trechos, poesia, letras de músicas etc.
Father can you hear me?
How have I let you down?
I curse the day that I was born
And all the sorrow in this world
Let me take you to the hurting ground
Where all good men are trampled down
Just to settle a bet that could not be won
Between a prideful father and his son
Will you guide me now for I can't see
A reason for the suffering and this long misery
What if every living soul could be upright and strong?
Well then I do imagine
There will be (sorrow)
Yeah there will be (sorrow)
And there will be sorrow no more
When all soldiers lay their weapons down
Or when all kings and all queens relinquish their crowns
Or when the only true messiah rescues us
From ourselves it's easy to imagine
There will be (sorrow)
Yeah there will be (sorrow)
And there will be sorrow no more
There will be (sorrow)
Yeah there will be (sorrow)
And there will be sorrow no more
Yeah there will be (sorrow)
Yeah there will be (sorrow)
And there will be sorrow no more
youtu.be/r7Hb4bxF12E
- Fernando Silva
- Conselheiro
- Mensagens: 5634
- Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am
Religion
PIL
Stained glass windows keep the cold outside
While the hypocrites hide inside
With the lies of statues in their minds
Where the Christian religion made them blind
Where they hide
And prey to the God of a bitch spelled backwards is dog
Not for one race, one creed, one world
But for money
Effective
Absurd
Do you pray to the Holy Ghost when you suck your host
Do you read whos dead in the Irish Post
Do you give away the cash you cant afford
On bended knees and pray to lord
Fat pig priest
Sanctimonious smiles
He takes the money
You take the lies
This is religion and Jesus Christ
This is religion cheaply priced
This is bibles full of libel
This is sin in eternal hymn
This is what theyve done
This is your religion
The apostles were eleven
Now theres a sod in Heaven
This is religion
Theres a liar on the altar
The sermon never falter
This is religion
Your religion
Religion
youtu.be/uUxzY9RG-JE
PIL
Stained glass windows keep the cold outside
While the hypocrites hide inside
With the lies of statues in their minds
Where the Christian religion made them blind
Where they hide
And prey to the God of a bitch spelled backwards is dog
Not for one race, one creed, one world
But for money
Effective
Absurd
Do you pray to the Holy Ghost when you suck your host
Do you read whos dead in the Irish Post
Do you give away the cash you cant afford
On bended knees and pray to lord
Fat pig priest
Sanctimonious smiles
He takes the money
You take the lies
This is religion and Jesus Christ
This is religion cheaply priced
This is bibles full of libel
This is sin in eternal hymn
This is what theyve done
This is your religion
The apostles were eleven
Now theres a sod in Heaven
This is religion
Theres a liar on the altar
The sermon never falter
This is religion
Your religion
Religion
youtu.be/uUxzY9RG-JE
- Fernando Silva
- Conselheiro
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- Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am
Zé Ramalho canta "Martelo Alagoano" de Zé Limeira:
Sou um nego um bocado esbagaçado
Sou o vatis das glórias desta terra
Sou a febre que chama berra-berra
Mastigando eu sou cobra de viado
Sou jumento pru fora do cercado
Sou tabefe que dero em seu Lameu
Se tiver bom guardado bote n'eu
Seu caminho de bonde ruim, estreito
Você hoje me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu
Mas de trinta da sua qualistria
Não me faz eu correr sem ter sobrosso
Eu agarro a tacaca no pescoço
E carrego pra minha freguesia
Viva João, viva Zé, viva Maria
Viva a lua que o rato não lambeu
Viva o rato que a lua não roeu
Zé Limeira só canta desse jeito
Você hoje me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu
youtu.be/D2fE1p0KKAY
Sou um nego um bocado esbagaçado
Sou o vatis das glórias desta terra
Sou a febre que chama berra-berra
Mastigando eu sou cobra de viado
Sou jumento pru fora do cercado
Sou tabefe que dero em seu Lameu
Se tiver bom guardado bote n'eu
Seu caminho de bonde ruim, estreito
Você hoje me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu
Mas de trinta da sua qualistria
Não me faz eu correr sem ter sobrosso
Eu agarro a tacaca no pescoço
E carrego pra minha freguesia
Viva João, viva Zé, viva Maria
Viva a lua que o rato não lambeu
Viva o rato que a lua não roeu
Zé Limeira só canta desse jeito
Você hoje me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu
youtu.be/D2fE1p0KKAY
Paraíso das Hienas
Jessé
Abençoai as hienas
Principalmente as morenas
Tricampeãs mundiais
Pois desse lado do muro
O jogo é tão duro meu pai
Que só ter piedade de nós
Não vale a pena (Bis)
Oração não voga quando não há vaga
Coração não roga quando só há raiva
E a roupa do corpo
Três vezes ao dia
Novena não paga
Ao homem da venda
Não adianta de nada
Não enche barriga
Subir de joelhos
As escadarias
Abençoai as hienas
Principalmente as "da Silva"
Campeãs de Carnavais
Pois desse lado do beco
O olhar é tão seco meu pai
Que só ter piedade de nós
Não vale a pena
youtu.be/tGk0DkKRkms
Alguém compreendeu a (possível) mensagem contida nessa letra?
