Homeopatia

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Homeopatia

Gigaview
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COMUNICADO OFICIAL AMHB: Corona vírus

A Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB), entidade oficial que representa os médicos Homeopatas no Brasil, informa que até o momento não existem medicamentos homeopáticos comprovadamente eficazes para a prevenção ou tratamento de enfermos acometidos pelo Corona vírus e, visando alertar a população, entidades de saúde pública, órgãos de comunicação e outros, repudia veementemente mensagens precipitadas e de fonte incerta que tem sido veiculadas na mídia, em especial nas redes sociais, indicando medicamentos homeopáticos para aplicação no surto desta enfermidade. Informamos também que estamos consoantes e alinhados com as orientações veiculadas pela Associação Médica Brasileira (AMB), Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Infectologia.

Fonte: AMHB

Saiba mais: https://amhb.org.br/informe-da-sociedad ... ronavirus/

Como assim? Não existem medicamentos homeopáticos comprovadamente eficazes? :angry-tappingfoot:

Homeopatia funciona e pode ajudar contra doenças epidêmicas
Especialista rebate críticas sobre essa terapia e defende sua importância contra infecções que se espalham pelo mundo


No ano de 1918, a epidemia de gripe espanhola progredia rapidamente. Em outubro daquele ano, só nos Estados Unidos, 195 mil pessoas morreram do problema — algumas, apenas 18 horas após o início dos sintomas. Medo, tensão e insegurança entre a população dominavam o cenário.

Segundo Sandra Perko, que escreveu um livro sobre o tratamento homeopático da gripe influenza, médicos homeopatas tiveram sucesso no tratamento e redução de mortes naquela época. Aliás, é histórico o crescimento da homeopatia durante epidemias, e relatos estão presentes em muitos livros e referências, dando conta do sucesso que essa terapêutica apresentava na prevenção e no tratamento.

Você pode pensar que isso só valia para outros tempos, quando não existiam vacinas para muitas doenças. Mas, ainda hoje, mesmo com vacinas convencionais para a gripe, que tem sua composição alterada anualmente, as estatísticas falam em mil mortes ao ano nos Estados Unidos só por essa doença.

Samuel Hahnemann, tido como fundador da homeopatia, criou o conceito de “gênio epidêmico”. É o seguinte: para medicar uma doença epidêmica, é necessário antes de tudo anotar os sintomas que diversos doentes apresentam.

Em seguida, deve-se procurar um medicamento homeopático que sirva para a maior parte dessas consequências. O remédio pode ser usado tanto para tratar os doentes como para evitar o surgimento dos mesmos sintomas. Isto é, uma prevenção específica para aquela doença.

A ideia básica da homeopatia, quando dizemos que atua pela lei da semelhança, é a de que uma substância que provoca sintomas em uma pessoa saudável pode ser usada para tratar os mesmos sintomas em outra doente. Assim, a Eupatorium perfoliatum, uma planta americana, provoca em indivíduos saudáveis dores no corpo, nas costas, na cabeça e nas articulações, além de febre. Como dá pra notar, são sinais semelhantes aos de vítimas da dengue.

Segundo a lei da semelhança, você pode preparar um medicamento seguindo a farmacotécnica homeopática com a Eupatorium para tratar esses doentes. No Brasil, foram feitos alguns trabalhos sobre prevenção e tratamento da dengue dessa forma. Residentes de São José do Rio Preto (SP) e Macaé (RJ) tomaram Eupatorium de maneira preventiva, sozinho ou em conjunto com outros remédios homeopáticos também adequados para a dengue, e foi registrado um número menor de doentes nessas áreas.

Outra possibilidade que os homeopatas têm é tratar certas infecções através do preparo de medicamentos homeopáticos feitos com o agente etiológico da doença. A premissa básica segue sendo a da lei da semelhança. Ora, nada mais semelhante do que o igual.

Dito de outra forma, dizemos que os sintomas provocados por uma bactéria, por exemplo, podem ser tratados ou prevenidos com uma solução homeopática feita a partir da mesma bactéria. É a chamada lei da igualdade.

