicas comi Hitler?

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Tutu
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Mensagem por Tutu »

14. Se existe uma estátua de fundador de cidade e o cara era pedófilo. Não vejo motivos para remover um século depois. A estátua não é um monumento à pedofilia e sim um monumento sobre a história da cidade. O fato da cidade ter sido fundada por um pedófilo não vai mudar e os que ergueram a estátua não pensaram em nenhum momento em pedofilia.

15. Churchill não era um pensador do mal. Ele apenas era um porta-voz representando a vontade do estado britânico. As atrocidades do império britânico foram feitas durante mais de um século tendo vários líderes diferentes. Churchill era só mais um. A única forma de se redimir é se os britânicos indenizarem pesadamente suas vítimas africanas e asiáticas. Derrubar estátua é hipocrisia e não resolve nada.
Fernando Silva escreveu:
Qui, 09 Julho 2020 - 09:55 am
Os atuais indígenas brasileiros exterminaram o povo dos sambaquis, que já estava aqui uns 10 mil anos antes.
Vamos expulsá-los de volta para a Sibéria?
Estava ironizando, se observar os comentários entre parênteses. O legado da conquista é o maior problema e a estátua de Colombo é inofensiva.
Agnoscetico escreveu:
Qui, 09 Julho 2020 - 10:39 am
Mas não entendi onde se encaixa Napoleão e Alexandre nisso.
E esses como Gengis Khan mataram pessoas pi4 motivações étnicas comi Hitler?
No caso de Napoleão e Alexandre, considerei só o militarismo.
No caso de Gengis Khan, um assassino é um assassino independente do motivo. Gengis Khan dava uma resposta brutal contra quem resistia a ele, matando mais do que o necessário para conquistar.

Comparando com Stalin, Hitler matou milhões de judeus e Stalin milhões de ucranianos (Holodomor). Hitler tinha um alvo predefinido, enquanto Stalin podia decidir a qualquer momento que grupo matar.

Re: Censura do Politicamente Correto - Batalha de estátuas, apagar a história

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Tutu
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