Ditadura Militar de 1964

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Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Paulo Freire defende que os oprimidos que não queiram ser "libertados" devem ser mortos.
Paulo Freire e a Execução Libertadora

Publicado em junho 16, 2020 por Cesar

Em Pedagogia do Oprimido, ao comentar as memórias de Che Guevara sobre a revolução cubana, Paulo Freire justifica o tratamento dado pelos guerrilheiros a desertores do movimento revolucionário ou aos populares que não se submetessem, o que rotineiramente significava sua execução.

Na visão de Freire, não se pode confiar plenamente nem mesmo naqueles em nome de quem se pretende fazer a revolução. “Desconfiar dos homens oprimidos,” diz Freire, “não é, propriamente, desconfiar deles enquanto homens, mas desconfiar do opressor ‘hospedado’ neles.” O temor de Freire é de que alguns dos ‘oprimidos’ não apenas não aceitem juntar-se à luta revolucionária, mas a rejeitem, e que “seu medo natural à liberdade pode levá-los à denúncia, não da realidade opressora, mas da liderança revolucionária.” Freire diz que no relato de Guevara sobre a guerrilha em Sierra Maestra “se comprovam estas possibilidades, não apenas em deserções da luta, mas na traição mesma à causa.”

Ao desconfiar dos homens que afirma defender, o revolucionário “não está rompendo a condição fundamental da teoria da ação dialógica. Está sendo, apenas, realista.” Por essas razões, Paulo Freire exonera Guevara de responsabilidade por determinar a execução de seus próprios companheiros, pois é preciso “manter a coesão e a disciplina do grupo,” e que coube a Che Guevara apenas “reconhecer a necessidade de punição” do desertor.

Freire prossegue em sua justificativa dos crimes dos revolucionários, cujas vítimas são, na verdade, culpadas, e afirma que Guevara “reconhece também certas razões explicativas da deserção. Uma delas, diremos nós, talvez a mais importante, é a ambiguidade do ser do desertor.” Freire explica essa “ambiguidade” afirmando que o oprimido “hospeda” o opressor dentro de si. Justifica-se assim a execução do “oprimido” que não se submete ao jugo do revolucionário, pois é, ele também, um “opressor”.

Para Paulo Freire, as atrocidades dos guerrilheiros são fruto do amor pelos oprimidos, e “o que não expressou Guevara, talvez por sua humildade, é que foram exatamente esta humildade e a sua capacidade de amar que possibilitaram a sua ‘comunhão’ com o povo”.
https://defesadoreal.com/2020/06/16/pau ... bertadora/

Re: Ditadura Militar de 1964

Pedro Reis
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Mensagem por Pedro Reis »

Fernando Silva escreveu:
Sex, 06 Novembro 2020 - 13:32 pm
Paulo Freire defende que os oprimidos que não queiram ser "libertados" devem ser mortos.
Paulo Freire e a Execução Libertadora

Publicado em junho 16, 2020 por Cesar

Em Pedagogia do Oprimido, ao comentar as memórias de Che Guevara sobre a revolução cubana, Paulo Freire justifica o tratamento dado pelos guerrilheiros a desertores do movimento revolucionário ou aos populares que não se submetessem, o que rotineiramente significava sua execução.

Na visão de Freire, não se pode confiar plenamente nem mesmo naqueles em nome de quem se pretende fazer a revolução. “Desconfiar dos homens oprimidos,” diz Freire, “não é, propriamente, desconfiar deles enquanto homens, mas desconfiar do opressor ‘hospedado’ neles.” O temor de Freire é de que alguns dos ‘oprimidos’ não apenas não aceitem juntar-se à luta revolucionária, mas a rejeitem, e que “seu medo natural à liberdade pode levá-los à denúncia, não da realidade opressora, mas da liderança revolucionária.” Freire diz que no relato de Guevara sobre a guerrilha em Sierra Maestra “se comprovam estas possibilidades, não apenas em deserções da luta, mas na traição mesma à causa.”

Ao desconfiar dos homens que afirma defender, o revolucionário “não está rompendo a condição fundamental da teoria da ação dialógica. Está sendo, apenas, realista.” Por essas razões, Paulo Freire exonera Guevara de responsabilidade por determinar a execução de seus próprios companheiros, pois é preciso “manter a coesão e a disciplina do grupo,” e que coube a Che Guevara apenas “reconhecer a necessidade de punição” do desertor.