O preparo dos medicamentos homeopáticos está perfeitamente descrito na Farmacopeia Homeopática Brasileira. Os medicamentos que aparecem nesse texto publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, assim como seus métodos de preparo, são oficiais e podem ser conduzidos no país.

Mas será que isso funciona? Vou contar um caso recente: em 2011, houve uma grande enchente em Cuba, levando a um crescimento da leptospirose. Esta é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira, presente na urina de ratos e de outros animais.

Na época, estimava-se 30 casos novos por semana a cada 100 mil habitantes. O Instituto Finlay, uma espécie de Butantan cubano, decidiu produzir em poucas semanas largas doses de um medicamento homeopático feito a partir da Leptospira, em uma diluição muito grande (outro preceito da homeopatia). Elas foram distribuídas para toda a população da ilha, atingindo cerca de 98% da população.

Em apenas três semanas, a incidência semanal diminuiu de 30 para 3 casos para cada 100 mil habitantes. Isso a um custo baixo, com rápida produção, sem a ocorrência de efeitos colaterais e com uma boa aceitação pela população. E sem necessidade de pagamento de royalties a outra empresa.

Também na Índia, onde a homeopatia é tão apoiada que existe um Ministério da Saúde especial para homeopatia, ayurveda e outras terapias tradicionais, há diversos projetos que testam o uso de medicamentos homeopáticos na prevenção e tratamento de doenças como dengue, zika e chikungunya.

Atualmente, há vacinas para diversas doenças. A importância da prevenção feita com a homeopatia de fato não é mais tão essencial como foi no passado. Mas isso não invalida a possibilidade, que pode ser usada quando não há proteção convencional específica, como ainda é o caso da dengue, zika e chikungunya.

Aliás, se houver efeitos colaterais importantes após a vacinação convencional, medicamentos homeopáticos podem tratar dos sintomas que aparecerem. Isso tem sido usado por diversos médicos homeopatas e pediatras.

A terapêutica homeopática não é uma ameaça a ninguém. São raros os médicos homeopatas que contraindicam a vacinação convencional hoje em dia. Até porque as vacinas são úteis.

Mas é importante que tenhamos outras possibilidades para enfrentar, por exemplo, novas doenças epidêmicas, ou para pessoas que apresentem contraindicação à imunização convencional. A liberdade de escolha para um método terapêutico que é oficial em nosso país deve ser mantida. Afinal, como diz uma grande homeopata: “Homeopatia, não acredite! Experimente!”

*Amarilys de Toledo Cesar é farmacêutica homeopata, doutora em Saúde Pública e presidente da ABFH (Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas).
https://saude.abril.com.br/blog/com-a-p ... pidemicas/

Re: Homeopatia

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

Não custa lembrar....
Pseudociência na rede pública de saúde: quem paga a conta?
Especialistas questionam aval do governo paulistano a homeopatia e tratamentos alternativos


A homeopatia é uma conhecida forma de medicina alternativa. Bastante popular no Brasil, foi objeto de uma lei promulgada no final de maio de 2017, que prevê sua inclusão nos hospitais municipais de São Paulo.

Podemos arriscar que a maioria dos pacientes acredita que a homeopatia é cientificamente comprovada. Afinal, se assim não fosse, por que incluí-la no rol de medicamentos prescritos?

Na realidade, porém, a homeopatia não é comprovada pela ciência. Seus “medicamentos” não passam pelos mesmos testes rigorosos que os convencionais. Criada no final do século 18 pelo médico alemão Samuel Hahnemann, essa vertente praticamente não sofreu alterações significativas em 200 anos. Passou ao largo de todas as descobertas científicas que revolucionaram a medicina, e seus princípios contrariam o que sabemos hoje sobre Química e Física.