Faz sentido quando associado à ditadura e à indolência do povo na ocasião, mas a expressão "principalmente os da SILVA", ainda deixa algo no ar, né?
- Fernando Silva
- Conselheiro
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- Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am
"O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga,
Estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente,
Feia e morta,
Estende a mão"
A entrada é uma rua antiga,
Estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente,
Feia e morta,
Estende a mão"
Tropicália
Caetano Veloso
Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés, os caminhões
Aponta contra os chapadões, meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país
Viva a bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça
O monumento é de papel, crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão (Lua de São Jorge)
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga,
Estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente,
Feia e morta,
Estende a mão
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
viva a bossa, palhoça, a mata, mulata maria
No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando a eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança a um samba de tamborim (esquindim esquindim)
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele pões os olhos grandes sobre mim
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém...
o monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Viva a banda, da, da
Carmen Miranda, da, da, da, da
E assim lamentava o poeta:
“... uma existência que se resume entre aquele hausto do nascer em lágrimas,
e o falaz consórcio das vidas sem sentido,
e o piedoso exalar de uma morte arrependida,
melhor seria jamais tê-la vivido”.
“... uma existência que se resume entre aquele hausto do nascer em lágrimas,
e o falaz consórcio das vidas sem sentido,
e o piedoso exalar de uma morte arrependida,
melhor seria jamais tê-la vivido”.
- Fernando Silva
- Conselheiro
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- Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am
"Eu desconfio no sentido estrito
Eu desconfio no sentido lato
Eu desconfio é do diabo a quatro
É do diabo a quatro
É do diabo a quatro"
Eu desconfio no sentido lato
Eu desconfio é do diabo a quatro
É do diabo a quatro
É do diabo a quatro"
- Fernando Silva
- Conselheiro
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- Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am
"Quem passou pela vida em brancas nuvens
Quem passou pela vida e não sofreu
Foi espectro de homem, não foi homem
Passou pela vida, não viveu"
The Sound of Silence
Hello, darkness, my old friend
I've come to talk with you again
Because a vision softly creeping
Left its seeds while I was sleeping
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence
In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone
'Neath the halo of a streetlamp
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence
And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more
People talking without speaking
People hearing without listening
People writing songs that voices never share
And no one dared
Disturb the sound of silence
Fools, said I, you do not know?
Silence like a cancer grows
Hear my words, that I might teach you
Take my arms, that I might reach you
But my words like silent raindrops fell
And echoed in the wells of silence
And the people bowed and prayed
To the neon God they made
And the sign flashed out its warning
In the words that it was forming
And the sign said
The words of the prophets are written on the subway walls
And tenement halls
And whisper'd in the sounds of silence
youtu.be/u9Dg-g7t2l4
Cover de Disturbed
Hello, darkness, my old friend
I've come to talk with you again
Because a vision softly creeping
Left its seeds while I was sleeping
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence
In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone
'Neath the halo of a streetlamp
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence
And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more
People talking without speaking
People hearing without listening
People writing songs that voices never share
And no one dared
Disturb the sound of silence
Fools, said I, you do not know?
