Ricardo escreveu: ↑Seg, 15 Dezembro 2025 - 14:34 pm
Agradeço as contribuições e compreendo a perspectiva cética. Concordo plenamente que a ciência deve ser rigorosa e baseada em evidências verificáveis. O problema central que vejo é que, embora a ciência seja uma ferramenta poderosa para entender o mundo físico, ela tem limitações no que se refere a fenômenos subjetivos e experiências que não se encaixam facilmente nos parâmetros tradicionais de observação e medição.
Quando falamos de experiências espirituais — sejam elas mediúnicas, místicas ou de quase-morte — não estamos necessariamente afirmando que elas representam uma evidência irrefutável de um "mundo espiritual", mas sim que são fenômenos humanos reais que precisam ser tratados com seriedade, mesmo que não possamos explicá-los cientificamente no momento.
Eu entendo o ponto de que experiências pessoais não podem ser usadas como prova no sentido científico estrito. No entanto, a experiência subjetiva não é algo trivial: a dor, o prazer, o amor, e até mesmo os estados alterados de consciência, todos são fenômenos reais e validamente investigáveis, mesmo que, por natureza, não sejam mensuráveis da mesma forma que um fenômeno físico.
A questão que coloco é: Como podemos balancear o ceticismo genuíno com uma abertura investigativa, sem cair na negação automática de experiências que ainda não entendemos? Não devemos simplesmente descartar algo por não se encaixar nas explicações científicas atuais. A história da ciência está cheia de descobertas que antes pareciam impossíveis, mas que, com o tempo, foram compreendidas.
Portanto, acredito que o objetivo de uma investigação genuína deve ser explorar essas experiências com um olhar aberto e sem preconceitos, sem afirmar ou negar nada sem as evidências necessárias. Isso não significa aceitar essas experiências como uma prova de uma realidade espiritual, mas tratá-las como fenômenos psicológicos e culturais que merecem estudo e reflexão, enquanto seguimos buscando as melhores explicações dentro dos limites da ciência.
Em resumo, sou a favor de uma abertura investigativa que, ao mesmo tempo, não abandone o rigor lógico e científico. Estamos lidando com algo complexo e, como tal, é importante manter a mente aberta, sem afirmar dogmaticamente que tudo é explicável ou, por outro lado, que tudo é uma ilusão.
À parte os casos onde ha farsa e charlatanismo (e são muitos), não é o caso da ciência ou o cético negarem que um médium ou nenhum médium nunca experimentem algo.
O que se questiona é a explicação oferecida, as causas daquilo que o medium experimentou.
Se alguem oferece para tal experiencia uma explicação que já assume a priori a existencia de um mundo espiritual, então está sim assumindo tacitamente que tal evidencia é inquestionavel, dado que a mesma sequer é colocada sobre discussão e todas as deduções que vem em seguida dependem e decorrem desse pressuposto.
E isto é perigoso. Porque se a base estiver errada, tudo o que decorrer dela tambem estará.
A ciencia e os ceticos não negam que exista amor, prazer ou dor. Tanto é fato que essas coisas são estudadas em psicologia.
Repito que o que se questiona muitas vezes não é o fenômeno em si e sim as explicações oferecidas sobre ele, as alegadas causas e consequencias dele.
Sobre preconceitos:
Sendo a ciencia uma "empreitada" humana e sendo humanos sujeitos ao preconceito, nem a ciencia e nem ceticos serão imunes a ele. Isto, como diria o Nelson Rogrigues, é um óbvio ululante.
Porem, o fato da ciencia exigir replicabilidade e multiplas comprovações independentes de um experimento faz com que esses preconceitos não durem muito.
Até hoje se testa a teoria da relatividade, mesmo ela tendo sido comprovada imumeras vezes, de inumeras maneiras distintas!
Essa é a maior prova de que o meio cientifico, mesmo não sendo 100% imune a dogmas, é extremamente hostil a eles.
Em algum momento, grupos independentes começarão a perceber que aquelas teorias que nasceram de uma visão preconceituosa estão erradas e a medida que as evidencias
disso surgirem por todo o lado e se acumularem, mesmo um maintream que mantivesse tal visão preconceituosa teria de se curvar e aceitar e ai aquilo que antes se negava passará a fazer parte do corpus cientifico.
Há vários exemplos assim na história da ciencia.
O subjetivo tem problema dificil de resolver: como "entrar" na mente de alguem e saber
exatamente o que acontece ou aconteceu ali?
Não há como, ou pelo menos não exatamente. Temos só uma idéia, um vislumbre, suponho. É o que a psicologia tenta fazer quando estuda a mente.
E ai, o que temos de concreto é a palavra do individuo. Mas isto somente não basta.
E não basta porque uma pessoa pode ser mal-intencionada e mesmo se bem-intencionada pode se enganar e interpretar de forma incorreta o que ve ou sente.
Aquilo que ve ou sente passa pela lente de emoções, crenças, vieses, expectativas, que irão moldar e distorcer a percepção daquela experiencia.
Isto, em se tratando de natureza humana, infelizmente é regra e não exceção. Daí o fato da ciencia precisar ser tão rigida e inflexivel em suas exigencias.
Se voce busca a verdade não vai querer que ela se assente em bases instaveis ou duvidosas.