A homeopatia é baseada em duas premissas: o princípio dos similares e a lei dos infinitesimais. O primeiro prega a máxima “simila similibus curentur”, que significa “similar cura similar”. Ou seja, uma determinada enfermidade pode ser curada com alguma substância que contribui para o mesmo problema. Um exemplo: resfriados podem ser tratados com cebola (Allium cepa), pois a cebola, ao ser picada, causa sintomas parecidos com os do resfriado, tais como coriza e irritação dos olhos.

O segundo princípio da homeopatia prega a diluição seriada do composto, até que não reste nenhuma molécula da substância original. Um típico remédio homeopático está diluído 1060 vezes — o número 1 seguido por 60 zeros. Para ter uma ideia, essa diluição equivale a uma gota do princípio ativo em um recipiente com um volume muitas e muitas vezes maior que o volume do Sol!

Portanto, se o rótulo de algum produto homeopático for apagado, não há como descobrir qual o “princípio ativo” que ele contém.

O princípio das diluições deve seguir também o pressuposto das sucussões, o ato de agitar vigorosamente o frasco a cada diluição. Elas são necessárias para que o “espírito” da molécula possa ser ativado, segundo Hahnemann. Os homeopatas modernos chamam esse processo de diluições de memória da água.

Voltando ao nosso exemplo do remédio feito de cebola ultradiluída, se um indivíduo tomar um medicamento baseado em Allium cepa por uma semana, ficaria curado do resfriado. Mas o que acontece se o mesmo paciente não tomar o remédio cebolístico por uma semana? Isso mesmo que você pensou: o resfriado passa assim mesmo!

Muitos defensores da homeopatia alegam que ela não é apropriada para doenças graves, mas seria eficaz para tratar problemas crônicos. Será que funciona mesmo?

É importante ter em mente que algumas enfermidades benignas ou leves e episódios de mal-estar, assim como resfriados, simplesmente curam-se sozinhos. E as manifestações das doenças crônicas frequentemente vão e voltam.

Mas a ciência testou a homeopatia? Se sim, qual foi o resultado?

Estudos bem conduzidos demonstraram que a homeopatia não tem efeito além do que chamamos placebo — o efeito de autossugestão mediante a intervenção de um médico ou terapeuta. Isso não quer dizer que ela não funcione. Quando falamos que não funciona além de um placebo, significa que uma pílula de açúcar teria o mesmo efeito do remédio homeopático. Sim, algumas pesquisas mostram que o paciente muitas vezes sente-se melhor com uma pílula de açúcar!

Uma robusta revisão de estudos publicada em março de 2015 pelo Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa Médica do governo australiano – a maior já realizada sobre o tema até o momento – analisou as bases de dados de publicações médicas em busca de artigos relevantes sobre homeopatia entre 1997 e 2013. As principais conclusões desse estudo foram:
  • Não há evidências confiáveis de que a homeopatia é efetiva para tratar quaisquer problemas de saúde.
  • Homeopatia não deve ser utilizada para tratar problemas de saúde graves ou que possam vir a se tornar graves.
  • Pacientes que optam pela homeopatia colocam sua saúde em risco se recusarem ou postergarem tratamentos cientificamente comprovados.
  • Trabalhos como esse levaram ao fim do financiamento público da homeopatia na Suíça em 2005 e na Austrália em 2015. No Reino Unido, o parlamento obteve uma primeira vitória para conseguir o mesmo. Nos Estados Unidos, desde 2016 os remédios homeopáticos têm de estampar no rótulo a seguinte mensagem: “Não há evidência científica de que este produto funcione”.
Certamente devemos respeitar o direito individual de cada um escolher o seu tratamento. Mas definitivamente uma política pública não deve fomentar uma prática que não possui embasamento científico. Infelizmente, ao aprovar uma lei para a homeopatia, a legislação brasileira está na contramão de outros países, que valorizam a ciência e as evidências.

Sabemos que a medicina tradicional não é perfeita. A história mostra que seus erros deixaram sequelas e mortes. A diferença é que, graças a ela, a expectativa e a qualidade de vida aumentaram incrivelmente, e temos tratamentos reais e comprovados para diversos males. Além disso, a ciência busca corrigir seus erros e testar seus resultados. Se a medicina alternativa funcionasse, ela iria se chamar simplesmente medicina.