Silence like a cancer grows
Hear my words, that I might teach you
Take my arms, that I might reach you
But my words like silent raindrops fell
And echoed in the wells of silence
And the people bowed and prayed
To the neon God they made
And the sign flashed out its warning
In the words that it was forming
And the sign said
The words of the prophets are written on the subway walls
And tenement halls
And whisper'd in the sounds of silence
youtu.be/u9Dg-g7t2l4
Cover de Disturbed
O gênio da multidão
de Charles Bukowski
Existe suficiente má fé, ódio, violência e absurdo no ser humano médio para abastecer qualquer exército em qualquer dia
E os melhores no assassinato são aqueles que pregam contra ele
E os melhores no ódio são aqueles que pregam o amor
E os melhores na guerra - finalmente - são aqueles que pregam a paz
Aqueles que pregam deus, precisam de deus
Aqueles que pregam paz, não têm paz
Aqueles que pregam paz, não têm amor
Cuidado com os pregadores
Cuidado com os conhecedores
Cuidado com aqueles que sempre leem livros
Cuidado com aqueles que detestam a pobreza
Ou são orgulhosos dela
Cuidado com aqueles que são rápidos para louvar
Pois eles precisam de louvor em troca
Cuidado com aqueles que são rápidos para censurar
Eles temem aquilo que não sabem
Cuidado com aqueles que buscam multidões
Porque eles nada são sozinhos
Cuidado com o homem médio e a mulher média
Cuidado com o seu amor, seu amor é médio
Busca o mediano
Mas existe genialidade em seu ódio
Existe genialidade suficiente em seu ódio para matar você
Para matar qualquer um
Não desejando solidão
Não entendendo solidão
Eles tentarão destruir tudo
Que for diferente do que sabem
Não sendo capazes de criar arte
Eles não entenderão arte
Eles considerarão seu fracasso como criadores
Apenas como um fracasso do mundo
Não sendo capazes de amar plenamente
Eles acreditarão que seu amor é incompleto
E então eles terão ódio de você
E seu ódio será perfeito
Como um brilhante diamante
Como uma faca
Como uma montanha
Como um tigre
Como cicuta
Sua melhor arte
de Charles Bukowski
Existe suficiente má fé, ódio, violência e absurdo no ser humano médio para abastecer qualquer exército em qualquer dia
E os melhores no assassinato são aqueles que pregam contra ele
E os melhores no ódio são aqueles que pregam o amor
E os melhores na guerra - finalmente - são aqueles que pregam a paz
Aqueles que pregam deus, precisam de deus
Aqueles que pregam paz, não têm paz
Aqueles que pregam paz, não têm amor
Cuidado com os pregadores
Cuidado com os conhecedores
Cuidado com aqueles que sempre leem livros
Cuidado com aqueles que detestam a pobreza
Ou são orgulhosos dela
Cuidado com aqueles que são rápidos para louvar
Pois eles precisam de louvor em troca
Cuidado com aqueles que são rápidos para censurar
Eles temem aquilo que não sabem
Cuidado com aqueles que buscam multidões
Porque eles nada são sozinhos
Cuidado com o homem médio e a mulher média
Cuidado com o seu amor, seu amor é médio
Busca o mediano
Mas existe genialidade em seu ódio
Existe genialidade suficiente em seu ódio para matar você
Para matar qualquer um
Não desejando solidão
Não entendendo solidão
Eles tentarão destruir tudo
Que for diferente do que sabem
Não sendo capazes de criar arte
Eles não entenderão arte
Eles considerarão seu fracasso como criadores
Apenas como um fracasso do mundo
Não sendo capazes de amar plenamente
Eles acreditarão que seu amor é incompleto
E então eles terão ódio de você
E seu ódio será perfeito
Como um brilhante diamante
Como uma faca
Como uma montanha
Como um tigre
Como cicuta
Sua melhor arte
O Deus abandona Antônio
Quando de repente, à meia-noite, você ouve
uma procissão invisível passando
com música requintada, vozes,
não lamente sua sorte que está falhando agora,
trabalho deu errado, seus planos
todos se mostrando enganosos – não os chore inutilmente.
Como alguém preparado há muito tempo e agraciado com coragem,
diga adeus a ela, a Alexandria que está partindo.
Acima de tudo, não se engane, não diga
foi um sonho, seus ouvidos te enganaram:
não se degrade com esperanças vazias como essas.
Como alguém preparado há muito tempo e agraciado com coragem,
como é certo para você que se mostrou digno deste tipo de cidade,
vá firmemente para a janela
e ouça com profunda emoção, mas não
com as lamentações, as súplicas de um covarde;
ouça - seu deleite final - as vozes,
à música requintada daquela estranha procissão,
e diga adeus a ela, à Alexandria que você está perdendo.
Reprinted from C. P. CAVAFY: Collected Poems Revised Edition, translated by Edmund Keeley and Philip Sherrard, edited by George Savvidis. Translation copyright © 1975, 1992 by Edmund Keeley and Philip Sherrard. Princeton University Press. For reuse of these translations, please contact Princeton University Press.