Freire prossegue em sua justificativa dos crimes dos revolucionários, cujas vítimas são, na verdade, culpadas, e afirma que Guevara “reconhece também certas razões explicativas da deserção. Uma delas, diremos nós, talvez a mais importante, é a ambiguidade do ser do desertor.” Freire explica essa “ambiguidade” afirmando que o oprimido “hospeda” o opressor dentro de si. Justifica-se assim a execução do “oprimido” que não se submete ao jugo do revolucionário, pois é, ele também, um “opressor”.

Para Paulo Freire, as atrocidades dos guerrilheiros são fruto do amor pelos oprimidos, e “o que não expressou Guevara, talvez por sua humildade, é que foram exatamente esta humildade e a sua capacidade de amar que possibilitaram a sua ‘comunhão’ com o povo”.
https://defesadoreal.com/2020/06/16/pau ... bertadora/
Não é que eu seja adepto das ideias políticas de Paulo Freire, mas a gente não pode deixar passar um artigo desses sem pontuar algumas coisas...

1 - Se estas palavras tivessem sido escritas por Albert Einstein (que era meio esquerdista também), isso, de alguma forma, invalidaria a Teoria da Relatividade? Se tivesse sido Charles Darwin, refutaria a Teoria da Evolução?

Porque atacar a visão política de Paulo Freire não diz nada sobre seu trabalho em Pedagogia. E a gente ainda pode apostar que 99,99% dos críticos do pedagogo Paulo Freire nunca leram uma linha sequer do trabalho dele. Assim como você e eu.

Ao contrário de pessoas que realmente se interessam por Pedagogia. Porque, no mundo inteiro, Paulo Freire é uma das principais referências na área. Se não for a principal.

Em tópico do antigo CC mostrei que uma escola pública americana que foi premiada por ter o melhor desempenho nacional naquele ano, adota a metodologia Paulo Freire. Aqui no Brasil Paulo Freire é empregado em escolas particulares para filhos de ricos. Também na França, Suécia, Finlândia, em vários países, adotam a pedagogia de Paulo Freire.

O artigo abaixo é reproduzido do Portal R7, pertencente à rede Record que apóia o governo Bolsonaro. Portanto insuspeito:

https://noticias.r7.com/brasil/paulo-fr ... o-12012019
Tratado pelo governo Bolsonaro como bode expiatório da má qualidade do ensino público brasileiro, a obra do educador Paulo Freire (1921-1997) pode ser controversa. Mas o trabalho do pedagogo e filósofo, nomeado em 2012 patrono da educação brasileira e autor de um método de alfabetização que completou 50 anos em 2013, não deixa de ser bastante relevante nas discussões mundiais sobre pedagogia.

Freire é estudado em universidades americanas, homenageado com escultura na Suécia, nome de centro de estudos na Finlândia e inspiração para cientistas em Kosovo. De acordo com levantamento do pesquisador Elliott Green, professor da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, na Inglaterra, o livro fundamental da obra do educador, 'Pedagogia do Oprimido', escrito em 1968, é o terceiro mais citado em trabalhos acadêmicos na área de humanidades em todo o mundo.

Pedagogia do Oprimido é o terceiro mais citado trabalho na área de pedagogia NO MUNDO. Se a culpa é de Paulo Freire, era pra educação no mundo estar uma bosta, né?

Para especialistas em educação ouvidos pela BBC News Brasil, entretanto, a raiz da controvérsia em torno da pedagogia de Paulo Freire não é sua aplicação em si - mas o uso político-partidário que foi feito dela, historicamente e, mais do que nunca, nos dias atuais. "Li a maior parte dos livros dele. Minha tese de doutorado foi amplamente baseada em seus ensinamentos. Tenho aplicado seu método de várias maneiras em minha carreira profissional, na prática e na pesquisa", afirmou a pedagoga Eeva Anttila, professora da Universidade de Artes de Helsinque, na Finlândia.

"A maior vantagem de sua metodologia é a abordagem anti-opressiva e não autoritária, a pedagogia dialógica e respeitosa que ele promoveu. O problema é que suas ideias têm sido usadas para fins políticos - o que, em meu entendimento, nunca foi seu propósito inicial", disse a finlandesa.

Freire tornou-se conhecido a partir do início dos anos 1960. Ele desenvolveu um método de alfabetização de adultos baseado nos contextos e saberes de cada comunidade, respeitando as experiências de vida próprias do indivíduo. Aplicou o modelo pela primeira vez em um grupo de 300 trabalhadores de canaviais em Angicos, no Rio Grande do Norte. De acordo com os registros da época, a alfabetização ocorreu em tempo recorde: 45 dias.