* Natalia Pasternak Taschner é bióloga, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), coordenadora dos projetos Cientistas Explicam e Pint of Science no Brasil e uma das idealizadoras e colaboradoras do blog Café na Bancada

Marcelo Takeshi Yamashita é físico, professor e vice-diretor do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Beny Spira é biólogo e professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP)
https://saude.abril.com.br/blog/com-a-p ... a-a-conta/

Re: Homeopatia

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Homeopatia é a crença em que, se pingarmos uma gota do princípio ativo de um medicamento na foz do Amazonas, ele estará muito mais potente quando enchermos um vidrinho com a água do porto de Tóquio uns 10 anos depois.

A homeopatia só tem um mérito: seus médicos tendem a se preocupar mais com os hábitos do paciente, não apenas receitar um medicamento.
Recomendam dietas, exercícios e bons hábitos. É isto que faz efeito, não o vidrinho com água da torneira ou a pílula de farinha.

Re: Homeopatia

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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

Se, como alegam os homeopatas, a água conserva a memória do medicamento mesmo muito depois de já não haver mais nenhuma molécula do mesmo no vidro com água, o que dizer das memórias acumuladas por aquela água ao longo de bilhões de anos? Afinal, ela já foi veneno de cobra, sangue de dinossauro, lágrima de crocodilo, seiva de cogumelo venenoso, suor do sovaco do Nero, mijo do Hitler, bosta de elefante etc. etc.

E, pior, essas porcarias todas estariam muito mais "potencializadas" que o medicamento.

Re: Homeopatia

Gigaview
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Mensagem por Gigaview »

Exato. É uma pseudociência errada, arcaica e perigosa
A homeopatia é uma farsa
Beny Spira é professor livre-docente pela USP, com doutorado em genética molecular pela Universidade de Tel Aviv


Venho expressar a minha surpresa e indignação com a publicação da reportagem Ensino de homeopatia veterinária é deficiente, afirma pesquisadora no Jornal da USP. É lastimável que essa entidade representativa da Universidade de São Paulo seja porta-voz de pseudociência (fake science). A homeopatia, apesar de ter defensores na classe médica, é uma das mais manjadas pseudociências.

Poder-se-ia argumentar que o Jornal da USP, democrático como é, deveria estar aberto a diferentes opiniões. Porém, a divulgação da homeopatia contribui para a difusão de um conhecimento errado, arcaico e perigoso. A ciência baseia-se na busca pela verdade, não em opiniões. A ciência não é democrática. Se a maioria das pessoas decidir que a Terra é plana, isso não fará com que ela deixe de ser uma esfera imperfeita. Da mesma forma, não votamos para decidir se um antibiótico é eficiente para o tratamento de uma determinada doença infecciosa; os testes clínicos dirão se ele funciona ou não. A homeopatia é considerada, pela grande maioria dos cientistas, uma pseudociência, e há diversos bons motivos para isso.

Por que a homeopatia é errada, arcaica e perigosa?
Errada, porque o princípio homeopático é baseado em duas premissas falsas: (1) o princípio dos similares e (2) a lei dos infinitesimais. O primeiro prega a máxima Simila similibus curentur, que significa “similar cura similar”. Ou seja, uma determinada enfermidade pode ser curada com alguma substância que cause o mesmo sintoma. Um exemplo: resfriados podem ser tratados com cebola (Allium cepa), pois a cebola, ao ser picada, causa sintomas parecidos com os do resfriado (coriza, irritação dos olhos e outros). Então, se o paciente tomar um remédio baseado em Allium cepa por uma semana, ficará curado do resfriado. Que maravilha! Imagine o que acontecerá se o paciente não tomar o remédio cebolístico por uma semana. Você adivinhou: o resfriado passou assim mesmo!

A homeopatia, apesar de ter defensores na classe médica, é uma das mais manjadas pseudociências.

