Amigos Imaginários

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Amigos Imaginários

Gigaview
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Eliphas escreveu:Eu nunca tive a experiência de ter um amigo imaginário. Mas já ouvi muito falar de pessoas que, na infância, ouviam, viam e conversavam com os seus. Quando criança, você tinha amigos imaginários? O que é exatamente esse fenômeno? Como pode algo assim ser possível? E por que será que o fenômeno desaparece passando a infância?

Re: Amigos Imaginários

Gigaview
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Segundo uma pesquisa da Universidade do Oregon, 37% das crianças perto dos 7 anos de idade vão além das brincadeiras com bonecas, bichos de pelúcia e outros brinquedos e inventam amigos imaginários. Estes podem ser animais, pessoas ou seres da fantasia. E isso não pode ser usado como evidência de algum problema com a criança, é absolutamente normal. O fenômeno pode ser interpretado como um exercício que a criança cria para lidar melhor com o seu desenvolvimento social/psicológico e poder simular situações. Os amigos invisíveis naturalmente são esquecidos com o amadurecimento da criança. A criança normalmente diferencia claramente o real do imaginário, ela tem consciência que o amigo invisível não existe, que é criação sua. Quando isso não acontece pode ser sintoma de algo patológico que deve ser investigado.


https://www.psychologytoday.com/us/blog ... ry-friends

https://en.wikipedia.org/wiki/Imaginary_friend

Re: Amigos Imaginários

Gigaview
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anorax escreveu:Perfeito. Tive amigos imaginários até os 5 anos. Morava no interior do interior...onde não havia energia elétrica, rádio, água encanada, ou esgoto, e a criança mais próxima estava a uns 3 ou 4 quilômetros. A imaginação que me fez transformar uma taquara num cavalo, um monte de ramas num trator, e outras tantas brincadeiras fez surgir os tais amigos. Quando mudei para a cidade e tinha amigos reais...sumiram. Conheço muitas pessoas que falam a mesma coisa, e ao que me consta nem eu nem estas pessoas somos doentes ou algo assim.
Cinzu escreveu:
Eliphas escreveu:
E por que será que o fenômeno desaparece passando a infância?
Discordo que desaparece passando a infância. Boa parte da população adulta continua a ter amigos imaginários.

Re: Amigos Imaginários

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

Adultos também podem ter amigos imaginários estimulados pelo pensamento misticóide, sem que isso também configure um quadro da patologia psiquiátrica, embora muitos apontem isso como um caminho para desequilíbrios mentais. Um bom exemplo são os "tulpas" tibetanos, cujo conceito foi adotado por diversas crenças.

Wikipedia escreveu:
Tulpa é uma entidade ou objeto que, segundo o budismo tibetano, pode ser criado unicamente pela força de vontade, envolvendo meditação, concentração e visualização intensas. Em outras palavras, a tulpa seria um pensamento tornado tão real pelo praticante que chegaria a assumir uma forma física, material.

A diferença entre o tulpa e o amigo imaginário infantil é que apesar de inexistente os adultos acreditam movidos por suas crenças místicas que ele é real e é aí que mora o perigo. Normalmente começa com sonhos lúcidos onde o tulpa é inocentemente imaginado e criado mas eventualmente pode se "criar" vida própria e se manifestar como uma "materialização maligna do subconsciente", num claro quadro de esquizofrenia. Aqui parece que o tulpa não se diferencia do "demônio".

Existem também os "alters". A diferença entre alters e tulpas é que os alters possuem personalidade própria e não compartilham informações de memória com o seu "dono" ou criador. Isso pode evidenciar um quadro de transtorno dissociativo de identidade em que a pessoa convive com um alterego que ela praticamente não conhece.

No Reddit existem diversos tópicos para adeptos dessas práticas onde as pessoas compartilham tutoriais, conselhos e solução de problemas.


youtu.be/pRHhvRPqXs4

https://en.wikipedia.org/wiki/Tulpa

Re: Amigos Imaginários

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criso
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Gigaview escreveu:
Sáb, 07 Março 2020 - 13:39 pm
A diferença entre o tulpa e o amigo imaginário infantil é que apesar de inexistente os adultos acreditam movidos por suas crenças místicas que ele é real e é aí que mora o perigo. Normalmente começa com sonhos lúcidos onde o tulpa é inocentemente imaginado e criado mas eventualmente pode se "criar" vida própria e se manifestar como uma "materialização maligna do subconsciente", num claro quadro de esquizofrenia. Aqui parece que o tulpa não se diferencia do "demônio".
Qual a explicação materialista pra isso?