Homenagens pelo mundo

Referência mundial em qualidade do ensino, a Finlândia conta, desde 2007, com um espaço dedicado a discutir a obra do educador brasileiro. O Centro Paulo Freire Finlândia fica na cidade de Tampere. "É um hub para os interessados em Paulo Freire e em seu legado para tornar o mundo mais igualitário e justo", de acordo com a definição da própria instituição. Eles publicaram, online, três livros com artigos - em finlandês - analisando a obra do brasileiro. O material teve 17 mil downloads.

[...]


Há instituições de ensino que seguem o método Paulo Freire em diversos países. É o caso da Revere High School, escola em Massachusetts que em 2014 foi avaliada como a melhor instituição pública de Ensino Médio nos Estados Unidos. Em Kosovo, um grupo de jovens acadêmicos criou um projeto de ciência cidadã inspirado na pedagogia crítica do brasileiro. Os participantes recebem um kit para monitorar as condições ambientais e, assim, juntos, pressionar o governo por melhorias na área.

"Acredito que seria ótimo que a pedagogia em qualquer escola de qualquer país partisse do pensamento de Freire", comentou a pedagoga finlandesa Anttila. "Especialmente no Brasil, dada a atual situação política e a história do país." Ela diz que um método de ensino, para funcionar bem, precisa levar em conta as situações de vida dos alunos. "Não acredito em pedagogia autoritária. As aulas não precisam ser autoritárias. É preciso diálogo, discussão, negociação, exploração. Construir conhecimento para que haja capacidade de expressar ideias e ouvir os outros. Eis a chave para a democracia. E a educação democrática é a única maneira de salvaguardar uma sociedade democrática", declarou.


Na Alemanha, em Berlim, há um instituto que leva o nome de Paulo Freire. Seu método foi utilizado para ensinar alemão a refugiados de vários paíseis com resultados impressionantes.
Com sedes em Berlim, o Instituto Paulo Freire e a Sociedade Paulo Freire mantêm projetos educacionais na Alemanha e em países da América Latina, guiados pelos ideais do brasileiro de que a educação é um ato político, humanizador e de mudança social.

Também difusora do legado de Freire, a Cooperação Paulo Freire, no norte da Alemanha, se define como uma associação internacional de pessoas guiadas pelas ideias de Freire e que querem seguir o caminho de uma sociedade orientada para o diálogo.

Na Alemanha, o método Paulo Freire também é usado atualmente na integração de refugiados ao país, na orientação de pessoas que trabalham com pacientes com Alzheimer e serviu de inspiração para um modelo de aprendizagem empregado em jardins de infância.

Há, ainda, uma escola primária, na cidade de Parchim, e uma escola profissionalizante em Berlim, que levam o nome do educador brasileiro. E em novembro do passado, o Congresso Paulo Freire reuniu pesquisadores na Universidade de Hamburgo.

"A influência de Paulo Freire na Alemanha é muito grande. Ele é visto como um dos grandes nomes da pedagogia, ao lado de Immanuel Kant, Jean-Jacques Rousseau, Rudolf Steiner e Maria Montessori. Ainda hoje os livros dele são muito usados em universidades, há inúmeros trabalhos universitários que utilizam as obras dele", afirma o professor Heinz-Peter Gerhardt, doutor em Educação pela Universidade de Frankfurt e professor visitante da Universidade Católica de Macao, na China.

Aqui, em meio a 10 mil problemas estruturais na Educação, querem culpar Paulo Freire enquanto nos Estados Unidos a escola pública de ensino médio premiada por ter o melhor desempenho nacional em 2014 adota Paulo Freire!

2 - A segunda coisa que chama atenção nesse artigo enviesado são os dois pesos e duas medidas. Qualquer força de combate no mundo condena à morte seus desertores. Incluindo o exército dos Estados Unidos.

Por que o autor só vê esse procedimento como um grave problema moral em relação a Che Guevara?