Portanto, o princípio de “similar cura similar” é interessante, mas absolutamente errado, pois carece de evidências científicas. Mais sobre evidências científicas abaixo.

Se o primeiro princípio da homeopatia é equivocado, o que dizer, então, sobre o segundo princípio? Para responder essa pergunta, vamos parafrasear o grande físico Wolfgang Pauli, que costumava dizer: “É tão absurdo que nem errado é”. A lei dos infinitesimais estabelece que, quanto maior a diluição de um medicamento, maior a sua capacidade curadora! Se você não entendeu, não se preocupe. É tão contrário à lógica e às ciências químicas e farmacêuticas, que a nossa cabeça, dominada pela “hegemônica ciência racional”, não consegue entender a grande sabedoria que está por trás desse princípio!

Explico com mais um exemplo: na homeopatia, trióxido de arsênico é recomendado para o tratamento de diversos males, entre eles asma, resfriado, diarreia etc. Mas espere: arsênico é extremamente tóxico, além de ser carcinogênico. Como pode, então, ser utilizado para a cura de qualquer coisa? Aí vem a “grandiosidade” do segundo princípio da homeopatia: basta diluí-lo que o efeito tóxico desaparece! Mas o efeito curativo não somente permanece na solução diluída, como tem seu potencial aumentado! Por isso, “remédios” homeopáticos são normalmente diluídos 10^30 vezes ou mais. Há, porém, um pequeno problema: o químico Amedeo Avogadro, do século XIX, demonstrou que 1 mol de uma solução de qualquer composto contém 6 x 1023 (o número 6 seguido de 23 zeros) unidades desse composto. Ou seja, um mol de uma solução de trióxido de arsênico contem 6 x 1023 moléculas. Uma vez que a solubilidade máxima de trióxido de arsênico em água é de apenas 0,1 mol/litro, ao diluir essa solução 1030 vezes, adivinhe quantas moléculas de trióxido de arsênico restarão no composto diluído? Isso mesmo, nenhuma! Foi como diluir uma gota no oceano! Sendo assim, como pode um remédio homeopático curar uma enfermidade? A resposta óbvia é que não pode. Não há nenhum mecanismo que explique como uma solução homeopática ultradiluída possa ter qualquer efeito curativo.

Bom, mas você ainda pode estar pensando que a nossa pobre “ciência ocidental hegemônica” ainda não descobriu o mecanismo de ação dos compostos homeopáticos, mas que funciona, funciona! Certo?

Se o primeiro princípio da homeopatia é equivocado, o que dizer, então, sobre o segundo princípio? Para responder essa pergunta, vamos parafrasear o grande físico Wolfgang Pauli, que costumava dizer: “É tão absurdo que nem errado é”.

Novamente, sinto desapontá-lo. Apesar de o artigo ter afirmado que a “homeopatia não é estudada na universidade”, milhares de estudos já foram realizados, em todos os cantos do planeta. A grande maioria dos estudos clínicos devidamente bem conduzidos revelou que o tratamento homeopático equivale ao tratamento com placebo, ou seja, não foi detectado nenhum efeito curativo significativo de qualquer composto homeopático a não ser aquele causado por autossugestão (veja a meta-análise escrita por Shang et al. 2005; o editorial da Lancet nesse mesmo fascículo anunciando o ‘fim da homeopatia’: The Lancet 2005; ou ainda o documento: ‘Evidence on the effectiveness of homeopathy for treating health conditions’ do governo australiano, publicado em 2015). Por esse motivo, alguns países (que levam a ciência a sério), tal como o Reino Unido, estão em vias de banir a homeopatia do rol de medicamentos prescritos pelo sistema nacional de saúde daquele país (NHS).