Re: Amigos Imaginários

Gigaview
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criso escreveu:
Sáb, 18 Abril 2020 - 18:16 pm
Gigaview escreveu:
Sáb, 07 Março 2020 - 13:39 pm
A diferença entre o tulpa e o amigo imaginário infantil é que apesar de inexistente os adultos acreditam movidos por suas crenças místicas que ele é real e é aí que mora o perigo. Normalmente começa com sonhos lúcidos onde o tulpa é inocentemente imaginado e criado mas eventualmente pode se "criar" vida própria e se manifestar como uma "materialização maligna do subconsciente", num claro quadro de esquizofrenia. Aqui parece que o tulpa não se diferencia do "demônio".
Qual a explicação materialista pra isso?
Isso o que?

Re: Amigos Imaginários

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criso
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Mensagem por criso »

criar um tulpa, como isso seria possível?

Re: Amigos Imaginários

Gigaview
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criso escreveu:
Sáb, 18 Abril 2020 - 21:57 pm
criar um tulpa, como isso seria possível?
É como criar um amigo imaginário. O cara começa imaginando e alimentando a imaginação com detalhes, vai interagindo e delegando tarefas a esse personagem, pode ouvir conselhos e se o tulpa ficar bem esperto ele começa a lhe dar ordens. Quando chega nesse ponto o psiquiatra descobre que a esquizofrenia precisa de remédios mais fortes. :shock:

Espíritos guias, anjos da guarda, elementais, mestres e membros da fraternidade branca, Ashatar Sheram e toda sua tripulação dentre tantos outros são como tulpas, com a diferença de serem criados pela literatura misticóide que desenha e pré-fabrica o perfil do personagem isentando a pessoa do trabalho de criação e desenvolvimento.

Por isso esses caminhos do mundo do psiquismo-ocultista enlatado são muito perigosos.


youtu.be/Juy6qtcugX8

Re: Amigos Imaginários

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criso
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Mensagem por criso »

Sim, entendo as etapas, mas como isso poderia "fazer sentido" de um ponto de vista neurológico? Se vc souber dizer.

Uma parte da minha mente teria se "dissociado" da principal, agindo de forma independente?

Esse fenômeno seria possível num universo completamente materialista, determinista?

Re: Amigos Imaginários

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

criso escreveu:
Dom, 19 Abril 2020 - 00:18 am
Sim, entendo as etapas, mas como isso poderia "fazer sentido" de um ponto de vista neurológico? Se vc souber dizer.

Uma parte da minha mente teria se "dissociado" da principal, agindo de forma independente?

Esse fenômeno seria possível num universo completamente materialista, determinista?
(1) Tulpa é um pensamento então só pode acontecer no cérebro como qualquer pensamento. Logo, do ponto de vista materialista, fisicalista, não há o que discutir, tulpas decorrem da atividade cerebral.

(2) Essa "dissociação" da mente que atribuiu ao tulpa características de personalidade é uma ilusão criada pelo pensamento e só pode ser intencional, isto é, expontânea, que acontece pela vontade ou provocada por alguma disfunção neurológica, de ordem física, relacionada com algum distúrbio do processo bioquímico do cérebro. Portanto, tem duas dimensões: a psicológica e a psiquiátrica.

(3) Na dimensão psicológica, a pessoa sabe e tem consciência que o tulpa é uma ilusão e pode usar isso positivamente de forma criativa ou negativamente quando tem envolvimento com algum outro pensamento que provoque desconforto ou sofrimento mas que pode ser controlável através de terapia. Na dimensão psiquiátrica, o tulpa é uma manifestação sintomática de um distúrbio que causa sofrimento e comportamentos que interferem negativamente na rotina de vida pessoal e social e cujo controle depende da manipulação da química de alguns processos cerebrais conhecidos pela medicina. Nessa dimensão a pessoa perde ou não tem a plena consciência durante a maior parte do tempo de que o tulpa é uma ilusão.
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