3 - Por fim, a esta altura do campeonato, a gente já deveria ter aprendido a desconfiar deste tipo de fonte. Em 2 minutos de busca encontrei o livro na internet e baixei o PDF. Fiz uma busca por "Guevara" e o trecho das citações do artigo é este:
Esta confiança nas massas populares oprimidas, porém, não pode ser uma ingênua confiança.
A liderança há de confiar nas potencialidades das massas a quem não pode tratar como objetos
de sua ação. Há de confiar em que elas são capazes de se empenhar na busca de sua libertação,
mas há de desconfiar, sempre desconfiar, da ambigüidade dos homens oprimidos.
Desconfiar dos homens oprimidos, não é, propriamente, desconfiar deles enquanto homens, mos
desconfiar do opressor “hospedado" neles.
Desta maneira, quando Guevara {127} chama a atenção ao revolucionário para a “necessidade
de desconfiar sempre – desconfiar do camponês que adere, do guia que indica os caminhos,
desconfiar até de sua sombra”, não está rompendo a condição fundamental da teoria da ação
dialógica. Está sendo, apenas, realista.
É que a confiança, ainda que básica ao diálogo, não é um a priori deste, mas uma resultante do
encontro em que os homens se tornam sujeitos da denúncia do mundo, para a sua transformação.
Daí que, enquanto os oprimidos sejam mais o opressor “dentro” deles que eles mesmos, seu
medo natural à liberdade pode levá-los à denúncia, não da realidade opressora, mas da liderança
revolucionária. Por isto mesmo, esta liderança, não podendo ser ingênua, tem de estar atenta Quanto a estas
possibilidades.
Como se vê, o autor do artigo não foi exatamente honesto.

Paulo Freire não fala nada para justificar execução de camponeses que não se submetem. O que ele tenta justificar são os
procedimentos que qualquer força de combate toma para evitar que informações sejam passadas ao inimigo.

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
Conselheiro
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Mensagem por Fernando Silva »

Pedro Reis escreveu:
Sex, 06 Novembro 2020 - 16:21 pm
Porque atacar a visão política de Paulo Freire não diz nada sobre seu trabalho em Pedagogia. E a gente ainda pode apostar que 99,99% dos críticos do pedagogo Paulo Freire nunca leram uma linha sequer do trabalho dele. Assim como você e eu.

Ao contrário de pessoas que realmente se interessam por Pedagogia. Porque, no mundo inteiro, Paulo Freire é uma das principais referências na área. Se não for a principal.
O método Paulo Freire funciona. O problema é que ele é usado para doutrinar os alunos.
Seria igualmente eficiente nas mãos da esquerda ou da direita.
Acontece que ele era de esquerda e foi ela que usou o método.
Pedro Reis escreveu:
Sex, 06 Novembro 2020 - 16:21 pm
Paulo Freire não fala nada para justificar execução de camponeses que não se submetem. O que ele tenta justificar são os
procedimentos que qualquer força de combate toma para evitar que informações sejam passadas ao inimigo.
Minha interpretação deste texto:
O temor de Freire é de que alguns dos ‘oprimidos’ não apenas não aceitem juntar-se à luta revolucionária, mas a rejeitem, e que “seu medo natural à liberdade pode levá-los à denúncia, não da realidade opressora, mas da liderança revolucionária.” Freire diz que no relato de Guevara sobre a guerrilha em Sierra Maestra “se comprovam estas possibilidades, não apenas em deserções da luta, mas na traição mesma à causa.”
"Quem não é por nós, quem não apoia a revolução, é contra nós e deve ser executado".

Re: Ditadura Militar de 1964

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Agnoscetico
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Mensagem por Agnoscetico »

O que revelam os 'documentos secretos' da ditadura levados por Biden ao Brasil


youtu.be/zLj7OG8ER_k

Re: Ditadura Militar de 1964

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Titoff
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Mensagem por Titoff »

Amanhã, dia da mentira, é aniversário do golpe da bandidagem contra o país. Claro que bozoasnistas foram para a rua zurrar:

Manifestantes pedem intervenção militar em atos esvaziados

Nas mídias sociais, manifestações em defesa da democracia se destacam


Manifestantes se aglomeraram para pedir intervenção militar em São Paulo e no Rio de Janeiro em atos esvaziados nesta quarta, 31 de março, aniversário de 57 anos do golpe que instaurou a ditadura militar do Brasil. Bate-boca, insultos e até tapas foram registrados durante aos atos. Nos últimos dias, mensagens de grupos bolsonaristas convocando atos em todo o País circularam nas redes sociais, mas, até o início da tarde desta quarta, não houve registro de grandes manifestações.

Imagem
Membros da Polícia Militar do Pará dispersaram manifestantes bolsonaristas que se concentravam na manhã desta quarta-feira, 31 de março de 2021, na Praça da Bandeira, em frente ao Quartel-General, na cidade de Belém (PA).