Por que a homeopatia é arcaica?
Uma das principais características da ciência é o seu progresso. Todos os dias, milhares de artigos científicos são publicados. Os bons artigos adicionam conhecimento relevante ao edifício da ciência, outros trazem evidências novas e até mesmo retificam concepções científicas mais antigas. Os livros-texto das diversas áreas da ciência são frequentemente reeditados, não somente porque as editoras querem vender mais livros, mas porque conceitos importantes são adicionados ou modificados. A homeopatia não evoluiu desde o século XIX, época da sua fundação. O principal livro da homeopatia, Materia Medica, foi escrito há 200 anos!

Por que a homeopatia é perigosa?
Muitas doenças são potencialmente debilitantes ou fatais. A medicina convencional, baseada em evidências científicas, busca administrar o melhor tratamento, o qual é apontado por testes clínicos e pré-clínicos. Por exemplo, a pneumonia bacteriana, se não for tratada, pode levar à morte; mas, graças aos antibióticos, a infecção pode ser contida e o paciente, poupado. Imagine se um paciente com pneumonia tratar-se exclusivamente com compostos homeopáticos, que, como já vimos, não têm poder curador além do efeito placebo?

Para doenças benignas ou de baixa gravidade, o tratamento homeopático não causará dano maior; mas, se a enfermidade for grave, o resultado poderá ser fatal.

Referências

Shang, Aijing et al. “Are the clinical effects of homoeopathy placebo effects? Comparative study of placebo-controlled trials of homoeopathy and allopathy.” The Lancet 366.9487 (2005): 726-732.

The Lancet. “The end of homoeopathy.” The Lancet 366.9487 (2005): 690.

Evidence on the effectiveness of homeopathy for treating health conditions. 2015. https://www.nhmrc.gov.au/_files_nhmrc/p ... _paper.pdf

Re: Homeopatia

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aronax
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Mensagem por aronax »

COMO "FUNCIONA" A HOMEOPATIA
#1 LÓGICA
Similia similibus curantur
Parece feitiço do Harry Potter, mas significa apenas "semelhante cura semelhante". Sim, a base da homeopatia é: a mesma substância que produz o sintoma que te deixa doente, é aquele que vai te curar.
#2 MODO DE PREPARO
Diluição e dinamização
"O processo de fabricação dos produtos homeopáticos é simples. Segundo Lockie (2001), extratos animais, vegetais ou minerais são diluídos numa mistura de aproximadamente 90% de álcool e 10% de água. Após descanso, a mistura é prensada e filtrada, resultando numa tintura, que é diluída novamente numa mistura de álcool e água, na proporção de uma gota para tintura e 9 gotas e álcool-água, se a escala for decimal (X ou D), ou seja 1:10, ou 99 gotas de álcool-água, se a escala for centesimal (C), ou seja 1:100 Em seguida, a mistura é dinamizada, ou seja, sacudida vigorosamente na vertical (este proceso de agitação é denominado sucussão). A partir daí, repetem-se as diluições e sucussões até o número da potência desejada. Por exemplo: um medicamento de potência 6C é a feito a partir de uma gota de tintura que é diluída e dinamizada em 99 gotas de álcool-água; em seguida, uma gota dessa nova mistura é diluída e dinamizada novamente em outras 99 gotas de álcool-água até se repetir um total de seis vezes o mesmo processo. Segundo a homeopatia, quanto mais diluído e dinamizado for um medicamento, mais forte, mais potente, ou mais potencializado, ele será." (p. 103)
#3 PRINCIPAL CRÍTICA
Número de Avogadro
"As leis da química estabelecem um limite de diluição a partir do qual é muito improvável que não ocorra perda completa do princípio ativo. Esse limite está relacionado ao número de Avogadro: 6,02x10^23, que está na ordem de grandeza da potência 10^24. Assim, o limite máximo aproximado das diluições dos medicamentos homeopáticos que ainda podem ter algum princípio ativo é o das potências 24X ou 12C. No entanto, é comum que medicamentos homeopáticos tenham diluições ainda maiores, como 30C ou até mesmo 200C. (p.106)
#4 FONTE
Livro "Ciências versus Pseudociências" -- Paulo Lee, 2003.

Re: Homeopatia

Gigaview
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