Fonte: https://www.onassis.org/initiatives/cav ... ons-antony (traduzido)
Quando de repente, à meia-noite, você ouve
uma procissão invisível passando
com música requintada, vozes,
não lamente sua sorte que está falhando agora,
trabalho deu errado, seus planos
todos se mostrando enganosos – não os chore inutilmente.
Como alguém preparado há muito tempo e agraciado com coragem,
diga adeus a ela, a Alexandria que está partindo.
Acima de tudo, não se engane, não diga
foi um sonho, seus ouvidos te enganaram:
não se degrade com esperanças vazias como essas.
Como alguém preparado há muito tempo e agraciado com coragem,
como é certo para você que se mostrou digno deste tipo de cidade,
vá firmemente para a janela
e ouça com profunda emoção, mas não
com as lamentações, as súplicas de um covarde;
ouça - seu deleite final - as vozes,
à música requintada daquela estranha procissão,
e diga adeus a ela, à Alexandria que você está perdendo.
Reprinted from C. P. CAVAFY: Collected Poems Revised Edition, translated by Edmund Keeley and Philip Sherrard, edited by George Savvidis. Translation copyright © 1975, 1992 by Edmund Keeley and Philip Sherrard. Princeton University Press. For reuse of these translations, please contact Princeton University Press.
Fonte: https://www.onassis.org/initiatives/cav ... ons-antony (traduzido)
- Fernando Silva
- Conselheiro
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- Registrado em: Ter, 11 Fevereiro 2020 - 08:20 am
JOSÉ - Carlos Drummond de Andrade
E agora, José?
A festa acabou
A luz apagou
O povo sumiu
A noite esfriou
E agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome
Que zomba dos outros
Você que faz versos
Que ama, protesta?
E agora, José?
Está sem mulher
Está sem carinho
Está sem discurso
Já não pode beber
Já não pode fumar
Cuspir já não pode
A noite esfriou
O dia não veio
O bonde não veio
O riso não veio
Não veio a utopia
E tudo acabou
E tudo fugiu
E tudo mofou
E agora, José?
Sua doce palavra
Seu instante de febre
Sua gula e jejum
Sua biblioteca
Sua lavra de ouro
Seu terno de vidro
Sua incoerência
Seu ódio, e agora?
Com a chave na mão
Quer abrir a porta
Não existe porta
Quer morrer no mar
Mas o mar secou
Quer ir para Minas
Minas não há mais
José, e agora?
Se você gritasse
Se você gemesse
Se você tocasse
A valsa vienense
Se você dormisse
Se você cansasse
Se você morresse
Mas você não morre
Você é duro, José!
Sozinho no escuro
Qual bicho-do-mato
Sem teogonia
Sem parede nua
Para se encostar
Sem cavalo preto
Que fuja a galope
Você marcha, José!
José, para onde?
Você marcha, José, José, para onde?
Marcha José, José, para onde?
José, para onde?
Para onde?
E agora, José?
José, para onde?
E agora, José?
Para onde?
E agora, José?
José, para onde?
E agora, José?
Para onde?
E agora, José?
A festa acabou
A luz apagou
O povo sumiu
A noite esfriou
E agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome
Que zomba dos outros
Você que faz versos
Que ama, protesta?
E agora, José?
Está sem mulher
Está sem carinho
Está sem discurso
Já não pode beber
Já não pode fumar
Cuspir já não pode
A noite esfriou
O dia não veio
O bonde não veio
O riso não veio
Não veio a utopia
E tudo acabou
E tudo fugiu
E tudo mofou
E agora, José?
Sua doce palavra
Seu instante de febre
Sua gula e jejum
Sua biblioteca
Sua lavra de ouro
Seu terno de vidro
Sua incoerência
Seu ódio, e agora?
Com a chave na mão
Quer abrir a porta
Não existe porta
Quer morrer no mar
Mas o mar secou
Quer ir para Minas
Minas não há mais
José, e agora?
Se você gritasse
Se você gemesse
Se você tocasse
A valsa vienense
Se você dormisse
Se você cansasse
Se você morresse
Mas você não morre
Você é duro, José!
Sozinho no escuro
Qual bicho-do-mato
Sem teogonia
Sem parede nua
Para se encostar
Sem cavalo preto
Que fuja a galope
Você marcha, José!
José, para onde?
Você marcha, José, José, para onde?
Marcha José, José, para onde?
José, para onde?
Para onde?
E agora, José?
José, para onde?
E agora, José?
Para onde?
E agora, José?
José, para onde?
E agora, José?
Para onde?