Em São Paulo, o ato ocorreu na frente do Comando Militar do Sudeste, ao lado da Assembleia Legislativa do Estado. Um grupo de manifestantes tentou forçar a entrada dentro do quartel e foi contido pelos militares. O ato começou por volta das 9h e reuniu cerca de 100 manifestantes, muitos sem máscara e sem respeitar o distanciamento social recomendado para evitar a propagação do coronavírus. Eles defendiam intervenção militar com Bolsonaro no poder e gritavam palavras de ordem contra o comunismo.

O grupo ainda questionou a eficácia das vacinas contra a covid-19 e defenderam o uso de medicamentos sem eficácia comprovada. Um segundo grupo de manifestantes que se identificou como ligado à igreja católica puxou um minuto de silêncio em respeito à morte do policial militar baiano que foi morto durante um surto no qual tentou atirar contra seus próprios colegas. Um dos manifestantes afirmou que ele "seu sua vida pelo povo".

No Rio, o ato aconteceu na orla de Copacabana. Defensores de uma nova intervenção insultaram e agrediram um jovem que contestava a manifestação. Ele foi cercado e empurrado, chegou a levar tapas aos gritos de "vai pra Cuba", "maconheiro" e outras ofensas de caráter homofóbico. Uma das faixas no ato, que reuniu cerca de 100 pessoas no fim da manhã, pedia que Bolsonaro acionasse as Forças Armadas para "auxiliar o povo na defesa da liberdade e das garantias constitucionais". Apesar de motoristas buzinarem em apoio aos manifestantes, muitas pessoas o contestaram. Bolsonaro foi chamado de "genocida", e gritos pró-democracia foram ouvidos.

Outras capitais, como Belém, Palmas e Curitiba, também registraram atos esvaziados. Em Belém, a Polícia Militar dispersou os manifestantes que se aglomeravam em frente ao Quartel-General. Em Palmas, sete apoiadores de Bolsonaro compareceram em frente ao 22º Batalhão de Infantaria, na zona rural.

No Twitter, críticas à ditadura são maioria
Apesar de a hasthtag #Viva31demarco e o termo "Viva 64" aparecerem desde o início desta quarta, 31, nos trending topics do Twitter, críticas à ditadura e a celebrações do aniversário do golpe foram maioria. Até 13h, cerca de 170 mil tweets com a hashtag #DitaduraNuncaMais foram publicados, segundo números da própria plataforma. Menos de 90 mil publicaram a tag que celebra o golpe. Ulysses Guimarães e trechos de seu discurso na promulgação da Constituição em 1988 também estão entre os temas mais comentados desta quarta.

Lideranças políticas aproveitaram o debate na rede social para se manifestar a favor da democracia. "O dia 31/03 não comporta a exaltação de um golpe que lançou o país em anos de uma ditadura violenta e autoritária", escreveu o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. "É momento de exaltar o valor da nossa democracia conquistada com suor e sangue. Viva o Estado de Direito."

Presidenciáveis como Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL) e Luciano Huck (Sem partido) também fizeram questão de se pronunciar. "Rupturas institucionais, como o golpe de 64, são retrocessos inaceitáveis", escreveu Huck. Partidos de espectros diferentes destacaram que o autoritarismo pós-1964 foi resultado das decisões dos militares. "O movimento militar de 1964 foi um golpe de Estado e assim está registrado na história", publicou o PSDB. "Os que negam o autoritarismo instalado pela ditadura são os que hoje negam a catástrofe do combate à pandemia", escreveu o PT.

Um dos perfis no Twitter que mais tem movimentado a hashtag que celebra o 31 de março é o do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), aliado do presidente Jair Bolsonaro. "Você quer conhecer o futuro? Então olhe para o passado. Veja se não são parecidas as táticas de hoje para desestabilização do País com as que eram usadas em 1964", escreveu o ex-deputado, pivô do escândalo do mensalão.

https://www.terra.com.br/noticias/manif ... p041b.html

Re: Ditadura Militar de 1964

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Não, não é verdade que estava todo mundo feliz e, de repente, os militares malvados tomaram o poder.
Ditadura militar - Guerrilheiros não eram escoteiros

Por Marco Aurélio Vieira 11/06/2022
*General de Exército, foi comandante da Brigada de Operações Especiais e da Brigada Paraquedista


“O guerrilheiro urbano tem que se fazer mais agressivo e violento, girando em torno da sabotagem, do terrorismo, das expropriações, dos assaltos, dos sequestros, das execuções etc.”

Carlos Marighella, em “Manual do guerrilheiro urbano”


O debate sobre os direitos dos que “lutaram contra a ditadura militar” precisa sair do campo emocional para a realidade. Principalmente visando a esclarecer jovens que não viveram aqueles tempos, mas, convencidos a analisar os acontecimentos pela lente dos argumentos ideológicos, insistem em defender teses inverídicas.

Na década de 1960 e no começo dos anos 1970, o mundo assistiu a três fenômenos: o apogeu da Guerra Fria, a expansão do comunismo e a opção pela luta armada para a tomada do poder pelos movimentos de esquerda.

Em fevereiro de 1956, o jornal O Estado de S. Paulo publicou na íntegra o relatório secreto de Nikita Kruschev, então premiê da União Soviética, na conclusão do XX Congresso do Partido Comunista, trazendo à tona as atrocidades do stalinismo. A confissão dos 20 milhões de mortes causadas por um regime que se dizia defensor dos operários e a mudança radical em sua estratégia — deixando de pregar o conflito mundial e passando a defender uma coexistência pacífica — caíram como uma granada na trincheira do Partido Comunista Brasileiro. O PCB entrou em crise. De um lado, membros que se sentiram traídos em seus ideais desertaram. De outro, faltou convicção para defender a causa, por descrença nos novos métodos propostos.

Em 1962, os dissidentes Maurício Grabois e João Amazonas fundaram o Partido Comunista do Brasil, defendendo “a luta decisiva e ações revolucionárias de envergadura” a ser desencadeadas pelas massas progressistas.

Diante do quadro internacional e da convulsão política interna, as Forças Armadas brasileiras vislumbraram três cenários em 1964: autoritarismo de esquerda, prosseguimento da anarquia sindicalista com subsequente radicalização ou guerra civil de motivação ideológica. Ninguém acreditava ser possível um desenlace democrático.

É, portanto, coisa de politólogos românticos pensar que o movimento de 1964 foi um “golpe” que interrompeu um processo normal de sucessão democrática. A opção, na época, nunca foi entre duas formas de democracia: a social e a liberal. Na verdade, deu-se o embate entre dois autoritarismos que se valiam da violência a seu modo: o de esquerda, ideológico, ofensivo e raivoso; e o de direita, salvacionista, defensivo e conservador.

Inconformada, a ala radical dos partidos de esquerda, que pregava a tomada do poder pela luta armada, atomizou-se em inúmeras siglas —PCBR, ALN, MR-8, VPR, VAR ... —, e uma sangrenta guerrilha contra o governo se alastrou.

É nesse contexto que se deve analisar a luta armada no Brasil. Os guerrilheiros dos “Anos de Chumbo” não eram escoteiros. Escolheram por vontade própria combater de armas na mão um governo instituído.

A sociedade brasileira superou esse trauma numa transição civilizada do autoritarismo para a democracia, com exaustiva discussão entre o Estado, antigos guerrilheiros, partidos políticos, operadores do Direito e a própria sociedade. O Brasil encontrou um caminho para que se pacificassem os ânimos, num ato jurídico perfeito: a Lei da Anistia.

Lembrando que anistia não é justiça, nem perdão e nem esquecimento, mas sim um instituto legal que, de forma inteligente e com a aquiescência de todos os envolvidos em atos de violência — reconhecidos e não resolvidos —, visa a relevar o passado e a fazer os antigos contendores olhar para o futuro.

Propor revisão da Lei da Anistia é desprezar o enorme esforço político e o gigantesco passo que a sociedade brasileira deu na direção da paz e do desenvolvimento seguro. Afinal, vingança não cabe em anistia, passado não tem preço, e ainda temos um Brasil por fazer.
https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/ ... eiros.html

Re: Ditadura Militar de 1964

Vitor Moura
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Mensagem por Vitor Moura »

Fernando Silva escreveu:
Sex, 06 Novembro 2020 - 16:54 pm
O método Paulo Freire funciona. O problema é que ele é usado para doutrinar os alunos.
Seria igualmente eficiente nas mãos da esquerda ou da direita.
Acontece que ele era de esquerda e foi ela que usou o método.
O método Paulo Freire nunca foi adotado na prática no Brasil. No máximo algumas experiências pontuais. Dizer que o método é usado para doutrinar alunos chega a ser risível.

https://www.bbc.com/portuguese/noticias ... ofreire_cc
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